Estudo 42 Parte 2 Especial – Livro do Céu – Escola da Divina Vontade

Escola da Divina Vontade
Estudo 42 Parte 2 Especial – Livro do Céu – Escola da Divina Vontade
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14-58
Setembro 9, 1922

Deus ao criar o homem formava um reino para Si. O contentamento de Jesus quando vê em uma criatura não só a imagem de sua humanidade, mas tudo o que sua Divindade operou nela.

(1) O meu sempre doce Jesus continua falando de seu Santíssimo Querer, e fazendo ver seu
coração aberto, do qual saíam tantos rios de luz que feriam todas as criaturas, a qual formando
uma rede de luz atropelava tudo, e tomando a palavra me disse:
(2) “Minha filha, ao criar o primeiro homem dava o início à Criação do gênero humano, e depois
de que formei o corpo, com meu alento onipotente infundi-lhe a alma, e com outro alento meu,
poderia dizer, infundi-me a Mim mesmo no fundo do homem para governá-lo, dominá-lo e
guardá-lo, assim que aquele homem formava um reino para Mim, no qual Eu como Rei devia
estender meus confins. Minha alegria foi, no máximo, ao ver neste homem a geração de tantos
outros seres, quase interminável, que me devia dotar de tantos outros reinos por quantas
criaturas deviam sair à luz, nos quais Eu devia reinar e ampliar neles meus confins divinos, e
todo o bem dos outros reinos devia redundar em glória e honra do primeiro reino, que devia ser
a cabeça e o primeiro ato da criação. Mas, ao subtrair-se do meu Querer, do meu Reino, o seu
acabou, e não só isso, mas pisou-me e, em meu lugar, pôs-se a reinar, idolatrando-se e
formando o reino dos vícios, das misérias, das desgraças, A minha alegria morreu ao nascer e
transformou-se em dor; olha, todo o mal não foi outra coisa senão subtrair-se da minha
Vontade.

Mas nosso Amor não se deteve, não quis ser o Deus isolado, não, e por isso quis
descer do Céu tomando uma Humanidade similar ao primeiro homem, encerrei nela toda a
Criação, voltei a unir a vontade humana desta Humanidade à Vontade Divina, a fim de que esta
vontade humana abraçando toda a Criação e todos seus atos, nesta Vontade Divina os levasse
a meu trono como triunfadora de todos os atos humanos trocados por Ela em atos de Vontade
Divina. Com isso a vontade humana tomava posse da Vontade Divina e a Divina da humana, a
uma dominava sobre a outra, porque quando um ser forma uma só coisa com outro ser, se é
dono um, naturalmente se torna dono o outro. Tinha sido esta a minha única razão pela qual
ordenei ao homem que se abstivesse do fruto proibido por Mim, queria um ato de sacrifício de
Sua vontade na minha, a fim de que por este sacrifício, amarrando novamente Sua vontade na
minha, pudesse tomar posse de minha Vontade e Eu da sua, e as duas reinar com a mesma
potência, sabedoria e bondade, não o queria ao contrário em nada de Mim, era meu parto, era
meu filho, e que pai não ama que seu filho seja rico e feliz como ele?

Muito mais Eu, Pai Celestial, e que nada perdia em tornar este meu filho rico, feliz e reinante ao meu lado. Então,
tendo o homem rompido sua vontade com a minha, meu Amor não ficou quieto, elevou mais
alto suas chamas, e a qualquer custo quis produzir outro Eu, e para isso escolhi minha
Humanidade, a qual, sacrificando-se em tudo a minha Vontade tomava posse de meu Querer,
fazendo-me cumprir nela a finalidade da criação do homem, porque Eu tenho costume de
cumprir meus maiores empreendimentos com um só, e depois as difundo; não foi um só homem
que arruinou todos meus desígnios? E só a minha Humanidade devia refazer-me desta ruína, e
a potência do meu Querer, encerrando nela toda a Criação, devia fazer-me restituir os amores,
os beijos, as carícias que o primeiro homem tão feiosamente tinha rejeitado; o meu amor,
tirando as vestes, poderia dizer de dor e de luto, revestiu-se de festa e como triunfador deu-se
aos maiores excessos e loucuras de amor. Então, quando eu quero fazer uma obra com a
criatura, eu começo sempre o tu por tu, como se nenhuma outra existisse, e depois a agrando
tanto, de encher o Céu e a terra.

(3) Agora minha filha, meu Amor quer produzir de novo, enquanto dá em excessos, sai fora
fazendo trégua, quer dar novos partos, e o que fez em minha Humanidade, encerrando toda a
Criação para poder dar ao Pai tudo o que dela queria, e fazer descer tudo para proveito de
todas as criaturas. Agora, unindo a tua vontade com a minha quero encerrar em ti toda a
Criação, e fazendo-te tomar posse do meu querer quero ver repetir em ti os meus atos, o meu
amor, as minhas penas, quero o meu refletor na terra, que ao olhá-lo veja a Criação que criei no
Céu e que encerrou minha Humanidade, dentro de ti como dentro de um espelho, e Eu, vendo-
me nele a reconheça em ti. Entre você e eu estaremos em reflexos contínuos, Eu a farei refletir
em você e você em Mim, Eu do Céu e você da terra. Então meu Amor estará contente quando
vir em uma criatura não só a imagem de minha Humanidade, mas tudo o que operou minha
Divindade nela, por isso seja atenta e siga meu Querer”.

14-59
Setembro 11, 1922
A finalidade primária de tudo o que Deus fez na Criação e Redenção, é que a criatura viva no Divino Querer. Só no Divino Querer há verdadeiro repouso.

(1) Continuando o meu estado habitual, abandonava-me toda no Santo Querer do meu doce
Jesus, e sentindo necessidade de descansar dizia entre mim: “também o meu sono na tua
Vontade, não quero outra coisa senão tomar o verdadeiro repouso nos braços do teu Querer”.

(2) E Jesus: “Filha, estende sobre todas as criaturas teu repouso como manto para cobri-las a
todas, porque só em meu Querer há verdadeiro repouso, e como Ele envolve tudo, repousando
em minha Vontade te estenderás sobre todos, para conseguir a todos o verdadeiro
repouso. Como é belo ver uma criatura nossa repousar nos braços de nossa Vontade, mas para
encontrar verdadeiro repouso é necessário que ponha em caminho todos seus atos, suas
palavras, seu amor, seus desejos, etc., em nosso Querer, a fim de que conforme tomem seu
lugar n’Ele, assim recebam descanso, e eu repousarei sobre eles. Todas as obras, só dão
repouso quando já estão cumpridas, mas se não estão cumpridas, dão sempre uma
preocupação, uma tarefa que torna inquieto o verdadeiro repouso. Agora, o cumprimento da
obra da Criação era que o homem cumprisse em toda a nossa Vontade, Ela devia ser a vida, o
alimento, a coroa da criatura, e como isto não se realiza ainda, a obra da Criação não está
cumprida, e nem Eu posso repousar nela, nem ela em Mim, me dá sempre o que fazer, e Eu
desejo este cumprimento e repouso, por isso amo e quero tanto que se conheça o modo de
viver em meu Querer; jamais poderei dizer que a obra da Criação e da Redenção estão
cumpridas se não tiver todos os atos da criatura, que como leito se estendam em meu Querer
para me dar repouso. E Eu, que belo repouso não lhe darei ao vê-la voltar sobre as asas de
nossa Vontade, com o selo do cumprimento da Criação? Meu seio será seu leito, por isso não
há nada que tenha feito que não tivesse por primeira finalidade que o homem tomasse posse de
meu Querer e Eu do seu.

Na Criação foi esta a minha finalidade primária, na Redenção o
mesmo; os Sacramentos instituídos, as tantas graças feitas aos meus santos, foram sementes, meios para fazer chegar a esta posse do meu Querer, por isso não transgrides nada do que
quero sobre a minha Vontade, seja com a escrita, seja com a palavra, seja com as obras. Só
pelos tantos preparativos que a precederam podes conhecer que a coisa maior, a mais
importante e a que mais me interessa é o viver em meu Querer. Quer saber onde esta semente
do meu Querer foi plantada? Em minha Humanidade, nela germinou, nasceu e cresceu, assim
que em minhas chagas, em meu sangue, vê-se esta semente que quer transplantar-se na
criatura, para que ela tome posse da minha Vontade e Eu da sua, a fim de que a obra da
Criação regresse ao princípio, como saiu, não só por meio da minha Humanidade mas também
através da mesma criatura. Serão poucas, ainda que fosse uma só, e não foi um só aquele que
subtraindo-se de meu Querer desadornou, rompeu meus planos, destruiu a finalidade da
Criação? Assim uma só pode adorná-la e realizá-la em sua finalidade, mas minhas obras não
ficam jamais isoladas, assim terei o exército das almas que viverão em meu Querer, e nelas
terei a Criação reintegrada, toda bela e formosa como saiu de minhas mãos, de outra maneira
não teria tanto interesse de fazê-la conhecer”.

14-60
Setembro 15, 1922
Desejo de Jesus de que se conheça o Divino Querer obrante na criatura.

(1) Seguia fazendo copiar de meus escritos o que Jesus me havia dito sobre as virtudes, sentia
por isso tal repugnância que me sentia morrer e dizia entre mim: “Aos demais se faz inventário
de suas coisas depois de sua morte, só a mim me toca a dura sorte de fazê-lo eu mesma
estando ainda em vida. ¡Ah, Senhor, me dê a força para fazer o sacrifício!” Depois, o confessor
me fez saber o modo como seguirão para fazê-los sair, oh, Deus, que pena! Sentia-me amarga
até a medula dos ossos; então o bendito Jesus ao vir, vendo-me tão amarga me disse:
(2) “Minha filha, que tens? Por que te afliges tanto? É minha glória, minha honra que o
requerem, e tu deverias estar por isso contente. Acha que são as criaturas que o querem, que
dispõem e quem te ordena? Não, não, sou Eu que movo tudo, que as empurro, que as ilumino,
e muitas vezes não sou escutado, de outra maneira se dariam mais pressa e teriam mais
interesse, e Eu me vejo obrigado a empurrá-las mais forte para fazer que meu Querer se
cumpra. Você gostaria de esperar até depois de sua morte, mas meu Querer não quer esperar,
e além disso, é verdade que você tem a conexão, o enxerto com minha Vontade, mas aqui se
trata não de você, mas de Mim, se trata de fazer conhecer os efeitos, os bens, o valor que
contém meu Querer obrante na criatura quando ela vive nele. E ainda, se não queres
interessar-te tu que conheces quanto me interessa e como anseio ardentemente que os efeitos
de meu Querer sejam conhecidos, e por isso me virá a completa glória da Criação e o cumprimento da mesma Redenção; – Oh, quantos efeitos estão ainda suspensos, tanto da
Criação como da Redenção porque meu Querer não é conhecido e não tem seu verdadeiro
reino na criatura, e não reinando, a vontade humana fica sempre escrava de si mesma – então
crê você que se interessarão os demais depois de sua morte? Oh! quantas coisas que
manifestei às almas estão sepultadas por falta de alguém que se interesse em minhas obras,
mas se o tolerei nas outras, nesta da minha Vontade não o tolerarei, darei tanta graça a quem
se puser à obra, que não poderá resistir-me, mas a parte mais importante e essencial quero-a
de ti”.

14-61
Setembro 20, 1922
A alma que vive na Divina Vontade deve ser um complexo de todos os bens, e deve fazer sair de si: Amor, santidade, glória para Deus. O duplo oficio.

(1) Estava a dizer ao meu sempre amável Jesus: “Ah! Faz meu amor que de todo meu ser não
saia mais que amor, louvores, reparações, bênçãos para Ti”. Agora, enquanto dizia isto, o
bendito Jesus veio, e eu me via a todos os olhos, não havia parte de mim na qual não se visse
um olho, e de cada um deles saía um raio de luz que feria a pessoa de Nosso Senhor, e me
disse:
(2) “Minha filha, é decoroso para Mim e para ti, que de ti não saia outra coisa que amor,
santidade, glória, tudo para Mim, de outra maneira degradaria minha Vontade de fazer viver
nela a uma alma que não fosse um complexo completo de todos os bens dos que superabunda
minha Vontade, e se a alma não tivesse os germes de todos os bens, não poderia receber os
bens que a minha Vontade contém, e se, jamais fosse, tivesse algum germe ruim, seria uma
intrusa, sem nobreza nem decoro, portanto ela mesma se envergonharia saindo, não tomaria
gosto e contente tendo nela coisas estranhas a meu Querer, por isso te marquei até as gotas de
teu sangue, teus ossos, tuas batidas de coração; são estes olhos de luz para fazer que nada,
nada saia de ti que não seja santo e que não seja dirigido a Mim”.
(3) Depois me transportou para fora de mim mesma, fazendo-me ver tudo revolto, e como estão
maquinando outras guerras e revoluções, e Jesus fazia de tudo para afastá-los disso, mas
vendo sua obstinação se retirava deles. Meu Deus, que tristes tempos! Eu creio que nunca o
homem tinha chegado a este excesso de perfídia, de querer a destruição do próprio ser. Então
estava com medo de que meu doce Jesus não viesse, muito mais porque sentia que meus
sofrimentos tinham diminuído e estavam como adormecidos, por isso dizia entre mim: “Se é
verdade o que vi, segundo as outras vezes, para dar curso à justiça talvez não virá e não me
fará tomar parte em suas penas”. E Jesus, regressando, vendo-me muito oprimida, disse-me:

(4) “Minha filha, não temas, não te lembras que ocupas duplo ofício, um de vítima, e o outro
ofício maior de viver no meu Querer para dar-me de novo a glória completa de toda a
Criação? Então, se você não estiver em um ofício junto Comigo, eu vou ter você no outro
ofício; no máximo pode haver uma pausa de penas em relação ao ofício de vítima, por isso não
tenha medo e acalme-se”.

14-62
Setembro 24, 1922

Todo o mal do homem está em ter perdido o germe da Divina Vontade. A Divina Vontade: veste da alma.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, o meu doce Jesus fazia-se ver despido, que tremia
de frio e dizendo-me:
(2) “Minha filha, cobre-me e cala-me que tenho frio; olha, a criatura com o pecado se despojou
de todos os bens, e eu quis lhe formar uma vestidura mais bela, tecendo-a com minhas obras,
adornando-a com meu sangue e enfeitando-a com minhas chagas, mas qual não é minha dor
ao ver que me rechaça esta vestidura tão bela, contentando-se em permanecer nua? E eu me
sinto despido nelas e sinto seu frio, por isso me veste-me, porque tenho necessidade disso”.
(3) E eu: “Como poderei te vestir? Eu não tenho nada”.
(4) E Ele: “Sim, poderás vestir-me, tens toda a minha vontade em teu poder, guarda-a em ti, e
logo a farás sair, e me farás a mais bela vestidura, uma vestidura de Céu e divina, ó! como
ficarei aquecido, e te vestirei com o vestido da minha vontade, para que possamos ficar
vestidos com a mesma veste, por isso a quero de ti, para que a possas dar com justiça; se tu
me vestes, é justo que eu te vista para te dar a correspondência do que fizeste por mim. Todo o
mal no homem é que perdeu o germe de minha Vontade, por isso não faz outra coisa que
cobrir-se com os maiores delitos que o degradam e o fazem agir como louco. Oh, quantas
loucuras estão para cometer! Justa pena, porque querem ter por Deus o próprio eu”.

17-48
Junho 18, 1925

Todas as coisas contêm o germe da regeneração. A Vontade
de Deus deve regenerar na vontade humana para mudá-la em Divina.

(1) Estava segundo meu costume Fundindo-me no Santo Querer Divino, e fazendo-se diante de
minha mente aquele vazio imenso da Santíssima Vontade Suprema, pensava entre mim: “Como
pode ser que este vazio será preenchido pela correspondência dos atos humanos feitos nesta
adorável Vontade Divina? Para fazer isto, devem ser removidas todas as barreiras da vontade
humana que impedem o passo para entrar neste ambiente eterno e celestial da Vontade Suprema,
na qual parece que Deus os espera, para fazer com que o homem retorne à sua origem na ordem
da Criação, e sobre aqueles primeiros passos e caminho no qual tinha tido o seu princípio; contudo
nada de novo se vê no mundo do bem; os pecados, como eram, tais são, aliás, piores; e se algum
despertar se ouve de religião, de obras mesmo em círculos católicos, parecem verdadeiras
mascaradas daquele bem, mas no fundo, na substância, estão vícios que horrorizam mais que
antes; portanto, como poderá ser que o homem dê a morte como de um só golpe a todos os vícios
para dar vida a todas as virtudes, Como se requer para viver neste ambiente da Vontade Suprema?

Porque para viver nela não há termos médios, vidas a metade de virtudes e vícios, senão que é
necessário sacrificar tudo para converter todas as coisas em Vontade de Deus; a vontade humana
e as coisas humanas não devem ter mais vida, mas devem existir para cumprir nelas a Vontade de
Deus e para fazer desenvolver em nós a sua Vida. Agora, enquanto isso e outras coisas pensava,
meu doce Jesus interrompendo meu pensamento me disse:.

(2) “Minha filha, porém será assim, este vazio imenso de minha Vontade será preenchido pelos
atos humanos feitos pelas criaturas em minha Vontade. Minha Vontade Divina saiu do seio eterno
do Ente Supremo para bem do homem; esta nossa Vontade enquanto fez um ato só ao sair de Nós
para envolver o homem, de maneira que não encontrasse o caminho para sair dela, se multiplicou
depois em tantos inumeráveis atos para circundá-lo e dizer-lhe: Mira, esta minha Vontade não só te
envolve, senão que está em contínua atitude de atos imediatos para fazer-se conhecer por ti e
receber teu ato de correspondência em minha Vontade’. Todas as coisas têm sua correspondência,
e se não a têm podem-se chamar obras inúteis e sem valor. A semente lançada debaixo da terra
pelo semeador quer a correspondência, que a semente gere outras sementes, o dez, o vinte, o
trinta por um.

A árvore plantada pelo agricultor quer a correspondência da geração e multiplicação
de seus frutos. A água extraída da fonte dá a correspondência de tirar a sede, lavar e limpar a
quem a tirou. O fogo aceso dá a correspondência do calor, e assim todas as demais coisas criadas
por Deus, que têm o poder de gerar, contêm a virtude da regeneração, multiplicam-se e dão sua
correspondência. Agora, só esta nossa Vontade, saída de Nós com tanto amor, com tantas
manifestações e com tantos atos continuados deve ficar sem sua correspondência da regeneração
de outras vontades humanas em Divinas? A semente dá outra semente, o fruto gera outro fruto, o
homem gera outro homem, o mestre forma outro mestre e, só nossa Vontade, por quanto potente
Ela deve ficar isolada, sem correspondência e sem gerar a nossa na vontade humana? ¡ Ah não,
isto é impossível! Nossa Vontade terá sua correspondência, terá sua geração Divina na vontade
humana, muito mais que isto foi nosso primeiro ato pelo qual todas as demais coisas foram criadas,
isto é, que a nossa Vontade transforme e regenere a vontade humana em Divina. Vontade saiu de
Nós, vontade queremos, todas as demais coisas foram feitas em ordem secundária, mas isto foi
feito, estabelecido na ordem primária da Criação, no máximo poderá levar tempo, mas não
terminarão os séculos, sem que minha Vontade obtenha sua finalidade. Se obteve a finalidade da
regeneração nas coisas secundárias, muito mais deve obtê-la em sua finalidade primária. Jamais
nossa Vontade teria partido de nosso seio se houvesse sabido que não teria tido seus efeitos
completos, isto é, que a vontade humana ficasse regenerada na Vontade Divina. Acha que as
coisas serão sempre como hoje?

Ah, não! A minha Vontade esmagará tudo, confundirá em toda
parte, todas as coisas serão transtornadas, muitos fenômenos novos acontecerão para confundir a soberba do homem, guerras, revoluções, mortalidade de todas as classes, nada será evitado para
derrubar o homem por terra e dispô-lo a receber a regeneração da Vontade Divina na vontade
humana, e tudo o que te manifesto sobre minha Vontade, e tudo o que você faz nela, não são outra
coisa que preparar o caminho, os meios, os ensinamentos, a luz, as graças, para fazer que minha
Vontade fique regenerada na vontade humana. Se isto não devesse acontecer, não te teria
manifestado tanto, nem te teria tido por tão longo tempo sacrificada dentro de uma cama para pôr
em ti os fundamentos da regeneração da minha Vontade na tua, e portanto ter-te em contínuo
exercício na minha Vontade. Você acredita que seja nada isto estar continuamente em você, pôr na
boca minha oração, te fazer sentir minhas penas, que junto Comigo têm outro valor, outros efeitos,
outro poder? Poderia dizer que estou fazendo a primeira estátua, a primeira alma da regeneração
de minha Vontade nela, depois, fazer as cópias será mais fácil. “Por isso te digo sempre: Sê atenta,
porque se trata de muito, e da coisa mais importante que existe no Céu e na terra, trata-se de pôr a
salvo os direitos de nossa Vontade, de restituir-nos a finalidade da Criação, de nos dar toda a glória
pela qual todas as coisas foram feitas, e de nos fazer dar todas as graças que nossa Vontade havia
estabelecido dar às criaturas se tivessem cumprido em toda nossa Vontade”.

17-49
Junho 20, 1925

A alma que faz viver a Vontade de Deus nela, põe em movimento as alegrias e as bem-aventuranças divinas,
nas quais ficam arrebatados os bem-aventurados.

(1) Sentia-me imersa no Santo Querer de Deus, e meu doce Jesus, atraindo-me a Ele me
estreitava muito forte entre seus braços e depois me disse:.
(2) “Minha filha, oh! como é belo o meu repouso na alma que tem por vida o meu Querer e que faz
em tudo e por tudo, operar e amar a minha Vontade nela. Saiba que, enquanto a alma respira,
bate, obra, e tudo o que nela se desenvolve, estando como centro de vida minha Vontade nela, é
minha Vontade que respira nela, que palpita, que dá movimento à obra, à circulação do sangue, a
tudo. Agora, sendo esta Vontade a mesma que têm as Três Divinas Pessoas, acontece que sentem
nelas o respiro da alma, seu batimento, seu movimento; e como nossa Vontade cada vez que se
decide a fazer um ato, faz sair de nós novas alegrias, novas Beatitudes, nova felicidade, que
harmonizando tudo isto entre as Divinas Pessoas formam mares imensos de nova felicidade, que
envolvendo todos os bem-aventurados ficam arrebatados nestas alegrias e são sacudidos por este
arrebatamento quando nossa Vontade quer formar outros atos de Vontade para nos fazer mais
felizes e nos fazer pôr fora outras Beatitudes, e enquanto ficam comovidos ficam mais fortemente
arrebatados em nossas imensuráveis bem-aventuranças.

Agora, a alma que faz viver nossa
Vontade nela, chega a tanto, que ao fazê-la operar nos dá ocasião de fazer-nos pôr em movimento
nossas bem-aventuranças, as harmonias e as infinitas alegrias de nosso amor; nos faz pôr fora
novas belezas nossas. Nossa Vontade obrante na criatura nos é tão agradável, tão terna, tão
amável, nos faz novas surpresas, põe em movimento nossas coisas para nos dar a
correspondência de nossa glória, de nosso amor, de nossas felicidades, e tudo isto por meio da
criatura que nela deu o lugar para fazer viver a nossa Vontade; como não amar este parto do nosso
Querer? Muito mais, pois a tal criatura nossa Vontade nos faz amável, graciosa, bela, de tal modo
que em nenhuma outra encontramos suas prerrogativas, é um trabalho feito por nossa Vontade,
com tal maestria que faz encantar a todo o Céu, e faz a alma amável a todos, e muito mais à
Trindade Sacrossanta”.

(3) E, enquanto dizia isto, apertava-me mais forte, e fazendo-me pôr a minha boca no seu coração
acrescentou:.
(4) “Bebe também tu a grandes goles nossas Beatitudes, sacia-te como queiras e quanto queiras”.

17-50
Junho 25, 1925

As cruzes abrem as portas a novas manifestações, a lições mais secretas, aos dons maiores. Para viver na Divina
Vontade, a alma deve fazer o sacrifício total de tudo, mas tudo estará em compreendê-la, conhecê-la e amá-la.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, meu adorável Jesus, todo amor e ternura veio a
minha pobre alma. Primeiro se pôs junto a mim e me olhava fixamente, como se me quisesse dizer
muitas coisas, mas queria ampliar minha inteligência porque era incapaz de poder receber e
compreender o que Ele queria me dizer; depois se estendeu sobre toda minha pessoa e me
escondia dentro dele, cobria o meu rosto com o seu, as minhas mãos, os meus pés com os seus;
parecia-me que tudo estava atento a cobrir-me e a esconder-me toda nele, a fim de que nada mais
aparecesse de mim. Oh, como me sentia feliz escondida e coberta toda por Jesus! E eu não via
mais que outro Jesus, todo o resto tinha desaparecido. As alegrias, a felicidade de sua amável
presença, como por encanto tinham todas voltado a reviver em meu pobre coração; a dor havia
desaparecido de mim, não lembrava mais de sua privação que me havia custado penas mortais.
Oh, como é fácil esquecer tudo estando com Jesus! Agora, depois de ter me mantido por algum
tempo toda coberta e escondida nele, tanto que eu acreditava que não me deixaria mais, ouvia-o
chamar os anjos, os santos, para que viessem ver o que fazia comigo e o modo como me tinha
coberto sob sua adorável pessoa. Logo me participou suas penas e eu tudo o deixava fazer, e se
bem me sentia triturada por essas penas, me sentia feliz e sentia as alegrias que contém o Querer
Divino quando a alma se abandona nele, mesmo sofrendo. Então, depois que me fez sofrer me
disse:.
(2) “Minha filha, minha Vontade quer sempre mais dar-se a ti, e para dar-se mais, quer fazer-se
compreender mais, e para fazer mais estável, mais seguro e mais apreciável o que te manifesta,
dá-te novas penas para te dispores principalmente e preparar em ti o vazio onde depositar as suas
verdades; quer o nobre cortejo da dor para estar segura da alma e poder-se fiar dela; é sempre a
dor, as cruzes, as que abrem as portas a novas manifestações, a lições mais secretas, aos dons
maiores que quero depor em ti, porque se a alma resiste minha Vontade penante, dolorida, se fará
capaz de receber minha Vontade felicitante, e adquirirá o ouvido para entender as novas lições de
minha Vontade; a dor lhe fará adquirir a linguagem celestial, de maneira que saiba repetir as novas
lições aprendidas”.
(3) Quando ouvi isto, disse-lhe: “Meu Jesus e minha vida, me parece que se necessita completo
sacrifício para fazer sua Vontade e viver nela, à primeira vista parece nada, mas depois, na prática
parece difícil, esse não ter nem sequer nas coisas santas, no mesmo bem, nem sequer um respiro
de vontade própria, à natureza humana parece demasiado doloroso, por isso, jamais poderão as
almas chegar a viver no teu Querer com o total sacrifício de tudo?”.
(4) E Jesus acrescentou: “Minha filha, tudo está em compreender o grande bem que lhes vem com
fazer minha Vontade, compreender quem é esta Vontade que quer este sacrifício, e como esta
Vontade Suprema não se adapta a ser entremeada e a conviver com uma vontade baixa, pequena
e finita; Ela quer tornar eternos, infinitos e divinos os atos da alma que quer viver em minha
Vontade, e como pode fazer isto se ela quer pôr o alento da vontade humana, ainda que fosse em
coisas santas como você diz? Mas é sempre uma vontade finita, e então não seria mais uma
realidade viver em minha Vontade, mas um modo de dizer. Em troca, o ofício de minha Vontade é
domínio total, e é justo que o pequeno átomo da vontade humana fique conquistado e perca seu
campo de ação em minha Vontade. O que diria se uma pequena lâmpada, um fósforo, uma faísca
de fogo quisesse pôr-se no sol para fazer seu caminho e formar nele seu campo de luz, de ação no
centro do sol? Se o sol tivesse razão, ficaria indignado, e sua luz e seu calor aniquilariam a
pequena lâmpada, aquele fósforo, aquela faísca; e você, a primeira, zombaria deles, condenando
sua imprudência de querer fazer seu campo de ação na luz do sol. Tal é o alento da vontade
humana, mesmo no bem, na minha, por isso está atenta a que em nada a tua tenha vida, e toda te
cobri e escondi em Mim, a fim de que não tenha mais olhos que para olhar só minha Vontade, para
dar-lhe livre campo de ação em tua alma. Mas o difícil estará em compreender o viver em meu
Querer, não no sacrificar-se, porque quando tiverem entendido o grande bem que lhes vem, que de
pobres serão ricos, de escravos de vis paixões serão livres e dominantes, de servos senhores, de
infelizes felizes e até nas penas desta pobre vida, e que conheçam todos os bens que há em meu
Querer, o sacrifício total de tudo para eles será uma honra, será desejado, querido e suspirado. Eis
por que te incito tanto a manifestar o que te digo a respeito da minha Vontade, porque tudo estará
em conhecê-la, compreendê-la e amá-la”.
(5) E eu: “Meu Jesus, se tanto amas e queres que esta Tua Vontade seja conhecida, a fim de que
tenha seu campo de ação divino nas almas, ah, manifesta Tu mesmo às almas suas verdades e o
grande bem que contém tua Vontade e o grande bem que elas receberão. Tua palavra direta
contém uma força mágica, um ímã potente, a virtude da potência criadora, oh! como é difícil não se
render ao doce encanto de tua palavra divina, por isso, dito diretamente por Ti, todos se renderão”..
(6) E Jesus: “Minha filha, é o meu costume, a ordem da minha eterna sabedoria, manifestar as
minhas maiores obras primeiro a uma só alma, concentrar nela todo o bem que a minha obra
contém, encará-la de ti a ti como se nenhuma outra existisse; quando tudo fiz, de modo que posso
dizer que minha obra a completei de todo nela, tanto que nada lhe deve faltar, então a faço correr
como em um vasto mar em favor das demais criaturas. Isto fiz com minha Celestial Mãe, primeiro
tratei com Ela a ti por ti a obra da Redenção, nenhuma das demais criaturas sabia nada; Ela se
dispôs a todos os sacrifícios, a todos os preparativos necessários para me fazer descer do Céu à
terra; fiz tudo como se Ela fosse a única redimida, mas depois que me fez sair à luz, de maneira
que todos podiam ver-me e tomar os bens da Redenção, dei-me a todos, desde que me quisessem
receber. Assim será de minha Vontade, quando tudo o tenha completado em ti, de modo que minha
Vontade triunfará sobre ti e tu sobre Ela, então como água correrá a bem de todos, mas é
necessário formar a primeira alma para ter as segundas”.

 

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