Meu adorável Jesus continua a mostrar-se todo
benignidade e doçura. Esta manhã, quando eu estava com Ele, disse-me novamente: “Diga-me, o que tu queres?”
E eu imediatamente lhe disse: “Querido Jesus meu, o que na verdade gostaria é que o mundo inteiro se convertesse”. (Que pedido tão disparatado).
Mas ainda assim meu amado Jesus me disse: “Te contentaria desde que todos tivessem a boa vontade de salvar-se, porém, para te fazer ver que de bom grado consentiria a tudo o que disseste, vamos juntos em metade do mundo, e todos aqueles que encontrarmos com a boa vontade de salvar-se, por piores que sejam, Eu os darei”.
Assim, saímos no meio das pessoas para ver quem tinha a boa vontade de salvar-se, e para nossa grande tristeza, encontramos um número tão escasso, que é doloroso só de pensar nisso. E entre
este escassíssimo número estava o meu confessor e grande parte dos sacerdotes além de algumas das almas devotas, mas nem todos de Corato. Depois me fez ver as várias ofensas que recebia, eu lhe pedi que me fizesse partícipe de seus sofrimentos, e Jesus derramou de sua boca na minha as suas amarguras. Depois disto me disse: “Minha filha, sinto a boca muito amarga! Ah! Te peço que a adoces”.
Eu lhe disse: “Com prazer te daria tudo, mas não tenho nada, me diz mesmo que coisa poderia te dar”. E Ele me disse: “Faz-me sorver o leite dos teus seios, e assim poderás adoçar-me”.
E no mesmo instante em que disse isso, Ele enrolou-se nos meus braços e começou a sugar. Enquanto isso me veio um temor, que não fosse o menino Jesus, mas o demônio, por isso coloquei minha mão em sua testa e marquei-o com a cruz: Per signum Crucis. E Jesus olhou para mim todo festivo, e no próprio ato de ser amamentado, sorria, e com aqueles olhos vivazes parecia que me dizia: “Não sou o demônio, não sou o demônio”.
Depois quando parecia que se tinha saciado, pôs-se de pé em meus braços e me beijava toda. Agora, sentindo-me eu também o azedume na boca pela amargura que tinha derramado em mim, sentia vir a vontade de amamentar-me no peito de Jesus, mas não me atrevia, então Jesus me convi-dou a fazê-lo e assim tomei coragem e me pus a fazê-lo. Oh, que doçura de paraíso vinha daquele peito santo! Mas quem pode dizê-lo? Então me encontrei em mim mesma toda inundada de doçuras e de contentamentos.
Agora explico que quando Jesus amamenta de meus seios, o corpo não participa de nada, pois é quando me encontro fora de mim mesma, parece que a coisa acontece só entre a alma e Jesus, e Ele
quando quer fazer isto, é sempre como criança. É tão certo que é só a alma e não o corpo, que quando acontece isto eu me encontro sempre, ou na abóbada do céu, ou bem girando por outros pontos da
terra. Agora, como em algumas ocasiões disse que, voltando a mim mesma, sentia uma dor naquela parte em que o menino Jesus havia sorvido; é porque, ao sugar, às vezes parecia que o fazia um pou-
co forte, tanto que parecia que com aquele gesto, queria puxar o coração de dentro do peito. Por isso sentia sensivelmente uma dor e a alma retornando participava ao corpo.
Isto acontece também nas outras coisas, como, por exemplo, quando o Senhor me transporta para fora de mim mesma e me torna partícipe da crucificação. Jesus mesmo me estende sobre a cruz, me
atravessa as mãos e os pés com os cravos e sinto uma dor tal, como se fosse morrer, depois, encontrando-me em mim mesma, os sinto muito bem no corpo, tão é verdade que não posso mover os dedos, os braços, e assim dos demais sofrimentos dos quais o Senhor me faz partícipe, e se tivesse que dizer tudo, me alongaria demasiado.
Recordo também que enquanto Jesus fazia isto de sugar meus seios, neles punha a boca, mas do coração era de onde me sentia sair aquilo que era sorvido, tanto, que enquanto isso fazia, Às vezes sentia-me a arrancar o coração do peito e às vezes sentia vividamente dor. Dizia-lhe: “Meu querido, és muito impertinente, vai
mais devagar, pois dói-me muito”. E Ele estava rindo. Assim também quando me encontro eu absorvendo-me de Jesus, é de seu coração que tiro esse leite, ou bem sangue, tanto que para mim sugar do
seu peito é o mesmo que beber do seu lado. Acrescento ainda outra coisa, que o Senhor de vez em quando se digna verter da boca um leite dulcíssimo, ou bem me faz beber de seu lado seu precio-
síssimo sangue, e quando faz isto de querer sorver de mim, não se alimenta de outra coisa que aquilo mesmo que Ele me deu, porque eu não tenho nada para adoçar, senão muito para amargá-lo. Tão é
verdade, que às vezes no mesmo momento que Ele era amamentado por mim, eu absorvia dele, e advertia claramente que o que saía de mim não era outra coisa senão o mesmo que Ele me dava.
Parece que me expliquei suficientemente por quanto o pude.
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