Livro do Céu Volume 9 português Traduzido do Espanhol

Os Três Fiat
Livro do Céu Volume 9 português Traduzido do Espanhol
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O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS
LIVRO
DO
CÉU
A chamada às criaturas à ordem, ao seu posto e à finalidade para a qual foram criadas por Deus.
Este livro foi traduzido pelo site www.divinavontadenobrasil.com para distribuição gratuita
Volume 09
1
NIHIL OBSTAT
Beato Annibale M. Di Francia.
12 Outubro de 1926
IMPRIMATUR Exmo. Sr. Giuseppe M. Leo, Arcebispo da Diocese de Trani – Barletta – Bisceglie Italia 16 Outubro 1926
Imprima-se
Arcebispado de Guadalajara Jal.,
23 de novembro de 2010
Mons. J. Gpe Ramiro Valdés Sánchez
Vigario Geral
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Queremos consagrar este livro e os frutos
que possam resultar de sua leitura,
à nossa Mãe Santíssima,
a Rainha do reino da Divina Vontade
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I. M. I.
9-1
Março 10, 1909
O Pai só faz uma coisa com Jesus. Jesus dá-se continuamente às almas.
(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma com o Menino Jesus nos braços, e eu disse-lhe: “Diz-me, meu querido, o que faz o Pai?”
(2) E Ele: “Faz uma só coisa Comigo; assim o que faz o Pai faço Eu”.
(3) Então eu acrescentei: “E com os santos o que você faz?”
(4) E Ele: “dou-me continuamente, assim que Eu sou vida deles, gozo, felicidade, bem imenso, sem termo e sem limites. De Mim estão cheios, em Mim tudo encontram, Eu sou tudo para eles, e eles são todos para Mim”.
(5) Eu, ao ouvir isto queria como me zangar e lhe disse: “Aos santos te dás continuamente, em troca de mim tão limitado, tão avaramente e em intervalos, até fazer-me passar parte do dia sem que venha, e às vezes demora tanto que me vem o temor de que nem sequer na noite virá, por isso eu vivo morrendo, mas da morte mais cruel e impiedosa, e sem embargo dizia que me amava muito”.
(6) E Ele: “Minha filha, também a ti me dou continuamente, ora pessoalmente, ora com a Graça, ora com a luz, e em tantos outros modos. E além disso, quem te diz que não te amo tanto, tanto?” (7) Agora, enquanto estava nisto veio-me um pensamento, que perguntasse se era Vontade de Deus meu estado, pois isto era mais necessário do que o que lhe estava dizendo, e perguntei. E Ele, em vez de me responder, aproximou-se e pôs-me a língua na boca, e eu não pude falar mais, só chupava uma coisa que não sei dizer; e ao retirá-la mal pude dizer: “Senhor, volta logo, quem sabe quando virás”.
(8) E Ele respondeu: “Esta noite virei de novo”.
(9) E desapareceu.
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9-2
Abril 1, 1909
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Jesus adorna a alma com as gemas que produz a dor.
(1) Sentia-me muito sofrida, a ponto de não poder me mover, e estava oferecendo meus pequenos sofrimentos junto com os de Jesus e com a intensidade de amor com a qual Ele queria glorificar o Pai, reparar as nossas culpas e obter todos os bens que nos alcançou com os seus sofrimentos, e dizia entre mim: “Faço de conta que estes meus sofrimentos sejam meu martírio, que as dores sejam os verdugos, que a cama é o lugar de tortura, que a imobilidade é a corda que me tem atada para fazer que chegue a ser mais amada e amante de meu sumo bem; mas verdugos eu não vejo, então quem é meu carrasco, que não só no exterior do corpo, mas também nas partes mais internas, até no fundo de minha alma me lacera, me despedaça, tanto que o cerco da vida me parece que quisesse romper-se? Ah, meu carrasco é propriamente Jesus bendito!” E nesse momento, quase como dentro de um relâmpago me disse:
(2) “Minha filha, é demasiada honra para ti ser Eu teu carrasco. Eu não faço outra coisa que como alguém que deve desposar a noiva e fazê-la aparecer em público, para fazer que tenha uma bela apresentação e para fazê-la digna dele, não confia em ninguém, nem sequer nela mesma, senão que ele mesmo a quer limpar, pentear, vestir, adornar com pedras preciosas, com brilhantes. Esta é uma grande honra para a esposa, e além disso não terá nenhum pensamento sobre se agradará ao seu marido ou não, se lhe agradará como se adornou ou a tomará por uma tola ao não ter sabido adivinhar o modo para lhe agradar mais. Assim faço Eu com minhas esposas amadas, é tanto o amor que lhes tenho que não confio em ninguém, me vejo obrigado a fazer-me de verdugo, mas verdugo amoroso. E ora a lavo, ora a penteio, ora a visto com o vestido mais bonito, agora a jóias, mas não com jóias saídas da terra, que são coisas superficiais, senão com jóias que faço sair do fundo da alma, das partes mais profundas, que se formam com o toque de meus dedos que criam a dor, e da dor saem as jóias; converte a vontade em ouro e esta vontade convertida em ouro por minhas próprias mãos, fará sair jóias preciosas de todas as cores e as coroas mais belas, os vestidos mais magníficos e as flores mais perfumadas, as músicas mais agradáveis; e Eu com minhas mesmas mãos, à medida que a faço produzir, assim irei arrumando tudo para adorná-la sempre mais. Tudo isto passa com as almas sofredoras, assim que, não tenho talvez razão em te dizer que é uma grande honra para ti?
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9-3
Maio 5, 1909
Os sofrimentos imprimem a Santidade de Jesus na alma.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o meu benigno Jesus fez-se ouvir com a sua doce voz, dizendo-me:
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(2) “Minha filha, as mortificações, misérias, privações, dores, cruzes, servem a quem se serve deles para imprimir minha santidade na alma, e para ir embelezado de todas as variedades das cores divinas; além disso não são outra coisa que tantos perfumes de Céu, com os quais a alma fica toda perfumada”.
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9-4
Maio 8, 1909
Quem muito fala está vazio de Deus.
(1) Continuando meu habitual estado, enquanto meu amável Jesus se fez ver me disse: (2) “Minha filha, quem muito fala é sinal de que está vazio em seu interior, enquanto quem está cheio de Deus, encontrando mais gosto em seu interior não quer perder aquele gosto, lhe custa trabalho falar e só por necessidade fala, e mesmo falando não se afasta jamais de seu interior, e tenta, por quanto está nele, imprimir nos outros o que sente em si. Enquanto que quem muito fala não só está vazio de Deus, senão que com seu muito falar trata de esvaziar de Deus os demais.
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9-5
Maio 16, 1909
O sol é símbolo da Graça.
(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse: (2) “Minha filha, o sol é como um símbolo da graça, o qual onde encontra vazio, ainda que fosse uma caverna, um subterrâneo, uma fissura, um buraco, desde que estejam vazios e haja alguma pequena abertura para entrar, entra e tudo enche de luz; com isto não diminui sua luz nos outros espaços onde está, e se a luz não ilumina mais, não é que lhe falte a luz, senão que lhe falta o terreno para poder difundir de mais sua luz. Assim é minha graça, mais que sol majestoso envolve todas as criaturas com a sua influência benéfica, mas não entra senão nos corações vazios, e por quanto vazio encontra, tanta luz faz penetrar dentro dos corações. Mas como se formam estes vazios? A humildade é a pá que escava e forma o vazio; o desapego de tudo, mesmo de si mesmo, é o vazio em si; a janela para fazer entrar a luz da graça neste vazio é a confiança em Deus e a desconfiança de si mesmo; de modo que, porque confia em Deus, o outro tanto expande a porta para fazer entrar a luz e tomar dela maior graça; a guarda que guarda a luz e a engrandece, é a paz”.
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Maio 20, 1909
O amor a Deus supera tudo.
(1) Continuando meu habitual estado, Jesus apenas como relâmpago se fez ver e me disse: (2) “Minha filha, não há coisa que possa superar o amor, nem a doutrina, nem a dignidade, muito menos a nobreza. Na melhor das hipóteses, quem faz especulações sobre o meu Ser pode conhecer-me mais ou menos, mas quem é que me faz o seu próprio objeto? O amor. Quem chega a me comer como se faz com um alimento? O amor. Quem ama me devora; quem me ama, em cada partícula de seu ser encontra fundido meu Ser. Há diferença entre quem me ama de verdade e os demais, de qualquer condição ou qualidades que sejam, a diferença é como a que há entre quem conhece um objeto precioso, o aprecia, o estima, mas não é coisa sua, e entre quem possui aquele objeto precioso como seu próprio. Quem é mais afortunado entre estes, quem o conhece ou quem o possui? Certamente quem o possui. Assim, o amor suplanta a doutrina e supera-a, suplanta a dignidade e supera todas as dignidades, dando-lhe a dignidade divina, supre por tudo e supera tudo”.
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9-8
Maio 25, 1909
Jesus confunde a alma de amor.
(1) Continuando meu estado habitual, o bendito Jesus não vinha, mas eu senti todo o dia como alguém que me apressava, que não me deixava perder nem um minuto de tempo, mas que me tinha sempre em contínua oração. Um pensamento queria distrair-me ao dizer-me: “Quando o Senhor não vem tu rezas mais, estás mais atenta, e com isto dás ocasião para que não venha, porque o Senhor dirá: Já que se porta melhor quando não venho, é melhor que a prive de Mim”. Eu não posso perder tempo e escutar o que dizia o pensamento, para fechar-lhe a porta na cara disse: “Por quanto mais Ele não venha, eu mais o confundirei em amor, eu não quero dar-lhe ocasião, isto posso e isto quero fazer, e Ele é dono de fazer o que queira”. E sem pensar no desatino que me havia dito o pensamento continuei o que devia fazer. E na noite, quando já nem me lembrava disso, o bendito Jesus veio e sorrindo me disse:
(2) “Bravo, bravo a minha amante que quer me confundir em amor, entretanto te digo: Jamais me confundirá, e se alguma vez parecer que me confunde em amor, sou Eu quem te dá a liberdade de fazê-lo, porque o único alívio e a coisa que mais gozo por parte das criaturas é o amor. De fato era Eu quem te sugeria rezar, que rezava contigo, que não te dava descanso, assim que em vez de me
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confundires tu, Eu te confundia em amor, e como tu te sentias toda cheia de amor e por isso ficavas confusa, vendo o quanto meu amor derramava em ti, pensavas que me confundias com o teu amor, mas digo-te, contanto, desde que tu procures amar-me mais, gozo destes teus desatinos e faço deles um entretenimento entre tu e eu”.
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9-9
Julho 14, 1909
Só Deus pode infundir paz na alma.
(1) Tenho passado amargamente com a privação do bendito Jesus; no máximo, faz-se ver como uma sombra ou um relâmpago, e às vezes também a fulguração parecia que fugia. Minha mente era perturbada pelo pensamento de que sendo Jesus tão bom, quão cruelmente me deixou, ah, talvez não fosse Ele que vinha, sua bondade não me teria feito isso! Quem sabe se não foi o demônio, ou minha fantasia, ou bem sonhos, mas no âmago da alma não queria saber disto, queria estar em paz, e parecia que se afastava de tudo, se adentrava sempre mais na Vontade de Deus, se escondia nela tomando um sono profundo no seu Santo Querer, e não há maneira de que desperte; parece que o bom Jesus a encerra tanto no seu Querer, que nem sequer deixa que se encontre a porta para poder tocar e fazer-lhe ouvir que Jesus a deixou, e ela dorme e se está em paz. A mente, não encontrando nenhuma resposta diz entre si: “Só eu devo me zangar? Também eu quero tranquilizar-me e fazer a Vontade de Deus; venha, que venha contanto que faça sua Santa Vontade”. Este é meu estado presente.
(2) Agora, esta manhã pensando no que escrevi acima, o bom Jesus me disse: (3) “Minha filha, se fossem fantasias, sonhos, demônios, não teriam tanta força de te fazer possuir a auréola da paz, e não por um dia, mas por vinte e cinco anos, nenhum poderia te fazer respirar essa aura de suave paz dentro e fora de ti, só Aquele que é toda paz, e que se um sopro de perturbação o pudesse surpreender, deixaria de ser Deus, ficaria ofuscada Sua Majestade, diminuída sua grandeza, débil sua potência, em suma, todo o Ser Divino receberia uma sacudida. Aquele que te possui e que você possui te resguarda, te defende continuamente de todo o fôlego de perturbação. Lembra-te que em todas as minhas visitas sempre te corrigi se havia em ti algum alento de perturbação, e de nenhuma outra coisa me desgostei tanto, como de não te ver em paz; e somente me fui quando te acalmei toda. A fantasia, o sono, muito menos o demônio, têm esta virtude, e muito menos podem infundir aos demais, por isso te tranquilize e não me seja ingrata”.
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Julho 24, 1909
Tudo o que a alma faz por amor a Deus, entra n’Ele e
transforma-se nas suas próprias obras.
(1) Estava a pensar na miséria do meu estado presente e dizia entre mim: “Tudo acabou para mim, Jesus esqueceu tudo, não se recorda mais das minhas fadigas, dos sofrimentos que em tantos anos de cama passei por amor dele”. E então minha mente ia repassando alguns sofrimentos, dos mais graves que já passei. Enquanto estava nisto o Bendito Jesus me disse:
(2) “Minha filha, tudo o que é feito por amor meu entra em Mim e se transforma em minhas mesmas obras, e assim como minhas obras estão a benefício de todos, isto é, dos viandantes, dos purgantes e dos triunfantes, assim tudo o que você tem feito e sofrido por Mim, está em Mim e fazem seu ofício em bem de todos, como os meus. Você gostaria de retirá-los em você?”
(3) Eu respondi: “Nunca Senhor”. Mas apesar de tudo isto continuava pensando e estando um pouco distraída de meu habitual obrar interior, e o bom Jesus repetiu:
(4) “Não a queres terminar tu? Faço-te terminá-la Eu”.
(5) E pôs-se dentro de mim a rezar em voz alta e a dizer tudo o que eu devia dizer. Vendo isto fiquei confusa e segui o bom Jesus, e assim que vi que já não prestava atenção a nada, então fez silêncio e eu fiquei sozinha fazendo o que tenho costume de fazer”.
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Julho 27, 1909
A alma é o brinquedo de Jesus na terra.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual pensava entre mim: “O que farei? Não sirvo para nada; Ele não vem e eu fico como um objeto inútil, porque sem Ele não valho nada, não sofro nada, então para que ter-me sobre esta terra? E Ele, enquanto se fez ver, como um relâmpago me disse:
(2) “Minha filha, tenho-te como brinquedo, mas os brinquedos nem sempre se têm nas mãos, muitas vezes, mesmo por meses e meses não se tocam, mas apesar disso, quando o dono de aquele brinquedo o quer, este não deixa de formar sua diversão. Quer você acaso que nem sequer um brinquedo tenha Eu sobre a terra? Faça com que me entretenha com você a meu gosto sobre a terra, e Eu em correspondência te farei entreter Comigo no Céu”.
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9-12
Julho 29, 1909
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A paz é virtude divina.
(1) Continuando o meu habitual estado dizia entre mim: “por que o Senhor quer que não entre em mim nem um sopro de perturbação, e que em todas as coisas me mantenha sempre em paz? Parece que nada lhe agrada, ainda que fossem obras grandes, virtudes heróicas, sofrimentos atrozes; parece que Ele cheira a alma, e apesar de todas estas obras, virtudes e sofrimentos, se não há paz fica nauseado e descontente da alma”. Nesse momento se fez ouvir, e com uma voz digna e imponente, respondendo a meu “porque”? , disse-me:
(2) “Porque a paz é virtude divina, e as outras virtudes são humanas; assim, qualquer virtude, se não é coroada pela paz, não se pode chamar virtude, mas vício. Eis por que me preocupo tanto com a paz, porque a paz é o sinal mais certo de que se sofre e se trabalha por Mim, e é a herança que dou a meus filhos, a paz eterna que gozarão Comigo no Céu”.
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9-13
Agosto 2, 1909
A alma, brinquedo dourado e brilhante.
(1) Estava pensando no que havia escrito no dia 27 do mês passado, e dizia entre mim: “Eu acreditava que era alguma coisa nas mãos do Senhor, mas não sou outra coisa que um brinquedo. Que objeto vil sou eu. Os brinquedos podem ser de barro, de terra, de papel, de massa elástica, que basta que caiam à terra ou um mínimo golpe para se romperem, e não servindo mais para jogar se descartam.¡ Oh! meu Bem, como me sinto oprimida pensando que um dia ou outro poderá me jogar de Ti”. E o bom Jesus fez-se ouvir-me dizendo:
(2) “Minha filha, não te oprimas, quando os brinquedos são de materiais vis e se rompem, se são descartadas, mas se são de ouro ou de brilhantes, ou de outro material precioso, mandam-se reparar e servem sempre para formar o entretenimento de quem tem o bem de possuí-los. Tal és tu para Mim, um brinquedo de brilhantes e de ouro puríssimo, por teres em ti a minha imagem e por teres desembolsado o preço do meu sangue para te adquirires, e porque estás adornada com a semelhança dos meus sofrimentos. Então, não és um objeto vil que te possa descartar, custas-me muito, podes estar tranquila, porque não há perigo de que te possa descartar”.
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9-14
Outubro 1, 1909
Jesus numera, pesa e mede tudo na alma, a fim de que nada fique
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disperso e de tudo seja recompensada.
(1) Encontrando-me muito aflita por meu pobre estado, me sentia nauseante a mim mesma e abominável diante de Deus. Sentia-me como se o Senhor me tivesse deixado a meio do caminho, e sem Ele não posso seguir mais adiante, sinto que não quer servir-se mais de mim para evitar os castigos ao mundo e por isso afastou de mim as cruzes, os espinhos interromperam toda a participação da Paixão e das comunicações; a única coisa que vejo é que está alerta para me fazer estar em paz. Meu Deus, que pena, se você mesmo não me tivesse distraída desta minha perda de cruzes, de Ti, e de tudo, eu morreria de dor. Ah, se não fosse por seu Santo Querer, em que mar de males teria caído! Ah! me mantenha sempre em seu Santo Querer, e isso me basta”.
(2) Depois, encontrando-me em meu habitual estado, chorava e dizia entre mim: “O bom Jesus não me levou em conta nem os anos de cama, nem os sacrifícios, não levou em conta nada, de outra maneira não me teria deixado”; e chorava, chorava. Naquele momento senti que se movia dentro de mim e perdi os sentidos, mas mesmo fora de mim continuava a chorar. E então, como se tivesse aberto uma porta dentro de mim vi Jesus. Eu me sentia zangada e não lhe dizia nada, só chorava; e Jesus me disse:
(3) “Acalma-te, acalma-te, não chores, se tu choras Eu sinto-me tocar o coração e desmaiar de amor por ti. Queres tu aumentar as minhas penas por causa do teu amor?” (4) Depois acrescentou, tomando uma atitude majestosa e sentando-se em meu coração como sobre de um trono, parecia que tinha uma pena na mão e escrevia, e dirigindo-se a mim me disse: (5) “Veja se não tenho conta de suas coisas, e não só dos anos de cama, dos sacrifícios mas também dos pensamentos que fazes para Mim; escrevo teus afetos, teus desejos, tudo, tudo, e também o que gostarias de fazer, o que quisesses sofrer, e porque Eu não te concedo tu não o fazes. Todo número, peso e peso, a fim de que nada se perca e de tudo seja recompensada; e como o escrevo tudo conservo em meu coração”.
(6) Depois, não sei dizer como, enquanto primeiro estava em meu interior, depois eu me encontrava em Jesus; parecia que a cabeça de Jesus estava no lugar de minha cabeça e todos meus membros lhe serviam de corpo, e disse:
(7) “Veja como te tenho, como membros de meu mesmo corpo”.
(8) E desapareceu. Depois de um pouco, tendo regressado Jesus, como eu continuava a estar aflita e de vez em quando rompia em pranto, disse-me:
(9) “Minha filha, ânimo, não te deixei, mas bem estou oculto, porque se me fizesse ver como antes você me ataria tudo, e Eu não poderia em nada castigar ao mundo; nem te deixei a meio caminho, não lembra quais são estes anos do último período de sua vida? São os anos queridos pelo teu confessor, não te lembras que não uma vez, mas que quatro ou cinco vezes te encontraste lutando Comigo, Eu que te queria trazer e tu dizias que a obediência não queria, e enquanto Eu te tinha
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preparada para te poder trazer Comigo, fui obrigado a deixar-te novamente. Olhe agora as consequências disso, são anos de espera e de paciência; a caridade e a obediência tem seus espinhos, que fazem grandes feridas e fazem sangrar o coração, mas também fazem brotar as rosas maiores, odorosas e belas; porque vendo em teu confessor o fruto de seu bom querer e a caridade e o temor de que o mundo pudesse ser castigado. Por isso Eu tenho concorrido em algum modo; mas se Eu não tivesse encontrado a nenhum que me tivesse rogado e se tivesse interposto, certamente já não estaria aqui. Mas, vamos, ânimo, não será tão longo o exílio, e te prometo que virá um dia em que não me farei vencer por ninguém”.
(10) Quem pode dizer em que amarguras me encontro, confortada, sim, mas amarga até ao fundo dos ossos, e não consigo lembrar-me disto sem chorar tanto, que ao dizê-lo ao confessor, eram tantas as lágrimas que parecia que me impacientava com ele, e verdadeiramente lhe disse: “Você tem sido a causa dos meus males”.
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9-15
Outubro 4, 1909
O pensamento de si mesmo deve ser interrompido para fazer o que Jesus faz.
(1) Continuando meu estado de aflição e de perda de meu bendito Jesus, estava segundo meu costume toda ocupada em meu interior nas horas da Paixão, justo na hora em que Jesus carrega o pesado madeiro da cruz. Todo mundo me estava presente: Presente, passado e futuro, minha fantasia parecia ver todas as culpas de todas as gerações que pressionavam e quase esmagavam o benigno Jesus, assim que a cruz não era outra coisa que uma folha de palha, uma sombra de peso em comparação com o peso de todos os pecados; eu tentei me estreitar a Jesus e dizia: “Olha minha vida, meu bem, estou eu em nome de todos eles. Vês quantas ondas de blasfêmias? E eu, para te reparar, te abençoo por todos. Vês quantas ondas de amargura, de ódios, de desprezos, de ingratidão, de pouquíssimo amor? E eu quero adoçar-te por todos, amar-te por todos, agradecer-te, adorar-te, honrar-te por todos, mas os meus reparos são frios, mesquinhos, finitos; tu que és o ofendido és Infinito, por isso também os meus reparos, meu amor, quero torná los infinitos, e para torná-los infinitos, imensos, intermináveis, me uno a Ti, com tua mesma Divindade, e mais, junto com o Pai e com o Espírito Santo e te bendigo com vossas bênçãos, te amo com vosso amor, te adoço com vossas mesmas doçuras, te honro, te adoro como fazeis entre as Divinas Pessoas”. Mas quem pode dizer todos os desatinos que dizia? Não terminaria jamais se quisesse dizer tudo. Quando me encontro nas horas da Paixão, sinto que, juntamente com Jesus, também eu abracei a imensidão do seu agir, e por todos e por cada um glorifico a Deus, reparo, impetro por todos, e por isso é-me difícil dizer tudo. Então, enquanto fazia isso, o pensamento me
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disse: “Pensas nos pecados dos outros, e os teus? Pensa em ti, repara por ti”. Por isso tentei pensar nos meus males, nas minhas grandes misérias, nas privações de Jesus, que são causa dos meus pecados, e distraindo-me das coisas habituais do meu interior chorava a minha grande desventura. Enquanto eu estava nisto, meu sempre amável Jesus se moveu em meu interior, e com voz sensível me disse.
(2) “Queres tu julgar-te? O obrar do teu interior não é teu, senão meu, tu não fazes outra coisa que seguir-me, o resto faço tudo por Mim. O pensamento de ti mesma deve ser tirado, não deves fazer outra coisa senão o que quero Eu, e Eu pensarei em teus males e em teus bens. Quem pode fazer te melhor, tu ou eu?”
(3) E mostrava que se desgostava. Então pus-me a segui-lo, mas pouco depois, chegando a outro ponto do caminho do calvário, no qual mais do que nunca me internava nas diversas intenções de Jesus, o pensamento me disse: “Não só deves tirar o pensamento de santificar-te, mas também o de salvar-te, não vês que por ti mesma não és boa para nada? Em que te aproveitará fazer pelos demais?” Eu, dirigindo-me a Jesus, disse-lhe: “Meu Jesus, o teu sangue não é para mim, as tuas dores, a tua cruz? Tenho sido tão má que tendo pisado sob meus pés com minhas culpas, Tu talvez as tenhas esgotado para mim, ah, perdoa-me, mas se não queres perdoar-me deixa teu Querer e estarei contente, tua Vontade é tudo para mim; fiquei só sem Ti, e só Tu podes conhecer a perda que tive, não tenho ninguém, as criaturas sem Ti me aborrecem, sinto-me nesta prisão do meu corpo como escrava em correntes; pelo menos por piedade não me tires o teu Santo Querer”. E enquanto eu pensava isso eu me distraí de novo de meu interior, e Jesus me fez ouvir sua voz, alta, forte e imponente que dizia:
(4) “Não queres terminar com isso? Queres tu estragar a minha obra em ti?” (5) E não sei, mas como se tivesse posto silêncio em minha mente tratei de segui-lo e de terminar com esses pensamentos.
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9-16
Outubro 6, 1909
As virtudes do verdadeiro amor são: purificar tudo, triunfar sobre tudo e chegar a tudo. (1) Tendo recebido a comunhão veio por um pouco meu sempre amável Jesus, e tendo tido uma discussão com o confessor sobre a natureza do verdadeiro amor, eu queria perguntar a Jesus se eu tinha razão ou não, e Ele me disse:
(2) “Minha filha, é exatamente assim, como você dizia, que o verdadeiro amor facilita tudo, exclui todo temor, toda dúvida, e toda sua arte é possuir-se da pessoa amada, e quando a fez sua, o próprio amor lhe fornece os meios para conservar o objeto adquirido. Agora, que temor, que dúvida pode ter a alma de uma coisa sua? Que coisa não espera? E mais, quando chegou a tomar
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posse dela, o amor se faz intrépido e chega até pretender os excessos e ao incrível, não há mais teu ou meu, o amor verdadeiro pode dizer: “Teu sou eu, e meu és tu, assim que podemos dispor juntos, fazer-nos felizes juntos, alegrar-nos-á juntos”. Se te adquiri quero servir-me de ti como me agrada. E como a alma neste estado de verdadeiro amor pode ir pescando defeitos, misérias, fraquezas, se o Todo objeto adquirido lhe perdoou, de tudo a enriquece, e o objeto que possui a vai purificando continuamente? Estas são as virtudes do verdadeiro amor: purificar tudo, triunfar sobre tudo, e a tudo chegar. Com efeito, que amor poderia haver por uma pessoa que se teme, da qual se duvida, da qual não se espera tudo? O amor perderia o mais belo de suas qualidades; é verdade que também nos santos se vê isto, e isso diz que nos santos o amor pode ser imperfeito e pode ter suas variedades segundo os estados nos quais se encontram. Em ti a coisa é muito diferente, devendo estar já tu Comigo no Céu, e tendo-o sacrificado por amor à obediência e do próximo, o amor ficou confirmado em ti, a vontade confirmada a não me ofender, assim que tua vida é como uma vida que já passou, por isso não percebe o peso das misérias humanas. Por isso mantenha-se atenta ao que te convém, e a me amar até o infinito Amor”.
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9-17
Outubro 7, 1909
Cautela e zelo de Jesus circundar as criaturas de espinhos na alma e no corpo. (1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus me disse: (2) “Minha filha, é tal e tanto o zelo, a cautela que tenho com minhas criaturas, que para não deixá las danificar-se estou obrigado a circundar de espinhos a alma e o corpo, a fim de que os espinhos mantenham afastada a lama que poderia sujá-las. É por isso minha filha que até os meus maiores favores com que favoreço às almas a Mim mais amadas as circundado de espinhos, isto é, de amarguras, de privações, de estados de ânimo, a fim de que estes espinhos não só me guardem, mas que não os deixem sujar-se com a lama do amor próprio e de outras coisas”. (3) E desapareceu.
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9-18
Outubro 14, 1909
Provas de que é Jesus quem vai a Luísa.
(1) Continuando o meu habitual estado, parecia-me encontrar nos meus braços o Menino Jesus; e de um se fizeram três, e eu sentia-me toda imersa neles. Depois, de manhã, quando o confessor veio, perguntou-me se Jesus tinha vindo, e eu disse-lhe como está escrito acima, sem acrescentar mais nada. Então o confessor me disse:
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(2) “Não te disseram nada? Não compreendeste nada?
(3) E eu: “Não sei dizê-lo bem”. E ele continuava a dizer-me:
(4) “Foi toda a Trindade, e não sabes dizer nada? Tornaste-te mais tola, vê-se que são sonhos”. (5) E eu: “Sim, é verdade que são sonhos”. E continuou a dizer-me outras coisas, e enquanto o confessor falava eu senti-me apertada, forte pelos braços de Jesus, tanto de perder os sentidos, e Jesus me dizia:
(6) “Quem é que quer molestar a minha filha?”
(7) E eu: “O padre tem razão, porque eu não sei dizer nada; não têm nenhum sinal de que quem vem a mim seja Tu, Jesus Cristo”. E Jesus continuou a dizer-me:
(8) “Eu faço contigo como faria o mar a uma pessoa que fosse atirar-se às profundezas dele. Eu te lanço toda em meu Ser, de modo que todos teus sentidos ficam inundados, e se quiser falar de minha imensidão, profundidade e altura, poderá dizer que era tanta que a vista se perdia; se quiser falar de minhas delícias, de minhas qualidades, poderá dizer que são tais e tantas, que tentavas abrir a boca para numera-las e ficavas afogada, e assim de tudo o demais. Além disso, como que nenhum sinal tenho dado de que sou Eu? Falso. Quem te manteve vinte e dois anos na cama, sem interrupções, e com plena calma e paciência? Foi talvez virtude deles, ou virtude minha? E os testes que fizeram durante os primeiros anos deste estado? E fazer-te ficar imóvel por 10, por 7, por 18 dias sem tomar nada dos alimentos necessários, eram talvez eles que te sustentavam, ou Eu?”
(9) Depois, havendo-me chamado o padre, voltei em mim mesma, e tendo celebrado a Santa Missa recebi a comunhão, e depois voltou Jesus, e eu lamentei com Ele porque não vinha como antes, que com tanto amor com que me amava me parecia frieza, é verdade que me lamentando contigo sempre me põe desculpas, que porque quer castigar e por isso não vem, mas eu não acredito, quem sabe que mal há em minha alma e por isso é que não vem, ao menos diga-me, que a qualquer custo, mesmo que custe minha vida o tirarei, mas sem Ti não posso estar, pense o que queira, mas assim eu não posso seguir adiante, ou Contigo na terra, ou Contigo no Céu”. E Jesus bendito, interrompendo o meu falar, disse-me:
(10) “Acalma-te, acalma-te, não estou longe de ti, estou sempre contigo; não me vês sempre, mas estou sempre contigo, mas estou no mais íntimo do teu coração para repousar, e conforme tu me procuras e com paciência toleras as minhas privações, assim circundas-me de flores para me aliviar e me fazer repousar mais pacífico”.
(11) E enquanto dizia isto, parecia que em torno de Jesus havia tanta variedade de flores que quase o escondiam. Depois acrescentou:
(12) “Você não acha que é para punir o mundo que eu tenho privado de Mim, no entanto é assim. Quando menos esperar você ouvirá coisas que acontecerão”.
(13) E enquanto dizia isso me fazia ver no mundo guerras, revoluções contra a Igreja, igrejas
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incendiadas, e tudo parecia quase iminente.
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9-19
Novembro 2, 1909
Não olhar o passado mas o presente.
(1) Continuando meu habitual estado, estava pensando em minhas coisas passadas, e o bendito Jesus fazendo-se ver me disse:
(2) “Minha filha, não olhe o passado, porque o passado já está em Mim e pode te servir de distração, e pode te fazer errar o pouco caminho que te resta fazer, porque esse virar o passado te faz afrouxar o passo para o presente caminho, e por isso perdes tempo e não fazes mais caminho. Ao contrário, olhando apenas para o presente, você terá mais coragem, você estará mais estreita Comigo e fará mais caminho, e não passará perigo de errar”.
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9-20
Novembro 4, 1909
Com a sua beatitude, Deus torna todo o Céu beato, porque n’Ele tudo é harmonia.
(1) Tendo recebido a comunhão, estava dizendo à meu adorável Jesus: “Já estou estreitada contigo, antes fundida, e se já somos uma só coisa, eu deixo o meu ser em Ti e tomo o teu. Por isso deixo-te a minha mente e tomo a tua, deixo-te os meus olhos, a minha boca, o meu coração, as minhas mãos, os meus pés. Oh, oh! como serei feliz, de agora em diante pensarei com tua mente, olharei com teus olhos, falarei com tua boca, te amarei com teu coração, obrarei com tuas mãos, caminharei com os teus pés, e se alguma coisa me acontecer, direi: meu ser o deixei em Jesus e tomei o seu, vão a Jesus que Ele vos responderá por mim. Oh! como eu me sinto feliz. Ah, sim, eu também tomarei sua beatitude, não é verdade Jesus ? Mas minha vida e todo o meu bem, Tu com a tua beatitude tornas beato a todo o Céu, e eu tomando a tua beatitude não torno beato a nenhum”. E Jesus disse-me:
(2) “Minha filha, também tu podes, tomando todo o meu Ser e juntamente com Ele a minha beatitude, fazer beatos aos demais. Por que meu Ser tem virtude de beatificar? Porque tudo é harmonia em Mim, uma virtude harmoniza com a outra, a justiça com a misericórdia, a santidade com a beleza, a sabedoria com a força, a imensidão com a profundidade e altura, e assim de tudo o resto, tudo é harmonia em Mim, nada é discordante; estas harmonias tornam-me beato a Mim mesmo, e torno beatos todos aqueles que a Mim se aproximam. Então tu, tomando meu Ser, deves estar atenta a que todas as virtudes harmonizem entre elas, e esta harmonia comunicará a felicidade a qualquer que se aproxime de ti, porque vendo em ti bondade, doçura, paciência,
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caridade, igualdade em tudo, sentir-se-ão felizes estando perto de ti”.
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9-21
Novembro 6, 1909
A privação de Jesus purifica e consome a alma.
(1) Estava me lamentando com Jesus por suas privações, e assim que se fez ver me disse: (2) “Minha filha, a cruz une sempre mais Comigo. Estas privações que tu sofres te fazem voar sobre ti mesma, porque não encontrando em ti Aquele que amas, te arruína a vida, as coisas que te rodeiam te aborrecem, não tens onde te apoiar, pois te parece que em ti falta Aquele em que somente podes te apoiar, e por isso a alma sobrevoa até purificar-se de tudo, até se consumir, e nisto teu Jesus te dará o último beijo e te encontrarás no Céu. Não está feliz?” + + + +
9-22
Novembro 9, 1909
Jesus se diverte com o agir da alma junto com Ele.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, parecia-me ver Nosso Senhor estendendo seus braços dentro de mim, e com suas mãos parecia como se fizesse uma pequena sonata com um órgão, e Jesus se divertia ao fazê-lo soar. Eu disse-lhe: “Oh, como te divertes!” (2) E Jesus: “Sim, divirto-me. Deves saber que tendo feito as coisas junto Comigo, isto é, tendo-me amado com meu amor, adorado com minhas adorações, reparado com minhas mesmas reparações, e assim de todo o resto, então em ti as coisas são imensas como as minhas, e esta união de agir formou este órgão; mas cada vez que você sofre adiciona outra tecla, e Eu imediatamente venho para fazer a minha Sonatina para ver que som produz esta nova tecla, e com isso eu tomo uma diversão mais, por isso quanto mais você sofre, tanto mais harmonia você aumenta o meu órgão, e Eu mais me divirto”.
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9-23
Novembro 16, 1909
O pecado é a única desordem na alma.
(1) Depois de ter passado dias amargos de privação, tendo recebido a comunhão me lamentava com Jesus bendito dizendo-lhe: “Parece que na verdade me queres deixar de tudo, mas ao menos diz-me, queres que saia deste estado? Quem sabe que desordem há em mim que te afastaste, diz me, que de coração te prometo que serei mais boa”.
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(2) E Jesus: “Minha filha, não te assustes, quando te faço perder os sentidos esteja pacífica, quando não, esteja mais pacífica, sem perder tempo, e conforme te aconteçam as coisas toma-as todas de minhas mãos; não posso te suspender algum dia? Quanto à desordem eu teria dito, e, você sabe quem coloca a desordem na alma? Só o pecado, ainda mínimo. Oh! como a deforma, a descolore, a debilita, mas os estados de ânimo, as privações, não lhe fazem nenhum mal. Por isso está atenta a não me ofender ainda minimamente, e não tenha medo de que haja desordem em sua alma”.
(3) E eu: “Mas Senhor, alguma coisa deve haver de mal em mim, antes não fazias outra coisa que um ir e vir, e cada vez que vinhas me participavas cruzes, cravos, espinhos; mas quando a natureza se tinha acostumado, tanto que se tornava como conatural e lhe era mais fácil sofrer do que não sofrer, te retiras; como é possível que não haja em mim alguma coisa grave?” E Jesus benignamente me disse:
(4) “Escuta minha filha, Eu devia dispor tua alma para te fazer chegar a este ponto de te fazer feliz com o sofrimento e fazer com ele meu trabalho, e por isso devia provar-te, surpreender-te, carregar-te de sofrimentos, para fazer que tua natureza ressurgisse a vida nova; então este trabalho já o fiz, e ficou em ti permanente, às vezes mais, às vezes menos a participação de minhas penas. Agora, tendo feito este trabalho, estou me divertindo, não queres que eu descanse? Olhe, não queira se preocupar, deixe Jesus fazer que te ama tanto, e Eu sei quando é necessário meu trabalho em você, e quando devo descansar de meu trabalho”.
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9-24
Novembro 20, 1909
Óptica humana e óptica divina da cruz.
(1) Estando em meu habitual estado, assim que veio meu doce Jesus me disse: (2) “Minha filha, quem toma a cruz sob a ótica humana a encontra enlameada, e portanto mais pesada e amarga; ao contrário, quem toma a cruz segundo a ótica divina a encontra cheia de luz, ligeira e doce, porque a ótica humana está privada de graça, de força e de luz, e por isso sente a arrogância de dizer: Por que aquele me fez esta ofensa? Por que este me deu este desgosto, esta calúnia? E a alma se enche de indignação, de ira, de vingança, e a cruz fica enlameada, obscurecida, e torna-se pesada e amarga. Ao contrário, a ótica divina está cheia de graça, de força e de luz, e por isso não se sente a ousadia de dizer: “Senhor, por que me fizeste isto?” Antes humilha-se, resigna-se, e a cruz torna-se leve e leva-lhe luz e doçura”.
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9-25
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Novembro 25, 1909
Tanto em Jesus como nas almas, o primeiro trabalho é feito pelo amor.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, estava pensando na agonia de Jesus no Horto e apenas fazendo-se ver o bendito Jesus me disse:
(2) “Minha filha, os homens não fizeram outra coisa senão trabalhar a crosta da minha humanidade, e o amor eterno trabalhou-me tudo o de dentro, assim que em minha agonia, não os homens, senão o amor eterno, o amor imenso, o amor incalculável, o amor oculto, foi o que me abriu grandes feridas, me traspassou com cravos abrasadores, me coroou com espinhos ardentes, me deu de beber fel fervente, assim que minha pobre Humanidade não podendo conter tantas espécies de martírios a um mesmo tempo, fez sair rios de sangue, se contorcionava e chegou a dizer: “Pai, se é possível tira de mim este cálice, mas não a minha, mas que se faça a tua Vontade.” O que não fez no resto da Paixão. Então tudo o que sofri no curso da Paixão, sofri tudo junto na agonia do jardim, mas de modo mais intenso, mais doloroso, mais íntimo, porque o amor penetrou até a medula dos ossos e nas fibras mais íntimas do coração, onde as criaturas nunca poderiam chegar, mas o amor chega a tudo, não há nada que eu possa resistir. Então o meu primeiro carrasco foi o amor. Por isso no curso da Paixão não houve em Mim nem sequer um olhar ameaçador para quem me fazia de carrasco, porque tinha um carrasco mais cruel, mais ativo em Mim, que era o amor, e onde os carrascos externos não chegavam, ou qualquer ponto que ficava sem tocar, o amor fazia seu trabalho e em nada me perdoava. E assim é em todas as almas, o primeiro trabalho o faz o amor e quando o amor trabalhou e a encheu de si, o que se vê de bem no exterior não é outra coisa que o desabafo do trabalho que o amor fez no interior”.
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9-26
Dezembro 22, 1909
O porquê dos estados de abandono nas almas santas antes de morrer.
(1) Tendo recebido a comunhão estava me lamentando com o bendito Jesus por suas privações, pois se vem é quase sempre como relâmpago, ou bem todo silencioso. E Jesus me disse: (2) “Minha filha, quase todas as almas às quais me comuniquei de modo extraordinário, permiti ao fim da vida estes estados de abandono, e isto não só para outros fins meus, senão para ficar honrado e justificado em toda minha conduta, porque muitos dizem: “Com certeza estas almas deveriam chegar a um ponto tão alto de santidade e amá-lo tanto, com tantos favores, com tantas graças e carismas, deveriam ser muito ingratas se não tivessem chegado a isso. Se os tivéssemos recebido, também nós também nós teríamos chegado, e até mais alto que elas”. E eu, para
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justificar a minha conduta, lhes manifestarei os abandonos, as privações em que pus estas almas, que é um purgatório vivo para elas, e também mostrarei a sua fidelidade, o heroísmo das suas virtudes, e como é mais fácil e tolerável sofrer a pobreza sem conhecer as riquezas, do que nascer rico, habituar-se a viver rico e depois perder as riquezas e viver pobre; muito mais do que as riquezas sobrenaturais não são como as materiais, que servem o corpo, e no máximo se difundem para o exterior; as sobrenaturais penetram até na medula, nas fibras mais íntimas, na parte mais nobre da Inteligência, basta dizer que é mais que martírio. Eu mesmo me apiedo tanto, que quase me despedaça o coração de ternura, e sou obrigado a senti-lo despedaçar-me tão freqüentemente que não posso resistir, e também para dar-lhes a força para poder cumprir sua consumação. Todos os anjos e santos têm o olhar fixo sobre elas e vigiam-nas para não as deixarem sucumbir, sabendo o cruel martírio que sofrem. Minha filha, coragem, tu tens razão, mas deves saber que tudo é amor em Mim”.
(3) E enquanto isto dizia, parecia que mais se afastava. Eu me sentia consumir até a mesma natureza e me resolver no nada. Aquelas sementes de fortaleza que me parecia sentir, de luz, de conhecimento, tudo se resolvia no nada; eu me sentia morrer, e no entanto viva. Enquanto estava nisto Jesus voltou, e parecia que me tomando nos braços segurava o meu nada e me dizia:
(4) “Olha minha filha, como ao desfazer-se a pequena semente de sua fortaleza, a força de sua luz, o pequeno conhecimento que tem de Mim, e todos seus outros pequenos dotes, entram em seu lugar minha fortaleza, minha luz, minha sabedoria, minha beleza e todos meus demais dotes a preencher este teu nada. Não esta feliz?
(5) E eu disse-lhe: “Escuta Jesus, se continuares assim perderás o gosto de me ter na terra”. E repeti-o várias vezes. E Jesus, não querendo ouvir o que eu dizia, respondeu-me: (6) “Escuta, minha filha, eu nunca perderei o teu gosto, se estiver na terra, terei em terra o gosto; se te levar ao Céu, terei o teu gosto no Céu. Sabe mais quem perderá o gosto? Seu confessor”.
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9-27
Fevereiro 24, 1910
Luisa não pode manifestar-se ao confessor.
(1) Esta manhã, na comunhão, lamentava-me com Jesus de que não sei manifestar o meu estado a quem devo; sinto-me, sim, muitas vezes cheia d’Ele, parece-me que em toda parte o toco, e mesmo tocando-me a mim mesma toco a Jesus, mas não sei dizer uma palavra; não queria outra coisa senão perder-me em Jesus, na profundidade do mais absoluto silêncio, e se sou obrigada a falar, oh! Deus, que esforço devo fazer, e me sinto como uma menina que tem um sono pesado e a
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querem despertar pela força, e por conseqüentemente faz birra. Então dizia a Jesus: “De tudo me privaste, dos teus sofrimentos, dos teus favores, de fazer-me ouvir a tua voz harmoniosa, doce e suave, não me reconheço mais por como me reduzi; se me fazes entender alguma coisa, é tão dentro, que não encontra o caminho para sair fora. Diga-me vida minha, como devo me comportar?” E Jesus:
(2) “Minha filha, se me tens a Mim, tens tudo, e isto te basta. Se te sentes cheia de Mim, é sinal de que te tenho na casa da minha Divindade. Se um rico admitisse em sua casa a um pobre, é sinal de que dará ao pobre tudo o que lhe seja necessário, apesar de que não lhe fale sempre, de que não o acaricie, de outra maneira seria uma desonra para o rico. E não sou Eu mais que o rico? Então acalme-se e trate de manifestar à obediência o que possa, o resto deixe tudo a meu cuidado”.
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9-28
Fevereiro 26, 1910
Antes de morrer, a alma deve fazer morrer tudo no Divino Querer e no amor.
(1) Mantém-se o meu estado de privação habitual, e talvez ainda pior. Oh Deus, que baixo caí, jamais imaginaria chegar a tal termo, mas espero ao menos não sair nunca jamais do cerco de seu Santíssimo Querer, isto é tudo para mim!. Gostaria de chorar por meu estado lastimoso, e alguma vez o faço, mas Jesus me censura dizendo:
(2) “Queres tu ser sempre menina? Se vê que tenho que tratar com uma menina, não posso confiar em ti, esperava encontrar em ti o heroísmo do sacrifício por Mim, em troca encontro as lágrimas de uma menina que não quer o sacrifício”.
(3) E assim, se eu chorar, ele se mostrar mais duro e fizer uma de suas bravuras, ele não virá nesse dia. Por isso devo forçar-me para não chorar, e digo a Jesus: “Tu dizes que por amor me privas de Ti, e eu por amor teu aceito a tua privação, por amor teu não choro”. E se chegar a fazê lo mostra-se um pouco mais indulgente, de outra maneira castiga-me mais forte fazendo-me morrer continuamente e viver com sua privação. Então, tendo passado uma jornada semelhante, por quanto fiz não pude deter as lágrimas, e Jesus me fez pagar como o merecia; até que avançada a noite, tendo compaixão de mim, como se se tivesse aberto uma janela de luz em minha mente, Jesus se fez ver e me disse:
(4) “Não queres entendê-lo, que antes de morrer deves morrer a tudo, ao sofrer, aos desejos, aos fervores, a tudo, e tudo deve morrer em meu Querer e em meu amor. O que é eterno no Céu é minha Vontade e o amor, todas as outras virtudes terminam: Paciência, obediência, sofrimento, desejos, só minha Vontade e o amor não terminam jamais, por isso em minha Vontade e no amor deves fazer morrer tudo antecipadamente. A todos os meus santos, e eu mesmo, não quis evitar-
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me de ser abandonado pelo Pai, para morrer em tudo no Querer e no amor do Pai. Oh, como teria querido sofrer mais! Oh, quanto desejava fazer mais pelas almas! Mas tudo isto morreu na Vontade e no amor do Pai, e assim fizeram as almas que verdadeiramente me amaram, e tu não o queres compreender”.
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9-29
Março 8, 1910
A reta intenção é luz à alma.
(1) Esta manhã, brevemente o bendito Jesus veio e me disse:
(2) “Minha filha, a reta intenção é luz à alma, converte-a em luz e lhe dá o modo de agir ao divino. A alma não é outra coisa que uma estadia obscura, e a reta intenção é como sol que entra e a ilumina; com esta diferença, que o sol não converte os muros em luz, e o reto obrar transforma tudo em luz”.
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9-30
Março 12 1910
A Divina Vontade aperfeiçoa o amor, o modifica, o restringe, o engrandece no que é mais santo e perfeito.
(1) Encontrando-me no meu habitual estado, apenas e como fugitivo veio o bendito Jesus e me disse:
(2) “Minha filha, minha Vontade aperfeiçoa o amor, o modifica, o restringe, o engrandece no que é mais santo e perfeito. O amor às vezes gostaria de escapar e devorar tudo; minha Vontade domina o amor e lhe diz: “Calma, não escapes, pois fugindo te podes fazer mal, e com querer devorar tudo podes falhar”. Portanto, o amor é puro porque é uniforme ao meu Querer, caminham juntos e se beijam continuamente com o beijo de paz. Outras vezes, por estado de ânimo ou porque em suas escapadas não resultou como ele queria, gostaria de restringir-se e quase indolentemente sentar
se; minha Vontade o incita e lhe diz: “Caminha, os verdadeiros amantes não são negligentes, não estão ociosos”. O amor só está seguro quando está encerrado no meu Querer, assim que o amor faz apreciar, desejar, chegar à loucura, aos excessos; mas minha Vontade modera, tranquiliza o mesmo amor, e nutre de alimento mais sólido e divino a alma amante. Assim que no amor pode haver muitas imperfeições, e também nas coisas santas; em minha Vontade jamais, tudo nela é
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perfeito. Minha filha, isto acontece especialmente nas almas amantes e que foram favorecidas com minhas visitas, com meus beijos e carícias, que ficam em poder do amor, e quando Eu as privo de Mim o amor se apossa delas e as faz ansiosas, delirantes, livres, inquietas, impacientes, assim que se não fosse por minha Vontade que as nutre, as aquieta, as calma, as corrobora, o amor lhes daria a morte, se bem o amor não é outra coisa que o filho primogênito de minha Vontade, mas precisa estar sempre corrigido por meu Querer; e Eu a amo tanto quanto me amo a mim mesmo”.
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9-31
Março 16, 1910
O caminho estreito da salvação.
(1) Falando com o confessor, tinha-me dito que é difícil salvar-se, e o próprio Jesus Cristo o disse: “A porta é estreita, deveis esforçar-vos para entrar”. Depois, tendo recebido a comunhão, Jesus me disse:
(2) Pobre de Mim, como me consideram estreito. Dizei ao confessor que da sua estreiteza julgam a minha; não me têm por aquele Ser grande, imenso, interminável, potente, infinito em todas as minhas perfeições, e que pelas minhas estreitezas posso fazer passar grandes multidões de gentes, mais que pelas mesmas larguras”.
(3) E enquanto isso dizia me parecia ver um caminho estreito, estreito, que terminava em uma porta pequena também estreita, mas cheia, cheia de povos que quase brigavam entre eles para ver quem podia caminhar para frente e entrar. E Jesus acrescentou:
(4) “Olha minha filha que grande multidão se apinha e fazem competição por chegar primeiro, na competição há muito que fazer, em troca se o caminho fosse amplo nenhum se apressaria, sabendo que há espaço para caminhar quando lhes agrade, e dando-se tempo pode vir a morte, e não se encontrando no caminho estreito se encontrariam na desembocadura da porta larga do inferno. Oh! quanto ajuda esta estreiteza; mesmo entre vocês acontece isto, se se faz uma festa, uma função, se se sabe que o lugar é estreito muitos se apressam e mais são os espectadores que gozam daquela festa ou função; mas se se sabe que o lugar é amplo, ninguém se apressa e poucos são os espectadores, porque sabendo que há lugar para todos tomam seu tempo, e quem chega a metade, quem no final, e quem acha que já tudo terminou e não goza nada. Assim teria sido se o caminho que leva à salvação fosse largo, poucos se apressariam, e poucos teriam sido a festa do Céu”.
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9-32
Março 23, 1910
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O viver na Divina Vontade, é mais que a mesma comunhão.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, e lamentando-me por suas privações, apenas como de fugido veio e me disse:
(2) “Minha filha, te recomendo que não saia de dentro de minha Vontade, porque minha Vontade contém tal poder, que é um novo batismo para a alma, e mais, que o mesmo batismo, porque nos sacramentos há parte de minha Graça, em troca em minha Vontade está toda a plenitude; no batismo é removida a mancha do pecado original, mas permanecem as paixões, fraquezas; na minha Vontade, destruindo a alma o próprio querer, destrói as paixões, as fraquezas e tudo o que é humano, e vive das virtudes, da fortaleza e de todas as qualidades divinas”.
(3) Eu ao ouvir isto dizia entre mim: “Dentro de pouco dirá que sua Vontade é mais que a mesma comunhão”. E Ele acrescentou:
(4) “Certo, certo, porque a comunhão sacramental dura poucos minutos; a minha Vontade é comunhão perene, antes é eterna, que se eterniza no Céu. A comunhão sacramental está sujeita a obstáculos por doenças, por necessidades, ou por parte de quem a deve administrar, enquanto a comunhão de minha Vontade não está sujeita a nenhum estorvo, só para que a alma a queira e tudo está feito, ninguém pode impedir-lhe um bem tão grande, que forma a felicidade da terra e do Céu, nem os demônios, nem as criaturas, nem minha onipotência. A alma é livre, ninguém tem direito sobre ela neste ponto da minha Vontade. Por isso eu a insinuo, quero tanto que a tomem minhas criaturas, é a coisa que mais me importa, que mais me interessa; todas as outras coisas não me interessam, nem mesmo as coisas mais santas, e quando obtenho que a alma viva de minha Vontade me sinto triunfante, porque encerra o maior bem que pode haver no Céu e na terra”.
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9-33
Abril 10, 1910
Preparação e agradecimento na comunhão.
(1) Escrevo para obedecer, mas sinto que me parte o coração pelo esforço que faço, mas viva a obediência, viva a Vontade de Deus. Escrevo, mas tremo, e não sei o que digo; a obediência quer que escreva algo sobre como me preparo e como agradeço a Jesus bendito na comunhão. Eu não sei dizer nada, porque meu doce Jesus vendo minha incapacidade e que não sou boa para nada, faz tudo por Si mesmo: Ele prepara minha alma, e Ele mesmo me fornece o agradecimento e eu o sigo. Agora, o modo de Jesus é sempre imenso, e eu junto com Jesus sinto-me imensa e como se soubesse fazer alguma coisa, e se Jesus se retira eu fico sempre como a tola que sou, a ignorante, a má, e é exatamente por isso que Jesus me ama tanto, porque sou ignorante e porque nada sou e
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nada posso, mas sabendo que a qualquer custo o quer receber, para não fazer-se uma desonra ao vir em mim, senão suma honra, prepara Ele mesmo minha pobre alma, me dá suas mesmas coisas, seus méritos, suas vestes, suas obras, seus desejos, em suma, todo o Si mesmo, e se for necessário, também o que fez a Mãe Santíssima, o que fizeram os santos, porque tudo é seu, e eu digo a todos: “Jesus, faz-te honrado ao vir em mim, Mãe, Rainha minha, santos, anjos todos, eu sou pobre, pobre, tudo o que é vosso ponha-lo no meu coração, não para mim, mas para honra de Jesus”. E sinto que todo o Céu concorre para me preparar. E depois Jesus desce em mim, e me parece vê-lo todo contente ao ver-se honrado por mesmas coisas, e às vezes me diz:
(2) “Bravo, bravo a minha filha, como estou contente, quanto me agrado, onde quer que olho em ti encontro coisas dignas de Mim, pois tudo o que é meu é teu, quantas coisas belas me fizeste encontrar”.
(3) Eu, sabendo que sou pobre, pobre, que nada tenho feito e nada é meu, alegro-me pelo contentamento de Jesus e digo: “Menos mal que Jesus pensa deste modo; basta que tenha vindo e isto me basta, não importa que me tenha servido de suas mesmas coisas, os pobres devem receber dos ricos”. Agora, é verdade que permanece em mim alguma lembrança disto ou daquilo, do modo como Jesus me prepara na comunhão, mas estas recordações não sei reunir juntas e formar uma preparação e um agradecimento, falta-me a capacidade, parece-me que me preparo no próprio Jesus e com o próprio Jesus faço o meu agradecimento .
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9-34
Maio 24, 1910
Quem vive no alto, no Querer Divino, não está sujeito a mudanças.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, sentia-me um ser verdadeiramente inútil, não sabia pensar nem em pecados, nem em friezas, nem em fervores; todas as coisas as olhava de um mesmo modo, sentia-me indiferente a tudo, de nenhuma coisa me ocupo senão só do Querer Santo de Deus, mas sem ansiedade, na mais perfeita calma. Então eu disse entre mim mesma: “Que estado é o meu? Eu tinha pelo menos o pensamento de meus pecados, e ainda parece que estou contente. Oh! Santo Deus, que desgraça é a minha”. Enquanto dizia isto, o bendito Jesus veio e me disse:
(2) “Minha filha, aqueles que vivem no baixo, respirando o ar que todos respiram, estão obrigados a sentir as diversas mudanças dos tempos, isto é, o frio, o calor, a chuva, o granizo, os ventos, a noite, o dia, mas quem vive no alto, onde o ar termina, não está sujeito a sentir estas mudanças de tempo, pois aqui não há outra coisa que perfeito dia, e não sentindo estas mudanças, Naturalmente não tem nenhum pensamento sobre eles. Assim acontece a quem vive no alto e só de ar divino,
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sendo meu Ser não sujeito a mudanças, sempre igual, sempre pacífico e em pleno contentamento, que maravilha que quem vive em Mim, de meu Querer e de meu próprio ar, de nenhuma coisa se dê pensamento; então você gostaria de viver no baixo, como vive a generalidade, ou seja, fora de Mim, de ar humano, de paixões, etc.?”
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9-35
Junho 2, 1910
A alma deve morrer a tudo para ressurgir mais bela.
(1) Sentindo-me muito mal e como se tudo tivesse terminado, lamentava com Jesus seu total abandono, e Jesus me disse:
(2) “Minha filha, estes são os modos divinos, morrer e ressurgir continuamente. Olhe, a mesma natureza está sujeita a estas mortes e a estes ressurgimentos, a flor nasce e morre, mas para ressurgir mais bela, enquanto que se nunca morresse envelheceria, perderia a vivacidade de seu colorido, a fragrância de seu odor; e aqui também a semelhança de meu Ser, sempre velho e
sempre novo. A semente é posta debaixo da terra, como sepultada para a fazer morrer, e com efeito morre, até se pulverizar, e depois ressurge mais bela, aliás, multiplicada, e assim de tudo o resto; e se isto é na ordem natural, muito mais na ordem espiritual a alma deve estar sujeita a estas mortes e a estes ressurgimentos, porque enquanto parece que sobretudo tem triunfado e abunda de fervor, de graça, de união Comigo, de virtudes, e parece que em tudo adquiriu tantas novas vidas, Eu me escondo e parece que tudo lhe morre em torno; Eu dou golpes como verdadeiro mestre e o ajudo a fazer tudo morrer, e quando me parece que tudo lhe morreu, Eu, como sol, saio, me desvelo e Comigo tudo ressurge mais belo, mais vigoroso, mais fiel, mais reconhecível, mais humilde, de modo que se havia alguma coisa de humano, a morte o destruiu e faz ressurgir tudo a nova vida”.
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Julho 4, 1910
A agonia do jardim foi em modo especial para ajuda dos moribundos, a agonia da cruz foi para ajuda do último ponto, propriamente para o último respiro.
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(1) Continuando o meu habitual estado repleto de privações e amargura, estava a pensar na agonia de Nosso Senhor, e então Ele disse-me:
(2) “Minha filha, quis sofrer de modo especial a agonia do jardim para ajudar todos os moribundos a morrer. Olha bem como se combina minha agonia com a agonia dos cristãos: Tédio, tristezas, angústias, suor de sangue; sentia a morte de todos e de cada um como se realmente morresse por cada um em particular, portanto sentia em Mim os temores, as tristezas, as angústias de cada um, e com isto dava a todos ajuda, consolo, esperança, para fazer que para fazer com que como Eu sentia suas mortes em Mim, para que eles pudessem ter a graça de morrer todos em Mim, como dentro de um só fôlego, com meu alento, e súbito beatifica-los com minha Divindade.
(3) Se a agonia do jardim foi de modo especial para os moribundos, a agonia da cruz foi para ajuda do último momento, especialmente para o último respiro. Ambas são agonias, mas uma distinta da outra: a agonia do jardim cheia de tristezas, de temores, de afazeres, de espantos; a agonia da cruz, cheia de paz, de calma imperturbável, e se gritei tenho sede, era sede insaciável de que todos pudessem expirar em meu último respiro; e vendo que muitos se Saíam do meu último fôlego, pela dor gritei tenho sede, e este tenho sede continuo a gritar a todos e a cada um, como campainha à porta de cada coração: “Tenho sede de ti, ó alma. Ah, não saia de Mim, senão entra em Mim e expira Comigo”. Assim, são seis horas da minha Paixão que dei aos homens para bem morrer, as três do jardim foram para ajuda da agonia, as três da cruz para ajuda no último suspiro da morte. Depois disto, quem não deve olhar sorridente para a morte? Muito mais para quem me ama, para quem procura sacrificar-se sobre a minha própria cruz. Veja como é bela a morte e como faz mudar as coisas, em vida fui desprezado, os mesmos milagres não fizeram os efeitos de minha morte; ainda sobre a cruz houve insultos, mas assim que expirei, a morte teve a força de mudar as coisas, todos se golpeavam o peito confessando-me por verdadeiro Filho de Deus, meus mesmos discípulos tomaram coragem, e mesmo aqueles ocultos se fizeram atrevidos e pediram meu corpo dando-me honorável sepultura; Céu e terra a plena voz me confessaram Filho de Deus. A morte é uma coisa grande, sublime; e isto acontece também para meus próprios filhos, em vida desprezados, pisoteados, aquelas mesmas virtudes que como luz deveriam brilhar entre aqueles que os rodeavam, ficam meio veladas, seus heroísmos no sofrer, seus abnegados, seu zelo pelas almas, lançam claridade e dúvidas nos presentes, e Eu mesmo permito estes véus para conservar com mais segurança a virtude de meus amados filhos. Mas mal morrem, estes véus não sendo mais necessários, Eu retiro-os e as dúvidas se fazem certezas, a luz se faz clara, e esta luz faz apreciar seu heroísmo, faz-se então apreço de tudo, mesmo das coisas mais pequenas, assim que o que não se pode fazer em vida, A morte o supre, e isto é para o que acontece aqui embaixo; e pelo que acontece lá em cima é propriamente surpreendente e invejável a todos os mortais”.
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9-37
Julho 8, 1910
O corpo é como o Tabernáculo, a alma como a taça para Jesus.
(1) Estava muito aflita pela privação de meu sumo bem, e tendo recebido a comunhão, ao receber a santa partícula se deteve na garganta, e eu sugando-a para fazê-la descer chupava um humor doce e refinado, e depois de haver chupado muito desceu, e via a partícula mudada em menino que dizia:
(2) “Teu corpo é meu Tabernáculo, tua alma é a Taça que me contém, o batimento de teu coração é como partícula que me serve para transformar-me em ti como dentro de uma hóstia, com esta diferença, que na hóstia, ao consumir-se estou sujeito a contínuas mortes; em vez disso, a batida do seu coração, simbolizado por seu amor, não estando sujeito a consumir-se, minha Vida é contínua, então por tanto luto pelas minhas privações? Se não me vê, me ouve, se não me ouve me toca, e agora com a fragrância de meus perfumes que expando a seu redor, ora com a luz de que se sente investir, ora com fazer descer em você um licor que não se encontra sobre a terra, ora com o só te tocar em tantas outras maneiras “.
(3) Agora, por obedecer escrevo estas coisas que Jesus diz que me sucedem freqüentemente, e mesmo estando em plena vigília. Estes perfumes que eu mesma não sei dizer de que espécie sejam, eu os chamo os perfumes do amor, e estes os sinto na comunhão, se rezo, se trabalho, especialmente se não vi Jesus, e digo entre mim: “Hoje não vieste, não sabes, ó Jesus, que sem Ti não posso, não quero estar? E súbito e quase de improviso sinto-me como investir por aquele perfume. Outras vezes, movendo-me ou tirando-me os lençóis sinto sair aquele perfume e em meu interior ouço: “Aqui estou”.
(4) Outras vezes, enquanto estou toda aflita, faço por levantar os olhos, e um raio de luz se faz ante minha vista. Mas eu a estas coisas não presto atenção nem me satisfazem, o único que me faz feliz é Jesus, todo o resto o recebo com uma certa indiferença.
(5) Escrevi-o só por obedecer.
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9-38
Julho 29, 1910
As duas colunas onde a alma deve apoiar-se.
(1) Continuando a minha condição habitual, eu me sentia muito mal, e fiquei impressionada porque também o confessor me disse que eu estava muito mudada do meu estado primeiro, e que se não fosse assim Jesus viria. Então, tendo recebido a comunhão, lamentava-me com o bendito Jesus destas suas privações, e pedia-lhe que tivesse a bondade de me dizer qual é o mal que faço,
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porque com gosto daria a vida antes que desagrada-lo, e lhe dizia: “Quantas vezes te disse que se vês que estou por te ofender, ainda minimamente, me faças morrer”. E Jesus me disse: (2) “Minha filha, não te aflijas. Se eu não tivesse dito isso anos atrás, que para punir o mundo era por isso que não vinha tão frequentemente desabafar contigo, e por consequência não vim tão frequentemente, mas jamais te deixei, e para suprir meu frequente ir e vir permito a missa e a comunhão todos os dias, para que pudesse tomar a força que tomava de minhas visitas contínuas, tanto que cheguei a ameaçar o confessor se não se prestava a isto; e quem não sabe os castigos que aconteceram neste tempo? Cidades inteiras destruídas, rebeliões, o retiro da graça dos maus, e até dos mesmos religiosos maus, de modo que aqueles venenos, aquelas chagas que tinham dentro as vão tirando fora. Ah! Não posso mais, os sacrilégios são enormes, porém tudo isto é nada ainda em comparação aos castigos que virão, assim se não o tivesse dito antes teria certa razão para te alarmar. As colunas sobre as quais deves apoiar-te para poder viver com plena segurança, uma é minha Vontade: em minha Vontade não pode haver pecados; minha Vontade faz em pedaços todas as paixões e pecados, melhor, os pulveriza até destruir suas mesmas raízes. Sustentada na coluna da minha Vontade, as trevas se mudarão em luz, as dúvidas em certeza, a esperança em possessão. A segunda coluna sobre a qual deves apoiar-te é a vontade firme e atenção contínua a não me ofender, ainda minimamente; dispor teu próprio querer a sofrer tudo, a enfrentar tudo, a submeter-se a todos antes de desagradar-me. Quando a alma vê que está continuamente apoiada sobre estas colunas, que formam mais que sua própria vida, pode viver mais segura que se vivesse em contínuos favores meus. Muito mais que este seu estado o permito para dispor-te a partir desta terra”.
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9-39
Agosto 3, 1910
O pecado voluntário decompõe os humores na alma.
(1) Encontrando-me não meu estado habitual, assim que Jesus me disse:
(2) “Escuta, minha Ilha, as misérias, as fraquezas, são meios para encontrar-se não porto da Divindade, porque a alma sentindo o fardo das misérias humanas, aborrece-se, si enfastia e procura desembaraçar-se de si, e desembaraçando de si já se encontra em Deus”. 3) Depois de ter posto o meu braço à volta do seu pescoço, estreitava-me e rosto e desapareceu. Depois, ao retornar eu voltei a lamentar-me porque fugia como um relâmpago, e sem dar-me tempo me disse:
(4) “Já que te desagrada, aceita-me, experimenta-me como queiras e não me deixes fugir”. (5) E eu: “Bravo, bravo Jesus, que bela proposta me fazes, mas contigo se pode fazer isto?
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Enquanto te deixas atar, estreitar-te por quanto mais se pode, no melhor desapareces e não te deixas encontrar mais, bravo por Jesus que quer zombar de mim; mas do resto faz o que Tu queiras, o que me importa é que me digas em que te ofendo, em que coisa te desagradei que já não vens como antes”.
(6) E Jesus acrescentou: “Minha filha, não te esforces, quando há verdadeira culpa não é necessário que o diga Eu, a alma por si só o adverte, porque o pecado, quando é voluntário, transtorna os humores naturais, e o homem recebe como uma transformação no mal, sente como uma impregnação da culpa que voluntariamente é cometida, bem como também a verdadeira virtude transforma a alma no bem e os humores ficam todos combinados entre eles, a natureza sente como impregnar-se de doçura, de caridade, de paz; assim é o pecado. Então, já alguma vez notaste esta confusão? Sentiste-te como se estivesse impregnada de impaciência, de ira, de distúrbios?”
(7) E enquanto dizia isto, parecia que me olhava até muito fundo para ver se algo disso havia em mim, e parecia que não havia nada, e continuou:
(8) “Viste tu mesma?”
9) E não sei por que, mas enquanto dizia isso me fazia ver terremotos com destruição de cidades inteiras, revoluções, e tantas outras desgraças, e desapareceu.
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9-40
Agosto 12, 1910
O princípio e todo o mal do sacerdote consiste em tratar com as almas de coisas humanas.
(1) Estando em meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma e via sacerdotes, e Jesus que se fazia ver em meu interior todo deslocado e com os membros separados, e Ele apontava a esses sacerdotes, e fazia compreender que apesar de serem sacerdotes, eram também membros separados de seu corpo, e lamentando-se dizia:
(2) “Minha filha, como sou ofendido por sacerdotes. Os superiores não vigiam sobre minha sorte sacramental, e me expõem a sacrilégios enormes. Estes que você vê são membros separados que me ofendem muito, mas meu corpo não tem mais contato com suas ações perversas, mas os outros que fingem não estar separados de Mim e continuam sua atividade de sacerdotes, oh! quanto mais me ofendem, a que atroz tormento estou exposto, quantos castigos atraem, Eu não posso suportá-los mais”.
(3) E enquanto dizia isto, eu via muitos sacerdotes que escapavam da Igreja e se viravam contra Ela para fazer guerra; por isso olhava para aqueles sacerdotes com grande desgosto, e via uma luz que me fazia compreender que o princípio e todo o mal do sacerdote consiste em tratar com as
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almas de coisas humanas, de natureza toda material sem uma estreita necessidade; estas coisas humanas formam uma rede para os sacerdotes que lhes cega a mente, endurece lhes o coração para as coisas divinas, e lhes impede o passo no caminho que convém fazer no exercício de seu ministério; e não só isto, senão que é rede para as almas, porque levam o humano e o humano recebem, e a graça fica como excluída delas. ¡ Oh, quanto mal se comete por estes tais, quantos estragos de almas fazem! O Senhor queira iluminá-los a todos.
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9-41
Agosto 19, 1910
Jesus derrama suas amarguras. Temor de que fosse o demônio.
(1) Continuando em meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma dentro de uma igreja, e sobre o altar estava a Rainha Celestial e o menino Jesus que chorava. A Mãe celestial acenando me com os olhos, fazia-me compreender que tomasse o menino nos braços e fizesse quanto mais pudesse para acalmá-lo. Aproximei-me e peguei-o nos meus braços, apertei-o e disse-lhe: “Meu querido, o que tens? Desabafe comigo, não é o amor o paliativo, o entorpecimento a todos os pesares? Não é o amor que faz esquecer tudo, o que adoça tudo, que põe paz em qualquer controvérsia? Se choras é porque deve haver alguma coisa discordante entre teu amor e o das criaturas, por isso nos amemos, dá-me teu amor e com teu mesmo amor te amarei”. Mas quem pode dizer todos os disparates que lhe disse? Então parecia ter-se acalmado, mas não de todo, e desapareceu. No dia seguinte de novo me encontrei fora de mim mesma, dentro de um jardim, e eu ia fazendo a via enquanto fazia isto, encontrei Jesus nos braços. Tendo chegado à décima primeira estação, não podendo suportar mais, o bendito Jesus deteve-me e, aproximando a sua boca à minha, derramou uma coisa espessa e uma líquida; a líquida podia passar-me, mas a espessa não me baixava, tanto que, quando Jesus tirou a sua boca da minha, a atirei por terra, e depois olhei para Jesus e vi que da sua boca lhe escorria um líquido espesso e negro, negro; eu fiquei tão assustada que lhe disse: “Parece-me que não és Jesus, Filho de Deus e de Maria, Mãe de Deus, senão o demônio. É verdade que te amo, que te amo, mas é sempre a Jesus que quero, jamais ao demônio, com ele não quero ter nada que fazer. Fico feliz em estar sem Jesus antes de ter algo a ver com o demônio”. E para estar mais segura, signifiquei Jesus com o sinal da cruz, e a mim também. Então Jesus, para me tirar o espanto, retirou dentro de Si aquele líquido negro que eu não queria ver, e me disse:
(2) “Minha filha, não sou demônio; isto que tu vês não é outra coisa que as grandes iniqüidades que me fazem as criaturas, que não podendo mais contê-las, as derramarei sobre elas mesmas.
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Derramei em ti, e tu não pudeste conter tudo e o tens derramado por terra; Eu continuarei derramando-o sobre elas”. .
(3) E enquanto dizia isto, fazia-me compreender que castigos fará chover do Céu; envolverá os povos em luto, em lágrimas amargas e dilacerantes, e o pouco que derramou em mim evitará, senão de todo, pelo menos em parte os castigos à minha cidade. Depois fazia ver grande mortalidade de pessoas por epidemias, por terremotos e outros infortúnios. Quanta desolação, quanta miséria!
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9-42
Agosto 22, 1910
Jesus foge e procura consolo.
(1) Continuando meu habitual estado, tendo perdido os sentidos via muitas pessoas que punham em fuga o bendito Jesus, e Jesus fugia, fugia, mas aonde ia não encontrava lugar e fugia. Finalmente veio a mim, suado, cansado, aflito, lançou-se em meus braços, se estreitou forte, e disse àqueles que o seguiam: “Desta alma não podeis me fazer fugir”. E aqueles, envergonhados se retiraram, e a mim me disse:
(2)”Filha, não posso mais, dá-me algum alívio”.
(3) E começou a sugar meu seio, e depois me encontrei em mim mesma.
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Setembro 2, 1910
Deve-se prestar atenção ao que se deve fazer, e não às fofocas.
(1) Estava pensando em Jesus quando levava a cruz ao calvário, especialmente quando encontrou as mulheres, que esqueceu suas dores e se ocupou em consolar, ouvir, instruir aquelas pobres mulheres. Como tudo era amor em Jesus; Ele tinha necessidade de ser consolado, ao contrário consola, e em que estado consola, estava todo coberto de chagas, trespassada a cabeça por espinhos perfurantes, ofegante e quase morrendo sob a cruz, e consola os outros, ¡que exemplo! Que vergonha para nós, que basta uma pequena cruz para nos fazer esquecer o dever de consolar os outros! Então recordava quantas vezes, encontrando-me eu oprimida pelos sofrimentos ou pelas privações de Jesus que me traspassavam, me dilaceravam de lado a lado meu interior, e encontrando-me rodeada de pessoas, Jesus me incitava a imitá-lo neste passo de sua Paixão, e eu, ainda que amarga até aos ossos, esforçava-me por me esquecer de mim mesma para consolar
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e instruir os outros. E agora, encontrando-me livre e isenta de tratar com pessoas, graças à obediência, agradecia a Jesus que não me encontrava mais nestas circunstâncias; agora sinto que respiro um ar mais livre para poder me ocupar só de mim mesma. E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(2) “Minha filha, porém, para mim era um alívio e sentia-me como restaurado, especialmente naqueles que vinham para fazer o bem. Nestes tempos falta verdadeiramente quem infunda o verdadeiro espírito interno nas almas, porque não tendo-o, não sabem infundi-lo nos demais, e as almas aprendem a ser susceptíveis, escrupulosas, ligeiras, sem verdadeiro fundo de desapego de tudo e de todos, e isto produz virtudes estéreis, que fazem por florescer e morrer. Alguns crêem fazer progresso nas almas porque chegam à minuciosidade e à escrupulosidade; mas em lugar de progresso são verdadeiros obstáculos que arruínam as almas, e meu amor fica em jejum nelas. Então, havendo-te eu dado muita luz sobre os caminhos internos, e tendo-te feito compreender a verdade das verdadeiras virtudes e do verdadeiro amor, encontrando-te tu na verdade, Eu poderia por sua boca fazer compreender aos demais a verdade do verdadeiro caminho das virtudes, e Eu por isso me sentiria feliz”.
(3) E eu: “Mas Jesus bendito, depois do sacrifício que eu fazia, essas pessoas iam dizendo fofocas e fofocas, e a obediência justamente proibiu que viessem as pessoas”.
(4) E Jesus: “Este é o erro, que se preste atenção às fofocas e não ao bem que se deve fazer. Também de Mim se disseram muitas fofocas, e se tivesse prestado atenção a isto não teria cumprido a Redenção do homem, por isso se deve pensar no que se deve fazer, e não no que se diz; as fofocas ficam a conta de quem as diz”.
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Setembro 3, 1910
O que Jesus faz a uma alma, o faz com efeitos a todos.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, o bendito Jesus veio como menino; me beijava, me abraçava, me acariciava, e muitas vezes voltava com beijos e abraços. Eu me maravilhava de que Jesus havia chegado ao excesso de entreter-se comigo, vilíssima, com beijos e abraços. Eu lhe correspondia, mas timidamente, e Jesus com uma luz que saía dele me fez compreender que o vir, é sempre um grande bem, não só para mim mas para o mundo inteiro, porque ao amar e desafogar-se com uma alma, o faz com toda a família humana, porque naquela alma há tantos vínculos que unem a todos: vínculos de semelhança, vínculos de paternidade e de filiação, vínculos de fraternidade, vínculos por ter saído e ter sido criados todos por suas mãos, vínculos por ter sido todos redimidos por Ele, e porque nos vê marcados com o seu sangue. Então, vendo tudo isso,
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amando e favorecendo uma alma, os outros são amados e favorecidos, se não em tudo, pelo menos em parte. Então, vindo a mim Jesus bendito, e encontrando-nos em tempo de castigos beijando-me, abraçando-me, acariciando-me e olhando para mim, queria fazer isto a todos os outros e evitá-los, se não de todo, pelo menos em parte, os flagelos.
(2) Depois disto via um jovem, creio que era um anjo que ia marcando aqueles que deviam ser tocados pelo castigo. Parecia que era um grande número de pessoas.
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Setembro 9, 1910
Lamentos da alma por não poder evitar os castigos.
(1) Continuando meu habitual estado, o bendito Jesus não vinha e eu estava dizendo entre mim: “Como Jesus mudou comigo, já não me quer como antes; antes de me pôr permanentemente na cama, quando estava a cólera, Ele mesmo me pedia que se aceitasse os sofrimentos por alguns dias faria cessar a cólera, e aceitando-o cessou o flagelo. Agora me tem continuamente na cama, ouve-se da cólera, dos estragos que faz nas pobres gentes, e não me dá atenção. Já não quer servir-se de mim”. Enquanto dizia isto, faço por olhar em mim e vejo que Jesus estava com a cabeça levantada, que me olhava, e todo enternecido me estava escutando, e quando viu que eu percebia que me estava olhando disse:
(2) “Minha filha boa, como é fastidiosa, queres vencer pela força, não é verdade? Está bem, está bem, não me incomode mais”.
(3) E desapareceu.
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Setembro 11, 1910
Jesus quer amor, verdade e retidão das almas.
Uma alma unida perfeitamente à Divina Vontade, faz vencer a Misericórdia sobre a Justiça.
(1) Continuando em meu habitual estado, parecia que o confessor tinha a intenção de me fazer sofrer a crucificação. Depois de um pouco de espera, o bendito Jesus concorreu e me disse: (2) “Minha filha, pelo mundo não posso mais, muito me movem à indignação, me arrancam pela força os flagelos das mãos”.
(3) E enquanto dizia isto, via uma forte chuva que danificava os vinhedos. Depois tendo rezado pelo confessor, que parecia estar presente; queria pegar-lhe nas mãos para as fazer tocar por Jesus, e parecia que Jesus o fazia, pedia-lhe que dissesse ao padre o que queria dele, e Jesus disse-lhe:
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(4) “Quero amor, verdade e retidão. O que torna o homem mais ao contrário de Mim é não estar armado destas prerrogativas”.
(5) E, enquanto dizia amor, parecia que lhe selava de amor todos os membros, o coração, a inteligência. Oh, como é bom Jesus!
(6) Depois, havendo dito ao padre o que escrevi no dia 9, fiquei duvidosa e dizia entre mim: “Quanto gostaria de não escrever estas coisas, se é verdade que Jesus suspende o castigo para me contentar, ou se é minha fantasia.
(7) E Jesus me disse: “Minha filha, a Justiça e a Misericórdia estão em contínua luta, e são mais as vitórias da Misericórdia do que as da Justiça. Agora, quando uma alma está perfeitamente unida com minha Vontade, toma parte em minhas ações ad extra, e satisfazendo com seus sofrimentos, a misericórdia alcança suas mais belas vitórias sobre a justiça, e como Eu me agrado em coroar todos meus atributos com a misericórdia, até a mesma justiça, vendo-me importunado por esta alma unida Comigo, para satisfazê-la cedo ante ela, pois ela cedeu todas suas coisas em minha Vontade. Por isso, quando não quero ceder não venho, porque não me confio em poder resistir a não ceder; então, qual é a sua dúvida?”
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Setembro 22, 1910
Cada virtude é um Céu que a alma adquire.
(1) Esta manhã, continuando o meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse: (2) “Minha filha, cada virtude é um céu que a alma adquire; assim, por quantas virtudes se adquirem, tantos céus a alma vai formando, e estes céus derrotam todas as inclinações humanas, destroem o que é terreno e fazem espaçar a alma nas atmosferas mais puras, nas mais santas delícias, nos perfumes celestes do sumo bem, antecipando-lhe parte das alegrias eternas”. (3) E desapareceu..
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Outubro 1, 1910
O amor a Jesus forma a transformação da alma n’Ele.
(1) Tendo recebido a comunhão, sentia-me toda transformada em Jesus bendito, e dizia entre mim: “Como se faz para manter esta transformação com Jesus?” E no meu íntimo parecia que Jesus me dizia:
(2) “Minha filha, se queres estar sempre transformada em Mim, melhor, ser uma só coisa Comigo,
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ama-me sempre e manterás a transformação Comigo, porque o amor é fogo, e qualquer lenha que se lança no fogo, pequeno ou grande, verde ou seco, todos tomam a forma de fogo e se convertem no mesmo fogo, e depois que estes troncos ficaram queimados, não se discerne mais qual era um tronco e qual o outro, nem o verde nem o seco, não se vê outra coisa que fogo, assim a alma quando não cessa jamais de me amar. O amor é fogo que transforma em Deus, o amor une, as suas chamas investem todas as obras humanas e lhes dá a forma das obras divinas”.
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Outubro 17, 1910
Por quanto amor e união com Jesus tem a alma, tanto valor têm os seus sacrifícios.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, estava rezando ao meu amoroso Jesus pela feliz passagem ao Céu de um sacerdote que há anos foi meu confessor, e dizia a meu amado Jesus: “Recorda quantos sacrifícios fez, quanto zelo teve por tua honra e glória, e além disso, quanto não fez por mim? Quanto ele não sofreu? Neste ponto você deve retribuir fazendo-o passar diretamente para o Céu”. E o bendito Jesus me disse:
(2) “Minha filha, Eu não olho tanto para os sacrifícios, mas para o amor com o qual se fazem e para a união que têm Comigo, assim quanto mais a alma está unida Comigo, tanto mais aprecio seus sacrifícios. Então, se a alma estiver mais próxima Comigo, os mais pequenos sacrifícios tomo-os como grandes, porque na união está o cálculo do amor, e o cálculo do amor é cálculo eterno que não tem termo nem limites; enquanto que a alma pode sacrificar-se muito, mas se não está unida Comigo, Eu olho seu sacrifício como o de uma pessoa estranha, e dou-lhe a recompensa que merece, isto é, limitada. Supõe a um pai e a um filho que se amam; o filho faz pequenos sacrifícios, o pai pelo vínculo de união de paternidade e de filiação, e de amor, que é o vínculo mais forte, considera estes pequenos sacrifícios como coisa grande, por eles se sente triunfante, se sente honrado, e dá ao filho todas as suas riquezas, e dedica para o filho todas as atenções e os seus cuidados. Agora supõe um servo, trabalha toda a jornada, expõe-se ao calor, ao frio, em tudo ele está sob o seu comando, se necessário, vigia mesmo à noite por conta do patrão, e o que recebe? O mísero pagamento de um dia, de modo que se não trabalhar todos os dias estará obrigado a sentir a fome. Tal é a diferença que há entre a alma que possui minha união e a alma que não a possui”.
(3) Enquanto dizia isto, senti-me fora de mim mesma juntamente com o bendito Jesus, e disse de novo: “Doce amor meu, dize-me, onde se encontra essa alma?”
(4) E Jesus: “No purgatório, mas se você visse em que luz nada, ficaria maravilhada.
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(5) E eu: “Dizes que ele está no purgatório, e dizes que nada na luz?”
(6) E Jesus: “Sim, encontra-se nadando na luz, porque esta luz a tinha em depósito, e no ato de morrer esta luz o tem investido e não o deixará jamais”.
(7) Eu entendia que essa luz eram suas boas obras feitas com pureza de intenção. + + + +
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Outubro 24, 1910
A perturbação, seus efeitos. Tudo sai dos dedos de Deus.
(1) Estava extremamente aflita pela privação de meu amável Jesus, e tendo recebido a comunhão lamentava-me de sua ausência, e Jesus me disse em meu íntimo:
(2) “Minha filha, estão acontecendo e acontecerão coisas tristes, tristíssimas”. (3) Eu fiquei com medo. Depois passei vários dias sem Jesus, só que freqüentemente ouvia que me dizia:
(4) “Minha filha boa, paciência porque não venho, depois te direi o porquê”. (5) Então passei-me amarga, sim, mas pacífica; logo tive um sonho que me entristeceu muito e também perturbado, muito mais que não vendo Jesus, não tinha a quem me dirigir para ser circundada pela atmosfera de paz que só Jesus possui. Oh! quanto é de compadecer uma alma perturbada, a turbação é um ar infernal que se respira, e este ar de inferno faz sair o ar celestial da paz e toma o lugar de Deus na alma; a turbação ressoando este ar infernal na alma a domina tanto, que ainda as coisas mais santas, mais puras, com seu sopro infernal as faz aparecer como as coisas mais feias e perniciosas, põe tudo em desordem, e a alma cansada desta desordem é infectada por este ar de inferno, aborrece-se de tudo e sente amargura até do próprio Deus. (6) Eu senti este ar de inferno, não dentro de mim, mas apenas em torno de mim, no entanto me fez tanto mal que já nem pensava em que Jesus não vinha, e mais, me parecia que nem sequer o queria. É verdade que a coisa era muito séria e não uma bagatela; tratava-se de que me era assegurado que não me encontrava em bom estado, portanto os sofrimentos, as vindas de Jesus não eram Vontade de Deus, e que devia terminar com isso de uma vez por todas. Não digo tudo a respeito porque não o creio necessário; o escrevi só por obedecer.
(7) Depois, na noite seguinte, vi que do Céu descia água como um dilúvio e que fazia muito dano inundando aldeias inteiras, e era tanta a impressão do sonho que eu não queria ver nada. Nesse momento uma pomba que voava ao meu redor me disse:
(8) “O mover das folhas, da grama, o murmúrio das águas, a luz que invade a terra, o motor de toda a natureza, tudo, tudo sai dos dedos de Deus, pensa tu se só o teu estado não deve sair dos dedos de Deus”.
(9) Depois, quando o confessor chegou, contei-lhe tudo sobre o meu estado, e ele disse-me que
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tinha sido o diabo para me irritar. Fiquei um pouco mais calma, mas como uma que acaba de sofrer uma grave doença.
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Outubro 29, 1910
As três armas para vencer a perturbação.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, Jesus fez-se ver um pouco e eu disse-lhe: “Vida da minha vida, meu amado Jesus, nestes últimos dias estive perturbada, e Tu, que és tão zeloso da minha paz, não tiveste nestes últimos dias uma só palavra para me dar a paz tão querida por Ti”. E Ele:
(2) “Ah, minha filha, Eu estava flagelando e destruindo povos e sepultando vidas humanas, por isso não vim. Mas neste dia de trégua, porque depois de novo tomarei o flagelo na mão, logo vim ver-te; agora, deves saber que as coisas feitas com pureza de intenção, as obras justas e tudo o que se faz por meu amor, se Eu não o recompensasse faltaria a um dever de justiça e todos os meus outros atributos ficariam obscurecidos. Portanto, estas são as três armas mais potentes para destruir esta gosma venenosa e infernal da turbação. Então, se a necessidade de flagelar me obriga a não vir por alguns dias, e este ar de inferno te quisesse investir, junte-o com estas três armas: A pureza de intenção, a obra justa e boa em si mesma de vítima, e sacrificar-te por Mim com a única finalidade de me amar. Com isto vencerás qualquer perturbação e a encerrarás no mais profundo do inferno, e com ele não te preocuparás girarás a chave para não deixá-la sair mais e que te possa molestar”.
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Novembro 1, 1910
A consumação na unidade de vontades, forma a unidade suprema
(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse: (2) “Minha filha, a unidade suprema é quando a alma chega a tal estreiteza de união com minha Vontade, que consome qualquer sombra de seu querer, de modo que não se distingue mais qual seja meu Querer e qual o seu. Assim, o meu Querer é a vida desta alma, de maneira que tudo o que disponho tanto sobre ela como sobre os outros, em tudo está contente, qualquer coisa lhe parece conveniente para ela, a morte, a vida, a cruz, a pobreza, etc., as olha todas como coisas suas e que servem para manter sua vida. Chega a tanto, que até os castigos não a assustam mais,
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senão que em tudo está contente do Querer Divino, tanto que lhe parece que se Eu o quero ela o quer, e se ela o quer o Senhor o faz, Eu faço o que ela quer, e ela faz o que quero Eu. Este é o último ponto da consumação de tua vontade na minha, que tantas vezes te pedi, e que a obediência e a caridade para com o próximo não te permitiram, tanto, que muitas vezes Eu tenho cedido ante ti em não castigar, mas tu não cedeste a Mim, Por isso sou obrigado a esconder-me de ti, para estar livre quando a justiça me atormenta e os homens chegam a provocar-me para tomar o flagelo em minha mão para castigar as pessoas. Se te tivesse Comigo, com a minha vontade no ato de açoitar, talvez houvesse diminuído o flagelo, porque não há poder maior nem no Céu nem na terra, que uma alma que em tudo e por tudo está consumada em minha Vontade; esta chega a debilitar-me e desarma-me como lhe aprouver. Esta é a unidade suprema; além disso, há a unidade baixa, na qual a alma está resignada, sim, mas não vê minhas disposições como coisa sua, como sua vida, nem se faz feliz nela, nem perde sua vontade na minha. A esta vejo, sim, mas não chega a me apaixonar, nem chego a enlouquecer por ela como o faço com aquelas da unidade suprema”.
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9-53
Novembro 3, 1910
A alma: Paraíso de Jesus na terra.
(1) Esta manhã o bendito Jesus se fazia ver em meu interior em ato de recrear-se e aliviar-se de tantas amarguras que lhe dão as criaturas, e disse estas simples palavras:
(2) “Tu és meu Paraíso na terra, minha consolação”.
(3) E desapareceu.
Deo gratias.
Nihil obstat
Canonico Hanibale M. Di Francia
Eccl.
Imprimatur
Arcebispo Giuseppe M. Leo
Octubro de 1926
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