Estudo 30 Mistica Cidade de Deus – Escola da Vontade Divina

Escola da Divina VontadeMistica Cidade de Deus
Estudo 30 Mistica Cidade de Deus – Escola da Vontade Divina
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CAPÍTULO 25
COM UM ANO E MEIO DE IDADE A MENINA MARIA SANTÍSSIMA COMEÇOU A FALAR; SUAS OCUPAÇÕES ATÉ IR AO TEMPLO.

Maria começa a falar
389. Chegou o tempo de oportuna e perfeitamente, quebrar-se o santo silêncio de Maria puríssima, e assim se
ouvir em nossa terra a voz daquela divina rola (Ct 2,12), fidelíssima precursora do verão da graça.
Antes de receber permissão do Senhor para começar a falar com os homens – aos dezoito meses de sua idade –
teve uma visão intelectual da Divindade.
Não foi intuitiva, senão por espécies, e renovou-lhe as que outras vezes recebera, aumentando-lhe os dons e
favores da graça. Nesta visão estabeleceu-se entre a Menina e o supremo Senhor comovedor
colóquio que, com temor, me atrevo a traduzirem palavras.

Colóquio com Deus

390. Disse a Rainha à sua Majestade: – Altíssimo Senhor, Deus incompreensível, como favoreceis tanto à mais
‘”útil e pobre criatura? Como à vossa escrava, incapaz de vos retribuir, inclinais
vossa grandeza com tão amável benignidade? O poderoso enriquece ao pobre? O
Santo dos Santos se inclina para o pó? Sou pequena, Senhor, entre todas as criaturas
a que menos merece vossos favores. Que farei em vossa divina presença? Como darei a retribuição de quanto vos devo?
Que tenho eu, Senhor, que não seja vosso, se sois Vós que me dais o ser, vida e movimento?
Alegrar-me-ei, entretanto, meu amado, de que tenhais todo o bem e que a
criatura nada tenha fora de Vós. Que seja propensão e glória vossa elevar ao que é
menor, favorecer ao mais inútil e dar existência a quem não a tem, para que assim
vossa magnificência seja conhecida e exaltada.

Resposta de Deus

391. Respondeu-lhe o Senhor: -Minha pomba e minha querida, achaste
graça a meus olhos; és suave, amiga escolhida para minhas delícias. Quero revelar-te
o que em ti será para mim de maior agrado e beneplácito.
Estas razões do Senhor feriam de novo com a força do amor, o terníssimo
porém vigoroso, coração da Menina rainha . Satisfeito, prosseguiu o Altíssimo:

-Sou Deus de misericórdia, com imenso amor amo aos mortais, e entre os muitos
que com suas culpas me têm desobrigado, tenho alguns justos c amigos que, de
coração, me têm servido. Determinei remediá-los enviando-lhes meu Unigênito.
para que eles não sejam privados da minha glória e Eu de seu louvor eterno.

Maria pede a redenção

392. A esta proposição respondeu a santíssima menina Maria: – Altíssimo
Senhor e poderoso Rei, vossas são as criaturas e vosso é o poder; só Vós sois o
Santo e o supremo Regedor de toda a criação; obrigai-vos Senhor, pela vossa
mesma bondade, e apressai a vinda de vosso Unigênito para a redenção dos filhos de Adão. Chegue já o dia desejado
pelos meus antigos pais e vejam os mortais vossa eterna salvação. Por que, amado
Senhor meu, sendo piedoso pai das misericórdias, prorrogais tanto o que vossos
aflitos e cativos filhos ansiosamente esperam? Se minha vida lhes pode ser de algum
valimento, prontamente vô-la ofereço por eles.

Deus manda Maria falar

393. Com grande benevolência mandou-lhe o Altíssimo que daí em diante,
todos os dias, muitas vezes, lhe suplicasse apressar a encarnação do eterno Verbo
para a salvação de todo o gênero humano, e que chorasse os pecados dos homens,
impedimento de sua salvação. Em seguida, lhe declarou que já era tempo de exercitar
todos os sentidos e que para maior glória sua, convinha que falasse com as criaturas
humanas. Para cumprir esta ordem, disse a Menina à Sua Majestade:

Maria pede a proteção de Deus para usar da palavra

394. – Altíssimo Senhor, de incompreensível majestade, como se atreverá
o pó a tratar mistérios tão ocultos e soberanos e a vosso peito de tão estimável
preço, quem é a menor entre todos os nascidos? Como pode interceder por estes, e que pode alcançar a criatura que em
nada vos tem servido? Vós, amado, meu, vos dareis por obrigado da mesma necessidade, e a enferma buscará a saúde, a
sedenta desejará a fonte de vossa misericórdia e obedecerá à vossa divina vontade.
– Se ordenais. Senhor meu, que eu descerre os lábios para falar e tratar com
outros, fora de Vós que sois todo o meu bem e meu desejo, velai eu vos suplico,
pela minha fragilidade e perigo. É muito difícil para a criatura racional não se exceder nas palavras. Eu calaria a vida inteira se
fosse do vosso beneplácito, para não correr o risco de vos perder, pois se tal
acontecesse, impossível ser-me-ia viver um instante sequer.

Poder da palavra de Maria

395. Esta foi a resposta da Menina Santíssima Maria, receosa do novo e perigoso dever de falar. Quanto era de sua
vontade, se Deus o consentisse, tinha desejo de guardar inviolável silêncio e
emudecer toda a vida.
Grande confusão e exemplo para a insipiência dos mortais! Temia o perigo
da língua quem falando não podia pecar enquanto nós, que não podemos falar sem
pecar, vivemos ansiosos por fazê-lo!
– Mas, amável Menina e Rainha de toda a criação, como quereis deixar de falar? Não sabeis, Senhora minha, que
vossa mudez seria ruína para o mundo, tristeza para o céu e até, segundo nosso
Dobre modo de entender, um grande vazio para a própria beatíssima Trindade? Não
sabeis que só com aquela resposta ao santo Arcanjo Fiat mini etc. (Lc 1, 38) dareis a plenitude a tudo quanto existe?
Dareis Filha ao Eterno Pai, Mãe ao Eterno Filho, Esposa ao Espírito Santo, reparação para os anjos, remédio para os
homens, glória aos céus, paz à terra, advogada ao mundo, saúde para os enfermos, vida aos mortos.
Cumprireis a vontade e beneplácito de tudo quanto Deus quer fora de si mesmo. Pois, se unicamente de
vossa palavra depende a maior obra do poder imenso e de todo o bem da criação, Senhora e Mestra minha, como
deseja calar quem tão bem há de falar?
Falai, pois, Menina, e vossa voz seja ouvida em toda a extensão do céu.

Complacência da SSma. Trindade

396. Agradou-se o Altíssimo do recato prudentíssimo de sua Esposa, e seu
coração foi novamente ferido pelo amoroso temor de nossa grande Menina. Satisfeita
com sua dileta, a Beatíssima Trindade, como examinando entre as três Pessoas a sua
petição, disseram aquelas palavras dos Cânticos (8,8-9) – “Nossa irmã é pequena
e não tem seios, que faremos para nossa irmã no dia em que falar?
Se é muro, edifiquemos nela torrões de prata”. És pequena a teus olhos,
nossa querida irmã, porém grande aos nossos. Nesse desprezo de ti mesma, nos
feriste o coração com um de teus cabelos (Ct 4,9). És pequena em teu próprio parecer, e isto nos afeiçoa e enamora.
Não tens seios para alimentar com tuas palavras, mas tampouco és mulher para a
lei do pecado, na qual não quis nem quero que sejas incluída.
És humilde, sendo superior a todas as criaturas; temes, possuindo segurança; e foges do perigo que não te
poderá ofender. Que faremos com nossa irmã, no dia em que por nossa vontade,
abra os lábios para nos bendizer, enquanto os mortais os abrem para
blasfemar nosso santo nome? Que faremos para celebrar o dia tão festivo no
qual começará a falar? Com que premiaremos o tão humilde recato de quem
sempre foi deleitável a nossos olhos?
Doce foi seu silêncio, e dulcíssima será sua voz aos nossos ouvidos.
Se é forte muralha, por estar, construída com a virtude de nossa graça e
sustentada com o poder de nosso braço, reedifiquemos sobre tanta fortaleza novos
baluartes de prata, acrescentando novos dons aos passados. Sejam de prata para
que se torne mais rica e preciosa, e suas palavras, ao começar a falar, sejam
puríssimas, cândidas, retas, sonoras aos nossos ouvidos; tenha nossa graça derramada em seus lábios (SI 44,3), e esteja com
Ela nossa poderosa mão e proteção.

A primeira palavra de Maria

397. Ao mesmo tempo que, a nosso entender, fazia-se esta conferência
entre as três divinas Pessoas, nossa menina Rainha foi consolada em seu humilde
receio de começar a falar. O Senhor prometeu-lhe governá-la e assisti-la em suas
palavras, para que todas fossem para seu serviço e agrado.
Com isto, Ela lhe pediu novamente licença e bênção para abrir seus lábios
cheios de graça. Para ser em tudo prudente c sábia, dirigiu sua primeira palavra, pedindo-lhes a bênção, a seus pais São Joaquim
e Sant’Ana, porque deles, depois de Deus, recebera a existência.
Ouviram-na os felizes pais, e vendo que também começava a andar sozinha,
a ditosa mãe Ana, com grande alegria de espírito, tomando-a em seus braços lhe
disse: – Que felicidade, querida filha do meu coração! Seja para glória do Altíssimo que
ouçamos vossa voz e palavras, e que também comeceis a caminhar para seu maior
serviço. Sejam vossas palavras poucas, refletidas e de muita seriedade, e vossos
passos retos e dirigidos ao serviço e honra de nosso Criador.

Conversas entre SantAna e a Menina Maria

398. Ouviu a santíssima Menina Maria estes e outros conselhos de sua
mãe, e gravou-os em seu temo coração, para observá-los com profunda humildade
e obediência.
Durante o seguinte ano e meio até completar três, quando foi ao templo, foram muito poucas suas palavras, salv0
quando sua mãe a chamava para ter o gosto de ouvi-la, mandando-lhe que falasse de
Deus e seus mistérios. A divina Menina assim fazia, ouvindo e fazendo perguntas
à sua santa mãe. Deste modo, a que em sabedoria excedia a todos os nascidos
queria ser instruída e ensinada; e assim, entre Filha e mãe faziam-se amenos diálogos sobre o Senhor.
SantAna não revelava seu segredo.

399. Não seria fácil nem possível dizer o que realizou a divina Menina Maria,
nestes dezoito meses que permaneceu na companhia de sua mãe. Esta, muitas vezes
ao olhar a filha, mais venerável que a figurativa arca do Testamento, derramava
copiosas e doces lágrimas de amor e gratidão. No entanto, jamais deu a entender
o segredo que guardava no coração, de ser Maria a escolhida para Mãe do Messias, ainda que muitas vezes ambas
falavam sobre este inefável mistério. Nestas palestras a Menina inflamava-se em
ardentíssimos afetos, e dizia grandes excelências do Messias, e de sua própria
dignidade que misteriosamente ignorava.
Com isto aumentava o gozo, amor e cuidado da felicíssima Sant’Ana por seu
tesouro.

Humildade de Maria

400. As débeis forças da menina Rainha, eram muito insuficientes para o
desempenho de trabalhos humildes, aos quais era inclinada por sua fervorosa e
profunda humildade e amor. Senhora de todas as criaturas, julgando-se a menor
delas, queria sê-lo exteriormente nas ações e nos trabalhos mais rudes e pesados de
sua casa.
Acreditava que se não servia a todos, não pagaria sua dívida nem agradava ao Senhor. Na realidade, só não satisfazia
seus inflamados desejos, aquela de quem os supremos serafins beijavam as pegadas. Apesar de tudo, muitas vezes tentava
desempenhar o trabalho de varrer e limpar a casa. Como não lho permitiam, procurava
fazê-lo quando se encontrava só, auxiliando-a então os santos anjos, para lhe
proporcionar um pouco o prazer de sua humildade.

O traje de Maria

401. Os haveres de Joaquim eram medianos, e de acordo com a condição da
família, Sant* Ana desejava vestir sua Filha Santíssima com o melhor traje que pudesse, dentro da perfeita modéstia.
A Menina humilíssima conformou-se com este carinho materno, sem se
opor, enquanto não falou. Ao começar a falar, porém, pediu humildemente à mãe
que não lhe vestisse traje rico e de luxo, mas fosse grosseiro e pobre; sendo possível, já
usado por outros, de cor parda cinzenta, como hoje usam as religiosas de Santa Clara .
A santa mãe, que considerava e respeitava a Filha como Senhora, lhe respondeu: – Minha Filha, farei o que me pedis
quanto à forma e cor de vossas vestes; mas vosso físico infantil não o poderá suportar
muito grosseiro como desejais, e nisto obedecereis a mim.

Obediência da Menina

402. Não replicou a obediente Menina à vontade de sua mãe Sant’Ana,
Pois jamais o fazia. Deixou-se vestir com o que ela quis, na forma e na cor que
pediu, semelhante aos hábitos que por devoção as crianças costumam trazer.
Desejava mais pobreza e austeridade, mas supriu-as com a obediência, sendo esta
virtude mais excelente que os sacrifícios (lRs 15, 22).
Deste modo, permaneceu obediente à mãe e pobre no desejo, julgando-se
indigna do que usava para proteger a vida natural.
Nesta obediência aos pais foi perfeitíssima e exata, durante os três anos
que viveu na companhia deles. Pela divina ciência que possuía, conhecia-lhes o íntimo e antecedia-se a obedecer-lhes
prontamente. Para fazer algo de própria iniciativa pedia a bênção e licença da mãe,
beijando-lhe a mão com grande humildade  e reverência. Exteriormente sua mãe o consentia, mas interiormente reverenciava a
dignidade e graça de sua Filha Santíssima.

Penitência de Maria

403. Retirava-se algumas vezes, em tempos oportunos, para com maior liberdade gozar da vista e colóquios de seus
anjos, e manifestar-lhes com atos exteriores seu ardente amor pelo Senhor.
Em alguns exercícios que fazia, prostrava-se chorando e afligindo seu
corpozinho perfeitíssimo e delicado, pelos pecados dos mortais. Pedia e inclinava à
misericórdia do Altíssimo, a lhes fazer grandes benefícios, que desde já começou a
lhes merecer.
A íntima dor das culpas que conhecia, a força do amor donde aquele
sentimento procedia, produziam na Menina intensíssimos afetos de dor e pena.
Começando, naquela idade, a usar das forças corporais, estreou-as na penitência
e mortificação, para em tudo ser Mãe de misericórdia e medianeira da graça, sem
perder um momento nem ação por onde pudesse adquiri-la para si a para nós.

Caridade de Maria
404. Completando dois anos, começou a distinguir-se muito no amor e
caridade pelos pobres. Pedia à sua mãe Sant Ana esmolas para eles, e a piedosa
mãe satisfazia juntamente ao pobre e à sua Filha Santíssima. Exortava a amá-los e
reverenciá-los, a quem era mestra de caridade e perfeição.
Além do que recebia para distribuir aos pobres, desde aquela idade,
reservava alguma parte de seu alimento para lhes dar, e assim poderia dizer melhor
que o santo Jó; – Desde minha meninice a compaixão cresceu comigo (Jó 31,18).
Dava esmola ao pobre, não como se lhe fizesse benefício gratuito, senão
como quem saldava a justiça de uma dívida, dizendo em seu coração: – Este meu
irmão não tem o que lhe é devido, e eu tenho o que não mereço. E, entregando a esmola
beijava a mão do pobre, e se estava só, também o solo que ele havia pisado. Jamais, porém, deu esmola material ao pobre,
sem lhe fazer maior oferta espiritual para a alma, rezando por ela. Assim, voltavam de
sua presença socorridos no corpo e na alma.

Maria manifesta o desejo de ir para o Templo

405. Não foi menos admirável a humildade e obediência da santíssima
Menina, em deixar-se ensinar a ler e fazer outras coisas, como é natural naquela idade. Seus pais cuidaram disso, e Ela tudo
aceitava, não obstante estar repleta de ciência infusa em todas as matérias criadas. Calava e ouvia a todos, com admiração
dos anjos, por verem tão peregrina prudência numa Menina. Sua mãe Sant’Ana, com
amor e a luz que tinha, observava o procedimento da divina Princesa e bendizia o Altíssimo.
Aproximando-se o dia de levá la ao Templo, com o amor lhe crescia o
sentimento de ver que, terminado o prazo de três anos marcados pelo Todo-poderoso,
teria que imediatamente cumprir seu voto.

Para isto começou a Menina Maria a preparar a mãe manifestando-lhe, seis
meses antes, o desejo que tinha de ir ao templo. Representou-lhe os benefícios que
haviam recebido do Senhor e quão justo era cumprir seu maior agrado. No templo,
dedicada a Deus, pertenceria mais à mãe do que em sua própria casa.
Sentimento de SantAna
406. Ouvia a santa Mãe as prudentes razões de sua Menina Santíssima
e concordava em cumprir a promessa de oferecer sua amada Filha. A força da natural afeição por tão rara e única prenda,
porém, com o conhecimento do inestimável tesouro que Nela possuía, combatiam
em seu fidelíssimo coração, com a dor da separação que tão de perto a ameaçava.
Teria, sem dúvida, perdido a vida em tão dura pena, se o Altíssimo não a fortalecesse. A graça e dignidade, só por ela
conhecida, de sua divina Filha lhe tinham cativado o coração, e sua presença e convivência lhe eram mais desejáveis que a
própria vida.
Nesta dor responderia, às vezes, à Menina: Minha querida Filha, por muitos
anos vos desejei e durante poucos mereço gozar de vossa companhia, por se cumprir
a vontade de Deus. Não faltarei à promessa de vos levar ao Templo, mas como falta
algum tempo para cumpri-la, tende paciência até chegar o dia de satisfazer vossos desejos.

Deus avisa Maria de sua ida ao Templo

407. Poucos dias antes que Maria Santíssima completasse três anos, teve
uma visão abstrativa da divindade. Nela foi-lhe manifestado aproximar-se o tempo,
cm que Sua Majestade ordenava fosse levada ao Templo, onde viveria dedicada e
consagrada ao seu serviço.
Com esta nova, seu puríssimo espírito encheu-se de novo gozo e reconhecimento, e falando ao Senhor lhe deu
graças, dizendo: – Altíssimo Deus de Abraão, Isaac e Jacob, eterno e sumo bem
meu, já que não posso louvar-vos dignamente, façam-no em nome desta humilde
escrava todos os espíritos angélicos. Por que Vós, Senhor imenso, que de ninguém
tendes necessidade, olhais a este vil bichinho, com a grandeza de vossa liberal
misericórdia? Donde me vem a graça de ser recebida em vossa casa e serviço, se não
mereço o mais desprezível lugar da terra que me sustenta? Mas se vos obrigais de
vossa mesma grandeza, suplico-vos, Senhor meu, inspireis esta vossa santa
vontade ao coração de meus pais para que a cumpram.

Visão de SantAna e sua oração

408. Logo teve Sant’Ana outra visão, na qual o Senhor lhe mandou cumprir a promessa de levar ao templo sua
Pilha, e apresentá-la no mesmo dia em que completasse três anos.
Não há dúvida que esta ordem foi de maior dor para esta mãe, do que a de
Abraão para sacrificar seu filho Isaac. O Senhor a consolou e confortou, prometendo-lhe assisti-la com sua graça, na soledade e rn que ficaria por lhe pedir a Filha.
A santa matrona mostrou-se submissa e pronta para cumprir a ordem do
Senhor, e obediente fez esta oração: – Senhor e Deus Eterno, dono de todo o meu
ser, já ofereci para vosso templo e serviço a Filha que por inefável misericórdia me
destes. Ela é vossa e vô-Ia dou, agradecida pelo tempo em que a tive e por tê-la concebido e criado. Lembrai-vos, porém, Deus e
Senhor, que guardando vosso inestimável tesouro eu era rica: tinha companhia neste
desterro e vale de lágrimas, alegria em minha tristeza, alívio em meus trabalhos,
espelho para regular minha vida, e um exemplo de altíssima perfeição que estimulava minha tibieza e afervorava meu afeto.
Por esta singular criatura esperava vossa graça e misericórdia, e temo que tudo me
falte ao mesmo tempo, achando-me sem Ela. Curai, Senhor, a ferida do meu coração
e não procedais comigo segundo mereço, mas olhai-me como piedoso pai de misericórdia; levarei minha Filha ao Templo como
Vós, Senhor, o ordenais.

Visão de São Joaquim

409. Ao mesmo tempo recebera São Joaquim outra visita ou visão do Senhor, mandando-lhe o mesmo que à
Sant’Ana. Tendo ambos conferido e conhecido a vontade de Deus, determinaram
cumpri-la com submissão, e marcaram o dia para levar a menina ao templo. Ainda que
grande a dor e ternura do santo ancião, foi menos intensa do que a de Sant’Ana, porque então ignorava o grande mistério
daquela que havia de ser Mãe de Deus.

DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU.

Morte e eternidade

410. Minha caríssima Filha, lembra-te que todos os viventes nascem
destinados a morrer, ignorando o último dia da vida. Com certeza apenas sabem que
sua duração é curta e a eternidade sem fim; e que nesta, o homem só colherá o que
agora semear em boas ou más obras, que então darão fruto de morte ou de vida
eterna. Em tão perigosa viagem, Deus não quer que ninguém conheça, com certeza,
se é digno de seu amor ou de sua indignação (Ecl 9,1). A quem tiver bom senso, esta
dúvida servirá de estímulo para procurar com todas as forças adquirir a amizade do
Senhor e nela crescer. Justifica Ele seu proceder, desde que a alma começa a ter
uso da razão. Infunde-lhe luz e ditame para a estimular e dirigir à virtude, e desviar do
pecado. Ensina-a a distinguir o fogo da água, para escolher a virtude e reprovar o
vício. Além disto, a desperta e chama por muitos modos: diretamente, com santas
inspirações e contínuos impulsos; por meio dos sacramentos e mandamentos, pelos
anjos, pregadores, confessores, superiores e mestres. Pelas provações e favores,
pelos exemplos alheios, pelas tribulações, mortes e outros vários sucessos. Tudo são
meios que sua providência dispõe para atrair todos a si, porque a todos deseja
salvar ( l Tm 2,4). De todas estas coisas faz um conjunto de grandes auxílios e favores,
que a criatura pode e deve aproveitar.

Combate, renúncia, libertação

411. Contra isto combate a parte inferior e sensitiva que, com o “fomes
peccati , inclina aos objetos sensíveis e impele a concupiscência, para perturbar a
razão e arrastar a vontade cega ao gozo e deleite. Por sua vez, o demônio, com fascinações e iníquas mentiras, obscurece o
interior (Sb 4, 12) e dissimula o mortal veneno do deleite transitório. Mas, nem
por isto o Altíssimo abandona logo suas criaturas, antes renova suas misericórdias
e auxílios para chamá-las de volta. Se respondem às primeiras solicitações
acrescenta outras maiores e as vai aumentando e multiplicando. Em recompensada
alma se ter vencido, vão se enfraquecendo as forças das paixões e o “fomes”. O espírito toma-se mais livre para poder elevar-se,
e vir a se tornar muito superior às próprias inclinações e ao demônio.

Covardia, perigo de perdição

412. Se, porém, deixando-se arrastar pelo deleite e esquecimento, o homem
dá a mão ao inimigo de Deus e seu, quanto mais se afasta da bondade divina, tanto
menos digno se faz de seus chamamentos.
Tanto menos percebe os auxílios da graça, ainda que sejam grandes, porque o demônio e as paixões adquiriram sobre a razão
maior domínio e força, e a tornaram menos disposta à graça do Altíssimo. Nesta doutrina, minha filha e amiga, consiste o
principal para a salvação ou condenação das almas: começar a resistir ou a aceitar os
auxílios do Senhor. Quero que não esqueças estas lições, para responderes aos
muitos chamamentos que recebes do Altíssimo. Procura ser forte, resiste a teus
inimigos, e pontualmente executa o belprazer de teu Senhor para o agradar.
Obedece à sua vontade que pela divina luz conheceres.

Grande amor tinha eu a meus pais.

As razões e ternura de minha mãe me feriam o coração, mas como sabia ser vontade e
agrado do Senhor deixá-los, esqueci a casa deles e meu povo (SI 44,11) para só seguir
meu Esposo. A boa educação e instrução recebida na infância concorrem muito, para
a criatura se encontrar depois mais livre e habituada à virtude, começando desde o
porto da razão, a seguir este verdadeiro e seguro norte.

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