O que é o amor? Eis uma questão que perdura. Além disso, a todo momento ouvimos falar da necessidade de “amar” — escutamos isso dos meios de comunicação, dos sacerdotes, do Santo Padre. Mas o que é o amor? A resposta a essa pergunta tem consequências profundamente terríveis. Infelizmente, a maioria das pessoas que promovem o amor fomentam uma falsificação satânica do amor.

No Catecismo da Igreja Católica, o amor é definido como “desejar o bem do próximo” (§1766). Essa forma de compreender o amor é complementada pela definição da virtude teológica do amor (ou caridade): “A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (§1822). A definição de amor dada pela Igreja, que somos obrigados a aceitar como definição e expressão plena e verdadeira de amor, não se entende como uma “afirmação” do pecado e da natureza pecaminosa de alguém. O amor não é definido como a mera aceitação ou inclusão de outros.

De acordo com a doutrina infalível de Cristo, o amor significa amar a Deus e desejar que outros amem a Deus. Portanto, temos de saber algo sobre Deus (que é a Verdade, a Sabedoria e o Amor). Deus é o Autor da Lei Moral, à qual temos de nos conformar — com a ajuda dos sacramentos e dos ensinamentos da Igreja. Deus é também o Bem Supremo, como o Catecismo deixa claro, pois temos de “amar a Deus sobre todas as coisas”. Amar as coisas e deixar Deus de lado, fazendo delas o objeto precioso dos nossos afetos, significa cair no pecado ou — dito de forma mais apropriada — na idolatria. Em seguida, a confusão cria raízes e passa a reinar de forma soberana.

Cristo reitera que Deus é o Bem Supremo e a satisfação dos anseios do nosso coração quando sintetiza toda a Lei no amor a Deus (e ao próximo, embora Deus venha em primeiro lugar). Isso também é revelado por Cristo em linguagem mais hiperbólica quando Ele diz que quem quiser ser seu discípulo deverá abandonar seus pais e irmãos, isto é, se a nossa família é tolerante com o pecado, temos de abandonar essa fossa que nos puxa para o inferno e acolher a nossa família celestial numa peregrinação que nos unirá a Deus.

Hoje, uma parte do problema relacionado ao amor cristão é o implícito universalismo que se espalhou de forma descontrolada em toda a Igreja e na psique cristã. [N.T.: Universalismo é a crença segundo a qual todos os homens se salvarão no final, independentemente do que façam ou deixem de fazer.] A aceitação total e implícita do universalismo ou o desejo esperançoso dele causa danos à compreensão cristã do amor porque não há mais sentido em desejar o bem do próximo se não há nada que as pessoas possam fazer para prejudicar o destino eterno de suas almas. Pois, como diz o Catecismo, amar significa “desejar o bem do próximo”.

Amar o próximo significa desejar que ele ou ela se aproxime de Deus. Naturalmente, isso só pode ter eficácia se existir um inferno eterno e o castigo que aguarda as almas pérfidas e pecaminosas que escolheram outros bens em lugar do Bem Supremo. Se a pessoa desfrutará de Deus de qualquer maneira, não pode haver a obrigação de “desejar o bem do próximo”. Dessa forma, é impossível amar (levando-se em conta qualquer compreensão séria desse termo).

Catecismo afirma dogmaticamente a existência do inferno (cf. §1033-1037). Embora alguém possa fazer jogos de palavras, como qualquer bom sofista, e dizer que a Igreja jamais condenou alguém oficialmente ao inferno (porque esta não é a missão da Igreja), o peso da Sagrada Escritura e da Tradição não apenas declara a existência do inferno, mas também diz que ele está cheio. São Paulo e São João apresentam uma longa lista de pecados que os cristãos podem cometer e que os podem impedir de entrar no céu. Cristo também diz que muitos se aproximarão dele no dia do Juízo, mas Ele os repelirá. A longa história de comentários e reflexões da Igreja confirma a realidade do inferno e a condenação que está reservada aos maus.

Dada a realidade do pecado e do inferno (algo que os progressistas negam ou tentam ofuscar), o imperativo de amar torna-se ainda mais urgente. Lobos que se passam por católicos oferecem uma falsificação satânica do amor, a qual leva os pecadores para o inferno ao mesmo tempo que os beija e abraça ao longo do caminho, fazendo com que se sintam “amados” no percurso até a dor e a tristeza eternas. De acordo com o Catecismo, isso não é o verdadeiro amor.

Aqueles que se posicionam contra o amor falsificado que domina a mente moderna e a teologia contemporânea são os que realmente amam o próximo. Somos aqueles que não desejam ver almas devastadas, em prantos, feridas e que clamam por orientação sendo levadas, por uma crueldade insensível, para a condenação. Porém, é justamente isso o que os lobos estão fazendo — em nome do “amor”, levam cruelmente à condenação as almas que precisam ser curadas.

Tradicionalmente, a Igreja Católica entende que Satanás é o grande corruptor, mas, como não é Deus, não pode criar, curar nem salvar. Em vez disso, ele só pode deformar.

Satanás faz uma paródia de Deus e corrompe o que Ele criou; corrompe, portanto, a forma como entendemos o amor. Os que afirmam que o amor é tudo, exceto desejar o bem do próximo, não passam de membros conscientes ou inconscientes da tropa de choque de Satanás. Quem diz, ao contrário, que amor significa levar o pecador a Deus pelo bem dele (assim como Cristo levou pecadores a Deus por meio da determinação: “Não pequeis mais”), esses são os verdadeiros expoentes do amor.

Num mundo saturado com a linguagem do amor, a verdade sagrada deve peneirar a erva daninha nesta época terrível. O fracasso nesse campo levaria ao triunfo da crueldade e à condenação de muitos. A maioria das pessoas que falam sobre amor não sabem o que ele é. Se a Igreja deve ser um hospital de campanha, ela também deve voltar à realidade do que é o verdadeiro amor, o verdadeiro remédio da alma, pois nenhuma cura fica completa sem a santificação da alma e a sua união com Deus por meio de Cristo. Sim, devemos cuidar dos pecadores, mas também temos de desejar que eles deixem o pecado; devemos conduzi-los a Deus para que possam receber a verdadeira cura e o amor de que necessitam.

Antropocentrismo

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Antropocentrismo é um conceito e uma filosofia que ressalta a importância do homem como um ser dotado de inteligência e, portanto, livre para realizar suas ações no mundo.

A palavra vem do do grego: anthropos “humano” e kentron “centro” que significa homem no centro.

Surgiu questionando o Teocentrismo sistema onde Deus (Theos, em grego) estaria no centro do mundo.

AntropocentrismoSímbolo do Antropocentrismo Humanista: Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci

Assim, o antropocentrismo é um conjunto de ideias onde o homem representa a figura central, nos campos da cultura, ciência, sociedade e é a principal referência para o entendimento do mundo.

O ser humano, para o antropocentrismo, é racional, crítico, questionador da sua própria realidade e responsável, portanto pelos seus pensamentos e ações.

Busca a verdade por meio de análises e do método racional e científico, através de provas e explicações, de preferência, matemáticas.

Essa independência humana de Deus levou o ser humano a refletir, criar, difundir e produzir conhecimento de outra forma, possibilitou grandes descobertas científicas e o surgimento do individualismo.

Diferenças entre Teocentrismo e Antropocentrismo

Por oposição, o Teocentrismo está relacionado à religião, que explica os fenômenos naturais a partir da vontade de um ser superior.

Toda a sociedade, em seu aspecto social, cultural e econômico, deveria se basear segundo Deus.

Foi um conceito muito difundido durante a Idade Média quando a religião possuía um papel importante na vida da sociedade.

Humanismo e Antropocentrismo

Durante o século XV e XVI, a Europa passa por várias transformações econômicas e sociais. Alguns acontecimentos são as grandes navegações, invenção da imprensa, reforma protestante, declínio do sistema feudal, surgimento da burguesia, cientificismo, etc.

Nesta época, surge o o humanismo renascentista e o antropocentrismo é parte de movimento. Com isso, os estudiosos tinham o intuito de trazer à tona questões baseadas no cientificismo empirista.

Por isso, o antropocentrismo representou a passagem do feudalismo ao capitalismo mercantil, ou ainda, da passagem da Idade Média para Idade Moderna.

As artes em geral (literatura, pintura, escultura, música, etc.) bem como a filosofia, se pauta em esta nova visão de mundo, a fim de criar suas obras.

Igualmente, os humanistas incentivaram a inclusão de disciplinas no universo acadêmico, importantes para o desenvolvimento dessa nova mentalidade como filosofia, línguas, literatura, artes, humanidades e ciências.

Antropocentrismo e religião

Embora a figura divina fosse questionada, Deus não foi deixado de lado no Antropocentrismo. O “sagrado” ainda fazia parte da vida das pessoas, no entanto, passou a não ser a única fonte da verdade. A própria Bíblia foi bastante estudada neste momento através de novas traduções e crítica histórica.

A verdade, entretanto, deveria ser buscada através da racionalidade humana (razão), pois esta seria uma dádiva divina.

Humanismo na literatura

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

O Humanismo é um movimento literário de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo que marcou o fim da Idade Média e início da Idade Moderna na Europa.

Com foco na valorização do homem, ele se destacou com as produções em prosa (crônicas históricas e o teatro) e poética (poesia palaciana) durantes os séculos XV e XVI.

As características do humanismo

As principais características do humanismo nas artes e na filosofia são:

Antropocentrismo: conceito filosófico que ressalta a importância do homem como um ser agente dotado de inteligência e de capacidade crítica. Avesso ao teocentrismo (deus como centro do mundo), esse conceito permitiu descentralizar o conhecimento que antes era propriedade da Igreja.

Racionalismo: corrente filosófica associada à razão humana que foca na produção de conhecimentos sobre o ser humano e o mundo, contestando o espiritualismo.

Cientificismo: associado ao racionalismo, esse conceito coloca a ciência em um lugar de destaque. Através do método científico, ele fomenta as descobertas desse campo a fim de entender os fenômenos naturais.

Antiguidade clássica: os artistas humanistas foram inspirados pelos estudos realizados anteriormente por pensadores clássicos gregos e romanos, sobretudo pela literatura e mitologia greco-romana.

Valorização do homem: inspirado nos modelos clássicos greco-romanos, houve a valorização do corpo humano e das emoções do homem. Assim, as artes humanistas focavam nos detalhes que revelassem as expressões e desejos.

Ideal de beleza e perfeição: aliado ao conceito de valorização dos modelos clássicos, nesse período buscou-se atingir a perfeição das formas humanas por meio das proporções equilibradas e da beleza perfeita.

Entenda mais sobre as Características do humanismo.

O Humanismo em Portugal

O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes como cronista mor do reino, em 1434. Esse movimento vai até 1527 com a chegada do poeta Sá de Miranda da Itália, quando começa o Classicismo.

O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os gêneros mais explorados durante o período do humanismo em Portugal.

Dentre os principais autores do humanismo português estão: Gil Vicente, Fernão Lopes e Garcia de Resende.

Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o “pai do teatro português” e sua obra aborda temas religiosos e humanos. Apesar de possuir uma visão religiosa cristã e moralista, seus textos também apresentam críticas sociais.

Esse autor escreveu diversas peças teatrais chamadas de Autos e Farsas. Os Autos focavam em temas humanos e divinos, e as Farsas estavam relacionadas com os costumes da sociedade portuguesa da época.

Contexto histórico do humanismo

O humanismo surgiu no século XV na Itália, mais precisamente na cidade de Florença durante o período do Renascimento Cultural. Por isso, ele também é chamado de Humanismo Renascentista.

Esse movimento intelectual de valorização do homem, influenciou diversos campos de conhecimento (filosofia, ciências, literatura, escultura, artes plásticas) e rapidamente se espalhou por outros países da Europa.

Homem Vitruviano
Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do antropocentrismo humanista

A época renascentista foi um momento de importantes transformações na mentalidade europeia. Alguns fatores que permitiram surgir uma nova visão no ser humano foram:

  • a invenção da imprensa de Johannes Gutenberg, que proporcionou a expansão do conhecimento, antes controlado pela igreja.
  • as grandes navegações e a expansão marítima europeia, que permitiram ampliar os horizontes do homem europeu.
  • a crise do sistema feudal, pois diversas atividades comerciais despontavam, dando início ao mercantilismo e o uso de moedas de troca (dinheiro).
  • o surgimento da burguesia como uma nova classe social, que se consolida com a expansão do comércio e o desenvolvimento das cidades medievais.

Todas essas mudanças foram necessárias para questionar os velhos valores num impasse desenvolvido entre a fé a razão.

Diante disso, o teocentrismo (Deus como centro do mundo) e a estrutura hierárquica medieval (nobreza-clero-povo) sai de cena, dando lugar ao antropocentrismo (homem como centro do mundo). Esse último, foi o ideal central do humanismo renascentista.

Leia mais sobre esse período:

Veja mais informações sobre o tema neste vídeo:

ECOCENTRISMO

A justificação para ecocentrismo normalmente consiste numa crença ontológica e subsequente afirmações éticas. A crença ontológica nega qualquer divisão existencial entre humanos e natureza não humana que é suficiente para dar terreno para suposições de que os seres humanos são

  • os únicos com valores morais intrínsecos, ou
  • possuidores de valores intrínsecos morais maiores do que os de natureza não humana.

Por conseguinte, as subsequentes afirmações éticas são por reconhecimento da equabilidade de valores intrínsecos entre humanos e os de natureza não humana, ou ‘Igualitarismo Biosférico’.[1]

Antropocentrismo tem deixado a proteção da natureza não humana subjetiva à demanda das necessidades humanas, e, por conseguinte, não mais do que dependente do bem estar humano. Uma ética ecocêntrica, em contraste, acredita-se ser necessária em ordem de desenvolver uma base não efêmera para a proteção do mundo natural.[2]

Críticos do ecocentrismo têm defendido que isso abre espaço para uma negação do humanismo como valor moral, o que coloca em risco o conceito de democracia, de respeito ao pluralismo e à diversidade, sugerindo um sacrifício do bem estar social em favor de um ‘bem maior’ não claramente definido.[3]

Criação

A Ética Ecocêntrica foi concebida por Aldo Leopold[4] e reconhece que todas as espécies, incluindo humanos, são produto de um longo processo evolucionário e são inter-ligados em seus processos de vida.[5] Os textos de Aldo Leopold e sua ideia de Ética para com a terra e bom gerenciamento do meio ambiente são elementos chave desta filosofia. Ecocentrismo se foca em na comunidade biótica como um todo e tenta manter a composição do ecosistema e seus processos ecológicos.[6] O termo também é expresso no primeiro princípio do movimento Ecologia Profunda, tal qual formulado por Arne Naess e George Sessions em 1984,[7] que aponta que antropocentrismo, que considera humanos o centro do universo e o ápice da criação, é um oponente difícil do ecocentrismo.[8]

Princípios Chave

Primeiro: A Ecosfera é o centro de Valor da Humanidade
Segundo: A Criatividade e Produtividade dos Ecossistemas da Terra Depende de Sua Integridade
Terceiro: A Perspectiva Terracentrica é apoiada pela História Natural
Quarto: Ética Ecocêntrica está firmada na Consciência de nosso Lugar na Natureza
Quinto: Uma Perspectiva Global Ecocêntrica Valoriza Diversidade de Ecossistemas e Culturas
Sexto: Ética Ecocêntrica Apoia a Justiça

Princípios de Ação

Sétimo: Defender e Preservar o Potencial Criativo da Terra
Oitavo: Reduzir o Tamanho da População Humana
Nono: Reduzir o Consumo das Terra por Seres Humanos
Décimo: Promover um Governo Ecocêntrico
Décimo Primeiro: Propagar a Mensagem

Manifesto

Em 2004 Ted Mosquin and Stan Rowe publicaram A Manifesto for Earth no Journal Biodiversity. Este é reproduzido aqui como se segue:

Qualquer um que procure pelo sentido da vida, por convicções de apoio que tomem diversas formas. Muitos procuram por uma fé que ignore ou descarte o mundo, não compreendendo de forma profunda que nós nascemos da Terra e por ela somos nutridos durante nossas vidas. Na cultura industrial dominante de hoje, Terra-enquanto-casa não é um conceito óbvio. Poucos param diariamente para considerar com admiração a matriz envolvente da qual nós vivemos, e para a qual, no fim, nós tomos retornamos. Porque nós somos para com a Terra, a harmonia de suas terras, mares, céus e incontáveis organismos carregam rico significado pouco compreendido. Nós estamos convencidos de que até que a Ecosfera seja reconhecida como a indispensável base para todas as atividades humanas, pessoas vão continuar a colocar os seus interesses imediatos como prioridade. Sem uma perspectiva ecocêntrica que sirva como âncora para os valores e propósitos numa realidade maior do que a de nossa espécie, a resolução dos conflitos politicos, económicos, e religiosos será impossível. Até que o foco limitado de comunidades humanas seja ampliado para incluir os ecossistemas da Terra – os lugares próximos e regionais nos quais nós habitamos – programas para uma forma de viver sustentável estão fadados ao fracasso . Uma confiante adesão para com a Ecosfera, uma empatia estética para com a Natureza que nos cerca, um sentimento de espanto pelo milagre da Terra Viva e sua misteriosa harmonia, é a maior herança não reconhecida pelo homem. Carinhosamente reconhecida novamente, nossas conexões para com o mundo natural irão começar a preencher a lacuna nas vidas no mundo industrializado. Propósitos ecológicos importantes que a civilizaçao e urbanização tem deixado no escuro irão re-emergir. O objetivo é a restauração da diversidade e beleza da Terra, com nossa prodigial espécie, uma vez mais como um cooperativo, responsável e ético membro.