Livro do Céu Volume 1-21 – A Cruz de saber que os teus sofrimentos são conhecidos pelos outros; esta foi também uma dor de Jesus Cristo.

Livro do Céu Volume 1-21 

E assim passei alguns anos sofrendo por parte das
criaturas, dos demônios e diretamente de Deus. Às
vezes chegava a tanta amargura por parte das criaturas e pelo modo como pensavam, que tinha vergonha
de que qualquer pessoa me visse, dessa forma o meu
maior sacrifício era aparecer no meio das pessoas; era
tanta a vergonha e a confusão que me sentia atordoada. Houve outras visitas de outros médicos, mas não
serviram para nada28.

Às vezes derramando amargas lágrimas, dizia-lhe com todo o coração: “Senhor, como se tornaram
públicos os meus sofrimentos, agora não só a família o

26 Variante textual: endemoniado.
27 Variante textual: maledicentes.
28 Os sintomas físicos de Luísa refletiam seu estado místico
de vítima. Contudo, eles não eram sintomas de uma
patologia fisiológica.

sabe mas também os estranhos; me vejo toda coberta de
confusão. Parece-me que todos me apontam com o dedo,
como se estes sofrimentos fossem as piores ações; eu mesma nem sei dizer o que me acontece. Ah! Só Tu podes
libertar-me de tal publicidade e fazer-me sofrer ocultamente. Peço-te, suplico-te, escuta-me favoravelmente. 

Às vezes também o Senhor mostrava não me escutar e aumentavam minhas penas, outras vezes se
compadecia de mim dizendo-me: “Pobre filha, vem
a Mim que te quero consolar, tu tens razão em que
sofres, mas é que não te lembras que também Eu,
oh, quanto mais sofri. Até certo momento minhas
penas foram ocultas, mas quando chegou a Vontade do Pai de sofrer em público, rapidamente saí a
encontrar confusões, opróbrios, desprezos, até ser
despojado de minhas vestes, estar nu no meio de
um povo numerosíssimo, poderia imaginar confusão maior que esta? Minha natureza sentia muito
este tipo de sofrimento, mas tinha os olhos fixos à
Vontade do Pai, e oferecia essas penas em reparação de tantos que cometem as mais nefastas ações
publicamente, diante dos olhos de muitos, vangloriando-se sem a mínima vergonha, e lhe dizia: ‘Pai,
aceita as minhas confusões e a minha desonra em
reparação de tantos que têm a audácia de te ofender tão livremente sem o mínimo desgosto; perdoalhes, dá-lhes luz a fim de que vejam a fealdade do
pecado e se convertam’. Também a ti quero tornar-te partícipe deste tipo de sofrimentos. Tu não sabes
que os mais belos presentes que posso dar às almas
que amo são as cruzes e as penas? Tu és uma criança
ainda no caminho da cruz, por isso te sentes muito
fraca; quando tiveres crescido e tiveres conhecido
como é precioso o sofrer, então te sentirás mais forte. Por isso apoia-te em Mim, repousa porque assim
adquirirás força”.