Livro do Céu Volume 5 português traduzido do Espanhol

Os Três Fiat
Livro do Céu Volume 5 português traduzido do Espanhol
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O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS

LIVRO DO CÉU

A chamada às criaturas à ordem, ao seu posto e à finalidade para a qual  foram criadas por Deus. 

Este livro foi traduzido pelo site www.divinavontadenobrasil.com para  distribuição gratuita 

Volume 05

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NIHIL OBSTAT

Beato Annibale M. Di Francia.

12 Outubro de 1926

 IMPRIMATUR  Exmo. Sr. Giuseppe M. Leo,  Arcebispo da Diocese de Trani – Barletta – Bisceglie  Italia  16 Outubro 1926

Imprima-se

Arcebispado de Guadalajara Jal.,

23 de novembro de 2010

Mons. J. Gpe Ramiro Valdés Sánchez

Vigario Geral

2

Queremos consagrar este livro e os frutos que possam resultar de sua leitura, 

à nossa Mãe Santíssima, 

a Rainha do reino da Divina Vontade

 

 

 

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1 Volume 05 I. M. I.

5-1

(1) Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

(2) Senhor, vem em minha ajuda, ata esta minha vontade rebelde que quer sempre resistir contra  a santa obediência, e me põe em tal estreiteza, que enquanto às vezes parece morta, então mais  do que nunca, como serpente a sinto viva e me corrói por dentro, por isso me canta com novas  cordas, é mais, enche-me de tua santa e adorável Vontade até transbordar fora, de maneira que  minha vontade fique consumida na tua, e então poderei ter a felicidade de não lutar mais contra a  santa obediência. E tu, ó santa obediência, perdoa-me se te faço sempre a guerra e dá-me a força  para poder seguir-te em tudo pacificamente, ainda que às vezes pareça que eu tenho toda a razão.  Como lutar contra Vós, como neste escrever por conta do confessor! mas bom, façamos silêncio,  não façamos mais atrasos e comecemos a escrever.

(3) Como meu passado confessor se encontrava muito ocupado, muito mais que no curso dos anos  em que ele me dirigia, quando não podia ele vir vinha o confessor presente, mas eu não tinha  pensado jamais que deveria me encontrar nas mãos deste, sobre tudo que eu estava contente com  aquele e nele tinha toda minha confiança. Cerca de um ano e meio antes de o presente fosse meu  confessor, estando em meu habitual estado, o bendito Jesus me disse não estar contente com que  meu passado confessor não se ocupasse mais de meu interior, e do modo como ele concorria com  Nosso Senhor sobre meu estado, dizendo-me que:

(4) “Quando coloco nas mãos do confessor almas vítimas, o trabalho de seu interior deve ser  contínuo, por isso diga-lhe: Ou me corresponde, ou te coloco nas mãos de qualquer outro”.  (5) E eu: “Senhor, que dizes, quem será tão paciente que deverá tomar esta cruz de vir cada dia a  sacrificar-se como este confessor?”

(6) E Jesus: “Dar-lhe-ei luz, nomeando o presente confessor, e virá”.

(7) E eu: “Quão impossível é que ele tome esta cruz”.

(8) E Jesus: “Sim, virá, e além disso, quando não me ouvir a Mim mandarei a minha Mãe, e ele que  a ama, não lhe negará este favor Porque, certamente, nada é negado a quem verdadeiramente se  ama. No entanto, eu quero ver um pouco mais o que este faz, e dizer-lhe tudo o que eu disse”.  (9) Quando o confessor veio lhe contarei tudo, mas pobrezinho, uma nova ocupação tomada por  ele impossibilitava-o a ocupar-se de meu interior, via-se que não era sua vontade, senão a  impotência por isso não podia ocupar-se de mim. Quando o dizia se empenhava mais, mas logo  voltava a não cuidar de mim, como antes. Jesus bendito se lamentava dele, e eu voltava a dizer ao  confessor. Um dia ele mesmo me mandou ao pai presente, e eu também com ele abri minha alma

 

1 Este livro foi traduzido do espanhol

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dizendo-lhe tudo o que tenho dito, ele aceitou vir e eu fiquei maravilhada de que tinha dito que sim,  e dizia entre mim: “Tinha razão Jesus”. Mas logo cessou a maravilha, não sei dizer como, durou  apenas quanto dura uma sombra que rápido foge, veio apenas dois ou três dias e não se viu mais,  também como sombra fugiu e eu continuava estando nas mãos do confessor passado, adorando  as disposições de Deus, eu estava contente com ele, que tantos sacrifícios tinha feito por minha  causa. Depois de ter passado cerca de outro ano, e eu sentindo uma necessidade de consciência,  disse-o ao confessor passado e disse-me: “Mando-te Dom Genaro”. Quer dizer ao padre presente,  investindo-se de minha necessidade.

(10) Pensativa sobre uma tempestade ocorrida entre eles, Jesus repetiu: “Não mova as coisas, tudo o que tenho disposto Eu e tudo o que foi feito, foi bem feito”.

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5-2

Março 19, 1903

O verdadeiro amor é aquele que sofre por Deus, quer sofrer mais. 

(1) Esta manhã via o confessor todo humilhado, e junto com o bendito Jesus e São José, o qual lhe  disse: “Põe-te na obra e o Senhor está pronto a dar-te a graça que queres”.  (2) Depois disto, vendo meu amado Jesus sofredor como no curso da Paixão lhe tenho disse:  “Senhor, não sentiu cansaço ao sofrer tantas penas diferentes?”

(3) E Ele: “Não, antes um sofrimento acendia mais o coração para sofrer outro, estes são os modos  do sofrer divino; não só, mas no sofrer e no agir não olha outra coisa que o fruto que dele recebe.  Eu, em minhas chagas e em meu sangue, via as nações salvas, o bem que recebiam as criaturas,  e meu coração, antes de sentir fadigas, sentia alegria e ardente desejo de sofrer mais. Então, este  é o sinal se o que se sofre é participação de minhas penas: se une sofrer e alegria de sofrer mais,  e se em seu agir obra por Mim, se não olhar para o que faz, senão para a glória que dá a Deus e  ao fruto que disto recebe.

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5-3

Março 20, 1903

Jesus e São José consolam o pai nas suas dificuldades.

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, via o pai com dificuldades a respeito da graça que quer, e  Jesus bendito outra vez com São José lhe diziam:

(2) “Se te puseres a obra, todas as tuas dificuldades desaparecerão, e cairão como escamas de  peixe.

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5-4

Março 23, 1903

Se o amor é santo forma a vida da santificação, se é perverso a vida da condenação. (1) Encontrando-me em meu habitual estado, depois de ter esperado muito, vi por pouco tempo a  meu adorável Jesus entre meus braços e uma luz que saía de sua testa, e nesta luz estavam  escritas as seguintes palavras: “O amor é tudo para Deus e para o homem, se cessa o amor  cessaria a vida, porém há duas espécies de amor, um espiritual e divino, e o outro corporal e  desordenado, e entre estes amores há grande diferença entre eles pela intensidade, multiplicidade,  diversidade, pode-se quase dizer que é a diferença que há entre o pensar da mente e do agir das  mãos; a mente em brevíssimo tempo pode pensar em centenas de coisas, onde as mãos apenas  podem fazer uma só obra. Deus Criador, se cria às criaturas, é o amor que faz que as crie; se tem  em contínua atitude seus atributos para com as criaturas, é o amor que a isto o empurra, e seus  mesmos atributos do amor recebem a vida. O mesmo amor desordenado, como às riquezas, aos  prazeres e a tantas outras coisas, não são estas as que formam a vida do homem, mas se sente  amor a estas coisas, não só formam a vida, mas chega a fazer delas um ídolo próprio. Assim, se o  amor é santo forma a vida da santificação, se é perverso forma a vida da condenação. + + + +

5-5

Março 24, 1903

Enquanto se é nada, pode-se ser tudo estando com Jesus. 

(1) Esta manhã, depois de ter passado dias amargos, o bendito Jesus veio e se divertia  familiarmente comigo; tanto que eu acreditava que devia possuí-lo sempre; mas quando estava no  melhor, como um relâmpago desapareceu; quem pode dizer minha pena? Sentia-me a  enlouquecer, muito mais que estava quase segura que não o perderia mais. Agora, enquanto me  consumia em penas, como um relâmpago voltou, e com uma voz sonora e séria me disse:

(2) “Quem és tu que pretendes ter-me sempre contigo?”

(3) E eu, louca como estava, toda atrevida respondi: “Estando Contigo sou tudo, sinto que não sou  outra coisa que uma vontade saída do seio do meu Criador, e esta vontade até que esteja unida  Contigo, sente a vida, a existência, a paz, todo o seu bem. Sem Ti a sinto sem vida, destruída,  dispersa, inquieta, posso dizer que provo todos os males, e para ter vida e não me dispersar, esta  vontade saída de Ti busca teu seio, teu centro, e aí quer permanecer para sempre”. Parecia que  Jesus se enternecia tudo, mas de novo repetiu:

(4) “Mas quem és tu?

(5) E eu: “Senhor, não sou outra coisa senão uma gota de água, e esta gota de água, enquanto se  encontra no teu mar, lhe parece ser todo o mar; e se do mar não sair se mantém limpa e clara, de

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modo a poder estar diante das outras águas; mas se sair do mar se enlameará, e pela sua  pequenez se desvanecerá”. Todo comovido se inclinou para mim dando-me um abraço e me disse:  (6) “Minha filha, quem quer estar sempre em minha Vontade conserva nela a mim mesma Pessoa,  e se bem pode sair de minha Vontade, havendo-a criado livre de vontade, minha potência obra um  prodígio fornecendo-lhe continuamente a participação da Vida Divina, e por esta participação que  recebe sente tal força e atração de união com a Vontade Divina, que embora o quisesse fazer não  o pode fazer, e esta é a contínua virtude da que te falei no outro dia, que sai de Mim para quem faz  sempre minha Vontade.

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5-6

Abril 7, 1903

Temores por seu estado.

(1) Depois de ter passado dias amargos pelas contínuas privações de meu adorável Jesus, esta  manhã me sentia ao cúmulo da aflição, cansada e sem forças, estava pensando que  verdadeiramente não me queria mais neste estado, e quase me decidia a sair dele. Enquanto fazia  isso, meu amável Jesus se moveu em meu interior e se fazia ouvir que rezava por mim, e só  compreendia que implorava a potência, a força e a providência do Pai para mim, acrescentando:  (2) “Não vê, ! oh” Pai, como você tem maior necessidade de ajuda, porque depois de tantas graças  você quer se tornar pecadora saindo de nossa Vontade?”

(3) Quem pode dizer como me sentia destroçar o coração ao ouvir estas palavras de Jesus. Depois  saiu de dentro de mim, e eu depois de me ter assegurado que fora o bendito Jesus disse: “Senhor,  é Tua vontade que continue neste estado de vítima?

Porque eu não me sinto na mesma posição que no princípio, me vejo como se não fosse  necessária a vinda do sacerdote, e pelo menos pouparei o sacrifício ao confessor.  (4) E Ele: “Por agora não é minha Vontade que tu saias; a respeito do sacrifício do sacerdote,  restituirei centuplicada a caridade que faz”.

(5) Depois, todos os aflitos acrescentaram: “Minha filha, os socialistas planejaram entre eles  golpear a Igreja, e isto fizeram-no na França publicamente, e na Itália mais oculto; e minha justiça  vai encontrando vazios para lançar mão dos castigos”.

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5-7

Abril 10, 1903

Como os homens não se rendem, Jesus fará ressoar  

a trombeta de novos e graves flagelos.

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, via nosso Senhor com uma vara na mão que tocava as

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nações, e elas, sendo tocadas, se dispersavam e se revelavam, e o Senhor lhes disse:  (2) “Toquei-vos para vos reunirdes em Mim, e em vez de vos reunirdes revel e dispersais de Mim,  por isso é necessário que Eu soe a trombeta”.

(3) E enquanto dizia isto pôs-se a tocar a trombeta. E eu compreendia que o Senhor mandará  algum castigo, e os homens em vez de humilhar-se tomarão ocasião para ofendê-lo e afastar-se, e  o Senhor ao ver isto fará ressoar a trombeta de outros graves flagelos.

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5-8

Abril 21, 1903

Jesus suspende Luisa de seu habitual estado para poder castigar. 

(1) Tendo passado dias amargos de privações e lágrimas, com o acréscimo de me ver na  possibilidade de que o Senhor me suspendesse do estado de vítima, como de fato me aconteceu,  que porque me esforçava não podia perder os sentidos, Mas fiquei surpreendida por muitas dores  internas que me inquietavam, sem que o pudesse compreender. Apenas um sonho na noite, no  qual me parecia ver um anjo que me levava dentro de um jardim, no qual estavam todas as plantas  enegrecidas, mas eu não fiz só pensava em como Jesus me tinha expulsado de Si. Então, ao fim  da tarde, o confessor chegou, e encontrando-me em mim mesma, disse-me que as vinhas tinham  congelado. Fiquei aflita ao pensar nas pobres pessoas, e no temor de que não me fizesse cair em  meu estado acostumado para poder livremente castigar. Mas esta manhã o Bendito Jesus veio-me  fazendo cair no meu estado habitual, e eu mal o vi lhe disse:

(2) “Ah! Senhor, e ontem que fizeste? Então você saiu com a sua, e além disso, nem sequer me  disse nada, que pelo menos teria implorado para evitar em parte o castigo”.  (3) E Ele: “Minha filha, era necessário que te suspendesse, de outra maneira tu me terias impedido,  e Eu não poderia estar livre; e além disso, quantas vezes não fiz Eu o que tu quiseste? Ah! minha  filha, é necessário que no mundo chovam os flagelos, de outra maneira por cuidar dos corpos se  perderão as almas”.

(4) Dito isto desapareceu e eu me encontrei fora de mim mesma, sem meu doce Jesus, por isso ia  buscando-o, e nesse momento via no céu um Sol diferente do sol que nós vemos, e junto uma  multidão de santos, os quais ao ver o estado do mundo, a corrupção, e como se fazem zombaria de Deus, todos a uma voz gritavam: “Vingança de tua honra, de tua glória, faz uso da justiça  enquanto o homem não quer reconhecer mais os direitos de seu Criador; mas como falavam em  latim, eu pensava que fosse este o significado; ao ouvir isto eu tremia, me sentia gelar e implorava  piedade e misericórdia.

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5-9

Maio 8, 1903

Quando o homem se dispõe ao bem, recebe o bem; e se se dispõe ao mal, o mal recebe.  (1) Continuando o meu amargo estado de privações, em que, no máximo, Jesus se deixava ver  taciturno e por breves instantes. Esta manhã, empenhando-se o confessor em fazê-lo vir, perdendo  os sentidos, por pouco e quase pela força se fazia ver e voltando-se para o confessor, disse-lhe  com aspecto sério e aflito:

(2) “Que queres?”

(3) O pai parecia confuso e não sabia dizer nada, então eu disse: “Senhor, talvez seja o fato da  missa que ele quer”.

(4) E o Senhor acrescentou: “Prepara-te e a terás, e além disso tu tens a vítima, quanto mais  próximo estiveres com o pensamento e com a intenção, tanto mais te sentirás forte e livre para  poder fazer o que queres”.

(5) Depois disse: “Senhor, por que não vens?” E Ele continuou:

(6) “Queres ouvir? Escuta”.

(7) E naquele momento, ouviam-se tantos gritos de vozes de todas as partes do mundo que diziam:  “Morte ao Papa, destruição de religião, igrejas lançadas por terra, destruição de todo domínio, nada deve existir sobre nós” e tantas outras vozes satânicas que me parece inútil dizê-las. Então nosso  Senhor acrescentou:

(8) “Minha filha, o homem, quando se dispõe ao bem, recebe o bem, e se se dispõe ao mal, o mal  recebe. Todas estas vozes que escutas chegam ao meu trono, e não uma vez senão repetidas  vezes, e minha justiça quando vê que o homem não só quer o mal, mas com dupla insistência o  demanda, com justiça sou obrigado a concedê-lo para lhe fazer conhecer o mal que quer, porque  só então se conhece verdadeiramente o mal, quando no mesmo mal se encontra. Eis a causa pela  qual minha justiça vai buscando vazios para punir o homem, mas ainda não chegou o tempo de  sua suspensão, ao mais algum dia por agora, para fazer que a justiça ponha sua mão um pouco  sobre o homem, não podendo mais resistir ao peso de tanta atrocidade, e ao mesmo tempo fazer  abaixar a testa do homem muito ensoberbecida”.

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5-10

Maio 11, 1903

A paz põe no seu lugar as paixões. A reta intenção tudo santifica.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, quando eu mal vi meu adorável Jesus me disse:  (2) “A paz põe em seu lugar todas as paixões, mas o que triunfa sobre tudo, que estabelece todo o  bem na alma e que tudo santifica, é fazer tudo por Deus, isto é, agir com reta intenção de agradar  só a Deus. O reto agir é o que dirige, o que domina, que retifica as mesmas virtudes, até a mesma

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obediência; em suma, é como um mestre que dirige a música espiritual da alma”.  (3) Dito isto, como um relâmpago desapareceu.

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5-11

Maio 20, 1903

Oferece a sua vida pela Igreja e pelo triunfo da verdade.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, com o bendito  Jesus nos braços de muita gente, as quais com ferros, espadas, facas, tentavam, quem espancar,  quem ferir, e quem cortar os membros de nosso Senhor; Mas por quanto faziam e se esforçavam  não podiam fazer nenhum mal, pelo contrário, as mesmas facas, por quanto afiadas e cortantes,  perdiam sua atividade e se tornavam inúteis. Jesus e eu estávamos extremamente aflitos ao ver a  brutalidade daqueles corações desumanizados, que se bem viam que não podiam fazer nada, ao  mesmo tempo repetiam os golpes tratando de ter sucesso em sua tentativa; e que se nenhum dano  faziam era porque não podiam. Aqueles se enfureciam porque suas armas eram inúteis, e não  podiam efetuar sua decidida vontade de fazer mal a Nosso Senhor, e diziam entre eles: “E por que  não podemos fazer nada? Qual é a causa? Parece que outras vezes havíamos podido alguma  coisa, mas encontrando-se nos braços desta não podemos fazer nada; provemos para ver se  podemos fazer mal a esta e tirá-la de frente”. Enquanto isso diziam, Jesus pôs-se ao meu lado e  deu liberdade àqueles de fazerem o que quisessem. Então, antes que aqueles me pusessem a  mão em cima disse: “Senhor, ofereço minha vida pela Igreja e pelo triunfo da verdade, aceita te peço, o meu sacrifício”.

(2) E aqueles pegaram numa espada e cortaram-me a cabeça. Jesus bendito aceitava meu  sacrifício, mas enquanto isso faziam, no ato de cumprir o sacrifício me encontrei em mim mesma  com sumo desgosto meu, enquanto acreditava ter chegado ao ponto de meus desejos, pelo  contrário fiquei desiludida.

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5-12

Junho 6, 1903

Jesus ensina-lhe como se comportar no estado de abandono e de sofrimento. (1) Depois de ter passado dias amargos de privações e sofrimentos, esta manhã encontrei-me fora  de mim mesma com o menino Jesus nos braços, e eu mal o vi disse: “Ah querido Jesus, como me  deixaste sozinha, pelo menos ensina-me como devo comportar-me neste estado de abandono e de  sofrimento!”.

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(2) E Ele: “Minha filha, tudo o que tu sofres nos braços, nas pernas e no coração, oferece-o  juntamente com os sofrimentos dos meus membros recitando cinco glória ao Pai, e oferece-o à  divina justiça pela satisfação das obras, dos passos, e dos maus desejos dos corações, que  continuamente são cometidos pelas criaturas; une ainda os sofrimentos dos espinhos e dos  ombros recitando três glória ao Pai e ofereça-os para satisfação das três potências do homem, tão  deformadas, de não reconhecer mais minha imagem neles, e tenta manter tua vontade sempre  unida a Mim, e em contínua atitude de me amar; tua memória seja o sino que continuamente  ressoa em ti e te recordes o que fiz e sofri por ti, e quantas graças fiz à tua alma, para me  agradecer, porque a gratidão é a chave que abre os tesouros divinos; a tua inteligência não pense,  não se preocupe com outra coisa senão em Deus. Se você fizer isto eu encontrarei em você minha  imagem e nela tomarei a satisfação que não posso receber das outras criaturas; isto você o fará  continuamente, porque se contínua é a ofensa, contínua deve ser a satisfação”.

(3) Então eu continuei: “Ah! Senhor, como me fiz má, até gulosa me tenho feito.  (4) E Ele: “Minha filha, não temas, quando uma alma faz tudo por Mim, tudo o que toma, até os  mesmos consolos, Eu o recebo como se restaurasse meu corpo sofredor, e aqueles que lhe são  dados os considero como se os dessem a Mim mesmo, tanto que se não os dessem Eu sentiria  pena por isso; mas para tirar toda dúvida, cada vez que te derem algum alívio e sentir a  necessidade de tomá-lo, não só o farás por Mim, senão que acrescentarás: “Senhor, tento  reconfortar teu corpo sofredor no meu”.

(5) Enquanto dizia isto, pouco a pouco retirou-se dentro de mim, e eu não o via mais e não podia  falar mais. Sentia tanta pena, que pela dor me teria feito em pedaços para poder encontrá-lo de  novo, então me pus a rasgar na parte do interior porque se tinha fechado, e assim o encontrei e  com suma dor disse: “Ah! Senhor, você me deixa? Não és talvez Tu a minha vida, e sem Ti não só  a alma, mas também o corpo se destroça tudo e não resiste à força da dor da tua privação? Tanto,  que então, neste caso me parece que deva morrer, meu único consolo é a morte”. Mas enquanto  isso dizia Jesus me abençoou, e de novo se retirou em meu interior e desapareceu, e eu me  encontrei em mim mesma.

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5-13

Junho 15, 1903

Quem se serve dos sentidos para glorificar a Nosso Senhor,  

conserva em si a sua obra Criadora.  

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, meu adorável Jesus, não sei como, via-o dentro do  meu olho. Então eu me admirei e Ele me disse:

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(2) “Minha filha, quem se serve dos sentidos para me ofender deforma em si minha imagem, por  isso o pecado dá morte à alma, não porque verdadeiramente morra, mas porque dá a morte a tudo  o que é Divino. Se, pelo contrário, se serve dos sentidos para me glorificar, posso dizer: “Tu és o  meu olho, o meu ouvido, a minha boca, as minhas mãos e os meus pés”. E com isto conserva em  si a minha obra criadora, e se ao glorificar-me acrescenta o sofrer, o satisfazer, o reparar por  outros, conserva em si a minha obra redentora e, aperfeiçoando em si estas minhas obras,  ressurge a minha obra santificadora, santificando tudo e conservando-o na própria alma, porque de  tudo quanto fiz na obra criadora, redentora e santificadora, Transfundi na alma uma participação de  mim mesmo obrar, mas tudo está em si a alma corresponde a minha obra”.

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5-14

Junho 16, 1903

O que torna a alma mais amada, mais bela, mais amável e mais íntima com Deus, é a  perseverança no agir só para agradar a Ele.  

(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma, e via o menino Jesus  que tinha na mão uma taça cheia de amargura e uma vara, e Ele disse-me:  (2) “Olha minha filha que taça de amargura me dá a beber continuamente o mundo”.  (3) E eu: “Senhor, parti-me algo a mim, assim não sofrerás sozinho”.

(4) Então me deu a beber um pouquinho daquela amargura, e depois com a vara que tinha na mão  pôs-se a trespassar-me o coração, tanto que fazia um buraco de onde saía um rio daquela  amargura que tinha bebido, mas mudada em leite doce, e ia à boca do menino, que tudo se  adoçava e confortava, e depois me disse:

(5) “Minha filha, quando dou à alma o amargo, as tribulações, se a alma se uniformiza à minha  Vontade, se me agradece por isso, e disso me faz um presente oferecendo-o a Mim mesmo, para  ela é amargo, é sofrimento, e para Mim se muda em doçura e alívio, mas o que mais me alegra e  me dá prazer, é ver se a alma quando obra e padece está atenta a me agradar somente a Mim,  sem outro fim ou propósito de recompensa, porém o que faz mais querida à alma, mais bela, mais  amável, mais íntima no Ser Divino, é a perseverança neste modo de comportar-se, tornando-a  imutável junto com o imutável Deus; porque se hoje faz e amanhã não; se uma vez tem um fim, e  outra vez outro; hoje trata de agradar a Deus, amanhã às criaturas, é imagem de quem hoje é  rainha e amanhã é vilíssima serva, hoje se alimenta de deliciosos alimentos e amanhã de  porcarias”.

(6) Pouco depois desapareceu, mas logo voltou acrescentando:

(7) “O sol está para benefício de todos, mas nem todos gozam de seus benéficos efeitos. Assim o

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Sol Divino, a todos dá sua luz, mas quem goza seus benéficos efeitos? Quem tem abertos os olhos  à luz da verdade, todos os outros, apesar de que o Sol está exposto ficam na escuridão; mas  propriamente goza, recebe toda a plenitude deste Sol, que está tudo ocupado em me agradar”.

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5-15

Junho 30, 1903

Beleza interior da alma.

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, vi a Rainha Mãe, e prostrando-me aos seus pés, disse lhe: “Minha Mãe, em que terrível estreiteza me encontro privada do único bem meu e da minha  própria vida, sinto-me chegar aos extremos”.

(2) E enquanto dizia isto chorava, e a Virgem Santíssima abrindo-se uma parte do coração, como  se se abrisse uma custódia tomou o menino de dentro e me deu-o dizendo:  (3) “Minha filha, não chores, aqui está o teu bem, a tua vida, tu tudo, toma-o e tenha-o sempre  contigo, e Enquanto o tiveres contigo, tem o teu olhar fixo em teu interior sobre Ele, não te  preocupes se não te diz nada, ou se tu não sabes dizer nada, somente olha-o em teu interior,  porque com olhá-lo compreenderás tudo, farás tudo, e satisfarás por todos; esta é a beleza da  alma interior, que sem voz, sem instruções, como não há nada exterior que a atraia ou a inquiete,  senão que toda sua atração, todos seus bens estão fechados no interior, facilmente, com o simples  olhar a Jesus tudo entende e toda obra. Deste modo caminharás até o cume do Calvário, e uma  vez que tenhas chegado, não mais como menino o verás, senão Crucificado e tu ficará junto com  Ele crucificada”.

(4) Por isso parecia que com o menino nos braços e a Virgem Santíssima fazíamos o caminho do  Calvário; enquanto se caminhava alguma vez encontrava alguém que me queria tirar Jesus, e  chamava em ajuda à Rainha Mãe dizendo-lhe: “Minha mãe, ajuda-me, que querem tirar-me Jesus”.  E Ela me respondia: “Não temas, teu empenho seja ter o olhar interior fixo sobre Ele, e isto tem  tanta força, que todas as outras forças humanas e diabólicas ficarão debilitadas e derrotadas”.

(5) Agora, enquanto caminhava encontramos um templo no qual se celebrava a santa missa, no  momento de receber a comunhão eu voei com o menino nos braços ao altar para recebê-la, mas  qual não foi minha surpresa, que enquanto Jesus Cristo entrou dentro de mim, Desapareceu dos  meus braços, e pouco depois me encontrei em mim mesma.

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6-15

Julho 3, 1903

Quem se dá a Jesus em vida, Jesus dá-Se a Ela na morte e a isenta do purgatório.

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(1) Esta manhã, encontrando-me extremamente aflita pela perda do meu adorável Jesus, fez-se  ver dentro de mim, que enchia toda a minha pessoa, isto é, a minha cabeça, os meus braços e  assim por diante. E, vendo isto, disse-me, como querendo explicar-me o significado de como se  fazia ver:

(2) “Minha filha, por que te afliges sendo Eu o dono de ti? Quando uma alma chega a me fazer  dono de sua mente, dos braços, do coração e dos pés, o pecado não pode reinar, e se alguma  coisa involuntária entra nela, sendo Eu o dono, e a alma estando sob a influência de meu domínio,  está em contínua atitude de expiação e rapidamente sai. Além disso, sendo eu santo, é difícil reter  em si qualquer coisa que não seja santa; além disso, tendo-me dado a si mesma em vida, é justiça  que Eu te dê a todo o Eu mesmo na morte, admitindo-a sem qualquer demora à visão beatífica. A  quem tudo é dado a Mim, as chamas do purgatório nada têm a ver com ela”.

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5-17

Agosto 3, 1903

Quanto mais a alma se despoja das coisas naturais, tanto  

mais adquire as coisas sobrenaturais e divinas.

(1) Encontrando-me no meu habitual estado, assim que chegou o meu adorável Jesus fazia-me  ouvir a sua dulcíssima voz que dizia:

(2) “Quanto mais a alma se despoja das coisas naturais, tanto mais adquire as coisas  sobrenaturais e divinas; quanto mais se despoja do amor próprio, tanto mais conquista do amor de  Deus; quanto menos se fatiga em conhecer as ciências humanas, em gozar os prazeres da vida,  tanto de conhecimento de mais adquire das coisas do Céu, da virtude, e tanto mais as gostará  convertendo as amargas em doces. Em suma, todas são coisas que andam de mãos dadas, de  modo que se nada se sente de sobrenatural, se o amor de Deus está apagado na alma, se nada se  conhece das virtudes e das coisas do Céu, e nenhum gosto se sente por elas, a razão é bem  conhecida”.

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5-18

Outubro 2, 1903

Quem procura estar unido com Jesus, cresce na sua própria vida e dá o desenvolvimento ao  enxerto feito por Ele na Redenção, acrescentando outros ramos à árvore da sua  humanidade. 

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, toda amarga e afligida e quase aturdida pela  privação de meu adorável Jesus, não sabendo eu mesma onde me encontrasse, se no inferno ou  sobre a terra, como raio que foge apenas o vi que dizia:

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(2) “Quem se encontra no caminho das virtudes está em minha própria vida, e quem se encontra  no caminho do vício, se encontra em contradição Comigo”. E desapareceu.

(3) Logo depois, em outra aparição como relâmpago adicionado:

(4) “Minha Encarnação enxertou a humanidade à Divindade, e quem busca estar unido Comigo,  com a vontade, com as obras e com o coração, tratando de desenvolver sua vida a norma da  minha, pode-se dizer que cresce em minha mesma vida e dá o desenvolvimento ao enxerto feito  por Mim, adicionando outros ramos à árvore da minha humanidade. Se não se une Comigo, além  de que não cresce em Mim, não dá nenhum desenvolvimento ao enxerto, mas como quem não  está Comigo não pode ter vida, então com a perdição se perde este enxerto”.

(5) E novamente desapareceu. Depois disso, eu me encontrei fora de mim mesma dentro de um  jardim onde estavam vários arbustos de rosas, algumas belas, abertas em justa proporção, outras  semicerradas, e outras com todas as folhas caindo, que apenas se necessitava um ligeiro  movimento para fazê-las descascar, ficando somente o caule da rosa nu, e um jovem, não sabendo  quem fosse, me disse:

(6) “As primeiras rosas são as almas interiores, que trabalham em seu interior, são símbolo das  folhas da rosa que se contêm no interior, dando um contraste de beleza, de frescor e de solidez,  sem temer que alguma folha caia por terra; as folhas exteriores são símbolo do desabafo que faz a  alma interior ao exterior, porque tendo vida por dentro são obras perfumadas de caridade santa,  que quase como luzes golpeiam os olhos de Deus e do próximo. As segundas rosas são as almas  exteriores, que o pouco bem que fazem tudo é externo, e à vista de todos, por isso, não sendo um  desabafo do interior, não pode estar a única finalidade do amor de Deus, por isso, onde não há  isto, as folhas não podem estar fixas, é dizer as virtudes, pelo que chegando o leve sopro da  soberba, o sopro da complacência, do amor próprio, do respeito humano, das contradições, das  mortificações, fazem cair as folhas mal as tocam, assim que a pobre rosa fica sempre nua, sem  folhas, ficando-lhe somente espinhos que punem a consciência”.

(7) Depois disto encontrei-me em mim mesma.

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5-19

Outubro 3, 1903

Jesus continua a sua Vida no mundo não só no Santíssimo Sacramento, mas também nas almas que se encontram em graça.

(1) Enquanto eu estava pensando na hora da Paixão, quando Jesus se despediu de sua Mãe para  ir à morte e se abençoaram mutuamente, e estava oferecendo esta hora para reparar por aqueles  que não abençoam em cada coisa o Senhor, mas o ofendem, para impedir todas as bênçãos que  são necessárias para nos conservar na graça de Deus e para preencher o vazio da glória de Deus,

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como se todas as criaturas o abençoassem. Enquanto fazia isto, senti-o mover-se em meu interior,  e dizia:

(2) “Minha filha, no ato de abençoar a minha Mãe tentei abençoar também a cada uma das criaturas em particular e em geral, de modo que tudo está abençoado por Mim: Os pensamentos,  as palavras, os batimentos, os passos, os movimentos feitos por Mim, tudo, está avalizado com  minha bênção. Também te digo que todo o bem que fazem as criaturas, tudo foi feito por minha  Humanidade, para fazer que todo o obrar das criaturas fosse primeiro divinizado por Mim. Além  disso, a minha vida continua ainda real e verdadeira no mundo, não só no Santíssimo Sacramento,  mas também nas almas que se encontram na minha Graça, e sendo muito restrita a capacidade da  criatura, não podendo tomar de uma só tudo o que eu fiz, faço de maneira que uma alma continue  meus reparos, outra os louvores, alguma outra o agradecimento, alguma outra o zelo da saúde das  almas, outra meus sofrimentos e assim de tudo o mais, e segundo me correspondam assim  desenvolva minha vida nelas, assim que pense em que estreias e penas me põem, pois enquanto  Eu quero obrar neles, eles não me fazem caso”.

(3) Dito isto desapareceu, e eu encontrei-me em mim mesma.

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5-20

Outubro 7, 1903

As almas vítimas, são os anjos humanos que devem reparar, impedir e proteger a humanidade.

(1) Havendo dito ao confessor que me deixasse na Vontade de Nosso Senhor, tirando-me a  obediência de que sem importar se Ele me amava ou não, devia continuar neste estado de vítima,  e ele, primeiro que não queria, e depois que sim, se eu assumia a responsabilidade de responder a  Jesus Cristo do que podia acontecer no mundo, por isso, que pensasse primeiro e depois  respondesse, e querendo dizer que eu não queria opor-me ao Querer Divino, só que se o Senhor o  quiser eu quero, e se ele não quiser eu não quero; em que aproveita esta responsabilidade? E ele:  “Pensa primeiro e amanhã responderás”. Então, pensando dentro de mim, Jesus me disse:

(2) “A justiça o quer, o amor não”.

(3) Depois, encontrando-me no meu estado habitual, quando mal o vi me disse:  (4) “Os anjos, obtenham ou não obtenham, fazem sempre o seu ofício, não se retiram da obra  confiada por Deus, da guarda das almas, e embora vejam que quase a despeito de seu cuidado,  diligência, indústria, suas contínuas assistências, as almas se perdem, estão sempre lá, em seus  postos; nem se obtêm ou não obtêm dão maior ou menor glória de Deus, porque sua vontade é  sempre estável para cumprir o trabalho confiado a eles. As almas vítimas, são os anjos humanos  que devem reparar, impedir, proteger a humanidade, e se obtêm ou não obtêm, não devem cessar

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em seu trabalho; a menos que lhes seja assegurado do alto”.

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5-21

Outubro 12, 1903

Significado da coroação de espinhos.  

(1) Esta manhã, vi o meu adorável Jesus, coroado de espinhos, e, vendo-o naquele modo, disse lhe: “Doce Senhor meu, por que vossa cabeça invejou a vosso flagelado corpo que havia sofrido  tanto e tanta sangue tinha derramado, e não querendo a cabeça ficar atrás do corpo, honrado com  o adorno do sofrer, instigaste a si mesmo os inimigos a coroar-se com uma coroa de espinhos tão  dolorosa e tempestuosa?”.

(2) E Jesus: “Minha filha, muitos significados tem esta coroação de espinhos, e por quanto disse  fica sempre muito por dizer, porque é quase incompreensível à mente criada o por que minha  cabeça quis ser honrada com ter sua porção distinta e especial, não geral, de um sofrimento e  espalhamento de sangue, fazendo quase concorrência com o corpo, o por que foi que sendo a  cabeça que une todo o corpo e toda a alma, de modo que o corpo sem a cabeça é nada tanto que  se pode viver sem os outros membros, mas sem a cabeça é impossível, sendo a parte essencial de  todo o homem, assim é verdade, que se o corpo peca ou faz o bem, é a cabeça que dirige, não  sendo o corpo outra coisa que um instrumento, então, devendo minha cabeça restituir o regime e o  domínio, e merecer que nas mentes humanas entrassem novos céus de graças, novos mundos de  verdade, e destruir os novos infernos de pecados, pelos quais chegariam a tornar-se vis escravos  de vis paixões, e querendo coroar a toda a família humana de glória, de honra e de decoro, por  isso quis coroar e honrar em primeiro lugar a minha humanidade, embora com uma coroa de  espinhos dolorosíssima, símbolo da coroa imortal que restituía as criaturas, removida pelo pecado.  Além disso, a coroa de espinhos significa que não há glória e honra sem espinhos, que não pode  haver jamais domínio de paixões, aquisição de virtudes, sem sentir-se perfurar até dentro da carne  e do espírito, e que o verdadeiro reinar está no doar-se a si mesmo, com as picadas da  mortificação e do sacrifício; ademais estes espinhos significavam que verdadeiro e único Rei sou  Eu, e somente quem me constitui Rei do próprio coração, goza de paz e felicidade, e Eu a constitui  rainha de meu próprio reino. Além disso, todos aqueles rios de sangue que brotavam de minha  cabeça eram tantos riachos que ligavam a inteligência humana ao conhecimento de minha  supremacia sobre eles”.

(3) Mas quem pode dizer tudo o que ouço dentro de mim? Não tenho palavras para expressá-lo;  antes o pouco que disse me parece haver dito incoerente, e assim creio que deve ser ao falar das  coisas de Deus, por quanto alto e sublime um possa falar, sendo Ele incriado e nós criados, não se

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pode dizer de Deus mais que balbucios.

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5-22

Outubro 16, 1903

A Divina Vontade é luz, e quem a faz se nutre de luz.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado me sentia toda cheia de pecados e de amarguras,  então se fez como um flash de luz em meu interior, e apenas vi a meu adorável Jesus, porém ante  sua presença os pecados desapareceram, e eu temo tenho dito: “Meu Senhor, como é que diante  da tua presença, com a qual eu devo conhecer mais os meus pecados, acontece o contrário?

(2) E Ele: “Minha filha, minha presença é mar que não tem confins, e quem se encontra em minha  presença é como uma gotinha, que seja negra ou branca, em meu mar se perde, como você pode  reconhecer mais? Além disso, meu toque divino purga tudo, e o preto o faz branco, como você  teme então? Além disso minha Vontade é luz, e você, fazendo sempre minha Vontade te nutres de  luz, convertendo-se tuas mortificações, privações e sofrimentos em alimento de luz para a alma,  porque só o alimento substancioso e que dá verdadeira vida é minha Vontade. E você não sabe  que com este contínuo nutrir-se de luz, ainda quando a alma contrai qualquer defeito, a purga  continuamente?”.

(3) Dito isto, ele desapareceu.

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5-23

Outubro 18, 1903

O pecado é um ato oposto da vontade humana à Divina.  

O verdadeiro amor é viver na vontade do amado.  

(1) Continuando o meu habitual estado, por breves instantes vi o meu adorável Jesus, e disse-me:  (2) “Minha filha, sabes tu que coisa forma o pecado? Um ato oposto da vontade humana à Divina.  Imagine dois amigos que estão em contradição, se a coisa é leve você diz que não é perfeita e leal  sua amizade, embora fossem coisas pequenas; como amar-se e contradizer-se? O verdadeiro  amor é viver na vontade do outro, inclusive à custa de sacrifício; mas se a coisa é grave, não só  não são amigos, mas ferozes inimigos. Tal é o pecado. Opor-se ao Querer Divino é o mesmo que  fazer-se inimigo de Deus, ainda que seja em coisas pequenas, é sempre a criatura que se põe em  contradição com o Criador”.

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5-24

Outubro 24, 1903

Imagem da Igreja.  

(1) Havendo dito ao confessor meus temores de que não fosse Vontade de Deus meu estado, e  que ao menos como prova gostaria de tratar de esforçar-me em sair, e ver se o conseguia ou não.  E o confessor, sem pôr sua acostumada dificuldade disse: “Está bem, amanhã provará”.  (2) Então eu fiquei como se tivesse sido libertada de um peso enorme. Agora, tendo ouvido a Santa  Missa e recebido a comunhão, assim que vi o meu adorável Jesus dentro de mim que me olhava  fixamente, com as mãos juntas, em ato de pedir piedade e ajuda. E nesse momento me encontrei  fora de mim mesma, dentro de uma estadia onde estava uma mulher majestosa e venerável, mas  gravemente doente, dentro de um leito com a cabeceira tão alta que quase tocava o teto; e eu era  obrigada a estar acima desta cabeceira nos braços de um sacerdote para tê-la firme, e olhar a  pobre doente. Então eu, enquanto estava nesta posição, via uns poucos religiosos que rodeavam e  davam cuidados à paciente, e com profunda amargura diziam entre eles: “Está mal, está mal, não  se necessita outra coisa que uma pequena sacudida”. E eu pensava em ter firme a cabeceira do  leito por temor de que movendo-se o leito pudesse morrer. Mas vendo que a coisa ia para longo e  quase me aborrecendo do mesmo lazer, dizia a aquele que me tinha, por caridade, me abaixa, não  estou fazendo nenhum bem, nem dando nenhuma ajuda, em que aproveita o estar me assim inútil?  se abaixo ao menos posso servi-la, ajudá-la”.

(3) E aquele: “Não ouviu que mesmo com uma pequena sacudida pode piorar e acontecer-lhe  coisas tristíssimas? Assim, se você descer, não havendo quem mantenha firme o leito pode  inclusive morrer”.

(4) E eu: “Mas pode ser possível que fazendo só isto lhe possa vir este bem? Eu não acredito, por  piedade abaixa-me”. Então, depois de ter repetido várias vezes estas palavras, baixou-me ao chão,  e eu sozinha, sem que nenhum me detivesse me aproximei da doente, e com surpresa e dor via  que o leito se movia. A esses movimentos punha-se o rosto lívido, tremia, aparecia o estertor da  agonia. Aqueles poucos religiosos choravam e diziam: “Não há mais tempo, já está nos momentos  extremos”. Depois entravam pessoas inimigas, soldados, capitães para bater na doente, e aquela  mulher moribunda levantou-se com intrepidez e majestade para ser ferida e golpeada. Ao ver isto  tremia como uma cana e dizia entre mim: “Eu fui a causa, eu dei o empurrão para que acontecesse  tanto mal”. E compreendia que aquela mulher representava a Igreja doente nos seus membros,  com tantos outros significados que me parece inútil explicar, porque se compreende lendo o que  escrevi. Então eu encontrei em mim mesma e Jesus em meu interior disse:

(5) “Se te suspender para sempre, os inimigos começarão a fazer derramar sangue à minha Igreja”.  (6) E eu: “Senhor, não é que não queira estar, o Céu me guarde que eu me afaste de sua Vontade  mesmo por um abrir e fechar de olhos, só que se quiser estarei, se não quiser me tirarei”.

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7) E Ele: “Minha filha, mal o confessor te libertou, isto é, quando te disse: “Está bem, amanhã  tentamos”. O nó de vítima soltou-se, porque só o adorno da obediência é o que constitui a vítima, e  jamais a aceitaria por tal sem este adorno, ainda que a custo, se fosse necessário, de fazer um  milagre de minha onipotência para dar luz a quem dirige, para fazer dar esta obediência. Eu sofri,  sofri voluntariamente, mas quem me constituiu vítima foi a obediência a meu amado Pai, que quis  adornar todas minhas obras, desde a maior até a menor com o adorno honorífico da obediência”.  (8) Mais tarde, encontrando-me em mim mesma, sentia temor de tratar de sair, mas depois me  arranjava dizendo: “Devia pensar quem me deu a obediência, e além disso, se o Senhor o quiser,  eu estou disposta”.

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5-25

Outubro 25, 1903

A alma em Graça apaixona a Deus. 

(1) Chegando a hora de meu habitual estado, pensava entre mim, que se o Senhor não viesse,  deveria tentar me esforçar ao menos para ver se o conseguia. Então primeiro resultava, mas  depois veio meu adorável Jesus e me fazia ver que quando eu pensava em estar me, Ele se  aproximava e me acorrentava a Si, de modo que eu não podia; mas quando pensava em me tirar,  Ele se afastava e me deixava livre; de modo que podia fazê-lo, assim não me sabia decidir e dizia  entre mim: “Como gostaria de ver o confessor para lhe perguntar o que devo fazer”. Então, pouco  depois vi o confessor junto com Nosso Senhor e rápido disse: “Diga-me, devo estar, sim ou não?”  E enquanto dizia isto, via no interior do confessor que tinha retirado a obediência que me tinha  dado no dia anterior, então decidi a estar, pensando entre mim que se fosse verdade que tinha  retirado a obediência, estava bem; mas se era minha fantasia que isto via, enquanto podia ser  falso, quando o confessor viesse então pensaria, podendo provar outro dia, e assim me tranquilizei.  Depois, continuando a fazer-se ver, o bendito Jesus disse-me:

(2) “Minha filha, a beleza da alma em graça é tanta, de apaixonar o mesmo Deus, os anjos e os  santos ficam assombrados ao ver este prodigioso portento, de uma alma ainda terrena possuída  pela graça, ante a fragrância do aroma celestial lhe correm em torno, e com grande prazer  encontram nela aquele mesmo Jesus que os beatifica no Céu, de modo que para eles é indiferente  tanto estar acima no Céu, como aqui abaixo junto a esta alma. Mas quem mantém e conserva este  portento, dando continuamente novas tintas de beleza à alma que vive em minha Vontade? Quem  remove qualquer ferrugem e imperfeição e lhe fornece o conhecimento do objeto que possui?  Minha Vontade. Quem consolida, estabelece e a faz ficar confirmada na graça? Minha Vontade. O  viver em meu Querer é todo o ponto da Santidade, e dá contínuo crescimento de graça. Mas quem  um dia faz a minha Vontade, e quem faz a sua, jamais ficará confirmado na graça, não faz outra

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coisa que crescer e decrescer; e isto quanto mal acarreta à alma, de quanta alegria priva a Deus e  a si mesma. É imagem de quem hoje é rica e amanhã pobre, não ficará confirmada nem na riqueza  nem na pobreza, portanto não se pode saber onde irá terminar”.

(3) Dito isso, ele desapareceu, e pouco depois veio o confessor e tendo dito o que escrevi,  assegurou-me que verdadeiramente tinha retirado a obediência que me tinha dado.  (4) Para obedecer ao confessor volto a dizer os outros significados que compreendi no dia 24 do  corrente: A mulher representava a Igreja que estando doente, não em si mesma mas em seus  membros, e embora abatida e ultrajada pelos inimigos, e doente em seus próprios membros,  jamais perde sua majestade e veneração; da cama onde se encontrava, compreendia que a Igreja  enquanto parece oprimida, enferma e impedida, também repousa com um repouso perpétuo e  eterno, e com paz e segurança no seio paterno de Deus, como um menino no seio de sua própria  mãe; o respaldo do leito que tocava o teto, compreendia que era a proteção divina que assiste  sempre a Igreja, e que tudo o que ela contém, tudo veio do Céu: Sacramentos, doutrina e tudo o  mais, tudo é celestial, santo e puro, de modo que entre o Céu e a Igreja há contínua comunicação,  jamais interrompida. Os poucos religiosos que prestavam cuidados, assistência à mulher,  compreendia que poucos são aqueles que a capa e espada defendem a Igreja, tendo como  próprios os males que recebe, a câmara onde estava, composta de pedras, representava a solidez  e firmeza e também a dureza da Igreja para não ceder a qualquer direito que lhe pertence. A  mulher moribunda que com intrepidez e coragem se faz golpear pelos inimigos, representava a  Igreja, que enquanto parece que morre, então ressurge mais intrépida, mas como? Com os  sofrimentos e o derramamento de sangue, verdadeiro espírito da Igreja, sempre pronta às  mortificações, como o esteve Jesus Cristo.

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5-26

Outubro 27, 1903

O modo de agir divino é pelo só amor do Pai e dos homens.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, por pouco tempo vi a minha adorável Jesus dizendo me:

(2) “Minha filha, aceitar as mortificações e sofrimentos como penitência e como castigo, é louvável,  é bom, mas não tem nenhum nexo com o modo de agir divino, porque Eu fiz muito, sofri muito, mas  o modo que tive em tudo isto foi só o amor do Pai e dos homens. Assim, descobre-se rapidamente  se a criatura tem o modo de agir e de sofrer ao divino, se só o amor e a sofrer a empurra. Se tem  outros modos, embora fossem bons, é sempre modo de criatura, por isso se encontrará o mérito  que pode adquirir uma criatura, não o mérito que pode adquirir o Criador, não havendo união de  modos. Enquanto que se tem meu modo, o fogo do amor destruirá toda disparidade e

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desigualdade, e formará uma só coisa entre minha obra e a da criatura.

+ + + +

5-27

Outubro 29, 1903

Quando a alma tem em si mesma impresso o fim da Criação, 

Jesus lhe corresponde dando-lhe parte da felicidade celestial. 

(1) Esta manhã meu adorável Jesus se fazia ver em meu interior, como se tivesse encarnado em  minha mesma pessoa, e olhando para mim disse:

(2) “Minha filha, quando vejo na alma impressa o caráter do fim de minha Criação, sentindo-me  satisfeito dela, porque vejo cumprida muito bem a obra criada por Mim, sinto-me em dever, isto é,  não dever, acrescentou rapidamente, porque em Mim não há deveres, mas o meu dever é um  amor mais intenso de corresponder-lhe, antecipando para ela parte da felicidade celestial, isto é,  manifestando a sua inteligência o conhecimento de minha Divindade, e atraindo-a com o alimento  das verdades eternas; a sua vista recreando-a com minha beleza; a seu ouvido fazendo ressoar a  suavidade de minha voz; à boca com meus beijos; ao coração os abraços e todas as minhas  ternuras, e isto corresponde ao fim de havê-la criado, que é: conhecer-me, amar-me servir-me”.

(3) E desapareceu.

(4) Então eu, encontrando-me fora de mim mesma, via o confessor e lhe dizia o que o bendito  Jesus me disse; perguntava-lhe se estava certo, e me dizia: “Sim”. Não só isto, mas acrescentava  que se conhecia bem o falar Divino, porque quando Deus fala e a alma o relata, quem escuta não  só vê a verdade das palavras, senão que sente em seu interior uma emoção que só o Espírito  Divino possui.

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5-28

Outubro 30, 1903

Ensinamentos sobre a paz.  

(1) Esta manhã, não vindo meu adorável Jesus, estava pensando em meu interior: “Quem sabe se  era verdade que era nosso Senhor que vinha, ou melhor, o inimigo para me enganar; como Jesus  Cristo devia me deixar tão feiamente sem nenhuma piedade?” Agora, enquanto eu pensava nisso,  por alguns instantes ele se fez ver levantando sua destra, e apertando minha boca com o polegar  ele me disse:

(2) “Cale-se, cale-se, e além disso, seria engraçado que um que viu o sol, só porque ele não vê diz  que não era sol o que tinha visto; não seria mais verdadeiro e razoável se dissesse que o sol se  escondeu?” E desapareceu.

(3) Mas embora não o visse, sentia que com suas mãos ia me tocando toda e esfregando a boca, a  mente e demais coisas, e me deixava toda luminosa; e como não o via, a mente seguia duvidando,

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e Ele fazendo-se ver de novo acrescentou:

(4) “Ainda não quer terminar com isto? Tu queres fazer desaparecer a minha obra em ti, porque  duvidando não estás em paz, e sendo Eu fonte de paz, não te vendo em paz farás duvidar a quem  te guia, que não é o Rei da paz que habita em ti. Ah, não queres estar atenta! É verdade que Eu  faço tudo na alma, de modo que sem Mim não faria nada, mas é também verdade que deixo  sempre um fio de vontade à alma, para que também ela possa dizer: “Tudo faço por minha própria  vontade”. Então, estando inquieta quebras aquele fio de união Comigo, e me amarras os braços  sem que Eu possa operar em ti, esperando até que te ponhas em paz para voltar a tomar o fio de  tua vontade e continuar minha obra”.

Deo Gratias.

Graças a Deus! 

Nihil obstat 

Canonico Annibale

  1. Di Francia

Eccl.

Imprimatur

Arcebispo Giuseppe M. Leo

Outubro de 1926

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