Estudo 40 O Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade

Estudo 40 O Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade
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42. A morte de José. Jesus é a paz de quem sofre e de quem morre.

5 de fevereiro de 1944, 13:30 horas.

42.1Poderosamente, esta visão penetra em mim, enquanto eu estou
procurando corrigir o fascículo, como também o que me foi ditado sobre as
falsas religiões de agora. Vou descrevê-la, à medida que a vou vendo.
Vejo o interior de uma oficina de carpinteiro. Parece-me que duas das
paredes da oficina são formadas por paredes rochosas, como se tivesse sido
aproveitada uma gruta natural, para com ela formar os cômodos da casa.
Aqui estão justamente os lados norte e oeste, que são de rocha, enquanto que
as duas outras paredes, do sul e do leste, são de reboco, como as nossas.
No lado norte, há uma curva côncava na superfície da rocha, que foi
escavada para servir de lareira rudimentar, sobre a qual está uma panelinha
com verniz ou cola, não sei bem. A lenha, queimada durante anos naquele
lugar, tingiu tanto a parede, que ela parece alcatroada, de tão preta. Um
buraco na parede, transposto por uma espécie de grande telha inclinada,
fazia-se de chaminé aspirando a fumaça da lenha. Mas este buraco deve ter
cumprido mal a sua tarefa, porque as outras paredes também estão muito
enegrecidas, e no momento uma nuvem de fumaça, está sendo espalhada pela
oficina toda.
42.2 Jesus trabalha com umas grandes tábuas. Está aplainando-as e depois
as encosta na parede, atrás de Si. A seguir, pega uma espécie de banco, que
está preso dos dois lados no torno, o solta, olha se o trabalho está certo,
esquadreja-o em todos os sentidos e, em seguida, vai até a chaminé, pega a
panelinha, procurando algo dentro dela, com um pauzinho ou pincel, não sei:
só vejo a parte que ficou fora, parecida com um cabinho.
Jesus está com uma veste cor de avelã escura, e sua túnica é um tanto
curta, com as mangas arregaçadas acima dos cotovelos e com uma espécie
de avental na frente, no qual ele limpa os dedos, depois de ter tocado a
panelinha.
Ele está sozinho. Trabalha continuamente, mas com calma. Nenhum‐
movimento desordenado, impaciente. É exato e incessante em seu trabalho.
Não se aborrece com nada, nem com um nó na madeira que não se deixa
aplainar, nem com uma chave de parafusos (assim me parece), que lhe cai
duas vezes do banco, nem com a fumaça espalhada, que lhe deve incomodar
os olhos.
De vez em quando, Ele levanta a cabeça, e olha para a parede do lado
sul, onde há uma porta fechada, como se estivesse escutando alguma coisa. A
um dado momento, Ele abre uma porta que está na parede do lado leste, e
que dá para a rua. Vejo um pedaço de uma viela poeirenta. Parece que Ele
está esperando alguém. Depois, volta ao trabalho. Não está triste, mas está
sério. Torna a fechar a porta, e retoma o trabalho.
42.3Enquanto está ocupado em fabricar alguma coisa, que me parece as
partes de uma roda, a mamãe entra. Ela entra por uma porta do lado sul.
Entra apressadamente e corre até Jesus. Está vestida de azul escuro, e sem
nada na cabeça. Uma simples túnica ajustada à cintura por um cordão da
mesma cor. Chama com aflição o Filho, e se apóia com ambas as mãos em
um dos seus braços, com gestos de súplica e de dor. Jesus a acaricia
passando-lhe o braço sobre o ombro, e a conforta. Depois sai com ela,
deixando logo o trabalho e tirando o avental.
Penso que o senhor quer saber também as palavras que foram ditas.
Foram bem poucas, da parte de Maria:
– Oh! Jesus! Vem, vem. Ele está mal!
Estas palavras são ditas com lábios que tremem, e com o brilho do
pranto nos olhos avermelhados e cansados. Jesus só diz: “Mãe!” Mas está
tudo nesta palavra.
Entram no quarto ao lado, todo cheio da luz do sol, que entra por uma
porta escancarada, que dá para um pequeno jardim cheio de luz e de verde,
no qual voam pombos entre a agitação, causada pelo vento, de umas roupas
que estão estendidas para secar. O quarto é pobre, mas arrumado. Há uma
enxerga, coberta com pequenos colchões (eu digo pequenos colchões porque
certamente são coisas altas e macias, mas não se trata de uma cama como a
nossa). Sobre ela, apoiado em muitos travesseiros, está José. Está morrendo.
Di-lo claramente o rosto lívido, o olhar apagado, o peito ofegante e a
imobilidade do corpo todo.
42.4Maria se coloca à sua esquerda, pega-lhe a mão enrugada e lívida nas
unhas, a fricciona, a acaricia, a beija, enxuga-lhe com um lenço o suor, que
faz riscos que brilham nas têmporas encavadas, a lágrima, que pára no canto
do olho, e lhe banha os lábios com um pano de linhomolhado em um líquido
que parece vinho branco.
Jesus se põe à direita. Soergue com agilidade e cuidado o corpo, que se
deixa cair e o endireita sobre os travesseiros, que ajeita com Maria.
Acaricia sobre a fronte o agonizante, e procura reanimá-lo.
Maria chora baixinho, sem fazer barulho, mas chora. Grandes lágrimas
rolam ao longo das faces pálidas, e até sobre a veste azul escuro, e parecem
safiras brilhantes.
José volta a si por algum tempo, olha fixamente Jesus, dá-lhe a mão,
como querendo dizer-lhe alguma coisa, e para ter, ao contato divino, força na
última provação. Jesus se inclina sobre aquela mão, e a beija. José sorri.
Depois, ele se vira, para procurar Maria, sorrindo também para ela. Maria
se ajoelha junto à cama, procurando sorrir. Mas, não se saiu bem, e curva a
cabeça. José lhe coloca a mão sobre a cabeça, com uma casta carícia, que
parece uma bênção.
Não se ouve mais nada, a não ser o esvoaçar e o arrulhar dos pombos, o
roçar das folhas, o barulho da água e, no quarto, a respiração do moribundo.
Jesus anda ao redor do leito, pega um banco e faz Maria sentar-se,
dizendo-lhe somente: “Mamãe.” Depois volta ao seu lugar e pega de novo a
mão de José entre as suas. É uma cena tão real, que eu choro com dó de
Maria.
42.5Depois Jesus, curvando-se sobre o moribundo, em voz baixa recita um
salmo. Eu sei que é um salmo, mas agora não posso dizer qual
[69] . Começa
assim:
– “Protege-me, ó Senhor, porque em Ti pus a minha esperança… Em
favor dos santos, que estão na terra, ele cumpriu admiravelmente todos os
seus desejos… Bendirei ao Senhor que me dá conselhos… Tenho sempre o
Senhor diante de mim. Ele está à minha direita, para que eu não vacile. Por
isso se alegra o meu coração, e exulta a minha língua, e também meu corpo
repousará na esperança. Porque Tu não abandonarás a minha alma na mansão
dos mortos, nem permitirás que o teu santo veja a corrupção. Far-me-ás
conhecer os caminhos da vida, cumular-me-ás de alegria com a tua face.”
José se reanima todo e, com um olhar mais vivo, sorri para Jesus e lhe
aperta os dedos.
Jesus responde com um sorriso ao sorriso e com uma carícia ao aperto
de mão, e continua docemente, curvado sobre o seu pai adotivo:
– “Quão amáveis são os teus Tabernáculos, ó Senhor. Minha alma se
consome de desejo pelos átrios do Senhor. Até o pardal tem uma casa, e a
rolinha um ninho para os seus filho tes. Eu desejo os teus altares, ó Senhor.
Felizes aqueles que habitam a tua casa… Feliz o homem que encontra em Ti
a sua força. Ele tem preparadas em seu coração as ascensões do vale de
lágrimas ao lugar escolhido. Ó Senhor, escuta a minha oração… Ó Deus,
volta o teu olhar para a face do teu Cristo…”
José com um soluço, olha para Jesus, e faz sinal de querer falar, como
para abençoá-lo. Mas não pode. Vê-se que ele está compreendendo, mas já
não pode falar. Contudo, ele se sente feliz, e olha, animado e confiante para
o seu Jesus.
Jesus continua:
– “Oh! Senhor, Tu foste propício à tua terra, livraste Jacó da
escravidão… Mostra-nos, ó Senhor, a tua misericórdia, e dá-nos o teu
Salvador. Quero ouvir o que me diz dentro de mim o Senhor Deus.
Certamente Ele falará de paz ao seu povo pelos seus santos e por quem a Ele
se volta de coração. Sim, a tua salvação está próxima… e a glória habitará
sobre a terra… A bondade e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se
beijaram. A verdade surgiu da terra e a justiça a olhou do Céu. Sim, o
Senhor se mostrará benigno, e a nossa terra dará o seu fruto. A justiça
caminhará diante Dele, e deixará no caminho os seus rastros.” Tu viste esta
hora, ó pai, e por ela foi que te cansaste tanto. Tu ajudaste esta hora a se
formar, e o Senhor te dará a recompensa. Eu te digo isto –acrescenta Jesus,
enxugando uma lágrima de alegria, que desce lentamente pela face de José.
Depois continua:
– “Ó Senhor, lembra-te de Davi, e de toda a sua mansidão. Como ele
jurou ao Senhor: não entrarei em minha casa, não me deitarei, não darei sono
aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, nem descanso às minhas
têmporas, enquanto eu não encontrar um lugar para o Senhor, uma morada
para o Deus de Jacó… Levanta-te, ó Senhor, e vem ao teu repouso, Tu e a
Arca da tua santidade (Maria compreende, e tem uma explosão de pranto).
Sejam revestidos de justiça os teus sacerdotes, e façam festa os teus santos.
Pelo amor de Davi, teu servo, não nos negue o rosto do teu Cristo. O Senhor
prometeu a Davi com juramento, e cumprirá: ‘Porei sobre o trono o fruto do
teu seio.’ O Senhor escolheu a sua morada… Eu farei florescer o poder de
Davi, preparando uma tocha acesa para o meu Cristo.”
42.6Obrigado, meu pai, por Mim e por minha mãe. Tu foste para Mim
um pai justo, e o Eterno te colocou como guarda do seu Cristo e da sua
Arca. Tu foste a tocha acesa por Ele e, para com o Fruto do ventre santo,
tiveste entranhas de caridade. Vai em paz, ó pai! A viúva não ficará
desamparada. O Senhor predispôs que ela não fique sozinha. Vai tranqüilo
para o teu repouso. Eu te digo.
Maria chora com o rosto curvado sobre as cobertas (parecem mantos)
estendidas sobre o corpo de José, que vai esfriando. Jesus apressa os seus
confortos, pois a respiração se torna mais difícil, e o olhar se torna
anuviado.
– “Feliz o homem que teme o Senhor, e põe nos seus mandamentos todo
o seu prazer… A justiça dele permanece nos séculos dos séculos. Entre os
homens retos, surge nas trevas como uma luz, o misericordioso, o benigno, o
justo… O justo será lembrado para sempre… A sua justiça é eterna, o seu
poder se elevará até à glória…”
Tu terás esta glória, meu pai. Logo virei buscar-te com os Patriarcas que
te precederam, para ires à glória que te espera. Que o teu espírito exulte com
esta minha palavra.
“Quem repousa no auxílio do Altíssimo, vive sob a proteção do Deus do
Céu.”
Tu já estás nesse lugar, meu pai.
“Ele me livrou do laço dos caçadores e das palavras ásperas. Ele te
cobrirá com as suas asas e debaixo de suas penas encontrarás refúgio. A sua
verdade te defenderá como um escudo, não temerás os espantos noturnos…
Não se aproximará de ti o mal… porque aos seus anjos Ele deu a ordem de
guardar-te em todos os teus caminhos. Eles te levarão em suas mãos, para
que o teu pé não tropece nas pedras. Caminharás sobre a áspide e o
basilisco, e esmagarás o dragão e o leão. Porque esperaste no Senhor, Ele te
diz, ó pai, que te libertará e protegerá. Porque elevaste a Ele a tua voz, Ele
te ouvirá, estará contigo na última tribulação, te glorificará depois desta
vida, fazendo-te ver desde agora a sua Salvação”, e fazendo-te entrar na
outra, pela Salvação que agora te está confortando e que logo, oh!, logo virá,
te repito, cingir-te com um abraço divino e levar-te Consigo, à frente de
todos os Patriarcas, lá para o lugar onde está preparada a morada do Justo
de Deus, que para Mim foi um pai bendito.
Vai, na minha frente, dizer aos Patriarcas que a Salvação já está no
mundo e que o Reino dos Céus logo será aberto para eles. Vai, pai. A minha
bênção te acompanhe.
42.7A voz de Jesus se faz mais alta, para chegar até à mente de José,
que já se vai mergulhando nas névoas da morte. O fim é iminente. Ele já
respira com dificuldade. Maria o acaricia. Jesus se assenta sobre a beira da
cama, abraça e atrai para Si o agonizante, que exala o último suspiro, sem
fazer nenhum movimento.
É uma cena cheia de uma paz solene. Jesus coloca novamente o
Patriarca na cama e abraça Maria, que, no fim se aproximou de Jesus na
angústia que sentia.
42.8 Jesus diz:
– A todas as mulheres que estão sendo torturadas por alguma dor, Eu
ensino a imitar Maria na sua viuvez: unindo-se a Jesus.
Aqueles que pensam que Maria não sofreu as penas do coração, estão
errados. Minha mãe sofreu. Ficai sabendo disso. Santamente, porque tudo
nela era santo, mas profundamente.
Aqueles que pensam que Maria amava o seu esposo com um amor
tépido, visto que ele era um esposo para as coisas espirituais, e não para as
carnais, estão igualmente errados. Maria amava intensamente o seu José, ao
qual dedicou seis lustros (30 anos) de uma vida de fidelidade. Para Ela José
foi pai, esposo, irmão, amigo e protetor.
Agora, ela se sentia sozinha, como uma vara de videira ao qual foi
cortada a árvore em que se apoiava. Sua casa ficou como que ferida por um
raio. Ficou dividida. Antes era uma unidade na qual os membros se
sustinham um ao outro. Agora, vinha a faltar a parede mestra, sendo este o
primeiro dos golpes desferido naquela Família, sinal de que dentro em breve
o seu amado Jesus também a deixaria.
A vontade do Eterno, que tinha querido que ela fosse esposa e mãe,
agora lhe impunha a viuvez e a entrega de seu Filho. Maria diz entre
lágrimas, um dos seus sublimes “sim.” “Sim, Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra.” E, para ter força naquela hora, ela Me abraça.
Sempre Maria abraçou Deus nas horas mais graves da sua vida. No
Templo, quando chamada para as núpcias; em Nazaré, quando chamada para
a Maternidade; ainda em Nazaré, derramando as lágrimas da viuvez; em
Nazaré no suplício da separação do Filho; no Calvário, em que sofreu a
tortura de Me ver morrer.
42.9Aprendei, vós que chorais. Aprendei, vós que morreis. Aprendei, vós
que viveis para morrer. Procurai merecer as palavras que Eu disse a José.
Serão a vossa paz em vossa agonia. Aprendei, vós que morreis, a merecer a
presença de Jesus perto de vós, para vosso conforto. Mesmo se não tiverdes
merecido, ousai chamar-me para perto de vós. Eu virei. Com as mãos cheias
de graça e de conforto, o coração cheio de perdão e amor, com os lábios
cheios de palavras de absolvição e encorajamento.
A morte perde toda a sua aspereza, se ela acontecer nos meus braços.
Crede nisso. Eu não posso abolir a morte, mas posso torná-la suave para
quem morre confiando em Mim.
O Cristo disse para todos vós, em sua Cruz: “Senhor, a Ti entrego o
meu espírito.” Ele o disse, pensando na sua e nas vossas agonias, nos
vossos terrores, nos vossos erros, nos vossos temores, nos vossos desejos
de perdão. Ele o disse com o coração dilacerado, antes mesmo do golpe da
lança, numa dilaceração mais espiritual do que física, para que as agonias
daqueles que morrem pensando Nele, sejam amenizadas pelo Senhor e o
espírito deles passe da morte à Vida, da dor ao júbilo eterno.
42.10Esta, pequeno João, é a lição de hoje. Sê boa, e não temas. A minha
paz refluirá em ti sempre, através da palavra e através da contemplação.
Vem. Faz de conta que és José, que tem por travesseiro o peito de Jesus, e
Maria como enfermeira. E repousa entre nós, como um menino em seu berço.

 

[69] não posso dizer qual, mas depois Maria Valtorta anota a lápis, nas próprias páginas autografas, os diversos reenvios, que
referidos à neo-Vulgata são: Salmos 16; 84; 85; 91; 112; 132.
[70] disse, em: Lucas 23,46 (609.22).

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