Matrimônio. O Matrimonio com Jesus
(205) Agora, nestas saídas do corpo que o Senhor me fazia fazer, às vezes renovava-me a
promessa do noivado já dito. Quem pode dizer os ardentes desejos que o Senhor infundia em mim
de que se efetuasse este místico matrimonio? Muitas vezes lhe rogava dizendo: “Esposo
dulcíssimo, faça-o logo, não atrase mais minha íntima união Contigo, ah, estreitamo-nos com
vínculos mais fortes de amor, de modo que ninguém nos possa separar nem por poucos instantes”.
E Jesus agora me corrigia de uma coisa, agora de outra. Recordo que um dia me disse:
(206) “Tudo o que é terreno, tudo, deves tirar, não só do teu coração mas também de teu corpo, tu
não podes entender quanto nocivo é e que impedimentos são a meu Amor mesmo as mínimas
sombras terrenas”.
(207) Eu imediatamente lhe disse: “Se tiver alguma outra coisa para tirar, diga-me, porque estou
disposta a fazê-lo”. Mas enquanto dizia isto, eu mesma percebi que tinha um anel de ouro no dedo
que representava a imagem do Crucificado, e imediatamente lhe disse: “Esposo santo, Queres que
o tire?” E Ele me disse:
(208) “Te devendo dar Eu, um anel mais precioso, mais belo, e no qual ao vivo estará impressa
minha imagem, tanto que cada vez que o vir novas flechas de amor receberá seu coração, por isso
este anel não é necessário”.
(209) E eu prontamente o tirei. Finalmente chegou o suspirado dia, depois de não pouco sofrer.
Recordo que faltava pouco para completar o ano de estar continuamente na cama, era dia da
Pureza de Maria Santíssima. Na noite anterior daquele dia, o meu amado Jesus fez-se ver em
atitude festiva, aproximou-se de mim e tomou o meu coração nas suas mãos e olhou para ele e
olhou para ele, limpou-o e depois devolveu-me. Depois tomou uma vestidura de imensa beleza, me
parecia que o fundo era como com filetes de ouro de várias cores e me vestiu com ela, depois
tomou duas gemas como se fossem brincos e os pôs em minhas orelhas, logo me adornou o
pescoço e os braços e me cingiu a testa com uma coroa de imenso valor, Adornada de pedras e
pedras preciosas, toda resplandecente de luz, e me parecia que essas luzes eram tantas vozes
que ressoavam entre elas e a claras notas falavam da beleza, poder, força e de todas as outras
virtudes de meu esposo Jesus. Quem pode dizer o que eu entendi e em que mar de consolo
nadava minha alma? É impossível poder dizê-lo. Agora, enquanto Jesus me cingiu a testa me
disse:
(210) “Esposa dulcíssima, esta coroa te ponho a fim de que nada falte para te fazer digna de ser
minha esposa, masque depois que se realize nosso matrimonio a levarei ao Céu para reserva-la
para o momento da morte”.
(211) Finalmente tomou um véu e com ele cobriu-me toda, desde a cabeça até os pés e assim
deixou-me. Ah! Parecia-me que nesse véu havia um grande significado, porque os demônios ao
me ver coberta com ele ficavam tão espantados e sentiam tal medo de mim, que fugiam
aterrorizados. Os mesmos anjos estavam ao meu redor com tal veneração que eu mesma ficava
confusa e toda cheia de vergonha.
(212) Na manhã desse dia, Jesus fez-se ver de novo todo afável, doce e majestoso, juntamente
com a sua Mãe Santíssima e Santa Catarina. Primeiro os anjos cantaram um hino, Santa Catarina
me assistia, a Mãe tomou minha mão e Jesus pôs em meu dedo o anel, depois nos abraçamos e
me beijou, e assim fez também a Mãe. Depois tivemos um colóquio todo de amor, Jesus falava-me
do grande amor que me tinha, e eu dizia-lhe também do amor com que o amava. A Santíssima
Virgem fez-me compreender a grande graça que tinha recebido e a correspondência que devia dar
ao Amor de Jesus.
(213) Meu esposo Jesus me deu novas regras para viver mais perfeitamente, mas como passou
muito tempo não as recordo muito bem, por isso não as digo, e assim terminou aquele dia.
(214)
Quem pode dizer as finezas de amor que Jesus fazia a minha alma? Eram tais e tantas, que é
impossível descrevê-las, mas o pouco que recordo tratarei de dizê-lo. Às vezes, transportando me
com Ele, levava-me ao Paraíso, e ali escutava os cânticos dos bem-aventurados, via a
Divindade, os diversos coros dos anjos, as ordens dos santos, todos imersos, absorvidos e
identificados na Divindade de Deus. Parecia-me que em torno do trono havia muitas luzes, como
se fossem mais que sóis resplandecentes e a claras notas estas luzes denotavam todas as virtudes
e atributos de Deus. Os bem-aventurados, refletindo-se em uma destas luzes, ficavam arrebatados,
mas não chegavam a penetrar toda a imensidão daquela luz, de modo que passavam a uma
segunda luz sem compreender a fundo a primeira.
Assim, os bem-aventurados no Céu não podem compreender perfeitamente a Deus,
porque é tanta a Imensidão, a Grandeza, a Santidade de
Deus, que mente criada não pode compreender um Ser incriado. Agora, os bem-aventurados
refletindo-se nestas luzes, parecia-me que vinham participar nas virtudes destas luzes, assim que a
alma no Céu se assemelha a Deus, com esta diferença: que Deus é aquele Sol grandíssimo, e a
alma é um pequeno sol. Mas quem pode dizer tudo o que nessa beata morada se compreende?
Enquanto a alma se encontra nesta prisão do corpo é impossível, enquanto na mente se escuta
algo, os lábios não encontram palavras para poder explicar-se, me parece como uma criança que
começa a balbuciar, que gostaria de dizer tantas e tantas coisas, Mas afinal parece que ele não
sabe dizer uma palavra clara, por isso, vou direto ao assunto. Só direi que às vezes, enquanto me
encontrava naquela bem-aventurada pátria, passeava junto com Jesus no meio dos coros dos
anjos e dos santos, e como eu era nova esposa todos os bem-aventurados se uniam conosco para
participar das alegrias de nosso matrimonio, me parecia que esqueciam seus contentamentos para
cuidar dos nossos, e Jesus me mostrava aos santos dizendo:
(215) “Vejam esta alma, é um triunfo do meu Amor, meu Amor tudo superou nela”.
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