Estudo 60 – O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta – Escola da Divina Vontade

Estudo 60 – O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta – Escola da Divina Vontade
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67. O milagre das lâminas quebradas à porta dos Peixes.
31 de dezembro de 1944.
67.1
Vejo Jesus que vai andando sozinho por uma estrada sombreada.
Parece um fresco e pequeno vale, rico de águas. Digo um pequeno vale,
porque está levemente encaixado entre pequenas elevações do solo e no
centro corre um riacho.
O lugar está deserto na hora matutina. Deve ter acabado de surgir o dia,
um belo dia sereno de início de verão e não se ouve mais nada exceto o
canto dos pássaros entre as árvores e o arrulhar lamentoso das rolas
selvagens, que fazem seus ninhos nas fendas do monte sem vegetação.
Especialmente entre as oliveiras da colina da esquerda, enquanto que a
outra, mais despojada, tem arbustos baixos de lentisco, acácias espinhosas,
agaves, etc.. Também o pequeno rio de águas escassas e limitadas ao centro
do álveo, parece não fazer rumor algum e se vai, refletindo em suas águas o
verde circunstante, pelo qual parece de esmeralda escura.
Jesus atravessa o rio por uma pinguela — é um tronco semi-aplainado,
jogado sobre o rio, sem apoio, sem segurança — e prossegue na outra
margem.
Agora já se vêem os muros e as portas; também vendedores de
hortaliças e mantimentos, que vão se aglomerando às portas, ainda fechadas,
para entrar na cidade. Ouve-se um grande zurrar de burros e brigas entre
eles; também os seus donos não estão para brincadeiras. Insultos e até
algumas pancadas voam, não só sobre os lombos dos burros, mas também
sobre cabeças humanas.
67.2
Dois homens estão numa briga séria, porque o burro de um deles
resolveu passar bem, comendo toda uma bonita cesta de alface do burro do
outro. Talvez não seja mais do que um pretexto para algum antigo rancor. O
fato é que de sob as vestes curtas até às barrigas das pernas, eles já tiraram
dois cutelos pequenos e da largura de um palmo: parecem umas adagas
quebradas, mas bem pontiagudas, e que brilham ao sol. Gritos de mulheres e
vozerio de homens. Mas ninguém intervém para apartar os dois, que estão
prontos para o rústico duelo.
Jesus, que procedia pensativo, levanta a cabeça, vê o que está
acontecendo e, a passos rápidos, se põe entre os dois.
– Parem, em nome de Deus! –ordena.– Não! Eu quero acabar com este maldito cão!– Eu também! Gostas de franjas? Farei para ti uma franja com as tuas
tripas.
Os dois rodeiam Jesus, esbarrando nele, insultando-o para que saia do
meio, procurando golpearem-se, sem o conseguirem, porque Jesus, com
sábios movimentos do seu manto, desvia os golpes e impede que acertem o
alvo. O manto de Jesus já está rasgado.
O povo grita:– Vem para cá, nazareno, antes que te tirem do meio.
Mas Ele não se move de lá e procura induzir os dois à calma, evocando
os a Deus. Inútil! A ira enlouquece os dois contendedores.
Jesus emite um milagre. Ordena-lhes pela última vez:– Eu vos mando que deixeis disso!– Não! Retira-te daqui! Pega o teu caminho, nazareno!
Jesus então estende as mãos, com o seu aspecto de potência fulgurante.
Não diz uma palavra. Mas as lâminas caem esmigalhadas no chão, como se
fossem de vidro e se tivessem chocado contra uma rocha.
Os dois homens olham para os cabos curtos e inúteis que ficaram entre
os dedos. O espanto embota a ira. A multidão também grita de espanto.– E agora? –pergunta Jesus, severo–. Onde está a vossa força?
67.3
Até os soldados que estavam de guarda à porta, tendo chegado quando
ouviram os últimos gritos, olham assombrados; um deles se inclina para
apanhar os fragmentos das lâminas e os experimenta sobre a unha, incrédulo
que fossem de aço.– E agora? –repete Jesus–. Onde está a vossa força? Sobre o que é que
baseáveis o vosso direito? Sobre estes pedaços de metal que agora estão
quebrados no meio da poeira? Sobre estes pedaços de metal que não tinham
outra força, senão a do pecado da ira contra um irmão, tirando de vós, por
aquele pecado, toda a bênção de Deus e, portanto, toda força? Oh! Infelizes
daqueles que se baseiam em meios humanos para vencer e não sabem que
não é a violência, mas a santidade que nos faz vitoriosos sobre a terra, e
mais além dela! Porque Deus está com os justos.
Ouvi, ó vós todos de Israel, e vós também, soldados de Roma. A
Palavra de Deus fala a todos os filhos do homem, e não será o Filho do
homem que irá recusá-la aos gentios.
O segundo dos preceitos do Senhor é o preceito do amor para com o
próximo. Deus é bom e nos seus filhos quer benevolência. Quem não é
benevolente com o seu próximo, não pode dizer-se filho de Deus e não pode
ter Deus consigo. O homem não é um animal irracional, que se arroja e
morde pelo direito de fazer uma presa. O homem tem uma razão, e uma alma.
Pela razão deve saber conduzir-se como homem. Pela alma deve saber
conduzir-se como santo. Quem assim não faz, coloca-se abaixo dos animais,
desce ao abraço com os demônios, porque ele endemoninha sua alma com o
pecado da ira.
Amai. Eu não vos digo outra coisa. Amai ao vosso próximo, como o
Senhor Deus de Israel o quer. Não sejais sempre do sangue de Caim. E por
que é que o sois? Por poucas moedas, vós podíeis agora ser uns homicidas.
Outros, por uns poucos palmos de terra. Por uma posição melhor. Por uma
mulher. Que são estas coisas? Eternas? Não. Duram muito menos do que a
vida, a qual dura um instante da eternidade. E que é que perdeis, seguindo
essas coisas? A paz eterna, que está prometida aos justos e que o Messias
vos trará, junto com o seu Reino. Vinde para o caminho da Verdade. Segui a
Voz de Deus. Amai-vos. Sede honestos. Sede continentes. Sede humildes e
justos. Ide e meditai.

67.4 – Quem és Tu, que falas semelhantes palavras e quebras as espadas só
com a tua vontade? Só há um que pode fazer estas coisas: o Messias. Nem
mesmo João Batista é mais do que Ele. Por acaso, és Tu o Messias?
perguntam-lhe uns três ou quatro.– Eu sou.– Tu?
Tu és aquele que cura os doentes e pregas a Deus pela Galiléia?– Sou Eu.
– Eu tenho minha velha mãe que está morrendo. Salva-a!
– E eu, estás vendo? Estou perdendo as forças pelas dores que sinto.
Tenho filhos ainda pequenos. Cura-me!
– Vai para a tua casa. Tua mãe, esta tarde, te preparará a tua janta; E tu,
sê curado. Eu quero!
A multidão dá um grito. E depois lhe perguntam:
– O teu Nome? Qual o teu Nome?– Jesus de Nazaré!– Jesus! Jesus! Hosana! Hosana!
A multidão está exultante. Os burros podem fazer aquilo que quiserem
que ninguém se preocupa mais. As mães chegam lá do meio da cidade,
compreende-se que a notícia já correu e erguem seus pequeninos. Jesus
abençoa e sorri. E procura romper o círculo que o aclama, para entrar na
cidade, e ir aonde quer. Mas a multidão não quer saber disso.– Fica conosco! Na Judéia! Na Judéia! Nós também somos filhos de
Abraão! –grita.
67.5 – Mestre!
Judas corre para Jesus.– Mestre, me precedestes. Mas, que é que está acontecendo?– O Rabi fez um milagre! Na Galiléia não; aqui, aqui o queremos
conosco.– Estás vendo, Mestre? Todo Israel Te ama. É justo que Tu fiques
também aqui. Por que Te esquivas?– Eu não me esquivo, Judas. Eu vim justamente só para que a rudeza dos
discípulos galileus não aborreça a sutileza judéia. Eu quero reunir todas as
ovelhas de Israel sob o cetro de Deus.– Por isso é que eu Te disse: “Toma-me Contigo.” Eu sou judeu, e sei
como tratar os meus iguais. Ficarás, então, em Jerusalém?– Por poucos dias. Para esperar um discípulo que também é judeu.
Depois, Eu irei pela Judéia…– Oh! Eu irei Contigo. Eu Te acompanharei. Irás ao meu povoado. Eu Te
levarei à minha casa. Irás, Mestre?– Irei… 67.6
Do Batista, tu que és judeu, e vives perto dos poderosos, não
sabes nada?– Sei que ele está ainda na prisão, mas que o querem soltar, porque a
multidão está ameaçando fazer um motim se não lhe for restituído o seu
profeta. Tu o conheces?– Eu o conheço.– Tu o amas? Que pensas dele?– Penso que não houve ninguém mais do que é igual a Elias.– Achas que ele é verdadeiramente o Precursor?– Ele o é. É a estrela da manhã que anuncia o sol. Felizes daqueles que
são preparados para o Sol, através da sua pregação.– João é muito severo.– Não é mais para com os outros do que para consigo mesmo.– Isto é verdade. Mas é difícil segui-lo em sua penitência. Tu és melhor
e é fácil amar-te.– No entanto…
– No entanto, Mestre?– No entanto, como ele é odiado por sua austeridade, Eu o serei pela
minha bondade, porque tanto uma como a outra anunciam a Deus e Deus é
mal visto pelos maus. Mas está escrito que assim seja. Como ele Me precede
na pregação, assim me precederá na morte. Ai, porém, daqueles assassinos
da Penitência e da Bondade.– Por que Mestre, sempre esta tristeza de previsões? A multidão te ama,
como estás vendo…– Porque é uma coisa certa. A multidão humilde sim, me ama. Mas a
multidão não é toda humilde, feita só de humildes. Mas a minha não é
tristeza. É a tranqüila visão do futuro e a adesão à vontade do Pai que me
mandou para isto. E para isto Eu vim. Eis-nos diante do Templo. Eu vou ao
Bel Nidrash, para ensinar as multidões. Se queres, fica.– Eu ficarei ao teu lado. Não tenho senão esta meta: Servir-te e fazer-te
triunfar.
Entram no Templo, e tudo termina.

 

68. Jesus, no Templo com o Iscariotes, ensina.
68.1
1 de janeiro de 1945.
Vejo Jesus que, tendo Judas a seu lado, entra no recinto do Templo, e,
depois de terem superado o primeiro terraço, ou escalão, se preferis chamá
lo assim, detém-se num ponto onde há uma série de pórticos, que rodeiam um
amplo pátio, pavimentado com mármore de diversas cores. O lugar é muito
bonito e cheio de gente.
Jesus olha ao redor de si e vê um lugar que lhe agrada. Mas, antes de
dirigir-se para lá, diz a Judas:– Chama-me o magistrado do lugar. Devo fazer-me reconhecer, para que
não se diga que Eu falto com os costumes e o respeito.– Mestre, Tu estás acima dos costumes e ninguém mais do que Tu tem o
direito de falar na Casa de Deus. Tu, o seu Messias.– Eu sei disso, tu o sabes, mas eles não sabem. Eu vim, não para
escandalizar, nem para ensinar a violar não só a Lei, mas também os
costumes. Pelo contrário, Eu vim justamente para ensinar o respeito, a
humildade, a obediência e para acabar com os escândalos. Por isso Eu quero
pedir para poder falar em nome de Deus, fazendo-me reconhecer pelo
magistrado do lugar como digno de fazer isso.– Mas na outra vez não fizeste assim.– Na outra vez ardeu em Mim o zelo pela Casa de Deus, profanada por
muitas coisas. Na outra vez era o Filho do Pai
[111], o Herdeiro que, em nome
do Pai e por amor à minha Casa, agia em sua majestade, à qual os
magistrados e sacerdotes são inferiores. Agora Eu sou o Mestre de Israel e
ensino a Israel também isso. Além disso, Judas, crês tu que o discípulo seja
maior do que o Mestre?– Não, Jesus.– E tu, quem és? E quem sou Eu?– Tu, o Mestre, eu, o discípulo.– E então, se reconheces que assim são as coisas, porque queres ensinar
o Mestre? Vai e obedece. Eu obedeço a meu Pai. Tu obedeces ao teu Mestre.
Primeira condição do Filho de Deus: obedecer sem discutir, pensando que o
Pai não pode dar senão ordens santas. Primeira condição do discípulo:
obedecer ao Mestre, pensando que O Mestre sabe e não pode dar senão
ordens justas.
– É verdade. Perdoa. Eu obedeço.– Eu perdôo. Vai. E Judas, escuta ainda uma coisa: recorda-te disto.
Recorda-te disto sempre, no futuro.– De obedecer? Sim.– Não. Lembra-te de que Eu fui respeitoso e humilde para com o
Templo, ou seja, com as castas poderosas. Vai.
Judas olha para Jesus pensativamente, interrogativamente… mas não
ousa perguntar mais nada. E vai-se pensativo.
68.2
… Ele volta com um personagem muito bem trajado.– Eis, Mestre, o magistrado.– A paz esteja contigo. Eu peço para poder ensinar, entre os rabinos de
Israel, a Israel.– És Tu rabi?– Eu sou.– Quem foi o teu mestre?– O Espírito de Deus, que me fala com a sua sabedoria e me ilumina
com sua luz sobre todas as palavras dos textos sagrados.– És então, maior do que Hilel, Tu que, sem mestre, dizes saber toda a
doutrina? Como pode alguém se formar, se não tem quem o forme?– Como se formou Davi, o pastorzinho desconhecido, e que se tornou o
rei poderoso e sábio pela vontade do Senhor.– Qual o teu Nome?– Jesus de José de Jacó, da estirpe de Davi, e de Maria de Joaquim, da
estirpe de Davi, e de Ana de Arão, Maria, a Virgem desposada no Templo,
porque era órfã, pelo Sumo Sacerdote, segundo a lei de Israel.– Quem prova isso?– Ainda devem estar aqui os levitas, que se recordam do fato e que
foram contemporâneos de Zacarias, da classe de Abias, o meu parente.
Interroga-os, se duvidas da minha sinceridade.– Eu creio em Ti. Mas, quem me prova que sejas capaz de ensinar?– Escuta-me e tu mesmo julgarás.– Estás livre para fazeres isso… Mas… não és nazareno?– Eu nasci em Belém de Judá, no tempo do recenseamento ordenado por
César. Proscritos por ordens injustas, os filhos de Davi estão em toda a
parte. Mas a estirpe é de Judá.– Sabes… os fariseus… toda a Judéia… pela Galiléia…
– Eu sei. Mas podes ficar tranqüilo. Em Belém Eu vi a luz, em Belém
Efrata, de onde vem a minha estirpe e se agora vivo na Galiléia, não é senão
para que se cumpra o que foi determinado…
O magistrado se afasta alguns metros, indo atender a alguém que o
chamou.
68.3
Judas pergunta:– Por que não disseste que és o Messias?– As minhas palavras o dirão.– Qual era a profecia que se devia cumprir?– A reunião de todo Israel sob o ensinamento da palavra de Cristo. Eu
sou o Pastor de que falam os Profetas, e venho para reunir as ovelhas de
todas as regiões, venho para curar as doentes e levar para uma pastagem boa
as errantes. Para Mim não há Judéia ou Galiléia, Decápolis ou Iduméia. Só
há uma coisa: o Amor, que olha com um só olhar e une em um único abraço
para salvar…
Jesus está inspirado. Parece emitir raios de tão sorridente que está em
seu sonho. Judas o olha admirado.
As pessoas, curiosas, se aproximam dos dois, cuja imponência diferente
atrai e impressiona.
Jesus abaixa o olhar, sorri para esta pequena mulidão com aquele seu
sorriso, cuja doçura nenhum pintor jamais conseguirá reproduzir, e nenhum
crente, que não o tenha visto, poderá imaginar como é. Ele diz:– Vinde, se sentis o desejo de palavra eterna.
68.4
Ele se dirige sob um arco do pórtico e, encostado a uma coluna,
começa a falar. Toma como tema o fato daquela manhã.– Esta manhã, ao entrar em Sião, vi que por umas poucas moedas dois
filhos de Abraão estavam prontos para se matarem. Em nome de Deus, Eu
teria podido amaldiçoá-los, porque Deus diz: “Não matarás”, e diz também
que quem não lhe obedece em sua Lei, será maldito. Mas Eu tive piedade da
ignorância deles a respeito do espírito da Lei, e somente impedi o
homicídio, para dar-lhes oportunidade de se arrependerem, conhecerem a
Deus, o servirem em obediência, amando, não somente a quem os ama, mas
também aos seus inimigos.
Sim, Israel. Um dia novo surge para ti e também se torna mais luminoso
o preceito do amor. Porventura começa o ano com o nebuloso Etanim, ou
com o triste Casleu de dias curtos como um sonho e de noites longas como
numa doença? Não, ele começa com o florido, ensolarado e alegre Nisam,
no qual tudo ri e o coração do homem, ainda que fosse o mais pobre e triste,
se abre à esperança porque vem o verão, os cereais, o sol, as frutas; doce é
dormir também sobre um prado em flor tendo as estrelas por candeias e fácil
o nutrir-se, porque cada gleba produz erva ou fruto para matar a fome do
homem.
Eis aqui, ó Israel. Terminou o inverno, o tempo da espera. Agora é a
alegria da promessa que se cumpre. O Pão e o Vinho em breve estarão
prontos para matar a tua fome. O Sol está no meio de ti. A este Sol, tudo
toma um fôlego mais amplo e mais doce, até o preceito da nossa Lei, o
primeiro e mais santo dos preceitos: “Ama a teu Deus e ama ao teu
próximo.”
Na relativa luz que até aqui te foi concedida, te foi dito — não terias
podido fazer mais, porque sobre ti ainda pesava a irritação de Deus, pela
culpa do desamor de Adão — te foi dito: “Ama aqueles que te amam e odeia
ao teu inimigo.” E inimigo para ti era não somente quem ultrapassava as
fronteiras de tua pátria, mas também quem havia faltado para contigo em
particular, ou que te parecia ter faltado. Onde o ódio aninhava-se em todos
os corações visto que, qual é o homem que, querendo ou não, não ofende ao
seu irmão? E qual o que alcança a velhice, sem ser ofendido?
Eu vos digo: amai também aos que vos ofendem. Fazei isto pensando
que Adão, e por meio dele todos os homens, são prevaricadores perante
Deus, e não há ninguém que possa dizer: “Eu não ofendi a Deus.” Contudo,
Deus perdoa, não uma mas dez e dez vezes perdoa, mas mil e dez mil vezes
perdoa; e disso é prova o fato de o homem ainda estar existindo sobre a
terra. Perdoai, pois, como Deus perdoa. E, se não o podeis fazer por amor
para com o irmão que vos prejudicou, fazei-o pelo amor de Deus, que vos dá
pão e vida, que vos ampara nas necessidades da terra, e predispôs cada
acontecimento para proporcionar-vos a paz eterna em seu seio. Esta é a Lei
nova, a Lei da primavera de Deus, do tempo florido da Graça vinda entre os
homens, do tempo que vos dará o Fruto sem par, que vos abrirá as portas do
Céu.
68.5
A voz que falava no deserto já não se ouve. Mas muda não está.
Ela fala ainda a Deus por Israel e fala ainda a todo israelita reto de
coração. Diz — diz depois de os haver ensinado a fazer penitência para
preparar os caminhos ao Senhor que vem, a ter caridade, dando o supérfluo a
quem não tem nem o necessário, a ter honestidade, não extorquindo ou
vexando — ela vos diz: “Está entre vós o Cordeiro de Deus, Aquele que tira
os pecados do mundo, Aquele que batizará com o fogo do Espírito Santo.
Ele limpará a sua eira, e recolherá o seu trigo.”
Sabei conhecer Aquele que o Precursor vos indica. Seus sofrimentos
operam diante de Deus para dar-vos luz. Vede. Abram-se os vossos olhos
espirituais. Conhecei a Luz que vem. Eu recebo a voz do Profeta que anuncia
o Messias e, com o poder que me vem do Pai, Eu a amplifico e vos uno ao
meu poder, vos chamo para a verdade da Lei. Preparai os vossos corações à
graça da Redenção que está próxima. O Redentor está entre vós. Felizes
aqueles que forem dignos de ser redimidos, porque terão tido boa vontade.
A paz esteja convosco.
Alguém pergunta:– És Tu discípulo do Batista, para falares dele com tanta veneração?– Fui batizado por ele nas águas do Jordão, antes que ele fosse preso. Eu
o venero, porque ele é santo aos olhos de Deus. Em verdade Eu vos digo que
entre os filhos de Abraão não há outro maior em graça do que ele. Desde a
sua vinda, até à sua morte, os olhos de Deus estarão pousados sem nenhum
desdém, sobre este bendito.– Ele te deu a certeza sobre o Messias?– Sua palavra, que não mente, mostrou aos presentes o Messias, que já
vivia entre os homens.– Onde? Quando?– Quando foi a hora de mostrá-lo.
68.6
Mas Judas se sente no dever de dizer à direita e à esquerda:– O Messias é Ele, que vos fala. Eu vo-lo testifico, eu que o conheço e
sou o seu primeiro discípulo.– É Ele?! Oh!…
O povo se afasta amedrontado. Mas Jesus é tão afável que voltam a se
aproximar.– Pedi a Ele algum milagre. Ele é poderoso. Ele cura. Ele lê nos
corações. Responde a todas as perguntas.– Fala a Ele por mim, que eu estou doente. Meu olho direito está morto e
o esquerdo está secando.– Mestre.– Judas.
Jesus que estava acariciando uma menininha, se volta.– Mestre, este homem está quase cego e quer ver. Eu disse a ele que Tu
podes curá-lo.
– Eu posso, para quem tem fé. Tu tens fé, homem?– Eu creio no Deus de Israel. Venho aqui para jogar-me na piscina de
Betsaida
[112]. Mas sempre tem alguém que me precede.– Podes crer em Mim?– Se creio no anjo da piscina, não deverei crer em Ti, que o teu
discípulo diz que és o Messias?
Jesus sorri. Molha o dedo com a saliva e o roça no olho doente.– Que estás vendo?– Estou vendo as coisas sem aquela névoa de antes. E o outro, não o
curas?
Jesus sorri de novo. Repete o ato sobre o olho cego.– Que estás vendo? –pergunta Ele, tirando a ponta do dedo da pálpebra
caída.– Ah! Senhor de Israel! Estou vendo, como quando eu, ainda menino,
corria pelos prados! Sê Tu eternamente bendito!
68.7
O homem chora, prostrado aos pés de Jesus.– Vai. Sê bom, agora, em reconhecimento a Deus.
Um levita, que chegou quase ao fim do milagre, pergunta:– Com que poder fazes estas coisas?– Tu me perguntas? Mas Eu te digo, se responderes à minha pergunta.
Segundo a tua opinião: é maior um profeta que anuncia o Messias, ou o
próprio Messias?– Que pergunta! O Messias é maior: é o Redentor prometido pelo
Altíssimo!– Então, por que os Profetas fizeram milagres? Com que poder?– Com o poder que Deus dava a eles para provarem às multidões que
Deus estava com eles.– Pois bem, com o mesmo poder, Eu faço milagres. Deus está Comigo,
Eu estou com Ele. Eu provo às multidões que assim é e que o Messias bem
pode, com maior razão e medida, o que podiam os Profetas.
O levita vai-se embora pensativo, e tudo termina.
[111] Na outra vez era o Filho do Pai… Agora Eu sou o Mestre… Também aqui — assim anota Maria Valtorta numa cópia
dactilografada — resultam as duas Naturezas unidas numa única Pessoa, mas bem distintas: Deus e Homem.
[112] Betsaida (e por vezes Betseida), é dita na obra Valtortiana, assim como nas versões da “vulgata”, seja a piscina de
Jerusalém (João 5,2) como a cidade sobre o lago de Genezaré (João 1, 44). Nas modernas versões da Bíblia, a piscina é dita
Bethesda ou Betzaetà.

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