Estudo 56 Livro do Céu Vol. 20 a 29 – Escola da Divina Vontade

Escola da Divina Vontade
Estudo 56 Livro do Céu Vol. 20 a 29 – Escola da Divina Vontade
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21-9
Março 22, 1927

Como quem vive no Querer Divino vive no eco da voz de Jesus.
Efeitos de quando surge o Sol da Divina Vontade na alma.

(1) Continuando meu habitual estado, estava seguindo o Querer Divino na Criação, e passando de uma coisa criada a outra, chamava a minha doce Vida, a meu amado Jesus, que viesse junto comigo a seguir os atos de sua Vontade em todas as coisas criadas, e não vindo, sentia o prego de sua privação que me trespassava e em minha dor lhe dizia: “Meu Jesus, eu não sei o que fazer para reencontrar-te, faço-te chamar pela tua justiça no mar, pela tua potência nas suas ondas fragorosas e Tu não me ouves, faço-te chamar pela tua luz no sol, pela intensidade do seu calor que simboliza o teu amor e não vens, faço-te chamar pela tua imensidade, em todas as tuas obras, na vastidão da abóbada do céu e parece que não é a Ti que chamo. Mas diz-me pelo menos como posso encontrar-te. Se não te encontro no meio de tuas obras, em tua mesma Vontade, que são teus confins, onde poderei encontrar minha vida?” Mas enquanto desafogava minha dor se moveu dentro de mim dizendo-me:

(2) “Como é bela minha filha, como é bonito ver sua pequenez como perdida em minha Vontade  buscar-me no meio de minhas obras e não encontrar-me”.
(3) E eu: “Jesus meu, Tu me fazes morrer, diz-me, onde te escondes?”
(4) E Jesus: “Escondo-me em ti; olha, se tu ouves a voz de uma pessoa, dizes que ouvir a sua voz  que já está perto de ti; agora, a minha Vontade é o eco da minha voz, se tu estás nela e giras por todas as obras do meu Fiat, já estás no eco da minha voz, e estando nela estou junto a ti, ou bem dentro de ti, que com o meu fôlego te dou o voo para girar até onde chega a minha voz e até onde o meu Fiat se estende”.

(5) E eu, surpreendida, disse: “Meu amor, assim que tua voz se faz grande e longa porque tua Vontade não há ponto onde não se encontre”.

(6) E Jesus acrescentou: “Minha filha, não há vontade, nem voz se não está a pessoa que a emite, e assim como minha Vontade se encontra por toda parte, assim não há ponto onde não chegue minha voz que leva meu Fiat a todas as coisas, por isso se encontra em minha Vontade no meio de suas obras, pode estar mais que segura de que seu Jesus está contigo”.

(7) Depois de tudo isto estava pensando no grande bem que nos traz a Divina Vontade, e enquanto estava toda imersa nela, meu doce Jesus acrescentou:

(8) “Minha filha, assim como o sol, que quando surge faz fugir as trevas e faz surgir a luz, muda a umidade da noite da qual as plantas foram investidas, de modo que jaziam oprimidas, adormecidas e melancólicas, e assim que surge o sol muda essa umidade em pérolas, embelezando tudo,
plantas, flores e sobre toda a natureza sua luz, como voz agradável dá de novo a alegria, a beleza, tira o entorpecimento da noite e com seu encanto de luz parece que dá a mão a toda a natureza para vivificá-la, embelezá-la e dar-lhe a vida. O mar, os rios, as fontes, dão medo na noite, mas assim que surge o sol, os raios solares fazem fugir esse temor e investindo-os até o fundo forma neles um fundo de ouro e de prata, cristaliza às águas e delas forma o encanto mais belo; assim que toda a natureza ressurge por meio do sol, se não fosse pelo sol se poderia chamar obra sem vida. Mais que sol é minha Vontade, assim que surge na alma a veste de luz, todos seus atos são embelezados com luz divina, de modo que se convertem em mais que fulgidíssimos brilhantes e em adornos preciosos, enquanto que antes que surgisse o Sol de meu Querer eram como o  orvalho noturno, que oprime as plantas e não lhes dá nenhum corante de beleza, em vez disso, ao surgir o sol aquele orvalho forma o mais belo ornamento a todas as plantas e dá a cada uma a sua tinta de beleza e faz ressaltar a diversidade e vivacidade das cores. Assim, assim que surge meu Querer, todos os atos humanos ficam revestidos de luz, tomam seu lugar de honra em minha Vontade, cada um recebe seu especial corante de beleza e a vivacidade das cores divinas, de
modo que a alma fica transfigurada e coberta de uma beleza indescritível.

Conforme surge o Sol de meu Querer põe em fuga todos os males da alma, tira o torpor que produziram as paixões, antes ante a luz do Fiat Divino as mesmas paixões beijam aquela luz e ambicionam converter-se em
virtudes para fazer homenagem a meu eterno Querer; enquanto Ele surge tudo é alegria, e as mesmas penas que, como mares à noite dão medo às pobres criaturas, se surgir o meu Querer põe em fuga a noite da vontade humana e tirando todo o temor forma o seu fundo de ouro naquelas penas e com a sua luz investe as águas amargas das penas e cristaliza-as em mares de doçura, de modo a formar um horizonte encantador e admirável, O que meu Querer não pode fazer? Tudo pode fazer e tudo pode dar, e onde surge faz coisas dignas de nossas mãos criadoras”.

22-9
Julho 4, 1927
Oferenda da Comunhão. Como a nossa vontade são acidentes nos quais se multiplica Jesus, como contém a fonte dos Sacramentos.

(1) Estava fazendo o agradecimento já que tinha recebido a Santa Comunhão, e pensava entre mim que queria oferecê-la a todos e a cada habitante do Céu, a cada uma das almas do Purgatório, a todos os que vivem e viverão, e não só isto, gostaria de dar o meu Jesus Sacramentado ao sol, ao céu estrelado, aos prados floridos, em suma a cada coisa criada para lhe dar a glória e o triunfo de todas as suas obras. Mas enquanto dizia isto pensava para mim: “São as minhas habituais loucuras, como posso eu formar tantos Jesus? Isto é impossível. E o meu amado Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:

(2) “Minha filha, assim como na hóstia sacramental estão os pequenos acidentes do pão e dentro deles se esconde teu Jesus vivo e verdadeiro, e tantos Jesus por quantas hóstias há, assim na alma estão os acidentes da vontade humana, não sujeitos a consumir-se como os acidentes de minha Vida Sacramental, por isso mais afortunados e mais sólidos, e assim como a Vida Eucarística se multiplica nas hóstias, assim minha Vontade Divina multiplica minha Vida em cada ato de vontade humana, A qual mais que acidente se presta à multiplicação da minha Vida.

Conforme tu fizeste correr a tua vontade na minha Vontade e querias dar-me a cada um, assim a minha formava a minha Vida na tua, e fazia sair da sua luz a minha Vida, dando-me a cada um, e Eu, oh! como me sentia feliz de que a pequena filha de meu Querer, nos acidentes de sua vontade formava tantas Vidas minhas para dar-me não só às criaturas animadas, mas a todas as coisas criadas por Mim. E eu, multiplicando a minha vida, me sentia rei de todos: Rei do sol, do mar, Rei das flores, das estrelas, do céu, em suma de tudo. Minha filha, quem vive na minha Vontade tem em si a fonte da fonte dos Sacramentos e pode multiplicar-me quanto quiser e como quiser”.

(3) Eu fiquei com dúvida sobre a última frase escrita acima e meu amado Jesus acrescentou:

(4) “Minha filha, os Sacramentos saíram da minha Vontade, como tantas pequenas fontes as tirei dela, reservando-se nela a fonte da qual recebe continuamente cada fonte os bens e os frutos que cada uma contém, e agem segundo as disposições de quem os recebe, Assim, por falta de disposições de parte das criaturas, as fontes dos Sacramentos não produzem os grandes bens que contêm. Muitas vezes lançam água e as criaturas não ficam lavadas, outras vezes consagram imprimindo um caráter divino e incansável, mas apesar de tudo isso não se veem santificadas.

Outra fonte dá à luz a Vida do teu Jesus continuamente, recebem esta Vida, mas não se veem nem os efeitos, nem a Vida do teu Jesus neles. Por isso cada Sacramento tem a sua dor, porque não veem em todas as criaturas os seus frutos e os bens que contêm. Agora quem vive em minha Vontade fazendo-a reinar como em seu próprio reino, possuindo Ela a fonte dos Sacramentos, Que maravilha que quem viva em meu Querer Divino possuirá a fonte de todos os Sacramentos e sentirá em si a natureza dos Sacramentos com todos os efeitos e bens que contêm? E ao recebê-los da Igreja sentirá que é alimento que ela possui, mas que o toma para dar aquela glória completa àqueles Sacramentos dos quais ela possui a fonte, para glorificar aquela mesma Vontade Divina que os instituiu, porque só nela se dará a perfeita glória a todas as nossas obras. Por isso suspiro tanto o reino do Fiat Supremo, porque só ele porá o equilíbrio a tudo, dará às criaturas todos os bens que quer e receberá a glória que elas lhe devem.”

23-9
Outubro 20, 1927
Como as potências criadas não podem nem abraçar nem esgotar a Potência incriada, nem mesmo a Virgem, nem a mesma Humanidade de nosso Senhor. A Divina Vontade possui o ato incessante e sempre novo, e tem virtude de fazer sempre coisas novas. Como espera seu reino para comunicar este ato novo como cumprimento de sua glória.

(1) Continuo com o escrito no capítulo anterior. Então pensava entre mim: “Meu amado Jesus diz que só será completa sua glória por parte da Criação e a glória de todos os bem-aventurados, quando for conhecida sua Divina Vontade na terra e tiver se formado o reino dela, e os filhos deste reino tomem o lugar reservado só para eles na Pátria Celestial, e eu pensava: “No Céu está a Soberana Rainha que teve toda a plenitude da Vida da Vontade Divina, que ninguem, creio, poderá igualá-la, Por que então não é completa a glória de Deus por parte da Criação?” E tantas outras dúvidas e pensamentos que me vinham, que não é necessário pô-los por escrito, digo somente o que me disse Jesus:

(2) “Minha filha, és muito pequena e medes com a tua pequenez a grandeza interminável e a minha sabedoria inacessível. A criatura por quão santa foi, como foi minha amada Mãe, que apesar de possuir toda a plenitude e totalidade de todos os bens de seu Criador, e o reino de minha Vontade
Divina teve nela seu pleno domínio, com tudo isso não pôde esgotar toda a imensidão dos bens do Ser Divino, encheu-se até a borda, transbordou fora até formar mares em torno de Si, mas restringir nela, abraçar tudo o que contém o Ente Supremo, lhe foi impossível; nem sequer minha Humanidade por si só pôde encerrar toda a imensidão da luz criadora, estava tudo cheio, dentro e fora de Mim, mas, oh! quanto restava fora de Mim, porque o cerco da minha Humanidade não tinha grandeza equivalente onde fechar uma luz tão interminável; isto é porque as potências criadas, de qualquer gênero que sejam, não podem esgotar a potência incriada, nem abraçá-la e restringi-la nelas. A altura da Rainha do Céu, e a minha própria humanidade, encontraram o seu Criador nas condições em que tu podes encontrar-te se te expores aos raios do sol, podes encontrar-te sob o império da sua luz, ser investida por ela, sentir toda a intensidade do seu calor, mas poder restringir em ti e sobre ti toda a sua luz e calor será impossível, mas apesar disso não podes dizer que a vida da luz do sol e do seu calor não está em ti e fora de ti. Agora, você deve saber que nosso Ser Divino, nossa Vontade criadora, possui o seu movimento incessante e sempre novo, novo nas alegrias, na felicidade, novo na beleza, novo no trabalho que a nossa sabedoria põe fora na formação das almas, novo na santidade que imprime, novo no amor que infunde.

Portanto, se possui este ato novo contínuo, tem virtude de fazer sempre coisas novas, e se toda bela, pura e santa foi feita a Mãe Rainha, isto não exclui que possamos fazer outras coisas novas e belas, dignas de nossas obras. Muito mais do que na Criação, porque o nosso Fiat Divino saiu em campo, criando todas as coisas, levou também em campo todos os atos novos com os quais devia formar as criaturas, as raridades de beleza que devia comunicar e a santidade que devia imprimir em quem teria vivido em nosso Querer Divino. E como ele não teve vida nas criaturas, nem no seu
reino, e só os teve na Soberana do Céu, por isso fez nela o primeiro prodígio e milagre que fez ficar chocado o Céu e a Terra; por isso espera as outras criaturas que devem ter sua Vida e formar outros reinos seus onde reinar, para formar com nosso ato novo outras singularidades de santidade, de beleza e de graça. Oh! como espera com ansiedade minha Divina Vontade este seu campo de ação para pôr fora estes atos novos, Ela é como um artífice que sabe fazer centenas e milhares de estátuas, uma diversa da outra, sabe imprimir nelas uma fineza e raridade de beleza, de atitudes, de formas, mas uma não pode dizer que é como a outra, não sabe fazer repetições, senão sempre estátuas novas e belas, mas não lhe é dado o pôr fora sua arte; que dor não seria para um artífice sua inatividade? Assim é minha Divina Vontade, e por isso espera seu reino em meio às criaturas, para formar raridades de belezas divinas nelas, jamais vistas, santidades jamais ouvidas, novidades jamais tocadas; não basta a sua potência que tudo pode, a sua imensidão que tudo abraça, o seu amor que jamais se esgota, o ter formado com suas artes divinas a grande Senhora, a Rainha do Céu e da terra, senão quer formar o séquito dela, no qual quer viver só meu Fiat e reinar para formar outras obras dignas d’Ele. Como pode então estar completa nossa glória por parte da Criação, e ser completa no Céu a glória, a felicidade da família humana, se nosso trabalho não está concluído na Criação? Ficam por fazer as estátuas mais belas, as obras mais importantes; a finalidade pela qual foi criada a Criação não está realizada nem cumprida, e basta
que a um trabalho falte um ponto, um pequeno detalhe, uma folha, uma pincelada, para que não possa ter todo seu valor e resgatar a glória completa quem formou o trabalho; muito mais que no trabalho de nossa Criação não só falta um ponto, mas as coisas mais importantes, nossas variadas
imagens divinas de beleza, de santidade, de perfeita semelhança nossa, e assim como nossa Vontade começou a obra da Criação com tanta suntuosidade de beleza, de ordem, de harmonia, de magnificência, tanto no formar a máquina de todo o universo, quanto no criar o homem, assim é
justo, por decência, glória e honra de nossa obra, que seja cumprida com mais suntuosidade e diversidade de raras belezas, todas dignas do ato incessante e novo que possui minha Divina Vontade.

Os que viverem no Reino dela estarão sob a força de um novo ato, de uma força irresistível contínua, assim que se sentirão investidos de um ato novo de santidade, de deslumbrante beleza, de luz fulgidíssima, e enquanto possuirão este, outro novo chegará, e depois outro mais, sem cessar jamais, e surpreendidos eles mesmos dirão: ‘Como é santo, belo, rico, forte, feliz, nosso Fiat três vezes santo, que jamais se esgota, tem sempre santidade para nos dar, belezas para embelezar-nos sempre mais, novas forças para nos fazer mais fortes, novas felicitações, de modo que aquela de antes não é similar à segunda, nem à terceira, nem a todas as outras que nos dará’. Então estas criaturas afortunadas serão o verdadeiro triunfo do Fiat Divino, o adorno mais belo de toda a Criação, os sóis mais resplandecentes que com sua luz cobrirão o vazio daqueles que não viveram no reino dele. Agora, minha inseparável Mãe que possui como vida própria este ato novo contínuo, comunicado a Ela por minha Divina Vontade, porque fez vida nela, é o primeiro Sol fulgidíssimo que formou meu Querer nela, que ocupa o primeiro lugar de Rainha e alegra a toda a corte celestial fazendo refletir em todos os bem-aventurados sua luz, suas alegrias, sua beleza; mas Ela sabe que não esgotou todos os atos novos e incessantes que minha Vontade Divina estabeleceu dar às criaturas, porque ela é inesgotável, e oh! quantos tem ainda, e espera que sejam formados outros sóis por este seu ato novo de novas e raras belezas e como verdadeira Mãe quer circundar-se de todos estes sóis a fim de que se reflitam e se felicitem mutuamente, e toda a corte celestial receba não só os seus, mas os reflexos de todos estes sóis como cumprimento a todos da glória da obra da Criação do seu Criador. Ela como Rainha espera com tanto amor as propriedades de minha Vontade nas criaturas, que são como suas, porque teve o princípio de formar nela o reino da minha Vontade Divina. Suponha que na abóbada dos céus em vez de um sol viessem formados outros sóis, novos na beleza e na luz, não pareceria mais bela, mais adornada a abóbada do céu?

Certamente que sim. E os sóis como luz não se refletiriam mutuamente e todos os habitantes da terra não receberiam os reflexos, os bens de todos estes sóis? Assim será no Céu. Muito mais do que aqueles que possuíram na terra o reino do Fiat Supremo, terão bens comuns intermináveis, porque uma é a Vontade que os dominou. Eis por que, apesar de que no Céu está a Soberana Imperatriz, que possui a plenitude da Vida de meu Querer Divino, por parte da Criação nossa glória não está completa, porque primeiro, nossa Vontade não é conhecida no meio das criaturas e portanto nem amada nem suspirada; e segundo, não sendo conhecida, Ela não pode dar o que estabeleceu dar, e portanto não pode formar as tantas raridades de obras que sabe fazer e pode fazer, enquanto a obra cumprida se canta vitória e glória”.

24-9

Volume 24

Abril 26, 1928
Que coisa se dá a Deus com o te amo. O prodigioso segredo do te amo. Como nada escapava à Virgem Santíssima do que fazia Nosso Senhor. A Divina Vontade é o respiro da alma.

(1) Estava a fazer o meu giro no Fiat Divino, e segundo o meu costume ia investindo toda a Criação com o meu refrão: “Amo-te, adoro-te, bendigo-te”. Enquanto fazia isto, pensava em mim: “Que coisa dou ao meu Deus com esta longa história de te amo?” E o meu doce Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(2) “Minha filha, o puro, santo e reto amor é parto divino, sai de Deus e tem a virtude de elevar-se e entrar em Deus, para multiplicar seus partos e levar a Deus mesmo a cada criatura que suspira por amá-lo; então, quando a alma está investida por este amor e recebe este parto, pode formar tantos
outros partos quantas vezes diga seu te amo, de maneira que seu te amo voa diante de Deus, e o Ente Supremo olha no te amo que lhe manda a criatura, e encontra naquele pequeno te amo todo a Si mesmo, e sente-se dar por ela todo a Si mesmo; aquele pequeno amo-te tem um prodigioso segredo, o que em sua pequenez encerra o infinito, o imenso, a potência, tanto que pode dizer:

‘Ofereço Deus a Deus’. E o Ser infinito sente dar-se naquele pequeno te amo da criatura todas as suas qualidades divinas, porque como seu parto, encontra-se todo a Si mesmo. Eis que coisa me dás com teus tantos te amo, me dás tantas vezes a Mim mesmo; coisa mais bela, maior e que mais me dá prazer não poderias dar-me, que dar-me tudo Eu mesmo. Meu Fiat que forma a vida de seu te amo em ti para Mim, se deleita em formar tantos partos nossos e por isso mantém a batuta do te amo em ti, desejando pôr sempre a moeda divina do teu amo em cada coisa criada, e depois vê se todas as coisas criadas por Nós estão adornadas do prodigioso segredo do teu amo. Minha filha, Nós não olhamos se o que a criatura faz é grande ou pequeno, mas olhamos se está o prodígio de nosso segredo, e seus menores atos, pensamentos e suspiros estão investidos pela potência de nossa Vontade. Nisto está tudo e é tudo para Nós”.

(3) Depois disto seguia o meu giro no Fiat para acompanhar tudo o que Jesus tinha feito na Redenção, e pensava entre mim: “Como teria querido fazer o que fazia a Soberana Mãe quando estava com Jesus, porque certamente seguia todos seus atos, nada deixava que se lhe escapasse”. Mas enquanto isso e outras coisas pensava, meu sempre amável Jesus adicionou:

(4) “Minha filha, é certo que nada escapava à minha Mãe, porque tudo o que Eu fazia e sofria ressoava como eco profundo no fundo de sua alma, e Ela estava tão atenta para esperar o eco de meus atos, que ficava selado nela o eco com tudo o que Eu fazia e sofria, e a Soberana Rainha emitia seu eco no meu e o fazia ressoar no fundo de meu interior, de modo que entre Ela e Eu eram torrentes que corriam, mares de luz e de amor que descarregavam um no outro e Eu fazia o depósito de todos meus atos em seu coração materno. Não teria ficado contente se não a tivesse sempre comigo, se não ouvisse o seu eco contínuo que ressoava no meu, atraía até aos meus batimentos e respirava para os pôr nela; assim como não teria ficado contente se desde então não te tivesse a ti que devias seguir todos meus atos no meu Querer Divino, porque desde então fazia em ti o depósito deles, passando o eco da Mãe Rainha ao fundo de tua alma, e eu olhava na extensão dos séculos o eco de minha Mãe em ti, para levar a efeito o reino de minha Divina
Vontade, por isso tu te sentes como atraída a seguir meus atos, é seu eco materno que ressoa em ti, e eu tomo ocasião para fazer o depósito deles no fundo de teu interior, para te dar a graça de fazer reinar meu eterno Fiat em ti”.

(5) Depois, sentia minha mente imersa no mar do Fiat Divino, sua luz me investia toda e não via nem a altura nem o fundo onde ela terminava, sentia-a mais do que vida que me corria onde quer que fosse e o meu amado Jesus movendo-se dentro de mim disse-me:

(6) “Minha filha, minha Vontade é vida, é ar, é respiro da criatura, Ela não é como as outras virtudes que não são nem vida contínua nem respiro da criatura, e por isso se exercitam a tempo e circunstância, nem sempre se exercita paciência, porque muitas vezes falta quem a faça exercitar e a virtude da paciência fica inoperante, sem dar sua vida contínua à criatura; nem a obediência, nem a caridade formam a vida delas, porque pode faltar quem tem o ato contínuo de ordenar e a quem pode exercer a caridade. Por isso as virtudes podem formar o adorno da alma, mas não a vida; em troca minha Vontade é ato primeiro de todos os atos da criatura, então se você pensa, se você fala, se você respira, é Ela que forma o pensamento, a palavra, e dando-lhe o ar mantém a circulação, o batimento, o calor, e como você não pode viver sem respirar, assim você não pode viver sem o meu Querer Divino, torna-se necessidade contínua para poder viver, e enquanto se recebe sua respiração contínua, não se reconhece, é tão necessária que não se pode fazer menos dela, nem sequer um instante, porque Ela não só é portadora de todos os atos humanos, mas também é portadora de todas as coisas criadas. Meu Fiat é ato primeiro do sol e a faz respirar a luz, é ato primeiro do ar, da água, do fogo, do vento, e respiram minha Vontade Divina no ar que respiram, na água que bebem, no fogo que os esquenta, no vento que os purifica, não há coisa onde não respirem meu Querer, por isso em todas as coisas, sejam pequenas ou grandes, até no respiro, a criatura pode fazer sempre minha Vontade, e não fazendo-a é um ato de Vida de Vontade  Divina  que perde, é seu respiro que sufoca continuamente, recebe sua vida, seu respiro, para convertê-lo em humano não para transmutar-se ela em meu Querer Divino”.

25-9
Novembro 20, 1928

Quem vive no Querer Divino está em posse do dia perene, não conhece a noite e se torna dona do próprio Deus.

(1) Eu sentia-me completamente abismada no Fiat Supremo, e a minha pobre mente perdia-se em tantas verdades surpreendentes para a minha pequena capacidade. Todas as manifestações que meu doce Jesus me havia dito sobre seu Santo Querer se alinhavam em minha pobre alma como tantos sóis de beleza encantadora, um distinto do outro, com a plenitude de cada alegria e felicidade que cada verdade possuía, e que enquanto pareciam diferentes estes sóis, formavam um só. Que encanto, que beleza arrebatadora! Estes sóis assediavam a minha pequena inteligência e eu nadava nesta luz interminável, e como surpreendida pensava em tantas coisas acerca da Divina Vontade, e o meu sempre amável Jesus movendo-se em meu interior me disse:

(2) “Minha filha, amadíssima filha do meu Querer, quem é filha dele está em posse do dia perene que não conhece a noite. Tudo é luz para quem vive em meu Querer, suas propriedades são luz, beleza, alegria e felicidade. E isto é nada, Nós ao dar nossa Vontade à criatura a tornamos dona de Nós mesmos, e nos colocamos a sua disposição; a fazemos fazer e vencer o que quer, porque não é um querer humano que nos domina, não, mas nosso próprio Querer, que tendo bilocado na criatura, seu fazer, dizer e vencer não é visto por Nós como coisa estranha a Nós, mas sim como coisa nossa, e gozamos em fazê-la dizer, fazer e vencer, muito mais que ela nos vence a Nós e Nós a vencemos a ela. Então, ao dar a nossa Vontade à criatura, e ela ao recebê-la como vida própria, abrimos uma competição entre ela e Nós, ela entra em nosso campo divino e domina como dona, e Nós gozamos tanto ao ver sua pequenez que contém nosso eterno Querer, dominadora de nossos bens e de Nós mesmos. O que podemos negar ao nosso Querer? Nada.

Mas bem temos prazer em pôr fora nossas mais íntimas alegrias, nossos segredos, nossas eternas beatitudes para fazer rejubilar à pequenez da criatura onde Ela reina, e tornando-a dominadora delas, nos entretemos e abrimos o jogo entre ela e Nós. Por isso, coisa maior não podia dar ao homem ao criá-lo, que nossa Vontade, porque só com Ela ele podia chegar onde quisesse e fazer o que quisesse, até tornar-se dominador do que a Nós nos pertence. Isto não fizemos ao criar as outras coisas, elas são dominadas por Nós, não podem fazer o que querem, seus direitos são limitados, porque ao criar o homem houve uma explosão mais intensa de amor, e neste arrebato de amor, o Tudo se fundiu no nada, e o nada adquiriu sua vida no Todo. E para tê-lo mais seguro demos-lhe nossa Divina Vontade como patrimônio, a fim de que um fosse o querer, comuns os bens, por quanto a criatura é capaz, e tanto o amor do um e do outro se fazer dominar mutuamente. Por isso a coisa mais bela para nós, que mais nos arrebata e glorifica é a alma onde reina nosso Querer Divino, porque só ela é a que não nos faz dizer basta ao nosso amor, no dar, mas sim que temos sempre para dar, sempre para dizer, e para gozar de mais a tornamos vencedora de Nós mesmos. Por isso sê atenta filha minha, se tudo quiseres, faz que nosso Querer reine em ti”.

26-9
Maio 16, 1929

Os conhecimentos sobre a Divina Vontade são o exército, os atos feitos nela são as armas, sua luz o palácio real, o Ministro da Trindade Santíssima. Ímpeto divino para estabelecer seu reino. Necessidade divina, silêncio de Jesus, dor de seus segredos.

(1) Continuando o meu habitual abandono no Fiat Divino, estava pensativa pelas privações do meu doce Jesus. Oh! Como a minha pobre alma gemia sob o peso infinito de uma dor que faz dizer a todas as coisas criadas: “Onde está o teu Jesus, Aquele que tanto te amava? Ah! Você sente que sustenta tudo, toca sua beleza que pôs sobre toda a Criação, vê sua imensidão que não pode alcançar, mas tudo isso que você vê não são outra coisa que as pegadas de seus passos, que a seu passo imprimiu sobre todas as coisas criadas por Ele, mas não está aqui. Tu, corre, procura-o, e todas nós te acompanharemos gemendo junto contigo para te fazer encontrar Aquele que tu queres”. Eu sinto que todos me falam de Jesus com notas dolorosas, que ecoam em meu pobre coração dilacerado por uma dor que eu mesma não sei dizer, e era tanta a intensidade, como se quisesse sair de meu habitual estado. Mas enquanto eu estava nisto, o meu amável e bom Jesus surpreendeu-me, e pôs-me os braços à volta do pescoço e disse-me:

(2) “Minha filha, que se passa? O que foi? Acalme-se, acalme-se, como, talvez você queira sair do exército da minha Divina Vontade? Olha que exército ordenado, formidável e numeroso, que se dispondo em ordem de batalha em tua alma não te será fácil sair; mas, sabes tu quem é este exército? Todos os conhecimentos sobre minha Divina Vontade, porque Ela tendo-se formado seu palácio real em ti, não podia estar, nem era decente estar sem seu exército. Este exército o tiramos de nosso seio divino para cortejar, defender, e estão todos atentos para fazer conhecer a todos quem é nosso Fiat, seu Rei divino, como quer descer com todo seu exército celestial no meio dos povos para combater o querer humano, mas não com as armas que matam, porque no Céu não há estas armas assassinas, mas com as armas de luz que combatem para formar a Vida de meu Querer nas criaturas. Agora, você deve saber que as armas deste exército são os atos feitos em minha Divina Vontade; olhe como é belo! O palácio real é a luz do meu Fiat, o Rei que domina é o meu Querer, o Ministro da Trindade Santíssima, o exército o seu conhecimento, as armas os teus atos feitos nele. Porque, conforme tu tinhas o bem de conhecer um conhecimento seu, e em virtude dele trabalhavas, no meu Fiat formavas as armas nas mãos de cada conhecimento, para dar a vida deste conhecimento às outras criaturas. Mas não é tudo ainda, cada conhecimento possui uma arma diferente uma da outra, assim que cada conhecimento que te dei sobre minha Divina Vontade possui uma arma especial e distinta: Quem possui a arma da luz para iluminar, aquecer e fecundar o germe de meu Fiat; quem possui a arma da potência vencedora que domina e impera; quem a arma da beleza que arrebata e conquista; quem a arma da sabedoria que ordena e dispõe; quem a arma do amor que queima, transforma e consome; quem a arma da força que lança por terra, faz morrer e faz ressurgir no meu Querer Divino; em suma, cada conhecimento meu é um soldado divino que manifestando-se à tua alma fez-se pôr em suas mãos, por ti, a arma de cada ofício que possuem. Veja que ordem têm, como são atentos a seu ofício e a manejar a arma que cada um possui para dispor e formar o povo do reino de meu Fiat Divino.

Este exército e estas armas possuem a virtude prodigiosa do infinito, de modo que se difundem por toda parte, e onde há uma luz, ainda pequena, nas criaturas, combatem com armas de luz contra as trevas do querer humano para eclipsá-lo e dar-lhe a Vida de meu Fiat, e onde há um germe de potência ou de força, corre o soldadinho divino com sua arma da potência e da força para combater a potência e força humana, e fazer ressurgir a potência e a força de minha Divina Vontade. Este exército tem a arma oposta a todos os atos humanos para combatê-los, para fazer ressurgir sobre o ato humano o ato de meu Querer Divino. Por isso minha filha, é necessário que você permaneça em minha Divina Vontade para formar armas suficientes, com seus atos feitos nela, ao grande exército de seus conhecimentos. Se tu soubesses como este exército espera com ânsia as armas de teus atos em suas mãos para mover batalha e destruir o pobre reino do querer humano, e edificar nosso Reino de luz, de santidade e de felicidade; muito mais que Eu estou em ti, na grande morada de minha Divina Vontade, em meio a meu exército, com o contínuo conselho do Ministro das Divinas
Pessoas, como reprodutor de nossas obras, porque Nós somos o Ser trabalhador, e onde estamos, queremos trabalhar sempre, sem cessar jamais. Por isso é de necessidade que você esteja sempre em nosso Fiat para unir-se a Nós em nosso contínuo agir, e dar-nos o campo de sempre agir em ti, porque é propriamente isto o sinal do agir divino: agir sempre, sempre, sem cessar jamais”.

(3) Depois disso fez silêncio, e pouco depois com uma ênfase mais tenra adicionou:

(4) “Minha filha, se você soubesse que ímpeto de amor sinto porque quero estabelecer o reino de minha Divina Vontade sobre a terra, para realizar o único fim pelo qual foi criado o homem; tudo o que foi feito pelas Divinas Pessoas, desde que foi criado o mundo e o que faremos, nosso princípio
será sempre aquele, não o deixaremos jamais, que o homem regresse à sua herança do reino do nosso Fiat que nos rejeitou. Tanto, que em minha mesma encarnação, quando desci do Céu à terra, a primeira finalidade foi o reino de minha Divina Vontade, os primeiros passos os dei no reino dela, isto é, em minha Mãe Imaculada que o possuía, minha primeira morada foi em seu seio puríssimo, no qual meu Fiat tinha seu domínio absoluto e seu reino íntegro e belo, e neste reino de meu Querer que possuía minha Mãe Celestial, comecei e formei minha Vida aqui embaixo, de penas, de lágrimas e de expiações. Eu sabia, sabia que devia ser o Jesus abandonado, não amado nem buscado, mas quis vir porque via através dos séculos que minha vinda à terra devia servir para formar o reino de meu Querer Divino, e por necessidade devia primeiro redimi-los para obter minha primeira finalidade. E eu, desde então, descia do Céu para buscar, encontrar e estreitar ao meu seio os filhos do meu reino, que me teriam procurado, amado, reconhecido, até não poder estar sem Mim, e por isso no que Eu fazia e sofria, Eu punha um selo e dizia: „Aqui esperarei os filhos de meu Querer, os abraçarei, nos amaremos com um só amor, com uma só Vontade’; e por amor deles, as lágrimas, os passos, as obras, me mudam em refrigério, em alegria para meu coração afogado de amor. Minha filha, não sente você mesma que não pode estar sem Mim?

E quando lerem no mundo estes escritos, ficarão maravilhados ao ouvir a longa cadeia de minhas graças, minhas cotidianas visitas, e por tão longo tempo, o que não fiz a nenhum outro, minhas longas conversas que tive contigo, os tantos ensinamentos que te dei, e tudo o que devia servir ao reino de minha Divina Vontade. Sentia a irresistível necessidade de retomar e refazer contigo todas as conversas, de comunicar-te as graças, os ensinamentos que teria dado a Adão inocente se não tivesse rejeitado a preciosa herança de meu Fiat; ele rompeu minha fala e me reduziu ao silêncio, e depois de seis mil anos de silêncio sentia a extrema necessidade de retomar a minha conversa com a criatura. Oh! Como era doloroso conter tantos segredos no meu coração, que devia confiar-lhe, e que só para ela eram reservados estes segredos, não para outros, e se soubesses quanto me custou calar-me por tão longo tempo, meu coração estava sufocado e delirante repetia humildemente: Ai de Mim, criei o homem para ter com quem falar, mas devia possuir minha Divina Vontade para entender-me, e como me rejeitou me tornou o Deus taciturno, que dor sinto! Que amor sufocante que me fazia desmaiar, e delirava! Por isso não pude suportar mais, quis romper contigo, rompi meu longo silêncio, e por isso a necessidade do ímpeto de meu falar tão prolongado, frequente e repetido. E enquanto eu te falo para desabafar com você, eu sinto como se agora eu estivesse dando início à Criação, e é por isso que nestes escritos eu estou fazendo você escrever o verdadeiro porquê da Criação, o que é a minha Vontade, seu valor infinito, como deve ser vivido n‟Ela, seu Reino e como quer reinar para tornar a todos santos e felizes. Todos ficarão surpreendidos ao ler estes escritos e sentirão a necessidade de que meu Fiat viva em meio a eles.

A Divindade sente uma irresistível necessidade de completar a obra da Criação, e esta será completada com o reinar nossa Divina Vontade entre as criaturas. O que faria uma criatura se depois de ter feito uma obra com sacrifícios inéditos e por longo tempo, obra que lhe custa a vida, obra de valor incalculável, e só porque lhe faltou um ponto, uma pincelada, uma cor, não pode completar a obra que lhe custa tanto? E por quão bela sua obra, por quanto preciosa e de valor incalculável, que formaria sua fortuna, sua glória e sua felicidade completa, não pode apresentá-la ao público, nem pode dizer que é uma obra completa porque falta um ponto. Para esta pessoa a vida se transformaria em dor e sentiria o peso de sua obra, bela, sim, mas não completa, e por isso se sente infeliz e em vez de glória se sente humilhada, e que sacrifícios não faria? Daria a vida para colocar aquele ponto para deixar completa sua obra. Assim nos encontramos Nós, nada falta à nossa obra da Criação: céus, sóis, obras e magnificência de toda espécie, mas falta um ponto, um ponto que me desfigura uma obra tão bela, mas este ponto é o mais importante, é a pincelada mais bela, é a cor mais viva que falta à Criação, todos e tudo vivem em meu Fiat, mas um ponto dela, isto é, a família humana, está fora dele, fora de meu reino e vive infeliz. Que dor! Há lugar para todos no meu Querer, no entanto há quem vive fora. Oh! Como nos desfigura e torna incompleta. E o que não faremos para ver tudo?

Qualquer sacrifício minha filha, tudo estamos dispostos a fazer; já pus minha Vida na Redenção para pôr este ponto à obra criadora. E quando souberem o que significa Vontade de Deus, o grande bem que pode fazer, e como a nós a coisa que mais nos importa é pôr a salvo os direitos de nosso Fiat Divino, e fazê-lo reinar para ver a todos felizes em nossa Vontade, com nossa mesma felicidade, não mais se maravilharão de ler nestes escritos, o que te tenho dito e feito muito em tua alma, mas bem dirão: „A uma Vontade tão santa que tudo tem feito, era justo que se necessitasse este desabafo de graças e tantos ensinamentos sublimes para fazê-la compreender, amar e suspirar em quem devia fazer o primeiro depósito de seu Reino’ Por isso seja atenta, porque se trata de dar os direitos a uma Vontade Divina, para completar o trabalho da Criação”.

 

27-9
Outubro 24, 1929

Na Divina Vontade a alma tem tudo em seu poder, porque encontra a fonte das obras divinas, e pode repeti-las quanto quiser.

(1) Sentia-me toda abandonada no Fiat Divino, seguindo e oferecendo todos os seus atos, tanto da Criação como aqueles da Redenção, e chegando à Concepção do Verbo dizia em mim: “Como gostaria, no Querer Divino, fazer minha a Concepção do Verbo para poder oferecer ao Ente Supremo o amor, a glória, a satisfação, como se outra vez o Verbo se concebesse”. Mas enquanto dizia isto, o meu doce Jesus mexeu-se dentro de mim e disse-me:
(2) “Minha filha, em minha Divina Vontade a alma tem tudo em seu poder, não há coisa que nossa Divindade tenha feito, tanto na Criação como na Redenção, da qual nosso Fiat Divino não possua a fonte, porque Ele não perde nada de nossos atos, aliás, é o depositário de tudo; e quem possui o nosso Querer Divino possui a fonte da minha Concepção, do meu nascimento, das minhas lágrimas, dos meus passos, das minhas obras, de tudo; os nossos atos nunca se esgotam, e conforme faz memória e quer oferecer a minha Concepção, vem renovada minha Concepção como se de novo me concebesse, ressurgir a novo nascimento; minhas lágrimas, minhas penas, meus passos e obras ressurgem a nova vida e repetem o grande bem que Eu fiz na Redenção. Assim quem vive em nosso Querer Divino é a repetidora de nossas obras, porque assim como da Criação nada se perdeu do que foi criado, assim da Redenção, tudo está em ato de surgir continuamente, mas quem nos dá o impulso? Quem nos dá a oportunidade de mover nossas fontes para renovar nossas obras? Quem vive em nosso Querer. Em virtude d’Ele a criatura toma parte em nossa força criadora, por isso tudo pode fazer ressurgir a nova vida; ela, com seus atos, com suas ofertas, com suas súplicas, move continuamente nossas fontes, as quais, movidas como por um agradável ventinho, formando ondas e transbordando fora nossos atos, multiplicam-se e crescem ao infinito.

Nossas fontes estão simbolizadas pelo mar, se o vento não o agita e não vêm formadas as ondas, as águas não transbordam fora e as cidades não ficam banhadas. Assim nossas fontes de tantas obras nossas, se nosso Fiat Divino não as quer mover, ou quem vive n’Ele não se dá pensamento de formar nenhum ventinho com seus atos, ainda que estejam cheios até a borda, mas não transbordam fora para multiplicar seus bens em proveito das criaturas.

(3) Além disso, quem vive em nosso Fiat Divino, conforme vai formando seus atos, estes sobem ao princípio de onde saiu a criatura, não ficam no baixo, mas sobem ao alto para buscar o seio d’Aquele de onde saiu o primeiro ato de sua existência, estes atos se alinham em torno do princípio
que é Deus como atos divinos. Deus, ao ver os atos da criatura em sua Divina Vontade, os reconhece como atos seus e se sente amado e glorificado como Ele quer, com seu mesmo amor e com sua mesma glória”.

28-9
Abril 18, 1930

Como todos os primeiros atos foram feitos por Deus em Adão. Zelo do amor Divino. Garantia e segurança do Fiat Divino para a criatura. Como na Criação do homem todos estávamos presentes e em ato. Virtude vivificadora e alimentadora do Querer Divino.

(1) A minha pobre alma sente a irresistível necessidade de navegar o mar interminável do Fiat Supremo. Mais do que por um ímã poderoso sinto-me atraída a fazer a minha doce morada na minha amada herança que o meu amado Jesus me deu, que é a sua adorável Vontade; parece-me que Jesus me espera hora num ato feito pelo seu Fiat Divino, hora noutro, para me dar as suas admiráveis lições. Então minha mente se perdia no girar em seus atos inumeráveis, e tendo chegado ao amado Éden, onde tudo foi festa, meu amado Jesus detendo-me me disse:

(2) “Minha filha, se tu soubesses com quanto amor foi formada a criação do homem. Ao recordá-lo nosso amor se inflama e forma novas inundações, e enquanto se põe em atitude de festa ao recordar nossa obra, bela, perfeita, e onde se pôs tal maestria de arte que nenhum outro pode formar uma semelhante, era tão bela que chegou a suscitar em nosso amor o zelo de que tudo fosse para Nós. Ademais, o homem tinha sido feito por Nós, era nosso, então o ser zeloso era um direito de nosso amor; assim é verdade que nosso amor chegou a tanto, que todos os primeiros atos feitos em Adão foram feitos por seu Criador; Assim, o primeiro ato de amor foi criado e feito por Nós em Adão, o primeiro batimento cardíaco, o primeiro pensamento, a primeira palavra, em suma, em tudo o que ele pôde fazer depois, estavam nossos atos primeiros feitos nele, e sobre nossos primeiros atos seguiam os atos de Adão. Por isso, se amava, surgia seu amor de dentro de nosso primeiro ato de amor; se pensava, o seu pensamento vinha de dentro do nosso pensamento, e assim por diante. Se nós não tivéssemos feito os primeiros atos nele, ele não poderia fazer nada, nem saber fazer nada; em vez disso, ao fazer o Ente Supremo os primeiros atos, colocávamos em Adão tanta força por quantos atos primeiros fizemos nele, de modo que cada vez que quisesse repetir nossos primeiros atos, tivesse à sua disposição estas forças, como tantas fontes de amor, de pensamentos, de palavras, de obras e de passos. Então tudo era nosso, dentro e fora do homem, por isso nosso zelo não era apenas um direito, mas também justiça que tudo devia ser para Nós e todo nosso. Muito mais que lhe dávamos nosso Querer Divino a fim de que o conservasse belo, fresco e o fizesse crescer com uma beleza divina. Nosso amor não estava contente nem satisfeito com tanto que lhe havia dado, queria continuar dando sempre, não queria dizer basta, queria continuar sua obra de amor, e para tê-lo Consigo, para ter o que fazer com o homem, dava-lhe nosso mesmo Querer, a fim de que o tornasse capaz de poder receber sempre e de tê-lo sempre conosco com uma só Vontade, com Ela tudo estava garantido e ao seguro para ele e para Nós.

Portanto, devia ser o nosso entretenimento, a nossa alegria e felicidade, o objeto da nossa conversa. Por isso à lembrança da criação do homem, nosso amor se põe em atitude de festa, mas ao vê-lo sem o depósito de garantia de nosso Fiat, sem segurança e portanto vacilante, desfigurado e como distante de nós, põe-se em atitude de tristeza e sente todo o peso de nosso amor infinito como encerrado em Si mesmo, porque não pode dar-se a ele, pois não o encontra em nossa Divina Vontade. Mas isto não é tudo, não foi só em Adão que tanto se derramou nosso amor, mas chegou a fazer todos os primeiros atos dos quais deviam ter vida todos os atos humanos, cada criatura que devia vir à luz do dia esteve presente naquele ato da criação do
homem, e nosso Fiat unido a nosso amor corria, corria, e abraçando a todos e amando com um só amor a todos, colocava a primazia de nossos atos em cada uma das criaturas que deveriam vir à existência, porque para Nós não há passado nem futuro, mas sim tudo é presente e em ato, se isto
não fosse, nosso Fiat estaria restringido e impedido, não poderia engrandecer tanto suas chamas para encerrar a todos em sua luz, de modo a fazer em todos o que faz em uma só criatura. Por isso não foi só Adão o afortunado da Criação, mas sim todas as outras criaturas vinham enriquecidas de todos os bens, e nele, possuidoras de seus mesmos bens. Muito mais do que tudo o que Deus faz numa só criatura, todas as outras criaturas adquirem o direito de nossos atos, a menos quem não queira servir-se deles. Isto não aconteceu na mesma Redenção? Como a Soberana do céu teve o bem de me conceber e de me dar à luz, todas as outras criaturas adquiriram o direito dos bens da Redenção, e não só isto, mas de poder receber-me cada uma em seus corações, e só quem ingrata não me quer, permanece privada de Mim. Agora minha filha, Adão desobedecendo a nossos quereres perdeu nosso reino, e todos os bens de nosso Fiat permaneceram para ele sem a Vida alimentadora e vivificadora de nossa Divina Vontade. Pode-se dizer que foi como o destruidor dos bens do reino de minha Divina Vontade em sua alma, porque a todos os bens, se lhes falta a virtude vivificadora e o alimento contínuo, pouco a pouco perdem a vida.

(3) Agora, você deve saber que para chamar de volta à vida estes bens na criatura, necessitava-se quem chamasse de novo a meu Fiat em sua alma e que nada lhe negasse, fazendo-o dominar livremente, e assim poder lhe fornecer de novo sua virtude vivificadora e alimentadora, para ressuscitar os bens destruídos. Eis por isso que a minha Divina Vontade, que te domina, e tu, que te faz dominar, pôs de novo a sua virtude vivificante na tua alma, chamando-te para a sua morada, te alimenta, para voltar a chamar em ti todos os seus bens; e todos os teus atos que fazes nela, as teus giros em seus atos, teu pedir continuamente o seu reino sobre a terra, não são outra coisa que alimento que te dá, e constitui o direito às outras criaturas de poder receber de novo o reino da minha Divina Vontade com a vida de todos os seus bens. Quando eu quero fazer um bem a todas as criaturas, coloco a fonte surgidora numa criatura, desta fonte abro tantos canais e dou o direito a todos de tomar os bens que a fonte possui. Por isso seja atenta e seu voo em minha Divina Vontade seja contínuo”.

29-9
Março 30, 1931
As humilhações, portadoras de glória. As ternuras do coração de Jesus. Um coração duro é capaz de todos os males. Convite a tomar as migalhas dos bens divinos.

(1) Estou de novo sob a opressão dos meus sofrimentos habituais. Depois de um mês de descanso estou de cabeça, me sentia como vazia de todas as penas, meu doce Jesus não me fazia cair mais em meu estado de rigidez, nem me deixava imóvel e sem movimento; me sentia como se a minha
vida acabasse por ficar sem movimento e rígida, no entanto vivia, mas com uma vida destroçada, sem o mínimo controle de mim mesma, esperando com paciência, que só Jesus me podia dar, aquele que devia chamar-me à obediência para me dar o movimento e fazer-me sair do abismo em que me encontrava; assim que, vendo-me livre, por quanto amasse o dividir as penas junto com Jesus, também minha natureza me sentia triunfante, muito mais que não tinha mais necessidade de nenhum, por isso ao me encontrar de novo atada, impedida dentro do abismo primeiro, minha pobre natureza sente tal repugnância, que se meu amado Jesus não me ajuda, não me fortalece, não me alenta com graças especiais, eu não sei o que faria para não cair naquele estado de sofrimentos. Ah! Jesus meu me ajude, Você que me sustentou por tantos anos em um estado tão doloroso. Ah! Se queres que eu continue, continua a apoiar-me e usa a tua misericórdia sobre esta pobre pecadora, a fim de que não me oponha à tua Santíssima Vontade. Então, enquanto me encontrava entre repugnâncias e medo de ser surpreendida pelos meus habituais sofrimentos, o meu adorável Jesus fazendo ver que sofria muito me disse:

(2) “Minha filha, o que se passa? Não queres sofrer mais junto comigo? Como, queres deixar-me sozinho? Queres tirar-me os direitos que tantas vezes me deste, de que pudesse fazer de ti o que eu quero? Filha boa, não me dês esta dor, abandona-te entre os meus braços e deixa-me fazer o que quero”.

(3) E eu: “Meu amor, perdoa-me, Tu conheces as lutas em que me encontro, e em que humilhações profundas fui posta; se as coisas estivessem como no princípio, quando te rejeitei algo? Por isso tem cuidado e pensa! Jesus no que me fazes, e em que labirinto me pões se me fazes cair nos habituais sofrimentos, e se te digo Fiat é tanto o esforço que faço, que me sinto morrer. Jesus! Jesus! Ajuda-me”.

(4) E Jesus: “Minha filha boa, não temas, a humilhação é portadora de glória, ao desprezo das criaturas surge o apreço divino, e o abandono delas é o chamado da fiel companhia de teu Jesus, por isso deixa-me fazer. Se tu soubesses como está armada a Divina Justiça, não te oporias, antes me rogarias que te fizesse sofrer para perdoar em parte a teus irmãos, serão devastadas outras regiões e a miséria está às portas das cidades e das nações. Meu coração sente tais ternuras ao ver a que estado de desolação e de desordem se reduzirá a terra, e esta minha ternura tão sensível pelas criaturas vem ofendida pela dureza do coração humano. Oh! Como me é intolerável a dureza do coração humano, muito mais ante o meu que é toda ternura amorosa e bondade para com eles. Um coração duro é capaz de todos os males, e chega a tanto de zombar das penas de outros, e muda as ternuras de meu coração para ele em dores e chagas profundas. A prerrogativa mais bela de meu coração é a ternura, todas as fibras, os afetos, os desejos, o amor, os batimentos de meu coração, têm por princípio a ternura, assim que minhas fibras são terníssimas, meus afetos e desejos são terníssimos, meu amor e batidas são tão ternos, que chegam a derreter-me o coração por ternura, e este amor terno me faz chegar a amar tanto as criaturas, que me contento de sofrer, antes que vê-los sofrer a eles; um amor quando não é tenro é como um alimento sem condimento, como uma beleza envelhecida que não sabe atrair ninguém para fazer-se amar, e como uma flor sem perfume, como um fruto árido sem suco e doçura.

Um amor duro, sem ternura, é inaceitável e não teria virtude de fazer-se amar por nenhum. Por isso meu coração sofre tanto ao ver a dureza das criaturas, que chegam a mudar minhas graças em flagelos”.

(5) Depois disso me encontrei, devido a uma força suprema à qual não me era dado poder resistir, em meu estado doloroso, e se bem sentia grande repugnância, tratei de abandonar-me na Divina Vontade, meu único refúgio. E Jesus para me dar a força, por pouco tempo se fez ver e me disse:
(6) “Minha filha, ao criar ao homem nossa Divindade pôs fora de nós mesmos: santidade, amor, bondade, beleza, e assim do resto, que deviam servir ao homem para fazer-se santo, bom, belo, e dar-nos amor por amor. Agora, nossos bens não foram totalmente tomados por ele, e esperam quem os tome. Por isso vêm em nossos bens, vem buscar as migalhas da santidade, do amor, da bondade, das migalhas da beleza, da fortaleza; digo migalhas em comparação com o que deixarás, porque os nossos bens são imensos e aquilo que a criatura pode tomar podem-se chamar migalhas a respeito do que deixa, mas a ela encherão tanto até transbordar fora. Nosso amor só está contente quando vê a criatura amada em nossos bens, cheia até a borda. Agora, estas migalhas formam tantos diversos alimentos, um mais belo que o outro, que toma de nossa mesa celestial, e se nutre abundantemente destes alimentos divinos, e como nos dá daquele alimento  que tomou, assim ao dar-nos seus atos quem se alimentou destas migalhas divinas que dão de santidade, bondade, fortaleza, amor, e cheia de tal beleza, rapidamente reconhecemos que é alimento de nossas migalhas que nos dá em seus atos, e oh! Como ficamos contentes de que a criatura nos dá seus atos que dão do divino, sentimos nossos perfumes, tocamos nossa santidade e bondade, e nos sentimos correspondidos pelas migalhas que lhe havíamos dado”.

 

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