Estudo 18- Livro do Céu Volume 1- Serva de Deus Luísa Piccarreta

Estudos do Livro do Céu
Estudo 18- Livro do Céu Volume 1- Serva de Deus Luísa Piccarreta
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Texto do Tema 18 Livro do Céu Volume 1 – Cap 20
20 – Sofrimento por parte da família. O grande medo e repugnância de Luísa de que outros percebam seus sofrimentos e o que está acontecendo com ela; mas o Senhor os faz perceber isso.
Uma noite, enquanto estávamos à mesa e eu neste estado de não poder abrir a boca, a família começou a inquietar-se.
Eu o sentia tanto que comecei a chorar, e para não ser vista me levantei e fui a outro quarto para seguir chorando, e pedia a Jesus Cristo e à Virgem Santíssima que me dessem ajuda e força para suportar essa prova, mas enquanto fazia isto senti que começava a perder os sentidos. Meu Deus, que pena só de pensar que a família me veria, sendo que até então não a tinha advertido! Enquanto eu estava nisso, dizia: “Senhor, não deixes que me vejam”.

 E eu tinha tanta vergonha de que me vissem, embora não sei dizer o motivo, e tratava por quanto mais podia de me esconder em lugares onde não poderia ser vista; quando fui surpreendida inesperadamente por esse estado, de modo que não tive tempo de me esconder ou ao menos de me ajoelhar – porque na posição em que me encontrava assim
permaneci, e poderiam dizer que estava rezando – então me descobriram. Enquanto perdia os sentidos, Nosso Senhor se fez ver no meio de muitos inimigos que Lhe lançavam toda classe de insultos, especialmente agarrando-o e pisando-o sob os pés, blasfemando-o,
puxavam-lhe os cabelos; parecia-me que o meu bom Jesus queria fugir debaixo daqueles pés fétidos e ia à procura de uma mão amiga que o libertasse, mas não encontrava ninguém.
 
 Enquanto via isto, eu não fazia outra coisa senão chorar sobre as penas de meu Senhor; teria querido ir no meio desses inimigos, talvez poderia libertá-lo, mas não me atrevia e lhe dizia: “Senhor, faz-me participar em tuas penas. Ah, se pudesse aliviar-te e libertar-te!” Enquanto isto dizia, aqueles inimigos, como se tivessem entendido, vinham contra mim, mas tão enfurecidos que começaram a me golpear, a puxar-me os cabelos, a pisotear-me; eu tinha grande temor, sofria, sim, mas dentro de mim estava contente porque via que dava ao Senhor um pouco de trégua. Depois aqueles inimigos desapareciam e eu ficava sozinha com o meu Jesus.

 Tentei compadecer-me, mas não me atrevia a dizer-Lhe nada, e Ele, rompendo o silêncio, me disse: “Tudo o que tu viste é nada em comparação com as ofensas que continuamente me fazem; é tanta a sua cegueira, o entregar-se às coisas terrenas, que chegam a tornar-se não só meus cruéis inimigos, mas também deles mesmos, e como seus olhos estão fixos na lama, por isso chegam a desprezar o que é eterno. Quem me reparará por tanta ingratidão? Quem terá compaixão de tanta gente que me custa sangue e que vive quase sepultada na imundície das coisas terrenas? Ah, vem e reza, chora junto Comigo por tantos cegos que estão muito atentos para tudo o que sabe a Terra, e desprezam e espezinham minhas graças debaixo de seus imundos pés, como se estas fossem lama. Ah, eleva-te sobre tudo o que é Terra, aborrece e despreza tudo o que a Mim não pertence, não te importem as zombarias que recebes da família depois de me teres visto sofrer tanto, só te importes com a minha honra, as ofensas que continuamente me fazem e a perda de tantas almas. Ah, não me deixes sozinho no meio de tantas penas que me destroçam o coração, tudo o que tu sofres agora é pouco em comparação com as penas que sofrerás; não te disse sempre que o que quero de ti é a imitação de minha vida? Olha como tu és de Mim, por isso coragem e não tenhas medo”. Depois disso voltei a mim mesma e percebi que estava rodeada pela família, todos choravam e estavam alarmados e tinham tal temor de que se repetisse esse estado, pensando que morreria, que decidiram voltar à Corato o mais rápido possível para me fazer observar pelos médicos. Não sei dizer por que sentia tanta pena ao pensar que devia ser examinada pelos médicos, muitas vezes chorava e me lamentava com o Senhor dizendo: “Quantas vezes, ó Senhor, te roguei que me faças sofrer em segredo, isto era meu único contentamento, e agora também disto estou privada. Ah! me diga, como
farei? Só tu podes me ajudar e me consolar em minha aflição, não vês tantas coisas que dizem? Uns pensam de um modo e outros de outro, quem queira aplicar-me um remédio e quem outro, estão muito atentos sobre mim, de modo que não tenho mais paz. Ah, socorre-me em tantas penas, porque me sinto faltar a vida!”
 E o Senhor benignamente acrescentou: “Não queiras afligir-te por isto, o que quero de ti é que te abandones como morta entre meus braços. Enquanto tu mantiveres os olhos abertos para ver o que Eu faço e o que fazem e dizem as criaturas, Eu não posso agir livremente sobre ti. Não queres confiar em Mim? Não sabes o quanto te amo e que tudo o que permito, ou através das criaturas ou através dos demônios, ou através de mim diretamente, é para o teu verdadeiro bem e não serve para outra coisa senão para conduzir a tua alma ao estado para o qual te escolhi? Por isso quero que de olhos fechados estejas em meus braços, sem olhar nem investigar isto ou aquilo, confiando inteiramente em Mim e deixando-me agir livremente. Se em troca quiseres fazer o contrário, perderás tempo e chegarás ao oposto do que quero fazer de ti. Quanto às criaturas, usa de um profundo silêncio, sê benigna e dócil
com todos, faze que tua vida, teu respiro, teus pensamentos e afetos, sejam contínuos atos de reparação que aplaquem minha Justiça, oferecendo me também os incômodos que te dão as criaturas, que não serão poucos”.
 
 Depois disto, fiz quanto mais pude para resignar-me à Vontade de Deus, ainda que muitas vezes era posta em tais problemas por parte das criaturas, que às vezes não fazia outra coisa senão chorar. Chegou o momento de receber a visita do médico e julgou que meu estado não era outra coisa que um problema nervoso, pelo que receitou medicamentos,
distrações, passeios, banhos frios, recomendou à família que me cuidassem bem quando era surpreendida por aquele estado de ficar petrificada 25. Então começou uma guerra por parte da família; impediam-me de ir à igreja, já não me davam a liberdade de ficar só, era observada continuamente, pelo que frequentemente percebiam que caía nesse estado.  Muitas vezes me lamentava com o Senhor dizendo lhe: “Meu bom Jesus, quanto aumentaram as minhas penas, até das coisas mais amadas estou privada, como são os Sacramentos. Nunca pensei que chegaria a isso, quem sabe onde irei terminar. Ah! Dá-me ajuda e força, porque minha natureza desfalece”.

 Muitas vezes dignava-se bondosamente dizer-me algumas palavras,  por exemplo: “Eu sou a Tua ajuda, o que temes? Não te lembras que também sofri da parte de todo o tipo de pessoas? Uns pensavam sobre Mim de um modo, e outros de outro, as coisas mais santas que Eu fazia eram julgadas por eles como defeituosas, más; até me disseram que estava possuída  tanto que me viam com olhos perversos , tinham-me entre eles mas de má vontade, e maquinavam tirar-me a vida o mais depressa possível, porque a minha presença se tinha tornado intolerável para eles. Então, não queres que te faça semelhante a Mim
fazendo-te sofrer por parte das criaturas?”

NOTAS
25 É o que ela chama de “seu estado habitual”. ,
26 Variante textual: endemoniado.
27 Variante textual: maledicente

Perguntas para responder sobre esse capítulo


A família de Luisa não tinha visto ainda ela no estado habitual (petrificada)? Por
que?
Como que Jesus podia permitir que Luisa ficasse dividida entre a dor da família dela
e as dores Dele? Tem um motivo para Jesus agir assim com Luisa?
Quais eram os estratagemas que Jesus utilizava com Luisa para que ela só se
preocupasse com a situação Dele e esquecer da dela?
Como Jesus orientou Luísa a agir perante seus problemas pessoais e familiares?
Que tipo de pessoas eram essas que começaram a julgar as atitudes de Luisa?
Era a Vontade de Deus que Luísa além de vê-lo sofrer, também sofria ela mesma na
sua vida pessoal com família e conhecidos? Esses sofrimentos eram reparatórios?

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