(91) Me tentava tambem a não receber a Comunhão, convencendo-me de que depois de eu ter
cometido tantos pecados, era atrevimento me aproximar, e que se eu me atrevesse, não Jesus
Cristo teria vindo, se não o demônio, e tantos tormentos ele me daria, que me daria a morte, mas a
obediência a vencia (a tentação), é verdade que às vezes sofria penas mortais, assim que eu podia
trabalhosamente recuperar me após a Comunhão, mas como o confessor queria absolutamente
que eu a recebesse, não poderia fazer de outro modo. Eu lembro que várias vezes não a recebi.
(92) Também me lembro que às vezes, enquanto orava à noite, eles apagavam minha lâmpada;
às vezes faziam tais rugidos de dar medo; outras vezes vozes débeis, como se fossem
moribundos, mas quem poderia dizer tudo o que eles faziam?
(93) Agora, essa dura batalha, embora não me lembre muito bem, durou três anos, embora dias
ou semanas separados, não que parassem por completo, mas começassem a diminuir.
(94) Lembro-me de que, depois de uma Comunhão, o Senhor me ensinou como eu deveria fazer
para os pôr em fuga, que era desprezá-los e não lhes prestar nenhuma atenção, e que eu deveria
fingir que eram tantas formigas. Senti-me infundir tanta força que não sentia mais o medo de antes,
e fazia assim: Quando faziam um barulho, rumores, eu dizia lhes: “se ve que não têm nada que
fazer, e que para passar o tempo estão fazendo tantas tonteiras; façam, façam, que depois quando
se cansarem, terminarão”. Às vezes paravam, outras vezes ficavam tão zangados que faziam
ruídos mais altos. Eu os sentia ao meu lado, fazendo-se mais fortes e faziam violência para me
levar, cheirava a horrível peste, sentia o calor do fogo. É verdade que no meu íntimo sentia um
estremecimento, mas me forçava e lhes dizia: “Mentirosos que sois, se isto fosse verdade desde o
primeiro dia o havíeis feito, mas como é falso e que não tendes nenhum poder sobre mim, senão
só aquele que vos vem dado do alto, por isso digam, digam, e depois quando vos cansardes,
estourareis forçava e lhes dizia: Se emitiam lamentos e gritos, dizia-lhes: “O que, não saíram bem
as coisas hoje?” Ou seja, “lamentais-vos porque vos foi tirada alguma alma?
Pobrezinhos, não se sentem bem, porém quero também eu fazê-los lamentar outro pouco”. E
começava a rezar pelos pecadores, ou a fazer reparações. Às vezes ria-me quando começavam a
fazer as habituais coisas e lhes dizia: “Como posso temê-los, raça vil? Se fossem seres sérios não
teriam feito tantas tolices, vocês mesmos, não se envergonham? não façam o que os tornam
ridículos”. Depois, se me punham tentações de blasfemar ou de ódio contra Deus, oferecia aquela
pena amarguíssima, aquela violência que me faziam, porque enquanto via que o Senhor merecia
todo o amor, todos os louvores, eu era forçada a fazer o contrário, em reparação de tantos que
livremente o blasfemam e que nem sequer se lembram que existe um Deus, que estão obrigados a
amá-lo. Se me incitavam ao desespero, em meu interior dizia: “Não presto atenção nem do paraíso
nem do inferno, a única coisa que me apressa é amar a meu Deus, este não é tempo de pensar em
outra coisa, senão que é tempo de amar quanto mais possa a meu bom Deus, o paraíso e o inferno
os deixo em suas mãos ,e Ele, que é tão bom me dará o que mais me convém, e me dará um lugar
onde possa glorificá-lo mais”.
95) Jesus Cristo me ensinou que o meio mais eficaz para fazer com que a alma fique livre de toda
vã apreensão, de toda dúvida, de todo temor, era declarar diante do Céu, da terra e diante dos
próprios demônios, não querer ofender a Deus, mesmo à custa da própria vida, não querer
consentir a qualquer tentação do demônio, e isto enquanto a alma adverte que vem a tentação, se
pode, no momento da batalha, e apenas se começa a sentir livre, e também durante o curso do dia.
Fazendo assim, a alma não perderá tempo em pensar se consentiu ou não, porque só recordar a
promessa lhe restituirá a calma, e se o demônio busca inquietá-la, poderá responder-lhe que se
tivesse tido intenção de ofender a Deus, não teria declarado o contrário, e assim ficará livre de todo
temor.
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