Estudo 50 O Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade

Estudo 50 O Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade
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52. As bodas de Caná. O Filho, não mais sujeito à mãe, realiza, a pedido dela, o primeiro milagre.
Tarde de 16 de janeiro de 1944. As bodas de Caná.

52.1 Vejo uma casa. Uma característica casa oriental — um cubo branco,
mais largo do que alto, com raras aberturas — transposta por um terraço,
que serve de telhado, cercada por um pequeno muro de mais ou menos um
metro de altura e sombreada pela parreira de uma videira, que sobe até o
alto e estende os seus ramos além da metade deste ensolarado terraço. Uma
escada externa, ao longo da fachada, vai até uma porta que se abre a meia
altura da fachada. Em baixo, no térreo, há portas baixas e poucas, não mais
do que duas de cada lado, que dão para quartos baixos e escuros. A casa
surge em meio a uma espécie de eira, mais um espaço gramado do que uma
eira, tendo ao centro um poço. Ali há figueiras e macieiras. A casa tem a sua
frente que dá para a rua, mas não está junto à rua. Fica um pouco para dentro
do terreno e um atalho, pelo meio da grama, faz a ligação com a rua, que
parece uma rua mestra.

Dir-se-ia que a casa está na periferia de Caná: casa cujos donos são
camponeses que vivem no meio do seu sitiozinho. O campo se estende além
da casa, com as suas distâncias verdejantes e plácidas. Faz um belo sol e o
céu está de um azul muito claro. Em princípio, não vejo outra coisa. É uma
casa solitária.
52.2Depois, vejo duas mulheres com longas vestes e um manto, que serve
também de véu, irem pela rua e em seguida pelo atalho. Uma delas é mais
velha, terá seus cinqüenta anos, veste-se de escuro, uma cor pardo-marrom,
como o da lã natural. A outra está com uma veste mais clara, de um amarelo
claro com um manto azul; parece ter uns trinta e cinco anos. É muito bonita,
esbelta, e tem um porte cheio de dignidade, mesmo sendo muito gentil e
humilde. Quando ela está mais perto, posso notar a cor pálida do seu rosto,
os olhos azuis e os cabelos loiros, que aparecem sob o véu que lhe cobre a
fronte. Reco nheço nela Maria, mãe de Jesus. Quem é a outra, que é morena e
mais velha, eu não sei. Falam entre si, e ela sorri. Quando estão próximas da
casa, alguém, certamente encarregado de receber os que vão chegando, dá o
aviso e vêm homens e mulheres ao encontro das duas, todos com roupas de
festa e fazendo grandes demonstrações de alegria pela vinda delas,
especialmente por Maria, mãe de Jesus.
A hora parece ser matutina, eu diria lá pelas nove, talvez antes, porque o
campo tem ainda aquele aspecto fresco das primeiras horas do dia, por
causa do orvalho que faz mais verde a relva e pelo ar, não ainda embaçado
pela poeira. A estação parece-me primaveril, porque os prados não estão
com a relva abrasada do verão, e os campos têm os trigos ainda novos e sem
espigas, tudo verde. As folhas da figueira e da macieira estão verdes e até
tenras ainda, assim como as da videira. Mas, não vejo flores na macieira e
não vejo frutos nem na macieira, nem na figueira, nem na videira. Sinal de
que a macieira já floriu, mas há pouco tempo e os seus frutos ainda não se
vêem.
52.3Maria, muito festejada, ladeada por um idoso que parece ser o
dono da casa, sobe pela escada externa e entra em uma ampla sala, que
parece ocupar todo ou boa parte do andar de cima.
Parece-me compreender que os cômodos do térreo são os verdadeiros
dormitórios, as despensas, os depósitos, as adegas, e que este seja o
ambiente reservado para ocasiões especiais, como festas excepcionais, ou
trabalhos que exijam muito espaço; ou também para depósito de produtos
agrícolas. Nas festas, retiram tudo o que ocupa o espaço e enfeitam, como
fizeram hoje, com ramos verdes, esteiras e mesas preparadas. No centro está
uma mesa suntuosa, sobre a qual há ânforas e pratos cheios de frutas. Ao
longo da parede da direita, em relação a mim que estou olhando, está uma
outra mesa preparada, mas de modo mais simples. Ao longo da parede da
esquerda, está uma espécie de longo aparador, sobre o qual há pratos com
queijos e outros alimentos que me parecem pães cozidos cobertos com mel e
doces. No chão, sempre junto a esta parede, há outras ânforas e três
[94] grandes vasos em forma de bilha de cobre (mais ou menos). Eu os chamaria
de jarras.
Maria escuta com benevolência tudo o que lhe dizem. Depois, bem
disposta, tira o manto e vai ajudar a terminar os preparativos da mesa. Eu a
vejo ir e vir, arrumando as cadeiras-leitos, endireitando as grinaldas de
flores, dando melhor aspecto às fruteiras, examinando se nas candeias não
está faltando óleo. Ela sorri e fala muito pouco e em voz baixa. Mas escuta
muito e com muita paciência.
Um grande barulho de instrumentos musicais (na verdade pouco
harmônicos) ouve-se na rua. Todos, menos Maria, correm lá fora. Vejo entrar
a noiva, toda ataviada e feliz, rodeada pelos parentes e amigos, ao lado do
noivo, que foi o primeiro a correr ao seu encontro.
52.4Neste ponto a visão tem uma mudança. Vejo, ao invés da casa, uma
aldeia. Não sei se é Caná ou outra aldeia vizinha. E vejo Jesus com João e
um outro, que me parece Judas Tadeu, mas sobre este segundo eu poderia
estar me enganando. Quanto a João, não há engano. Jesus está vestido de
branco e com um manto azul escuro. Ouvindo o barulho dos instrumentos, o
companheiro de Jesus pergunta qualquer coisa a um homem do povo e leva a
informação a Jesus.
– Vamos fazer feliz minha mãe –diz então, Jesus, sorrindo.
E se encaminha através dos campos, com os dois companheiros, em
direção da casa. Esqueci de dizer que tenho a impressão de que Maria seja
parente ou muito amiga dos parentes do noivo, pois pode-se ver que está em
confidência com eles.
Quando Jesus chega, conforme o costume, o que está de sentinela avisa
aos outros. O dono da casa, acompanhado por seu filho, que é o noivo, e por
Maria, desce ao encontro de Jesus e o saúda respeitosamente. Saúda também
os outros dois; o noivo faz o mesmo.
Mas o que me agrada é a saudação cheia de amor e de respeito de Maria
ao seu Filho, e vice-versa. Não são grandes expansões, mas é um olhar
especial que acompanha as palavras de saudação: “A paz esteja contigo”, e
um sorriso tal, que vale por cem abraços e cem beijos. O beijo treme nos
lábios de Maria, mas não chega a ser dado. Ela somente põe a sua mão
branca e pequena sobre o ombro de Jesus e toca de leve num caracol de sua
longa cabeleira. É uma carícia de namorada cheia de pudor.
52.5 Jesus sobe ao lado da mãe, seguido pelos discípulos e pelos donos da
casa, e entra na sala do banquete onde as mulheres estão atarefadas em
colocar os assentos e os pratos para os três hóspedes, inesperados, ao que
me parece. Eu diria que a vinda de Jesus era incerta e que a de seus
companheiros era absolutamente imprevista.
Ouço distintamente a voz cheia, viril e dulcíssima do Mestre, dizer, ao
entrar na sala:
– A paz esteja nesta casa, e a bênção de Deus sobre todos vós.
É uma saudação coletiva a todos os presentes e cheia de majestade.
Jesus, com seu aspecto e sua estatura, domina todos os outros. É um
hóspede, fortuito, mas parece o rei do banquete, mais do que o esposo, mais
do que o dono da casa. Ainda que humilde e condescendente, é aquele que se
impõe.
Jesus toma um lugar à mesa do centro, com o noivo, a noiva, os parentes
dos noivos e os amigos mais influentes. Os dois discípulos, por respeito ao
Mestre, são convidados a sentar-se à mesma mesa.
Jesus está com as costas viradas para a parede, onde estão as grandes
jarras e os aparadores.
Observo uma coisa. Exceto as respectivas mães dos esposos, e também
Maria, nenhuma outra mulher está sentada àquela mesa. Todas as mulheres
estão na outra mesa, viradas para a parede, fazendo um barulho como se
fossem cem, e são servidas depois de terem sido servidos os esposos e os
hóspedes importantes. Jesus está perto do dono da casa e tem à sua frente
Maria, a qual está sentada ao lado da noiva.
O banquete começa. Eu vos asseguro que apetite não falta, nem sede.
Aqueles que pouco se sobressaem são Jesus e sua mãe, a qual, além disso,
fala muito pouco. Jesus fala um pouco mais. Mas, ainda que seja comedido
em suas palavras, não é, no seu escasso falar, nem carrancudo nem
desdenhoso. É um homem cortês, mas não um conversador. Quando é
interrogado, responde; se alguém fala com Ele, Ele se interessa, dá o seu
parecer, mas depois se recolhe, como alguém habituado a meditar. Sorri, não
ri nunca. E, se ouve alguma brincadeira muito leviana, faz como se não a
tivesse ouvido. Maria se alimenta na contemplação do seu Jesus, e assim
também João, que está na ponta da mesa, atento aos lábios do seu Mestre.
52.6Maria nota que os serventes cochicham com o mordomo e que este
está embaraçado; então, ela percebe o que é que está acontecendo de
desagradável.
– Filho –ela fala baixinho, chamando a atenção de Jesus com aquela
palavra–. Filho, eles não têm mais vinho.
– Mulher, o que ainda há entre Mim e ti?
Jesus, ao dizer esta frase, sorri ainda mais docemente e Maria também
sorri; fazem como duas pessoas que sabem uma verdade que é para elas um
alegre segredo ignorado por todos os outros.
52.7 Jesus me explica o significado da frase.
– Aquele “ainda”, que muitos tradutores omitem[95] , é a chave da frase e
a explica em seu verdadeiro significado.
Eu era o Filho sujeito à mãe até o momento em que a vontade do meu Pai
me mostrou que havia chegado a hora de ser o Mestre. Desde o momento em
que teve início a minha missão eu não era mais o Filho sujeito à mãe, mas o
Servo de Deus. Estavam rompidos os laços morais para com a minha
genitora. Estes tinham sido mudados em outros mais altos e todos se haviam
refugiado no espírito. Aquele chamava sempre o nome de “mamãe” Maria, a
minha santa. O amor não teve parada, nem esfriamento; ao contrário, nunca
ele foi tão perfeito como quando, separado dela como por uma segunda
filiação, ela me deu ao mundo para o mundo, como Messias, como
Evangelizador. Essa sua terceira, sublime e mística maternidade se deu
quando, na angústia do Gólgota, ela gerou-Me à Cruz fazendo de Mim o
Redentor do mundo.
“Que é que ainda há entre Mim e ti?” Antes, Eu era teu, unicamente teu.
Tu me davas ordens, Eu obedecia. Eu te estava “sujeito”. Agora Eu sou da
minha missão.
Será que Eu não disse
[96] isto? “Quem, tendo posto a mão no arado,
vira-se para trás para saudar a quem fica, não é apto para o Reino de Deus.”
Eu tinha posto a mão no arado para abrir com a relha não as glebas, mas os
corações para semear neles a Palavra de Deus. Eu teria levantado aquela
mão, somente quando me tivessem arrancado de lá para pregá-la na cruz e
abrir com o meu torturante prego, o coração do meu Pai, fazendo sair o
perdão para a humanidade.
Aquele “ainda”, geralmente esquecido, queria dizer o seguinte: “Tudo
tens sido para Mim, ó mãe, enquanto Eu fui unicamente o Jesus de Maria de
Nazaré, e tudo és em meu espírito; mas, desde que Eu sou o Messias
esperado, sou de meu Pai. Espera um pouco ainda que, terminada a missão,
serei de novo todo teu; ter-me-ás de novo nos braços, como quando Eu era
menino e ninguém te disputará mais este teu Filho, considerado um opróbrio
da humanidade, a qual te jogará os despojos dele, para cobrir-te a ti também
do opróbrio de ser a mãe de um condenado à morte. E depois, Me terás de
novo, triunfante, depois me terás para sempre, triunfante Tu também, no Céu.
Mas agora Eu sou de todos os homens. E sou do Pai que a eles me enviou.”
Eis o que quer dizer aquele “ainda”, pequeno e tão denso de
significado.
52.8Maria pede aos serventes:
– Fazei aquilo que Ele vos disser.
Maria já tinha lido nos olhos sorridentes de seu Filho o assentimento
velado pelo grande ensinamento a todos os “vocacionados.”
E Jesus ordena aos serventes:
– Enchei as bilhas de água.
Vejo os serventes enchê-las com a água trazida do poço (ouço o ranger
do sarilho, que leva para baixo e para cima o balde gotejante). Vejo o
mordomo, com olhos de grande espanto, servir-se daquele líquido, prová-lo
com atos de ainda maior espanto, saboreá-lo e falar ao dono da casa e ao
noivo (eles estavam perto).
Maria está ainda olhando para o Filho e sorrindo; depois, ao receber um
sorriso Dele, inclina a cabeça, enrubescendo levemente. Ela está feliz.
Pela sala passa um murmúrio, as cabeças se voltam todas para Jesus e
Maria, alguns se levantam para vê-los melhor, outros vão ver as bilhas. Fazse um grande silêncio. Depois se ergue um coro de louvores a Jesus.
Mas Jesus se levanta e diz uma palavra:
– Agradecei a Maria.
E, em seguida, sai do banquete. Os discípulos o seguem. Já na porta, Ele
repete:
– A paz esteja nesta casa e a bênção de Deus sobre vós, –e
acrescenta–: Mãe, Eu te saúdo.
Cessa a visão.
52.9 Jesus me instrui assim:
– Quando Eu disse aos discípulos: “Vamos fazer feliz minha mãe”, Eu
tinha dado àquela frase um sentido mais alto do que o que parecia. Não a
felicidade de me ver, mas de ser ela a iniciadora de minha atividade de fazer
milagres e a primeira benfeitora da humanidade. Lembrai-vos disso sempre.
O meu primeiro milagre aconteceu por causa de Maria. O primeiro. Sinal de
que Maria é a chave dos milagres. Eu não recuso nada à minha mãe, e pela
sua oração antecipo também o tempo da graça. Eu conheço minha mãe, a
segunda em bondade depois de Deus. Eu sei que conceder-vos uma graça é
fazê-la feliz, porque ela é a Toda Amor. Eis porque Eu disse, Eu que tudo
sabia: “Vamos fazê-la feliz.”
Além disso, Eu quis manifestar o seu poder ao mundo, junto com o meu.
Destinada a ser unida a Mim na carne — pois nós fomos uma só carne: Eu
nela, e ela ao redor de Mim, como as pétalas de um lírio ao redor do pistilo
perfumado e cheio de vida —; unida a Mim na dor, porque estivemos sobre a
cruz: Eu com a carne e ela com seu espírito, assim como o lírio exala
perfume com sua corola e com a essência extraída dela, era justo que
estivesse unida a Mim no poder que se mostra ao mundo.
Digo a vós o que Eu disse àqueles convidados: “Agradecei a Maria. Foi
por ela que tivestes o dom dos milagres e as minhas graças, e especialmente
as do perdão.”
Repousa em paz. Nós estamos contigo.
[94] três, é corrigido em seis numa cópia dactilografada, com escritura que não se pode dizer de Maria Valtorta, com certeza.
[95] omitem, ao traduzir as palavras que estão em: João 2,4.
[96] disse, em: Lucas 9,62 (178.4 e 276.6)

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