Dom da Fortaleza na Divina Vontade

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Dom da Fortaleza na Divina Vontade
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Os dons da fortaleza e ciência. Distinção entre este e o do conselho ( o Dom da Fortaleza é um dos dons mais presentes na Vida na Divina vontade, pois exerce a paciência e resignação)

608. O dom da fortaleza é a participação ou influxo da força divina,
comunicada pelo Espírito Santo à vontade
criada, para animosamente se elevar acima
de quanto a humana fraqueza teme nas
tentações, dores, tribulações e adversidades. Tudo superando e vencendo, adquire
e conserva o mais difícil e excelente das
virtudes, transcende, sobe e ultrapassa
todas as virtudes, graças, consolações
interiores e espirituais, revelações e amor
sensível, por muito nobres e excelentes
que sejam. Assim se lança, com divino
esforço, até chegar a conseguir a íntima e
suprema união do sumo bem, ao qual com
ardentíssimos desejos aspira. Aí chega a
experimentar, depois de ter vencido tudo
Naquele que a conforta (Fl 4, 13), que
verdadeiramente, do forte sai a doçura (Jz
14, 14).
O dom da ciência é uma notícia
que julga, com retidão infalível, tudo o que
se deve crer e o que se deve fazer com as
virtudes. Diferencia-se do conselho porque este escolhe, e aquela examina e julga;
um faz o reto julgamento, o outro, a prudente escolha. Distingue-se do entendimento,
porque este penetra as verdades divinas
interiores da fé e virtudes, com uma simples
inteligência, e o dom da ciência conhece
com raciocínio o que delas se deduz; aplica
os atos exteriores das potências à perfeição da virtude, na qual o dom da ciência
vem a ser como raiz e mãe da discrição.

O da fortaleza expulsa o
desordenado temor e conforta a fraqueza.
Pertence à mesma virtude.

A fortaleza e seus atos
571. A virtude da fortaleza, terceira entre as quatro cardeais, serve para
moderar as operações da paixão irascível,
principalmente consigo mesmo. É verdade
que o concupiscível, a que pertence a
temperança, é anterior ao irascível. O apetite da paixão concupiscível gera a paixão
irascível, contra o que estorva o apetecido.
Apesar disso, trata-se primeiro
da irascível e de sua virtude, a fortaleza,
porque na prática, ordinariamente se consegue o apetecido pela intervenção da
irascível, que supera aquilo que o impede.
Por isto, a fortaleza é mais nobre e excelente que a temperança, de que falarei no
capítulo seguinte.

As duas espécies de fortaleza

572. O controle da paixão irascível pela virtude da fortaleza, reduz-se a
duas espécies de operações: usar da ira
conforme a razão, nas circunstâncias que
a tornem louvável e honesta, ou deixar de
se irar reprimindo a paixão, quando é mais
conveniente detê-la que praticá-la.
Ambos comportamentos são louváveis ou censuráveis, segundo o fim
visado e as circunstâncias que os acompanham. A primeira destas operações, ou
espécies, recebeu o nome de fortaleza,
chamada por alguns doutores belicosidade.
A segunda denomina-se paciência, a mais
nobre e superior fortaleza, que principalmente possuem e possuíram os santos.
Invertendo os valores e os nomes, os
mundanos costumam chamar à paciência
pusilanimidade, e à presunção impaciente
e temerária fortaleza, por não compreenderem os verdadeiros atos desta virtude.
Marta, forte e suave
573. Não teve Maria Santíssima
movimentos desordenados na irascível,
para reprimir pela fortaleza. Na inocentíssima Rainha todas as paixões estavam
ordenadas e submetidas à razão, e esta a
Deus que a governava em todas as ações
e movimentos. Teve, porém, necessidade
desta virtude para se opor aos entraves
que o demônio, por diversos modos lhe
criava, para não vir a conseguir tudo o que,
prudentíssima e ordenadamente, apetecia
Segundo Livro – Capítulo 11
para Si e para seu Filho Santíssimo.
Nesta corajosa resistência e combate, ninguém entre todas as criaturas foi
mais forte. Todas reunidas não puderam
chegar à fortaleza de Maria, nossa Rainha,
pois não sofreram tantas pelejas e contradições do comum inimigo. Quando, porém,
se fazia necessário usar desta fortaleza ou
belicosidade com as criaturas humanas,
era suave e forte, ou para melhor dizer, era
tão forte quão suavíssima no agir. Somente
esta divina Senhora, entre as criaturas,
pôde copiar em suas obras aquele atributo
do Altíssimo que, nas suas, une a suavidade com a fortaleza (Sb 8,1).
Ao praticar assim a fortaleza, nossa Rainha não sentiu, em seu generoso
coração, desordenado temor já que era
superior a tudo. Tampouco se mostrou
impávida e audaz além da medida. Não
podia deslizar a estes extremos viciosos
porque, com suma sabedoria, conhecia os
temores que devia superar e a audácia que
devia evitar. Assim estava vestida, como
única mulher forte, de fortaleza e formosura
(Pr 31, 25).

Uma vida cristã tem de ser necessariamente, em algum grau, uma vida heroica; é o heroísmo da vitória sobre os nossos próprios defeitos. Mais do que conquistar o mundo, o cristão tem de aprender a dominar-se a si mesmo. Às vezes, a vida cristã exige um heroísmo ainda maior: quando fazer a vontade de Deus impõe o risco de perder amigos, bens ou saúde; há o heroísmo mais alto dos mártires, que santificaram a própria vida por amor a Deus. Não é em vão que Deus vem em ajuda de nossa fraqueza com o seu dom de fortaleza.

Até mesmo São Paulo gemia sob o peso da fraqueza humana. Na carta aos romanos ele diz: “Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que quero; faço o que aborreço. Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita” (Rom 7,15-20).

Sabemos que Cristo nos libertou do pecado e da morte por Sua morte e ressurreição, mas as sequelas do pecado original continuam em nossa natureza; então, temos de lutar com Sua graça para vencer o pecado. O Catecismo da Igreja diz que: “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem consequência pior para o próprio pecador e para a Igreja e para o mundo inteiro” (n.1489). É para podermos enfrentar as tentações do mal que nos levam a pecar que o Espírito Santo nos fortalece com o dom da fortaleza.

É em vista da necessidade de coragem e grandeza de alma que se exige do cristão, que o Espírito lhe dá o dom da fortaleza. Esta nem sempre consiste em realizar grandes feitos admirados pelo público, mas implica paciência, perseverança, coragem, renúncia, sacrifício etc. Pelo dom da fortaleza, o Espírito Santo dá ao cristão não apenas o que as forças humanas podem alcançar, mas também a força divina. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que dá tranquilidade e paz mesmo nas horas mais difíceis. Foi ela que inspirou a São Francisco de Assis palavras tão significativas quanto essas: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.

Por essa virtude, Deus nos dá a coragem necessária para enfrentar as tentações, as circunstâncias difíceis da vida e também firmeza nas  perseguições e tribulações causadas por nosso testemunho cristão diante do mundo. Foi com muita coragem, com o dom da fortaleza, com muito heroísmo, que os santos mártires desprezaram as promessas e ameaças do mundo. Com serenidade, foram ao encontro da morte. Que luta gloriosa não sustentaram! Agora, gozam de perfeita paz, em união íntima com Jesus, de cuja glória participam.

Também nós temos de “combater o bom combate” (2 Tm 2,6) para alcançar a coroa eterna.  Vivemos num mundo cheio de perigos e tentações, bem como de um relativismo moral e religioso, que é contrário às verdades eternas. A alma acha-se constantemente  envolta nas tempestades de paixões revoltadas. Maus exemplos estão em toda parte e as inclinações do coração são sempre dirigidas para o mal. Resistir a tudo isso requer força de vontade, combate resoluto sem tréguas.

As provações nos fortalecem para o combate espiritual; por isso Deus as permite, os apóstolos sempre estimularam os fiéis a enfrentá-las com coragem. São Pedro diz: “Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo” (1 Pe 4,12). Ensinando-nos que essas dificuldades nos levarão à perfeição: “O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vós fortificará” (1 Pe 5,10).

O mesmo apóstolo ensina-nos que a provação nos aperfeiçoará e nos tornará inabaláveis. É importante não se deixar perturbar no fogo da provação. Não se exasperar, não perder a paz e a calma, pois é exatamente isso que o tentador deseja. O remédio da fé contra tudo isso é a humilde aceitação da vontade de Deus no exato momento em que algo desagradável nos ocorre, dando, de imediato, glória a Deus, como São Paulo ensina: “Em todas as circunstâncias, dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus” (1 Tes 5,16).

É preciso fazer esse grande e difícil exercício de dar glória a Deus na adversidade. Nesses momentos, gosto de glorificar a Deus, rezar muitas vezes o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”, até que minha alma se acalme e se abandone aos cuidados do Senhor. Essa atitude muito agrada ao Senhor, pois é a expressão da fé pura de quem se abandona aos Seus cuidados. É como a fé de Maria e de Abraão que “esperaram contra toda a esperança” (cf. Hb11,17-19), e assim, agradaram a Deus sobremaneira.

Mas não temos forças humanas para isso; então, o Espírito Santo nos socorre com o dom da fortaleza. Roguemos  a Deus para que esse dom seja nosso companheiro inseparável, para que possamos testemunhar nosso amor ao Senhor por palavras e obras. Assim, viveremos na fé e pela fé, certos de que seremos felizes aqui e na eternidade.

 12-17 Agosto 6, 1917 A Divina Vontade faz feliz a alma, mesmo no meio das maiores tempestades.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus veio, e estando eu muito afligida pelas contínuas ameaças de piores castigos, e por suas privações, me disse: (2) “Minha filha, anima-te, não te abatas demasiado, minha Vontade torna a alma feliz mesmo no meio das maiores tempestades, mas bem se eleva tão alto, que as tempestades não a podem tocar, se bem as vê e as sente. O lugar onde ela habita não está sujeito a tempestades, mas é sempre sereno e com sol radiante, porque a sua origem está no Céu, a sua nobreza é divina, a sua santidade está em Deus, onde está guardada pelo próprio Deus, porque zeloso da santidade desta alma que vive do meu Querer, a conservo no mais íntimo do coração e digo:
Ninguém me toque, porque meu Querer é intangível, é sagrado, e todos devem fazer honra ao meu Querer”.

12-129 Maio 1, 1920 A santidade para quem vive no Querer Divino, é o Glória Patri continuado.
(1) Minha miséria se faz sentir mais, e em meu íntimo dizia: “Meu Jesus, que vida é a minha?” E Ele sem me dar tempo de dizer outra coisa, súbito respondeu: (2) “Minha filha, para quem vive em meu Querer, sua santidade tem um só ponto, é o Glória Patri continuado, com a sequência do sicut erat in principio et nunc et Semper et in saecula saeculorum. Não há coisa na qual não dê glória a Deus, glória de todo completa, sempre 107 estável, sempre igual, sempre reina, sem jamais se mudar. Esta Santidade não está sujeita a retrocessos, a perdas, é sempre reinar, assim que seu fundo é o Glória Patri, sua prerrogativa é o sicut erat in principio, etc.”. (3) Continuando a lamentar-me por suas privações e pela ausência do sofrer, enquanto aos demais o dá abundantemente, meu sempre amável Jesus saiu de dentro de meu interior e apoiando sua cabeça em meu ombro, todo aflito me disse: (4) “Minha filha, quem vive em minha Vontade vive no alto, e quem vive no alto pode olhar com mais clareza no baixo, e deve tomar parte nas decisões, nas aflições e em tudo o que convém às pessoas que vivem no alto. Não vês tu no mundo algumas vezes, pai e mãe, e às vezes também a um filho maior que é capaz de tomar parte nas decisões, nas dores dos pais, que enquanto estes estão sob o peso de penas dolorosas, de incertezas, de intrigas, de perdas, os outros filhos pequenos não sabem nada disso, mas bem os fazem jogar e fazer a vida ordinária de família não querendo amargar aquelas tenras vidas sem uma finalidade útil para eles nem para os pais. Assim acontece na ordem da graça, quem é pequeno e ainda em estado de crescimento, vive no baixo, e portanto são necessárias as purgas, os meios necessários para fazê-lo crescer na santidade; seria como os pequenos da família, aos quais querer falar-lhes de assuntos, de intrigas, de penas, seria atordoar sem que compreendessem nada; mas quem vive no meu Querer, vivendo no alto deve substituir-se às penas de quem vive no baixo, deve ver os perigos destes, ajudá-los, tomar sérias decisões que às vezes fazem tremer, enquanto os pequenos Volume 12 90 estão calmos. Por isso acalma-te, e em meu Querer faremos vida em comum, e junto Comigo tomarás parte nas dores da família humana, vigiarás sobre as grandes tempestades que surgirão, e enquanto eles no perigo brincam, tu junto Comigo chorarás sua desventura”.

Novembro 16, 1926 Cada ato de vontade humana é um véu que impede conhecer a Vontade Divina. Seu zelo.
Como faz todos os ofícios para servir à alma. 
(1) Continua o meu habitual estado no abandono do Fiat Supremo, mas ao mesmo tempo chamo Aquele que forma toda a minha felicidade, a minha vida, o meu tudo. E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(2) “Minha filha, quanto mais se abandonar em meu Supremo Querer, tanto mais você adentra em seus caminhos, mais conhecimento adquire e mais posse toma dos bens que há na Divina Vontade, porque n‟Ela sempre há o que conhecer e tomar. Sendo a herança primária dada por Deus à criatura e possuindo meu Querer bens eternos, tem a tarefa de sempre dar a quem vive nesta herança, e só então está contente e se põe em atividade de ofício quando encontra a criatura dentro dos confins de seu Querer, e dando-se em festa dá coisas novas à sua herdeira, assim, a alma que vive n‟Ela é a festa da minha Vontade, e ao contrário, quem vive fora d‟Ela é a sua dor, porque a põe na impotência de poder dar, de exercer o seu ofício e de cumprir a sua tarefa. Muito mais que cada ato de vontade humana é um véu que a alma se põe diante da vista, que lhe impede ver com clareza minha Vontade e os bens que há n‟Ela, e como a maior parte das criaturas vivem continuamente de sua vontade, são tantos os véus que se formam, que ficam quase cegas para conhecer e ver minha Vontade, sua predileta herança que devia fazê-las felizes no tempo e na eternidade. Oh, se as criaturas pudessem compreender o grande mal da vontade humana e o grande bem da minha, desprezariam tanto a sua que dariam a vida para fazer a minha!
(3) A vontade humana torna o homem escravo, o faz ter necessidade de tudo, sente-se continuamente faltar a força, a luz, a sua existência está sempre em perigo, e o que obtém é por meio de orações e fadigosamente, então o homem que vive de sua vontade é o verdadeiro mendigo. Em troca quem vive da minha não tem necessidade de nada, tem tudo à sua disposição, minha Vontade lhe dá o domínio de si mesmo, portanto é dono da força, da luz, mas não da força e luz humanas, mas das divinas, sua existência está sempre seguro e sendo dono pode tomar o que quiser, não tem necessidade de pedir para ter, tão é verdade, que para Adão, antes de subtrair-se de minha Vontade a petição não existia, a necessidade faz nascer a petição, se de nada tinha necessidade, não tinha nem o que pedir nem o que implorar, assim que ele amava, louvava, adorava a seu Criador, a petição não tinha lugar no Éden terreno; a petição veio, teve vida depois do pecado como necessidade extrema do coração do homem; quem pede significa que tem necessidade e como espera, pede para obter. Mas quem vive em minha Vontade vive na opulência dos bens de seu Criador como dono, e se necessidade e desejo sente, vendo-se entre tantos bens é de querer dar aos demais sua felicidade e os bens de sua grande fortuna, verdadeira imagem de seu Criador que lhe deu tanto, sem nenhuma restrição, gostaria de imitá-lo dando aos outros o que possui. Oh! como é belo o céu da alma que vive em minha Vontade, é o céu sem tempestades, sem nuvens, sem chuva, porque a água que tira a sede, que fecunda e que lhe dá o crescimento e a semelhança daquele que a criou é a minha Vontade, é tanto o seu zelo de que a alma não tome nada, senão d‟Ela, que faz todos os ofícios; se ela quer beber, faz água, que enquanto a refresca lhe apaga qualquer sede, para fazer que sua única sede seja sua Vontade; se sente fome se faz alimento, que enquanto a sacia lhe tira o apetite de todos os demais alimentos; se a alma quer ser bela, se faz pincel dando-lhe pinceladas de tal beleza, que a minha própria Vontade é levada por uma beleza tão inédita impressa por Ela mesma na criatura, deve poder dizer a todo o Céu: „Vede como é bela, é a flor, é o perfume, é o corante do meu Querer que a fez tão bela.‟ Em suma, dá-lhe a sua força, a sua luz, a sua santidade, tudo para poder dizer: ‘É uma obra toda do meu Querer, por isso quero que nada lhe falte, que me assemelhe e me possua.‟ Olha para ti mesma para ver o que a minha Vontade fez, os teus atos investidos pela sua luz como mudaram a terra da tua alma, tudo é luz que desponta em ti e que se volta para ferir Aquela que a investiu, por isso a maior afronta que me fazem as criaturas é não fazer a minha Vontade”.

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 34-34 Maio 6, 1937 Jesus não sabe o que fazer com uma alma que não possui a paz. A quem vive no Querer Divino, Deus faz-lhe dom de todas as suas obras, e também da sua própria Vida, para lhe fazer ver quanto e como quer ser amado.

(1) Meu abandono no Querer Divino continua, minha pobre mente oprimida pelos incidentes da vida, para mim muito dolorosos, busca refúgio no centro do Fiat, no qual me sinto renascer a nova vida, rejuvenescer, repor-me de minhas dolorosas pausas, mas assim que me afasto do seu centro, as minhas opressões ressurgem tanto de ouvir as justas repreensões do meu amado Jesus, até me dizer: “Minha filha, presta atenção, pois Eu não sei o que fazer com uma alma que não é pacífica, a paz é minha celestial morada; o sino que com sons vibrantes e doces chama a meu Querer a reinar, é a paz. A paz possui vozes tão potentes que chama todo o Céu, põe-no atento para fazê-lo ser espectador das belas conquistas do agir do Querer Divino na criatura. A paz põe em fuga as terríveis tempestades e faz surgir o celestial sorriso dos santos, o encanto mais belo de uma primavera que jamais termina, por isso não me dês esta dor de não te ver em paz”. Então tratava por quanto mais podia me imergir no Querer Divino, para não me sentir mais a mim mesma, seguindo seus atos tanto da Criação como da Redenção, e meu amado Jesus investiu minha inteligência e com sua voz criadora, todo amor me disse:
(2) “Minha filha bendita, deixa-te a ti mesma e vem em minha Vontade, sentimos a extrema necessidade de fazer conhecer até onde chega nosso amor por quem vive n’Ela, e é tanto, que esperamos ansiosamente que se una, se una a nossas obras para lhe dar o direito como se fossem suas. E como nossa força criadora está sempre em ação, assim que se funde Conosco, como se renovássemos nossas obras lhe fazemos dom delas e lhe dizemos: ‘São obras tuas, faz com elas o que queiras; com nossas obras em teu poder podes amar-nos quanto quiseres, podes dar-nos glória em modo infinito, podes fazer bem a quem quiseres, tu tens direito não só sobre nossas obras, mas sobre Aquele que criou tudo, e Nós tomamos o direito sobre ti, que já és nossa’.
Como são doces estes direitos da pequenez humana em nosso Ser Divino, são doces e amorosas correntes que nos fazem amar com amor mais intenso e forte nossa obra criadora, e em nossa ênfase de amor vamos repetindo: Como é bela, é nossa, toda nossa, e Nós somos todos dela, não nos resta outra coisa que fazer que nos ame, a amaremos com amor eterno, e ela nos amará com eterno amor”.
(3) Eu fiquei surpreendida, como se quisesse fazer surgir dúvidas, e Jesus acrescentou:
(4) “Filha, não te maravilhes, é a pura verdade que te diz teu Jesus, que querendo ser amado quer fazer conhecer até onde pode chegar a criatura e quanto a ama, como se não estivesse contente de nossas alegrias intermináveis, queremos o contentamento que ela possua o que possuímos, e nos ame como sabemos amar Nós; olhe, para quem vive em nosso Querer Divino, é quase conatural, ela encontra nosso Fiat em ato de criar o céu, o sol, ela se une àquele ato para fazer o que faz Ele, é tanta nossa bondade, que com a união formamos o enlace juntos, e em nosso Volume 34 72 Querer formamos o ato decidido de dar o céu, o sol, como adorno à criatura; com este dom ela nos dá a glória de um céu estendido, nos ama em qualquer ponto dele, faz o bem às criaturas de fazer-lhes possuir e gozar um céu, e como tem um sol em seu poder dá-nos a glória de que o globo terrestre possui a luz, e cada homem que fica investido pela luz e o calor do sol, é uma glória de mais que nos dá, é uma canção de amor que nos faz, que rapta o nosso amor a amar mais cada planta, cada fruto e flor fecundados e aquecidos pelo seu calor, é um grito de mais de glória e amor que nos dá, o passarinho que canta ao surgir o sol, o cordeirinho que bale, todos são acentos de glória e de amor que nos manda; e o mérito de tantos bens que o sol faz à terra, que são incalculáveis, de quem são? De quem vive em nosso Querer, n’Ele, o que é nosso é seu, e como Nós não temos necessidade de méritos, tendo feito dom deles à criatura, deixamos a ela a parte meritória, e por correspondência queremos seu grito de amor sempre e em cada coisa, e assim do bem que fazem todas as coisas criadas, o vento, o ar, a água e tudo”.
(5) Então eu ao ouvir isto, não só fiquei maravilhada, mas queria colocar muitas dificuldades, e passando aos atos da Redenção me encontrei imersa em suas penas, e meu sempre amável Jesus, talvez para me convencer, fazia-se ver em meu interior em ato de sofrer a dolorosa crucificação, eu tomava parte em suas penas e morria junto com Ele, seu sangue divino corria, suas chagas estavam abertas. E Ele, com uma pronúncia terna e comovente, de sentir o meu coração partido, disse-me:
(6) “Estou dentro de ti, sou teu, estou à tua disposição, as minhas chagas, o meu sangue, todas as minhas penas, são tuas, podes fazer de Mim o que quiseres, aliás, fá-la de magnânima, de valente, de amante, de verdadeira imitadora minha, toma meu sangue para dá-la a quem quiseres, toma minhas chagas para curar as chagas dos pecadores, toma minha Vida para dar vida de graça, de santidade, de amor, de Vontade Divina a todas as almas, toma a minha morte para fazer ressuscitar tantas almas mortas em pecado; te dou toda a liberdade, faz tu, aprende a fazer, minha filha, me doei e basta, pensará tu em que tudo me redunde em glória, e em como me fazer amar, minha Vontade te dará o voo para te fazer levar meu sangue, minhas chagas, meus beijos, minhas ternuras paternas, a meus filhos, a teus irmãos, por isso não te admires, é propriamente este o agir divino, ter suas obras em ato de repeti-las continuamente para dá-las, para fazer dom às criaturas, e assim cada um pode dizer: ‘Tudo é meu, até o mesmo Deus é meu’. E oh! como gozamos ao vê-la dotada de nossas obras, possuidora de seu Criador, são os excessos de nosso amor, que para ser amado queremos fazer ver quanto a amamos e os dons que queremos lhe dar. A quem viva em nosso Querer, nos sentiríamos como se defraudássemos a criatura se não fizermos dom de tudo, e isto Nós não sabemos fazer, por isso seja atenta, faça que tua alma seja embalsamada por nossa paz divina, que não conhecemos que coisa seja perturbação, e todas as coisas te levarão o sorriso,  a doçura, o amor do teu Criador

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