O Evangelho como me foi revelado Capítulo 12 – Maria Valtorta

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O Evangelho como me foi revelado Capítulo 12 – Maria Valtorta
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12. José escolhido como esposo da Virgem.

4 de setembro de 1944.

Vejo um rico salão lindamente pavimentado, com cortinas, tapetes e móveis entalhados.
Deve ainda ser também essa, uma parte do Templo, porque vejo sacerdotes, entre os quais Zacarias,
e muitos homens de várias idades, ou seja: de vinte a cinqüenta anos, mais ou menos.
Eles estão falando animadamente uns com os outros em voz baixa. Parecem estar ansiosos por
alguma coisa, que eu ainda não sei o que seja. Todos estão com roupas novas, ou pelo menos
lavadas há pouco, como se estivessem preparados para uma festa. Muitos tiraram o véu que lhes
estava cobrindo a cabeça, mas outros ficaram cobertos, especialmente os anciãos. Os jovens
preferem ficar com as cabeças descobertas, uns ostentando suas cabeleiras loiro-escuras; outros, as
cor de amora; alguns, as bem escuras; e vejo uma de cor vermelho cobre. A maior parte dos jovens
tem os cabelos cortados curtos; mas há também os de longas cabeleiras que descem até os ombros.
Parece que eles não se conhecem uns aos outros, pois vejo como estão se observando mútua e
curiosamente. Mas devem ser parentes entre si, porque pode-se notar que há um pensamento que
está preocupando a todos.

A um canto estou vendo José. Ele está falando com um velhinho ainda robusto. José deve
ter seus trinta anos. É um belo homem, de cabelos curtos e um tanto crespos, de cor castanho
escuro, como sua barba e seus bigodes, que formam um sombreado, pondo em relevo o queixo,
subindo pelas faces, que são moreno-avermelhadas, não oliváceas, como costumam ser os homens
morenos. Ele tem os olhos escuros, bons e profundos, muito sérios e parecendo até um pouco
tristes. Mas, quando ele sorri, como está fazendo agora, seus olhos se tornam alegres e joviais. José
está todo vestido de um marrom claro, muito simples, mas muito bem arrumado.

– Eu também sou toda de Deus, José. Não sei se o Sumo Sacerdote te disse isto.
– Ele só me disse que és boa e pura, que me irás falar de um voto, e que eu seja bom para contigo.
Fala, Maria. O teu José quer te fazer feliz em todos os teus desejos. Eu não te amo com a carne. Eu
te amo com o meu espírito, ó santa menina a mim dada por Deus! Vê em mim, Maria, um pai e um
irmão, mais do que um esposo. Como em um pai, confia, e como a um irmão, tranqüiliza-te.
– Desde a minha infância, eu me consagrei ao Senhor. Eu sei que em Israel não se faz isso. Mas eu
ouvia uma Voz que me pedia a minha virgindade como um sacrifício de amor pela vinda do
Messias. Faz tanto tempo que Israel o está esperando!… Por este motivo não é demais renuciar à
alegria de ser mãe!
José olha para ela fixamente, como se quisesse ler em seu coração, e depois lhe pega as duas
mãozinhas, que ainda estão com o ramo florido entre os dedos, e diz:
– Eu também unirei o meu sacrifício ao teu, e amaremos tanto ao Eterno com a nossa castidade, que
Ele haverá de dar o Salvador mais depressa à terra, permitindo-nos ver a sua Luz brilhar no mundo.
Vem, Maria. Vamos andar na frente de sua Casa, e juremos que nos haveremos de amar como anjos
se amam uns aos outros. Depois eu irei a Nazaré preparar tudo para ti na tua casa, se achares bom
ires para lá, ou então um outro lugar, que preferires.

– Na minha casa havia uma gruta, lá no fundo. Ainda existe?
– Ainda existe, mas não é mais tua. Mas eu farei uma para ti, onde sentirás um ar fresco, que te
porás à vontade, nas horas quentes do dia. Eu a farei, o mais possível, igual à outra. Diz-me uma
coisa: quem gostarias de ter contigo?
– Ninguém. Eu não tenho medo. A mãe do Alfeu, que sempre costuma vir estar comigo, me fará um
pouco de companhia de dia. De noite prefiro ficar sozinha. Nada me pode acontecer de mal.
– Além disso, eu agora estarei lá. Quando devo vir te buscar?
– Quando quiseres, José.
– Então virei, logo que a casa esteja em ordem. Não vou tocar em nada. Quero que encontres tudo
como tua mãe a deixou. Mas quero que ela esteja cheia de sol e bem limpa, para receber-te sem
tristeza. Vem, Maria. Vamos dizer ao Altíssimo que o bendizemos.
Não vejo mais nada. Mas fica em meu coração o sentido da segurança que Maria está
experimentando.

Agora entra um grupo de jovens levitas, colocando-se entre a porta e uma
longa e estreita mesa, que fica perto da parede. A porta, ao meio da mesa, fica aberta.
Somente uma das cortinas desce até vinte centímetros do solo, cobrindo o vão da porta.
A curiosidade aumenta. E, ainda mais, quando uma mão afasta a cortina para dar passagem a um
levita, que traz nos braços um feixe de ramo secos, sobre o qual foi colocado um ramo florido, com
todo o cuidado. Em uma fina camada, as pétalas brancas das flores mal se recordam de sua primeira
cor rosada, que ainda se pode ver no centro, tornando-se, porém, mais clara, à medida que se
aproxima das extremidades das delicadas pétalas. O levita coloca o feixe de ramos sobre a mesa,
com muito cuidado, para não estragar o milagre daquele ramo florido, que está em meio a tantos
ramos secos.

Um murmúrio passa pelo salão. Os pescoços se espicham, os olhares se tornam mais atentos. Até
Zacarias, com os sacerdotes que estão perto da porta, está querendo ver. Mas não consegue.
José, no seu canto, dá apenas uma olhadela no feixe de ramos, e quando um interlocutor lhe diz
algo, faz um gesto de negação, como se estivesse dizendo:

– Impossível! e sorri.
Ouve-se um toque de trombeta, do outro lado da cortina. Todos se calam, e se
colocam em ordem, com o rosto virado para a saída, que agora está completamente aberta,
com a cortina deslizada pelas argolas. Entra o Sumo Pontífice, rodeado por outros anciãos.
Todos se inclinam profundamente. O Pontífice vai até à sua mesa, falando assim:
– Homens da estirpe de Davi, que aqui vos reunistes, em obediência a uma ordem minha, escutai. O
Senhor falou, louvores sejam dados a Ele! De sua Glória desceu um raio e, como um sol de
primavera, deu vida a um ramo seco, que floresceu milagrosamente, enquanto nenhum outro ramo
da terra hoje está florido, no último dia das Encênias, quando ainda não se derreteu a neve que caiu
sobre as montanhas de Judá, sendo a única candura que existe entre Sião e Betânia. Deus falou,

fazendo-se Pai e tutor da virgem de Davi, que não tem nenhum outro senão Ele para a sua tutela.
Santa menina, glória do Templo e da estirpe, mereceu a palavra de Deus para ficar conhecendo o
nome do esposo que agradou ao Eterno. Ele deve ser muito justo, para ser o eleito do Senhor como
guarda da virgem a Ele tão querida! Por isso, a nossa dor de perdê-la se atenua, e cessa toda a nossa
preocupação quanto ao seu destino de esposa. E ao que foi indicado por Deus confiamos com toda a segurança a virgem sobre a qual está a bênção de Deus e nossa. O nome do esposo é José de Jacó, de Belém, da tribo de Davi, carpinteiro
em Nazaré da Galiléia. José, vem para a frente! O Sumo Pontífice te ordena.
Grande murmúrio. Cabeças que se viram, olhos e mãos que acenam, explosões de
desilusão e expressões de alívio. Alguém, especialmente entre os velhos, deve ter ficado
alegre por não ter tido esta sorte.

José, muito vermelho e embaraçado, vai para a frente. Está agora diante da mesa, em frente ao
Pontífice, que saúda com reverência.
– Vinde todos e olhai o nome escrito sobre o ramo. Apanhe cada um o seu próprio ramo, para que se
prove que não houve fraude.

Os homens obedecem. Olham para o ramo que está delicadamente seguro pelo Sumo Sacerdote,
apanha cada um o seu próprio ramo, e uns o despedaçam, outros o conservam. Todos observam
José, há quem olhe e se cale e outros que se felicitam. O velhinho, com quem José conversava
antes, diz:

– Eu não te havia dito, José? Quem menos se sente seguro, é o que vence a partida! Agora todos já
passaram.
O Sumo Sacerdote entrega a José o ramo florido, e depois põe-lhe a mão sobre o ombro, dizendo:
– A esposa que Deus te dá não é rica, tu bem o sabes. Mas possui todas as virtudes. Procura ser
sempre mais digno dela. Não há em Israel outra flor de tão rara beleza e pureza. Agora, saí, todos
vós ficando apenas José. Tu, Zacarias, como seu parente, conduz a esposa até aqui.
Todos saem, menos o Sumo Sacerdote e José. A cortina torna a ser baixada sobre a saída.
José, todo humilde, está junto ao majestoso Sacerdote. Há um momento de silêncio, e depois o
Sacerdote lhe diz:
– Maria precisa dizer-te um voto seu. Procuras ajudar a timidez dela. Sejas bom para com ela.
– Porei a minha virilidade a seu serviço e nenhum sacrifício, por ela, me será pesado. Fica certo
disso.
Maria entra com Zacarias e Ana de Fanuel.

– Vem, Maria. – diz o Pontífice – Eis o esposo que Deus te destinou. É José de Nazaré. Voltarás,
pois, para a tua cidade. Agora eu vos deixo. Deus vos dê a Sua bênção. O Senhor vos guarde e
abençoe, mostrando-vos a sua face e tendo sempre piedade de vós. Que Ele volte para vós o seu
rosto e vos dé a paz.

Zacarias sai, acompanhando o Pontífice. Ana se congratula com o esposo e depois
também sai.
Os dois noivos ficam um em frente ao outro. Maria, com o rosto vermelho, está de
cabeça inclinada. José também ruborizado, a observa, procurando as primeiras palavras para dizer.
Finalmente um sorriso ilumina-lhe o rosto. Ele diz:

– Eu te saúdo, Maria. Eu te vi menina de poucos dias… Era amigo de teu pai, e tenho um
sobrinho, filho do meu irmão Alfeu, que era muito amigo de tua mãe. Seu pequeno amigo,
que hoje não tem mais do que dezoito anos, quando ainda não tinhas ainda nascido era como
um homenzinho e alegrava as horas tristes de tua mãe, que o amava muito. Tu não o
conheces, porque vieste para aqui ainda pequena. Mas em Nazaré todos te querem bem,
pensam na pequena Maria e falam nela, na pequena Maria do Joaquim, cujo nascimento foi
um milagre do Senhor, que fez com que uma estéril florescesse… Eu me lembro daquela
tarde em que nasceste…

Todos nos lembramos dela pelo prodígio acontecido de uma grande
chuva que veio salvar os campos, e de um violento temporal no qual os raios não
destroçaram nem mesmo um caule de erva selvagem, e que terminou com um arco-íris tão
surpreendente, que ninguém jamais viu outro maior, nem mais bonito. E depois… quem não
se lembra da alegria do Joaquim? Ele te levava por toda parte, mostrando-te aos vizinhos…
Como se fosses uma flor vinda do Céu, ele te admirava, e queria que todos te admirassem. O
velho pai era feliz e morreu falando de sua Maria, tão bela, tão boa, e de suas palavras tão
cheias de graça e sabedoria… Ele tinha razão de te admirar e de dizer que não existe outra
mais bela do que tu! E tua mãe? Ela enchia com o seu canto o lugar onde era a tua casa, e
parecia uma cotovia na primavera, quando te levava em suas entranhas e, mais tarde, quando
te amamentava. Fui eu que fiz o teu berço. Um bercinho todo entalhado com rosas, porque
assim o quis tua mãe. Talvez ele ainda esteja na casa que está fechada…

Eu estou velho,
Maria. Quando nasceste, eu estava fazendo os meus primeiros trabalhos. Já fazia alguma
coisa… Quem me teria dito que eu haveria de ter-te como esposa? Talvez os teus tivessem
morrido mais alegres, pois eles eram meus amigos. Eu sepultei o teu pai, chorando, com um
coração sincero, porque ele foi para mim um bom mestre na vida.
Maria vai erguendo devagarinho seu rosto, reanimando-se sempre mais, ouvindo que José lhe fala
assim e, quando ele se refere ao berço, ela sorri levemente, e quando José lhe fala do pai, ela lhe estende uma mão e diz:

– Obrigada, José. – Um agradecimento tímido e suave.
José toma a mãozinha de jasmim, entre as suas mãos curtas e fortes de carpinteiro e a
acaricia com um afeto que quer encorajar sempre mais. Talvez espere por outras palavras.
Mas Maria se cala de novo. Então, é ele que retoma a palavra:

– A casa, como sabes, está intocada, menos naquela parte que foi demolida por ordem do Cônsul,
transfomando um atalho numa estrada, para as carruagens de Roma. Mas o campo está um pouco
descuidado, aquela parte que ficou para ti, porque, tu sabes, a doença do pai fez que se gastasse
muito do que era teu. Já são mais de três primaveras que as árvores e as videiras não vêem a tesoura
do hortelão. A terra está inculta e dura. Mas as árvores, que te viram pequenina, estão lá ainda e, se
tu me permites, eu vou cuidar logo delas.

– Obrigada José. Mas tu já estás trabalhando…

– Trabalharei no teu pomar nas primeiras e nas últimas horas do dia. Agora os dias estão alongando-
se cada vez mais. Na primavera, quero que tudo esteja em ordem, para tua alegria. Olha, este é um
ramo da amendoeira que está à frente da casa. Eu quis apanhar este… Há entradas por toda parte na
sebe arruinada, mas agora eu a consertarei e a farei ficar mais forte e sólida. Eu quis apanhar este
ramo, pensando que se fosse o escolhido… (não o esperava, porque sou nazireu e só obedeci por
ser ordem do Sacerdote, não por desejar as núpcias) Como eu ia dizendo, pensei que terias tido
prazer em ter uma flor do teu jardim. Ei-la aqui, Maria. Com ela te dou o meu coração que, como
esta flor, floresceu até agora para o Senhor, florescendo agora para ti, minha esposa.

Maria pega o ramo. Está comovida, e olha para José com um rosto sempre mais tranqüilo e
radiante. Sente-se segura com ele. Por isso, quando ele lhe disse: “Eu sou nazireu”, o rosto de Maria
se iluminou, e ela se encheu de coragem.

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