2-73
Setembro 19, 1899
Jesus fala da fé, da esperança e da caridade.
(1) Encontrando-me esta manhã um pouco perturbada, especialmente pelo temor de que não seja Jesus quem vem senão o demônio, e de que meu estado não seja Vontade de Deus, enquanto me encontrava nesta agitação, veio meu adorável Jesus e me disse:
(2) “Minha filha, não quero que perca tempo, pensando nisso você se distrai de Mim e me faz faltar o alimento para me nutrir, o que quero é que pense somente em me amar e em estar toda abandonada em Mim, assim me preparará um alimento muito agradável, e não de vez em quando como faria se continuasse fazendo assim, senão continuamente. E não seria isto a tua grandíssima alegria, que a tua vontade, estando abandonada em Mim e no meu amor, fosse alimento para Mim, teu Deus?”
(3) Depois disto me fez ver seu coração e dentro tinha três balões de luz distintos, que depois formavam um só, e Jesus voltando a falar me disse:
(4) “Os balões de luz que vês no meu coração são a fé, a esperança e a caridade, que trouxe à terra para fazer feliz o homem sofredor, oferecendo-o em dom; agora, também a ti quero fazer-te um dom mais especial”.
(5) E enquanto assim dizia, daqueles globos de luz saíam como tantos fios de luz que inundavam minha alma, formando como uma espécie de rede, e eu ficava dentro.
(6) E Jesus: “Olha no que quero que ocupes tua alma: Primeiro voa com as asas da fé e submergindo nessa luz conhecerás e adquirirás sempre novas notícias de Mim, teu Deus, mas ao conhecer-me mais teu nada se sentirá quase dispersa, e não terás onde te apoiar. Mas tu te eleve mais e lançando-te no mar imenso da esperança, que são todos meus méritos que adquiri no curso de minha vida mortal, e todas as penas de minha Paixão que também delas fiz dom ao homem, e só por meio destes podes esperar os bens imensos da fé, Porque não há outro meio para obtê-los. Então, servindo-te destes meus méritos como se fossem teus, teu nada se sentirá mais dispersa e afundada no abismo do nada, senão que adquirindo nova vida ficará embelezada, enriquecida em modo tal de atrair-se os mesmos olhares divinas; e então não mais tímida, mas a esperança fornecer-lhe-á a coragem, a força, de modo a voltar à alma estável como coluna, exposta a todas as inclemências do ar, como são as diferentes tribulações da vida, que não a moverão nada, e a esperança fará com que a alma não só se submerja sem temor nas imensas riquezas da fé, senão que se tornará dona e chegará a tanto com a esperança, de fazer seu ao mesmo Deus. ¡ Ah! Sim, a esperança faz a alma chegar até onde quer, a esperança é a porta do Céu, assim que só por seu meio se abre, porque quem tudo espera, tudo obtém. Então a alma, quando tiver chegado a fazer seu ao mesmo Deus, súbito, sem nenhum obstáculo se encontrará no oceano imenso da caridade, e aí levando consigo a fé e a esperança, mergulhará dentro e fará uma só coisa Comigo, seu Deus”.
(7) O amantíssimo Jesus continua dizendo: “Se a fé é o rei e a caridade é a rainha, a esperança é como mãe pacificadora que põe paz em tudo, porque com a fé e a caridade pode haver tribulações, mas a esperança, sendo vínculo de paz, converte tudo em paz. A esperança é sustento, a esperança é alívio, e quando a alma elevando-se com a fé vê a beleza, a santidade, o amor com o qual é amada por Deus, sente-se atraída a amá-lo, mas vendo sua
insuficiência, o pouco que faz por Deus, o como deveria amá-lo e não o ama, sente-se desconsolada, perturbada e quase não se atreve a aproximar-se de Deus; então, logo sai esta mãe pacificadora da esperança, e pondo-se no meio da fé e a caridade começa a fazer seu ofício de pôr paz, assim que põe em paz de novo a alma, a empurra, a eleva, lhe dá novas forças e levando-a diante do rei da fé e a rainha da caridade, desculpa a alma, põe diante da
alma nova efusão de seus méritos e lhes pede que a queiram receber, e a fé e a caridade, tendo em vista somente esta mãe pacificadora, tão terna e cheia de compaixão, recebem a alma e Deus forma a delícia da alma, e a alma a delícia de Deus”.
(8) Ó santa esperança, como você é admirável! Eu imagino ver a alma que é possuída por esta bela esperança, como um nobre viajante que caminha para ir tomar posse de umas terras que formarão toda sua fortuna, mas como é desconhecido e viaja por terras que não são suas, quem o escarnece, quem o insulta, quem o despoja de seus vestidos e quem chega até golpeá-lo e a ameaçar com lhe tirar a pele, e o nobre viajante o que faz em todas estas dificuldades? Será que ele vai ficar perturbado? Ah, não, nunca! Pelo contrário, não terá em conta aqueles que lhe fazem tudo isto, e sabendo bem que, quanto mais sofrer, tanto mais será honrado e glorificado quando chegar a tomar posse de suas terras, por isso ele mesmo incita as pessoas a atormentá-lo mais. Mas ele está sempre tranquilo, goza a mais perfeita paz, e no meio destes insultos está tão calmo, que enquanto os outros estão acordados ao seu redor, ele está dormindo no seio de seu suspirado Deus. Quem fornecerá a este viajante tanta paz e tanta firmeza para seguir a viagem empreendida? Certamente a esperança dos bens eternos que serão seus, e assim superará tudo para tomar posse deles. Agora pensando que são seus, vem amá-los, e eis que a esperança faz nascer a caridade.
(9) Quem pode dizer o que Jesus bendito me faz ver com aquela luz? Queria passá-lo em silêncio, mas vejo que a senhora obediência deixando o vestido amigável, toma o aspecto de guerreiro e toma suas armas para fazer-me guerra e ferir-me. ¡¡ Ah, não te armes tão cedo! , deixa tuas garras, fica tranqüila, que por quanto possa farei como tu dizes, e assim permaneceremos sempre amigas.
(10) Agora, quando a alma se põe no vasto mar da caridade, prova delícias inefáveis, goza alegrias inenarráveis a uma alma mortal. Tudo é amor; seus suspiros, seus batimentos, seus pensamentos, são tantas vozes sonoras que faz ressoar em torno de seu amadíssimo Deus, vozes todas de amor que o chamam, de modo que Deus bendito, atraído, ferido por estas vozes amorosas, lhe corresponde, e acontece que os suspiros, O coração e todo o Ser Divino continuamente chamam a alma para Deus.
(11) Quem pode dizer como a alma é ferida por estas vozes? Como começa a delirar como se tivesse febre altíssima, como corre como enlouquecida e vai lançar-se no amoroso coração de seu Amado para encontrar refresco e a torrentes chupa as delícias divinas? Ela fica embriagada de amor, e em sua embriaguez entoa cantos todos amorosos a seu Esposo dulcíssimo. Mas quem pode dizer tudo o que acontece entre a alma e Deus? Quem pode dizer
algo sobre esta caridade que é o próprio Deus?
(12) Neste momento vejo uma luz grandíssima e minha mente agora fica assombrada, agora se fixa em um ponto, agora em outro, e faço por colocá-lo no papel mas me sinto balbuciante ao explicá-lo. Portanto, não sabendo o que fazer, por agora faço silêncio; e espero que a senhora obediência por esta vez queira perdoar-me, pois se ela quer zangar-se comigo, desta vez não tem tanta razão, porque a culpa é sua, porque não me dá uma língua ágil para saber dizê-lo. Compreendeu, Excelência? Ficamos em paz, não é verdade?
3-70
Maio 17, 1900
Poder das almas vítimas.
(1) Continua o mesmo estado de privação e de abandono. Então, encontrando-me fora de mim mesma via uma inundação de água misturada com granizo, parecia que várias cidades ficavam inundadas com notáveis danos. Enquanto via isto, encontrava-me em grande consternação porque queria impedir aquela inundação, mas como me encontrava sozinha e sobretudo não tinha comigo a Jesus, meus pobres braços sentia-os fracos para poder fazê-lo. Então, com grande surpresa vi vir uma virgem (me parecia que era da América), e ela de um ponto e eu do outro conseguimos impedir em grande parte o flagelo que nos ameaçava. Depois disto, tendo-nos reunido, via aquela virgem com as insígnias da paixão e coroada com coroa de espinhos, como também eu me encontrava, e uma pessoa que me parecia que fosse um anjo que dizia:
(2) “Ó poder das almas vítimas! O que não nos é dado fazer a nós, anjos, elas com seus sofrimentos podem fazê-lo.
Oh! se os homens soubessem o bem que lhes vem delas, porque estão para o bem público e particular, não fariam outra coisa que implorar a Deus que multiplique estas almas sobre a terra”.
(3) Depois disto, tendo-nos dito que nos confiámos mutuamente ao Senhor, separamo-nos .
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3-71
Maio 18, 1900
Preencher o interior de Deus.
(1) Encontro-me ainda privada de meu adorável Jesus, no máximo alguma sombra vejo, oh quanto me custa amá-lo, quantas lágrimas devo derramar! Esta manhã, depois de o haver buscado e esperado muito, o encontrei em minha mesma cama, todo aflito, com a coroa de espinhos que lhe traspassava a cabeça; a tirei pouco a pouco e a coloquei sobre a minha. ¡ Oh, como me via mal diante de sua presença! Não tinha força para dizer uma só palavra. Jesus, tendo compaixão de mim, disse-me:
(2) “Tem coragem, não temas, procura preencher teu interior de Mim e enriquecê-lo com todas as virtudes, até que transborde fora, e quando chegares a desbordá-las, então te levarei ao Céu e terminarão todas as tuas privações”.
(3) Depois disso, ele agregou tomando um ar afligido: “Minha filha, reza, porque estão preparados três diferentes dias, um longe do outro, de tempestades, granizadas, raios, inundações, que causarão grande dano aos homens e às plantas”.
(4) Dito isto desapareceu, deixando-me um pouco mais aliviada no estado em que me encontro, mas com um pensamento: “Quem sabe quando chegarei a transbordar, e se não o fizer, talvez me restará estar sempre distante Dele”.
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3-72
Maio 20, 1900
Todas as coisas têm início no nada. Necessidade do repouso e do silêncio interior.
(1) Encontrando-me fora de mim mesma, me parecia que fosse de noite e via todo o universo, toda a ordem da natureza, o céu estrelado, o silêncio noturno, em suma, me parecia que tudo tinha um significado. Enquanto olhava para isto, parecia-me que via Nosso Senhor, que tomando a palavra acerca do que via disse:
(2) “Toda a natureza convida ao repouso, mas qual é o verdadeiro repouso? É o repouso interior e o silêncio de tudo o que não é Deus. Olhe, as estrelas cintilantes de luz moderada, não deslumbrante como o sol; o sono e o silêncio de toda a natureza, dos homens e até dos animais, e que todos procuram um lugar, uma caverna onde estar em silêncio e repousar do cansaço da vida. Se isso é necessário para o corpo, muito mais para a alma é necessário repousar em seu próprio centro que é Deus. Mas para poder repousar em Deus é necessário o silêncio interior, como ao corpo é necessário o silêncio exterior para poder-se pacificamente adormecer. Mas o que é este silêncio interior? É fazer calar as próprias paixões tendo-as em seu lugar, é impor silêncio aos desejos, às inclinações, aos afetos, em suma, a tudo o que não chama a Deus. Agora, qual é o meio para chegar a isto? O único meio e de absoluta necessidade é desfazer o próprio ser e reduzir-se ao nada, como era antes de ser criada, e quando tiver reduzido a nada o seu ser, retomá-lo em Deus.
(3) Minha filha, todas as coisas têm princípio do nada, esta mesma máquina do universo que você vê com tanta ordem, se antes de criá-la tivesse estado cheia de outras coisas, Eu não poderia colocar minha mão criadora para fazê-la com tanta maestria e deixá-la tão esplêndida e adornada, no máximo poderia desfazer tudo o que podia estar, e depois refazê-la como a Mim me agradava; mas estamos sempre ali, em que todas minhas obras têm princípio do nada, e quando há mistura de outras coisas, não é decoroso para minha Majestade descer e obrar na alma, mas quando a alma
se reduz a nada e sobe a Mim, e toma seu ser no meu, então Eu obro como o Deus que sou, e a alma aí encontra o verdadeiro repouso. Eis como todas as virtudes têm princípio na humildade e no aniquilamento de si mesmo.
(4) Quem pode dizer quanto compreendia sobre o que me dizia o bendito Jesus? Oh, como seria feliz minha alma se pudesse chegar a desfazer meu pobre ser, para poder receber de meu Deus seu Ser Divino! ¡ Oh, como me enobreceria, como ficaria santificada! Mas que tolice é a minha, onde tenho o cérebro se ainda não o faço? ¡ Que miséria humana, que em vez de buscar seu verdadeiro bem e de empreender seu vôo ao alto, se contenta com arrastar-se por terra e viver na lama e na podridão!
(5) Depois disto meu amado Jesus me transportou dentro de um jardim em que havia muita gente que se preparava para assistir a uma festa, mas só aqueles que recebiam uma divisa podiam assistir, mas eram poucos os que recebiam esta divisa; a mim me veio um grande desejo de recebê-la, e tanto fiz que consegui meu propósito. Depois, tendo chegado ao ponto onde os recebiam, uma venerável matrona primeiro me vestiu de branco, depois me pôs uma banda celestial da qual pendia uma medalha marcada com o rosto de Jesus, e que enquanto era rosto ao mesmo tempo era espelho, que
ao contemplar-se nele se descobriam as menores manchas, e que a alma com a ajuda de uma luz que vinha de dentro daquele rosto, podia ser facilmente removido. Parecia-me que essa medalha continha um significado misterioso. Depois tomou um manto de ouro finíssimo e me cobriu toda. Parecia-me que vestida assim podia competir com as virgens bem-aventuradas. Enquanto isso acontecia Jesus me disse:
(6) “Minha filha, voltemos a ver o que fazem os homens, por agora basta que estejas vestida, quando for a festa então te levarei para assistir”.
(7) Assim, depois de ter virado um pouco, transportou-me para a minha cama.
4-78
Agosto 3, 1901
A alma que possui a Graça tem poder sobre o inferno, sobre os homens e sobre Deus.
(1) Esta manhã meu adorável Jesus não vinha, e depois de muito esperar veio a Virgem Mãe conduzindo-o quase à força, mas Jesus fugia. Então a Virgem Santíssima disse-me:
(2) “Minha filha, não te canses de lhe pedir, mas sê inoportuna, porque este fugir que faz é sinal de que quer enviar algum castigo, por isso foge da vista das pessoas amadas, mas tu não te detenhas, porque a alma que possui a graça tem poder sobre o inferno, sobre os homens e sobre o próprio Deus, porque sendo a Graça parte do próprio Deus, possuindo-a a alma, não tem talvez o poder sobre o que ela mesma possui?”
(3) Então depois de muito esperar, obrigado pela Mãe Rainha e importunado por mim, veio, mas com um aspecto imponente e sério, de modo que não me atrevia a falar, não sabia como fazer para lhe tirar aquele aspecto tão imponente. Pensei começar a falar com disparates dizendo-lhe:
“Meu doce Bem, amemo-nos, se não nos amamos nós, quem nos deve amar? E se você não se contentar com o meu amor, quem será capaz de te contentar? ” Ah! me dê um sinal certo de que está contente de meu amor, de outra maneira eu desfaleço, eu morro”. Mas quem pode dizer todos
os disparates que disse? Eu acho que é melhor ignorá-los; mas com isso parece que eu consegui tirar aquele ar imponente que eu tinha, e ele me disse:
(4) “Só estarei contente de teu amor quando este superar o rio da iniquidade dos homens, por isso pensa em aumentar teu amor, porque assim mais estarei contente de ti”.
(5) Dito isto desapareceu.
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4-79
Agosto 5, 1901
Como as mortificações são os olhos da alma.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, meu bendito Jesus tardava em vir e eu me sentia morrer pela pena de sua privação, quando de improviso veio e me disse:
(2) “Minha filha, assim como os olhos são a vista do corpo, assim a mortificação é a vista da alma, assim que a mortificação se pode dizer olhos da alma”.
(3) E desapareceu.
6-80
Novembro 13, 1904
A criatura jamais teria sido digna do amor divino sem o livre arbítrio.
(1) Continuando em meu habitual estado, minhas amarguras vão sempre aumentando pelas privações e silêncio do meu Santíssimo e único Bem. Tudo é, em suas visitas, sombra e relâmpago, e foge. Sinto-me oprimida e tola, não compreendo mais nada, porque Aquele que contém a luz está distante de mim, e como relâmpago que enquanto estoura clareia, mas depois se faz mais escuro que antes. Minha única herança que me resta é o Querer Divino. Então, depois de ter esperado muito e sentir que não podia seguir adiante, por breves instantes veio e me disse:
(2) “Minha filha, minha Humanidade, sendo Homem e Deus, via presentes todos os pecados, os castigos, as almas perdidas; teria querido agarrar em um só ponto tudo isto e destruir pecados, castigos e salvar as almas, assim que teria querido sofrer não um dia de Paixão, mas todos os dias para poder conter tudo em Si estas penas, e poupá-las às pobres criaturas. Com tudo isso que ele teria desejado, e poderia, ter destruído o livre arbítrio das criaturas e destruído esse acúmulo de males, mas o que seria do homem sem méritos próprios? Sem a sua vontade para fazer o bem?
Que papel faria ele? Seria objeto digno de mim Sabedoria Criadora? Não, certamente. Não teria sido como um filho em uma família estranha, que não tendo trabalhado junto com os próprios filhos não tem nenhum direito e alguma herança? E por isso, se come, se bebe, está sempre cheio de
rubor, porque sabe que não fez nenhum gesto propício para testemunhar o seu amor para com aquele pai; e por isso jamais pode ser digno do amor daquele pai para com ele, Assim, a criatura jamais teria sido digna do Amor Divino sem o livre arbítrio. Por outro lado, minha Humanidade não
devia infringir minha Sabedoria criadora, devia adorá-la como a adorou e se resignou a receber os vazios da justiça na Humanidade, mas não na Divindade, porque estes vazios da justiça divina são preenchidos com castigos nesta vida, no inferno e no purgatório. Então, se a minha humanidade se resignou a tudo isto, talvez tu quisesses superar-me e não receber nenhum vazio de sofrer sobre ti, para não me fazer castigar as pessoas? Filha, unifique-se Comigo e esteja em paz”.
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6-81
Novembro 17, 1904
Nós podemos ser alimento para Jesus.
(1) Tendo recebido a comunhão, estava pensando na bondade de Nosso Senhor ao dar-se em alimento a uma tão pobre criatura, a qual sou eu, e em como poderia corresponder a um favor tão grande. Enquanto pensava assim, o bendito Jesus me disse:
(2) “Minha filha, assim como Eu me faço alimento da criatura, assim a criatura pode fazer-se meu alimento, convertendo todo seu interior para meu alimento, de modo que pensamentos, afetos, desejos, inclinações, batimentos, suspiros, amor, tudo, tudo deveriam dirigir para Mim, e Eu vendo
o verdadeiro fruto de meu alimento, que é divinizar a alma e converter tudo em Mim, viria a alimentar a alma, isto é, de seus pensamentos, de seu amor e de todo o resto seu. Assim a alma me poderia dizer: Assim como Tu te tens feito comer e dar-me tudo, também eu me tenho feito teu
alimento, não fica outra coisa que te dar, porque tudo o que sou, tudo é teu”.
(3) Enquanto estava nisto, compreendia a ingratidão enorme das criaturas, porque enquanto Jesus se dignava chegar a tal excesso de amor de se fazer nosso alimento, nós lhe negamos seu alimento, e o fazemos ficar em jejum”.
11-84
Novembro 20,1914
Necessidade de escrever sobre os castigos. A Divina Vontade e o Amor formam na alma a Vida e Paixão de Jesus.
(1) Sentia-me muito afligida pelas privações de Jesus bendito, muito mais pelos flagelos que atualmente estão chovendo sobre a terra, e que Jesus há tantos anos, tantas vezes me havia dito. Parece-me que nos tantos que me tem na cama, dividíamos juntos o peso do mundo, sofríamos e trabalhávamos juntos em proveito de todas as criaturas. Parece-me que o estado de vítima em que o amável Jesus me tinha posto, concatenava juntas entre mim e Ele todas as criaturas, não havia nada que Jesus fizesse ou castigo que devesse mandar, que não me fizesse saber, e eu fazia tanto ante Ele, que ou diminuía o castigo ou o suprimia. Oh, como me aflige o pensamento de que Jesus se tenha retirado em Si todo o peso das criaturas, e que a mim como indigna de trabalhar juntamente com Ele me tenha deixado de lado. Mas outras aflições ainda, porque Jesus em suas escapadas que faz, continua me dizendo que as guerras e os flagelos que agora caem são nada ainda, enquanto que parecem que são demasiado, e outras nações se
porão em guerra, e não só, senão que com o tempo desencadearão guerras contra a Igreja, atacarão pessoas sagradas e as matarão. ¡ Quantas igrejas serão profanadas! Eu, em verdade, tenho omitido por cerca de dois anos escrever acerca dos castigos que Jesus me tem manifestado freqüentemente, em parte porque são coisas repetidas, e em parte porque escrever acerca dos castigos me faz tanto mal que não posso continuar; Mas Jesus, numa tarde, enquanto escrevia o que me tinha dito sobre a sua Santíssima Vontade, e tendo ignorado o que me tinha dito sobre os castigos, repreendeu-me docemente e disse-me:
(2) “Por que não escreveste tudo?”
(3) E eu: “Meu amor, não me parecia necessário, além disso, Você sabe quanto sofro”.
(4) E Jesus: “Minha filha, se não fosse necessário não te diria, além disso, estando seu estado de vítima unido com os eventos que minha providência dispõe sobre as criaturas, e vendo-se em seus escritos este entrelaçamento entre você e Eu e as criaturas, e entre seus sofrimentos para impedir os flagelos, agora vendo este vazio a coisa parecerá discordante e incompleta, e Eu coisas discordantes e incompletas não sei fazer”.
(5) E eu, encolhendo os ombros, disse: “É muito difícil para mim fazê-lo, e além disso, quem se lembrará de tudo?”
(6) E Jesus, sorrindo, acrescentou: “E se, depois da tua morte, eu te der uma pena de fogo nas mãos no Purgatório, que dirás?”
(7) Esta é a causa pela qual eu decidi escrever sobre os castigos, espero que Jesus perdoará minha omissão, e prometo ser atenta no futuro. (8) Agora, volto a dizer que estando muito aflita, Jesus ao vir, para me animar tomou em seus braços e me disse:
(8) Agora, volto a dizer que estando muito aflita, Jesus ao vir, para me animar tomou em seus braços e me disse:
(9) “Minha filha, anime-se, quem faz minha Vontade jamais fica sem minha companhia, mas bem está junto Comigo nas obras que faço, em meus desejos, em meu Amor, em tudo, e por toda parte está junto Comigo. Além disso posso dizer que como quero tudo para Mim, afetos, desejos, etc., de todas as criaturas, não tendo-os, Eu estou em atitude em torno das criaturas para fazer aquisição deles; agora, encontrando em quem faz minha Vontade o cumprimento de meus desejos, O meu desejo repousa nela, o meu Amor descansa no seu amor, e assim por diante”.
(10) Depois acrescentou: “Dei-te duas coisas grandíssimas, que se pode dizer que formavam a minha própria Vida; a minha Vida esteve encerrada nestes dois pontos: Vontade Divina e Amor. E esta Vontade desenvolveu em Mim minha Vida e cumpriu minha Paixão. Não quero outra coisa de ti, que minha Vontade seja tua vida, tua regra, e que nenhuma coisa, seja pequena ou grande, escape dela, e esta Vontade desenvolverá em ti minha Paixão, e por quanto mais estreita a minha Vontade estejas, tanto mais sentirás em ti minha Paixão. Se fizeres correr em ti como vida à minha vontade, Ela fará correr em ti a minha Paixão, assim que a sentirás correr em cada um dos teus pensamentos, na tua boca sentirás impregnada a língua e a tua palavra sairá quente do meu sangue e eloquentemente falarás das minhas penas; Teu coração estará cheio de minhas penas, e em cada batida que fará, a todo teu ser levará a marca de minha Paixão, e Eu te irei sempre repetindo: “Eis minha Vida, eis minha Vida”. E me deleitarei
em te dar surpresas, te contando agora uma pena e agora outra, ainda não conhecida nem compreendida por ti. Não está contente?”
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11-85
Dezembro 17,1914
A Divina Vontade forma a verdadeira e perfeita consagração da Vida Divina na alma.
(1) Continuando meu habitual estado e estando muito afligida pelas privações de Jesus, depois de muito esperá-lo veio, fazendo-se ver em todo meu pobre ser, e eu, me parecia como se fora a vestidura de Jesus, e rompendo seu silêncio me disse:
(2) “Minha filha, também tu podes formar hóstias e consagrá-las. Vê o vestido que me cobre no Sacramento? São os acidentes do pão com os quais é formada a hóstia, a Vida que existe nesta hóstia é meu corpo, meu sangue e minha Divindade, a atitude que contém esta Vida é minha Suprema Vontade, e esta Vontade desenvolve o amor, a reparação, a imolação e todo o resto que faço no Sacramento, o qual não se separa nem um ponto de meu Querer; não há coisa que saia de Mim da qual meu Querer não vá adiante. E eis que também tu podes formar a hóstia: A hóstia é material e feita inteiramente humana; também tu tens um corpo material e uma vontade humana, este teu corpo e esta tua vontade, se os mantiveres puros, retos, afastados de qualquer sombra de pecado, são os acidentes, os véus para poder consagrar-me e viver escondido em ti.
Mas isto não basta, seria como na hóstia sem a consagração, por isso se necessita minha Vida; minha Vida está composta de santidade, de amor, de sabedoria, de potência, etc., mas o motor de tudo é minha Vontade, por isso depois de que preparou a hóstia, deves fazer morrer tua vontade nessa hóstia, deves cozê-la bem, bem, para fazer que não renasça mais, e deves fazer entrar em todo teu ser a minha Vontade, e Esta, que contém toda minha Vida, formará a verdadeira e perfeita consagração. Assim não terá mais vida o pensamento humano, senão o pensamento de meu Querer, e esta consagração criará minha sabedoria em tua mente, não mais vida do humano, a debilidade, a inconstância, porque minha Vontade formará a consagração da Vida Divina, da força, da firmeza e de tudo o que Eu sou. Então, cada vez que fizer correr a sua vontade na minha, em seus desejos e em tudo o que é e pode fazer, Eu renovarei a consagração, e como em hóstia viva, não morta como são as hóstias sem Mim, Eu continuarei
minha Vida em você. Mas isto não é tudo, nas hóstias consagradas, nos copões, nos Sacrários, tudo está morto, mudo, não há sensivelmente um batimento, um ímpeto de amor que possa responder a tanto amor meu. Se não fosse porque eu espero os corações para me dar a eles, Eu
seria bem infeliz, ficaria desapontado em meu Amor e sem finalidade minha Vida Sacramental; e se eu tolerá-lo nos tabernáculos, eu não vou tolerar isso nas hóstias vivas. À vida é necessária a nutrição, e Eu no Sacramento quero ser alimentado, mas quero ser nutrido e alimentado com
meu mesmo alimento, isto é, a alma fará sua minha Vontade, meu Amor, minhas orações, as reparações, os sacrifícios, e os dará a Mim como suas coisas, E eu vou me alimentar. A alma se unirá Comigo, escutará atenta para ouvir o que estou fazendo para fazê-lo junto Comigo, e conforme repita meus mesmos atos me dará seu alimento, e Eu por isso serei feliz, e só nestas hóstias viventes encontrarei a compensação da solidão, do jejum e do que sofro nos tabernáculos”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade