Genesis 3 – Bíblia na Divina Vontade

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Genesis 3 – Bíblia na Divina Vontade
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Capítulo 4
NASCIMENTO DE CAIM. E ABEL. OS SEUS SACRIFÍCIOS.
CAIM MATA A ABEL. CASTIGO, QUE POR ISSO TEVE.
NASCIMENTO DE ENOC, DE LAMEC O BÍGAMO, DE SET,
E DE ENOS, FILHO DE SET.

Tabela de Conteúdo

1 Ora Adão conheceu a sua mulher Eva e ela concebeu e pariu a Caim, dizendo: Eu possuí um homem ‘por graça de Deus.
2 Depois teve a Abel, irmão d;e Caim. Depois, Abel foi pastor de ovelhas, e Caim lavrador.

3 Passado muito tempo aconteceu fazer Caim ao Senhor as.suas ofertas dos frutos da terra.

4 Abel também ofereceu das primícias do seu rebanho, e das suas gorduras. Olhou o Senhor para Abel e para as suas ofertas;

5 não olhou porém para Caim, hem para as que êle lhe tinha oferecido. E Caim se irou grandemente, e o seu rosto pareceu descaído.

6 E o Senhor lhe disse: Por que andas tu irado ? E por que trazes esse rosto descaído?

7 Porventura se tu obrares bem, não receberás por isso galardão? e se obrares mal, não será bem depressa o pecado à tua porta? Mas a tua concupiscência estar-te-á sujeita, e tu a dominarás.

8 Disse Caim a seu irmão Abel: Saiamos fora. E quando ambos estavam no campo, investiu Caim contra seu irmão Abel e matou-o.

9 E o Senhor disse a Caim: Onde está teu irmão Abel? Ao que Caim respondeu: Eu não sei. Acaso sou eu o guarda de meu irmão?

10 Disse-lhe o senhor: Que é o que fizeste? A voz do, sangue, de teu irmão clama desde a terra até a mim.

11 Agora pois serás maldito sôbre a terra, que abriu a sua bôca, e recebeu o sangue de teu irmão da tua mão.

12 Quando tu a tiveres cultivado, ela te não dará os seus frutos. Tu andarás vagabundo e fugitivo sôbre a terra.

13 E Caim disse ao Senhor: O meu crime é muito grande, para alcançar dêle perdão.

14 Tu me lanças hoje fora da terra; e eu serei obrigado a me esconder de diante da tua face; e andarei vagabundo e fugitivo na terra. O primeiro pois, que me encontrar matar-me-á.

15 Respondeu-lhe o senhor: Não será assim mas todo o que matar a Caim, será por isso castigado sete vezes em dôbro. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para ninguém, que o encontrasse, o matar.

16 E Caim tendo-se retirado de diante da face do Senhor, andou errante pela terra, ficou habitando no país que está ao nascente do Éden.

17 E conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e pariu Enoc. E êle edificou uma Cidade, à qual pôs o nome do seu filho Enoc.

18 Enoc porém gerou a Irad, e Irad gerou a Maviael, e Maviael gerou Matusael, e Matusael gerou a Lamec,

19 o qual teve duas mulheres, uma chamada Ada, outra Sela’.

20 Ada pariu a Jabel, que foi pai dos pastores, e dos que habitam em tendas.

21 O nome de seu irmão foi Jubal que foi pai dos que tocam cítara e órgão.

22 Sela também pariu a Tubalcain, que foi trabalhador de martelo, e hábil em obras de bronze e de ferro. À irmã de Tubalcain se chamou Noema.

23 Ora, uma vez disse Lamec a suas duas mulheres Ada e Sela: Mulheres de Lamec escutai a minha voz, ouvi o que vou a dizer-vos: Eu matei um homem com uma ferida, e um rapaz à fôrça de pisaduras.

24 De Caim tomar-se-á vingança sete vezes, e de Lamec setenta vezes sete.

25 Tornou Adão a conhecer a sua mulher, e ela pariu um filho, a quem pôs o nome de Set, dizendo: O Senhor me deu outro filho em lugar de Abel, que Caim matou. .

26 Set também teve um filho, a quem pôs o nome de Enos: êste começou a invocar o nome do Senhor.

Gênesis 4

Gênesis 4 narra a história de Caim e Abel, os dois primeiros filhos de Adão e Eva. Este capítulo tem vários temas e interpretações importantes:
1. Rivalidade e ciúme entre irmãos: O tema central de Gênesis 4 é o poder destrutivo do ciúme e da rivalidade entre irmãos. Caim fica com ciúmes de seu irmão Abel quando Deus aceita a oferta de Abel, mas rejeita a de Caim. Em vez de lidar construtivamente com seu ciúme, Caim permite que ele se agrave, levando ao pecado e à violência. Esta história serve como um alerta sobre as consequências destrutivas do ciúme e a importância de lidar com tais sentimentos de forma saudável.
2. Responsabilidade Pessoal: Gênesis 4 sublinha o conceito de responsabilidade pessoal. Quando Deus confronta Caim sobre sua raiva e pecado, Ele lhe diz que o pecado está à porta, mas Caim deve dominá-lo. Isto enfatiza que os indivíduos têm uma escolha no que diz respeito às suas ações e que são responsáveis pelas suas decisões.
3. Consequências do Pecado: Após Caim assassinar Abel, ele experimenta as consequências de suas ações, incluindo a alienação de Deus, uma vida de peregrinação e o medo de retribuição. Isto ilustra o princípio de que o pecado tem consequências, não apenas no rescaldo imediato, mas também a longo prazo. Pode levar a um relacionamento rompido com Deus e a uma vida perturbada.
4. Misericórdia e Julgamento: Apesar do pecado de Caim, Deus mostra-lhe misericórdia dando-lhe um aviso antes de julgar. Deus encoraja Caim a escolher a justiça e o adverte sobre as consequências do pecado. Isto demonstra o desejo de Deus que a humanidade faça escolhas moralmente corretas e oferece uma oportunidade para o arrependimento.
5. Legado de Violência: A história de Caim e Abel pode ser vista como a origem da violência humana, pois marca o primeiro assassinato registrado na Bíblia. Este legado de violência é um tema recorrente na Bíblia, destacando a luta humana contra o pecado e a necessidade de redenção e reconciliação.
6. Ofertas e Adoração: O contraste entre a oferta aceitável de Abel e a rejeitada de Caim levanta questões sobre a adoração adequada e a obediência a Deus. Algumas interpretações enfatizam que Deus olha não apenas para a oferta em si, mas também para o coração e os motivos do adorador. Esta história incentiva os crentes a se aproximarem de Deus com sinceridade e um coração humilde.
7. Marca de Proteção: Depois de pronunciar o julgamento sobre Caim, Deus coloca uma marca nele para protegê-lo da retaliação de outros. Isto demonstra a vontade de Deus de mostrar misericórdia mesmo para com aqueles que cometeram pecados graves e reflete o Seu desejo de reconciliação e redenção.
Em resumo, Gênesis 4 fornece lições importantes sobre o poder destrutivo do ciúme e das emoções desenfreadas, as consequências do pecado, a responsabilidade pessoal, a misericórdia de Deus mesmo no julgamento, a importância da adoração sincera e o legado da violência na história humana. Serve como um conto de advertência e um lembrete da luta humana contínua contra o pecado e da necessidade de reconciliação com Deus.

Interpretação

4:1. Caim (Qayin). A palavra Caim está geralmente associada com qeinâ do hebreu, “adquirir” ou “obter”. A derivação está baseada na semelhança do som, mais do que por causa da etimologia básica, Poderíamos dizer que é um jogo de palavras. O verdadeiro significado da palavra possivelmente veio do árabe (“lanceiro” ou “ferreiro”). Eva encheu-se de alegria com o nascimento do seu filho. Ela exclamou: “Obtive um homem”.

4:2. Abel (Hebel). O nome dado ao segundo filho indica “um hálito fugaz” ou “um vapor”. Aplu, a palavra acadiana cognata, significa filho. Abel deu origem à vida pastoral, enquanto Caim seguiu a seu pai na agricultura.

4:4a. Uma oferta (minhâ). Cada homem trouxe um presente especial ou uma oferta a Jeová. Não se faz nenhuma menção de altar ou lugar de culto religioso. Minhâ, como os antigos o conheciam, servia para expressar gratidão, o efeito da reconciliação com o Senhor, e para adoração. Esta narrativa descreve o primeiro ato de adoração registrado na história humana. Em cada exemplo o adorador trouxe algo que era seu como oblação ao Senhor.

4:4b. Agradou-se o Senhor (shei’â). O presente oferecido por Caim não foi recebido pelo Senhor. Aqui não se explica o porquê da rejeição. E as Escrituras não nos contam como Deus indicou a Sua desaprovação. Talvez fogo caísse do céu e consumisse a oferta que foi aceita, mas deixasse a outra intocada. Há quem pense que a oferta de Caim foi rejeitada porque Caim deixou de realizar o ritual adequado. Outros têm explicado que a natureza das ofertas é que fez a diferença – uma sendo de carne e envolvendo morte e derramamento de sangue, e a outra de vegetais, sem derramamento de sangue (cons. Hb. 9:22).

O autor da Epístola aos hebreus dá-nos uma explicação inspirada da diferença entre as duas ofertas: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim…, dando Deus testemunho dos seus dons” (Hb. 11:4). Esta explicação centraliza-se sobre a diferença do espírito manifestado pelos dois homens. Sendo Abel um homem de fé, veio com o espírito correto e adorou de maneira agradável a Deus. Não temos motivos para crer que Abel tinha algum conhecimento de sua necessidade da expiação substitutiva. Pelas aparências ambas as ofertas expressavam gratidão, ação de graças e devoção a Deus. Mas o homem que tinha falta de fé genuína no seu coração não podia agradar a Deus, embora sua oferta material fosse imaculada. Deus não se agradou de Caim porque já olhara para ele e vira o que havia no seu coração. Abel veio a Deus com a atitude certa de um coração disposto a adorar e pela única maneira em que os homens pecadores podem se aproximar de um Deus santo. Caim não.

4:5b A ira incontida de Caim exibiu-se imediatamente. Sua fúria logo se acendeu, revelando o espírito que se aliava em seu coração. Caim tornou-se um inimigo de Deus e hostil para com seu irmão. Assim, o orgulho ferido produziu a inveja e o espírito de vingança. E estes deram à luz ao ódio consumidor e à violência que torna possível o homicídio.

4:6, 7a. Descaiu o teu semblante… serás aceito. O ódio que o queimava por dentro fez descair o seu semblante. Produziu um espírito taciturno, desagradável e mal-humorado. Com gentileza e paciência Deus lidou com Caim, tentando salvar o pecador rebelde. Assegurou-lhe que caso se arrependesse sinceramente, readquiriria sua alegria e seria aceito por Deus. Neisei, “levantar”, empresta a ideia de perdão. Jeová misericordiosamente estendeu, assim, a Caim a esperança do perdão e da vitória diante de sua decisão momentosa.

4:7b. Pecado (hatt’at) jaz (reibas). Logo em cima da promessa animadora. Jeová pronunciou uma advertência severa, insistindo com o pecador a que controlasse seu gênio e tomasse cuidado para que uma besta pronta a saltar sobre ele (o pecado) não o devorasse. O perigo era real. A besta mortal estava exatamente naquele momento pronta a dominá-lo. A palavra de Deus exigia ação imediata e forte esforço para repelir o provável conquistador. Caim não devia permitir que esses pensamentos agitados e esses impulsos o conduzissem a atitudes ruinosas. Deus apelou fortemente para a vontade de Caim. A vontade tinha de ser posta em ação para se obter a vitória completa sobre o pecado (hatt’at). Dependia do próprio Caim vencer o pecado em si mesmo, para controlar e não ser controlado. O seu destino estava em suas mãos. Não era tarde demais para escolher o caminho de Deus.

4:9. Onde está Abel, teu irmão? Falhando no domínio do selvagem monstro, Caim logo encontrou-se à mercê de uma força que o controlou completamente. Quase imediatamente um dos filhos veio a ser um homicida e o outro um mártir. Rapidamente Jeová confrontou o homicida com uma pergunta. Ao que parece, Ele quis obter uma confissão de culpa que preparasse o caminho para a misericórdia e o perdão completo. Embora Caim tivesse cometido o pecado de livre e espontânea vontade, descobriu-se perseguido por um Deus amoroso, rico em graça. Sou eu tutor de meu irmão? (shomer). Que resposta desavergonhada para a pergunta de um Pai amoroso! Petulantemente, desafiadoramente, Caim deu a sua resposta. O pecado já o tinha agarrado em seu domínio. Ele renunciava os direitos demandantes da fraternidade. Recusou-se a demonstrar respeito ao Deus eterno. Descaradamente apoiou-se em sua rebeldia egoísta e falou coisas que ninguém teria coragem de pronunciar.

4:10 A voz (qôl) do sangue do teu irmão clama (sô’qim) da terra a mim. Sangue derramado por um homicida, embora coberto pela terra, estava clamando a Deus. Jeová podia ouvi-lo, e Ele compreendia o significado do grito, pois Ele conhecia a culpa de Caim. Com que melancolia aquele sangue gritava por vingança! O autor de Hebreus refere-se a esta experiência na frase “o sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (12:24).

4:12. Fugitivo (nei’) e errante (neid). A maldição pronunciada sobre o homicida envolvia banimento do solo produtivo para o deserto estéril. O solo, disse Deus, seria hostil para o homicida, de modo que ele não conseguiria obter sustento do cultivo do solo. Em busca do sustento ele se tornaria um beduíno nas terras desertas, vagando cansado e desesperado. Insegurança, inquietação, luta, culpa e temores seriam seus “companheiros” constantes. A palavra fugitivo dá ideia de alguém cambaleando, andando em ziguezague, tropeçando, sem segurança, em busca infrutífera de uma satisfação. Era um projeto lúgubre e desencorajador.

4:13. O meu castigo (‘awon). Embora a vida de Caim fosse poupada, ele tremia sob o peso do seu pecado, da sua culpa, do seu castigo e das consequências infinitas que assomavam diante dele. A palavra hebraica ‘awon refere-se literalmente a sua iniquidade, mas também contém um pensamento das consequências do seu pecado. Caim estava muito mais preocupado com sua sentença do que com o seu pecado. Já não posso suportá-lo. Seu grito amargo dirigido a Deus chamava atenção para o peso insuportável do seu castigo. Era mais pesado do que podia levantar e carregar. A palavra neisa dá a ideia de “remover” (perdão) e “levantar” (expiação). Novamente, parece claro que o apavorado homicida estava pensando no castigo que estava para ser executado sobre ele.

4:14b. Quem… me matará. Terror e desalento começaram a acabrunhar o pecador quando pensava nos perigos do deserto. Imaginava que cruéis inimigos se deleitariam em matá-lo. Já sentia o hálito quente do vingador em sua nuca. Sua consciência ativa já estava em ação. No seu temor, tinha certeza de que a destruição estava a sua espera, pois sentia que estava completamente fora do círculo do cuidado divino.

4:15. Um sinal (‘ot) em Caim. Mas Jeová, em sua misericórdia, assegurou a Caim que a Sua presença seria contínua e Sua proteção infinita. Colocou um sinal sobre ele evidentemente um sinal ou indicação de que Caim pertencia ao Senhor Deus e devia ser fisicamente poupado. Não há nenhuma evidência de que o “sinal de Caim” fosse um sinal para avisar o mundo de que ele era um homicida. Era, antes, um sinal especial de cuidado amoroso e proteção. Caim continuaria sempre dentro da proteção da aliança divina. Embora um assassino, era um recipiente dos favores divinos.

4:16. Terra de Node (nôd). Literalmente, terra da peregrinação ou fuga (cons. 4:12, 14). Não há meio de localizarmos esta área geograficamente, exceto em falarmos dela como situada ao oriente do Éden. Caim apenas cumpriu a predição que Deus fez quanto a sua futura existência. Pateticamente e estoicamente ele partiu para os ermos sem trilhas. A ideia de “fuga” e “miséria” são discerníveis na palavra hebraica para retirou-se.

4:17. Sua mulher (‘ishtô). O livro de Gênesis não responde a tão frequente pergunta: Onde Caim arranjou uma esposa? Está claro que Adão e Eva tiveram muitos outros filhos e filhas. Antes de Caim se casar, um lapso de muitos anos se passou (talvez centenas deles). Uma vez que toda a vida veio pelo casal humano divinamente criado, é preciso concluir que num certo período da história irmãos e irmãs casaram-se entre si. Na ocasião quando Caim estava pronto a estabelecer um lar, Adão e Eva tinham numerosos descendentes. Não é preciso que imaginemos uma outra raça de pessoas já estabelecida no mundo. A esposa de Caim foi alguém da família de Adão e Eva.

4:25. Sete (Shêt). A narrativa divina preservou o nome de Sete como o do terceiro filho da linhagem de Adão. A palavra hebraica tem marcada semelhança à palavra shât, traduzida para “destinado” ou “estabelecido”. Na realidade, Sete veio a ser aquele de quem Deus pôde depender para o estabelecimento da pedra fundamental de Sua família. Ele foi “estabelecido” ou “destinado” a assumir o trabalho e a missão de Abel. Caim perdeu o seu direito de levar adiante a sublime esperança divina. Sete assumiria a responsabilidade e o privilégio sobre os seus ombros. Através de sua linhagem Deus realizaria Suas promessas.

4:26 Daí se começou a invocar o nome do Senhor. Foi uma experiência para nunca mais ser esquecida, quando, sob o estímulo de Enos, os homens começaram a invocar o nome de Jeová, o Deus da aliança. Enos, que se destacou na linhagem de Sete, foi o originador da oração pública e da adoração espiritual. Nela se usava o inefável nome do Deus eterno. Através dos descendentes de Sete havia uma esperança para dias melhores.

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