Luisa Piccarreta – SUA BIOGRAFIA
“A Pequena Filha da Vontade Divina”
Introdução
Luisa Piccarreta (1865–1947) foi uma mística italiana, alma vítima e confidente de Jesus Cristo, conhecida por sua profunda união com a Vontade Divina. Jesus a chamou carinhosamente de “a pequena filha da Minha Vontade Divina”, revelando-lhe mistérios sublimes sobre a união da vontade humana com a de Deus.
Sua vida foi marcada por fenômenos sobrenaturais: estigmas invisíveis, inédia (viver sem alimento), bilocação, êxtases, profecias e um casamento místico com Cristo. Durante 59 anos, permaneceu acamada, oferecendo seus sofrimentos pela salvação das almas.
Apesar das provações, incluindo a proibição de alguns de seus escritos pela Igreja em 1938, Luisa manteve-se obediente, submetendo-se humildemente às autoridades eclesiásticas. Atualmente, seu processo de beatificação está em andamento, e sua espiritualidade sobre a Vontade Divina continua a inspirar fiéis em todo o mundo.
1. Infância e Primeiros Anos (1865–1883)
Nascimento e Contexto Familiar
Luisa nasceu em 23 de abril de 1865, em Corato, Itália, numa família humilde. Seu pai, Vito Nicola, e sua mãe, Rosa Tarantino, eram trabalhadores rurais. Desde pequena, demonstrava uma inclinação à oração e ao sacrifício.
Primeiros Diálogos com Jesus
Aos 9 anos, Jesus lhe apareceu e disse:
“Minha pequena filha, Eu te escolhi para uma missão especial: viver na Minha Vontade e ensinar aos outros como se abandonarem a Ela.”
Desde então, Luisa começou a ter visões frequentes de Jesus, que a instruía sobre a importância de renunciar à própria vontade para viver plenamente na Vontade Divina.
Voto de Castidade e Primeiros Sofrimentos
Aos 11 anos, fez um voto secreto de castidade. Jesus a convidou a oferecer-se como vítima pelos pecadores, e ela começou a experimentar sofrimentos expiatórios.
2. Juventude e Aprofundamento Espiritual (1883–1899)
O Chamado à Vida Reclusa
Em 1883, aos 18 anos, Jesus lhe disse:
“Quero que permaneças em tua cama, não por doença, mas como sinal de total abandono à Minha Vontade.”
A partir desse momento, Luisa ficou acamada, vivendo apenas da Eucaristia e de pequenas quantidades de comida (que muitas vezes rejeitava).
Estigmas Invisíveis e Casamento Místico
Em 1888, Jesus lhe concedeu os estigmas invisíveis (as chagas da Paixão, sem marcas externas). Nesse mesmo período, celebrou com ela um casamento espiritual, dizendo:
“Hoje te desposo na Minha Vontade. Serás Minha esposa e a mãe espiritual de muitas almas.”
Dom da Bilocação e Missões Espirituais
Jesus frequentemente a levava em bilocação para rezar por pecadores, ajudar almas no Purgatório e intervir em situações de perigo.
3. Vida de Obra Expiatória e Escritos (1900–1938)
Ditados de Jesus: “O Reino da Vontade Divina”
A partir de 1899, Jesus começou a ditar-lhe revelações sobre a Vontade Divina, que foram compiladas em obras como:
- “As 24 Horas da Paixão”
- “O Livro do Céu” (19 volumes)
- “A Virgem Maria no Reino da Vontade Divina”
Jesus lhe explicou:
“Minha filha, escreve para que as almas conheçam o tesouro de viver na Minha Vontade. Este é o maior dom que o Pai concede à humanidade.”
Provações e Obediência à Igreja
Em 1938, alguns de seus escritos foram colocados no Índice de Livros Proibidos por suspeita de excesso de revelações privadas. Luisa, em total obediência, escreveu uma carta de submissão ao arcebispo, dizendo:
“Eu me submeto à Santa Igreja, pois a Vontade de Deus se manifesta através dela.”
4. Últimos Anos e Morte (1939–1947)
Declínio Físico e Oferecimento Final
Nos seus últimos anos, seus sofrimentos aumentaram. Jesus lhe disse:
“Teus sofrimentos são as chaves que abrem as portas das almas para Mim.”
Morte e Legado
Luisa faleceu em 4 de março de 1947, dizendo:
“Jesus, entrego-Te meu espírito. Que a Tua Vontade seja sempre amada!”
Seu túmulo em Corato tornou-se local de peregrinação, e seu processo de beatificação foi aberto em 1994.
Conclusão
Luisa Piccarreta foi uma alma extraordinária, cuja vida foi um contínuo “Fiat” à Vontade Divina. Seus escritos e sofrimentos oferecem um caminho de abandono total a Deus, e sua possível beatificação trará ainda mais luz à sua mensagem.
Que, por sua intercessão, muitas almas aprendam a viver no Reino da Vontade Divina.
✝ Fiat Voluntas Tua! ✝
Fontes recomendadas:
- “As 24 Horas da Paixão” (Luisa Piccarreta)
- “O Livro do Céu” (Revelações sobre a Vontade Divina)
- Documentos do Processo de Beatificação (Diocese de Trani-Barletta-Bisceglie)
Capítulo 1: Infância e Primeiras Experiências Espirituais (1865–1876)
Nascimento e Família
Luisa Piccarreta nasceu em 23 de abril de 1865, em Corato (Bari, Itália), filha de Vito Nicola Piccarreta e Rosa Tarantino. Era a quarta de cinco filhas: Maria, Raquel, Filomena, Luisa e Angela (esta última, chamada carinhosamente de Angelina, permaneceu solteira e a acompanhou por toda a vida).
Em sua Autobiografia, Luisa escreveu:
“Nasci em um Domingo in Albis, pela manhã, e fui batizada na mesma noite. Minha mãe dizia que eu ‘nasci ao contrário’, e por isso costumava dizer: ‘Se nasci ao contrário, é justo que minha vida seja o oposto das outras criaturas!'”
Primeiros Anos: Medos e Sonhos Sobrenaturais
Desde os 3 ou 4 anos, Luisa experimentava sonhos aterrorizantes com o demônio:
“Sonhava que ele queria me arrastar para o inferno. Eu suava frio, tremia e me refugiava nos braços de minha mãe. Durante o dia, tinha tanto medo que não conseguia ficar sozinha.”
Esses terrores noturnos a levaram a uma vida de oração intensa ainda na infância:
“Rezava muitas Ave-Marias e Pater Noster para todos os santos que conhecia, pedindo que não sonhasse mais com o demônio. Se ouvia o nome de um novo santo, acrescentava uma oração a mais — um Pater se fosse homem, uma Ave se fosse mulher — temendo que, se não os honrasse, o demônio voltaria.”
Encontro com a Virgem Maria e Superação do Medo
Em meio aos pesadelos, teve uma visão consoladora da Virgem Maria, que lhe disse:
“Minha filha, chore, pois meu Filho morreu.”
Aos 11 anos, enquanto rezava, ouviu uma voz interior que a tranquilizou:
“Por que temes? Tens teu anjo da guarda ao teu lado, Jesus em teu coração e a Mãe Celestial que te protege sob seu manto. Quem é mais forte: teu anjo, Jesus e Maria, ou o inimigo infernal? Não fujas, fica e reza sem medo.”
Essa experiência marcou o fim de seus terrores infantis, dando-lhe coragem e confiança divina.
Temperamento e Vida Familiar
Luisa descreveu-se como:
- Tímida e retraída: Fugia de visitas e preferia ficar sozinha a participar de festas.
- Alegre e vivaz: Apesar da timidez, tinha um temperamento animado, correndo e brincando (embora evitando diversões mundanas).
Seus pais eram modelos de virtude:
“Meu pai e minha mãe eram anjos de pureza e modéstia. Nunca permitiram que malícia ou engano entrassem em nossa casa. Cuidavam de nós com tanto zelo que nunca nos confiaram a estranhos.”
Primeira Comunhão, Confirmação e Consagração
- 9 anos: Fez a Primeira Comunhão e Crisma (domingo in Albis).
- 11 anos: Entrou para as Filhas de Maria.
- 18 anos: Tornou-se terciária dominicana, adotando o nome religioso de Madalena.
Significado Espiritual de Sua Infância
Os sofrimentos precoces de Luisa prepararam-na para sua missão:
- Medos infantis → Aprendizado da confiança em Deus.
- Oração constante → Fundamento de sua vida mística.
- Timidez e recolhimento → Predisposição para a vida interior.
Mais tarde, perguntou a Jesus:
“Por que permitiste que eu passasse minha infância com tanto medo e sonhos terríveis?”
E Ele lhe revelou que tudo serviu para fortalecer sua alma e desapegá-la do mundo desde cedo.
Capítulo 2: Diálogos com Jesus e a Formação de Sua Alma (1876–1888)
1. A Voz Interior de Jesus
Desde sua Primeira Comunhão (aos 9 anos), Luisa experimentou locuções interiores de Jesus, que a guiavam, corrigiam e consolavam. Ela relata:
“Depois da minha primeira comunhão, Jesus começou a falar dentro de mim. Às vezes, ficava horas ajoelhada, imóvel, ouvindo Sua voz. Se me distraía durante o dia, Ele me repreendia: ‘E ainda dizes que Me amas?’ Essas palavras me cortavam o coração, e eu prometia ser mais atenta. Jesus respondia: ‘Veremos, veremos se é verdade. Palavras não Me bastam — quero obras.’“
2. A Paixão pela Eucaristia
A comunhão eucarística tornou-se seu maior anseio:
“Era uma alegria indizível ouvir Nosso Senhor na hóstia consagrada. Quando estava na fazenda com a família, passava meses sem Missa ou comunhão. Chorava ao ver a natureza, dizendo: ‘Ó flores, sol, céu, águas cristalinas… vós sois obras de Jesus, falai-me d’Ele! Onde está o meu Amor?’ E parecia que toda a criação testemunhava Sua glória.”
3. Lições Espirituais nas Pequenas Coisas
Jesus a ensinava através de detalhes cotidianos:
- Descanso excessivo? “Tu repousas confortavelmente, e Eu não tive outra cama senão a Cruz. Levanta-te!”
- Distração ao caminhar? “Não permitas que teu olhar vá além de um passo à frente.”
- Conforto no trabalho? “Minha vida foi sofrimento contínuo. Senta-te reta!”
- Demora nas refeições? “Esqueceste que Eu mortifiquei Meu paladar por amor a ti? Come o que não gostas, por amor.”
4. O Chamado ao Abandono Total
Jesus a desapegou dos afetos humanos, dizendo:
“Eu sou teu Tudo. Se não afastares teus pensamentos e afetos das criaturas, não poderei habitar plenamente em ti.“
Ela respondeu com um “Fiat” total, mas enfrentou contradições dolorosas — como quando o confessor a impedia de comungar:
“Na manhã seguinte, com o coração ardendo de desejo, o sacerdote me disse: ‘Hoje, priva-te da comunhão.’ Chorei amargamente, mas Jesus consolou-me: ‘Acalma-te… Já estou em teu coração. Não precisas de Mim na hóstia para ter-Me contigo.'”
5. O Sofrimento como Escola de Amor
Jesus permitiu provações para purificá-la:
- Repreensões divinas quando falhava.
- Privações e humilhações para mortificar sua vontade.
- Contradições dos confessores para testar sua obediência.
Ela escreveu:
“Jesus trabalhava em mim como um pai que corrige o filho rebelde, para fazer de mim Sua glória. Mas, ai de mim! Quantas vezes fui ingrata!”
Capítulo 3: O Desejo da Vida Religiosa e as Visões da Paixão (1880–1888)
1. O Sonho da Vida Religiosa e a Resposta de Jesus
Desde jovem, Luisa desejava ardentemente tornar-se religiosa, mas enfrentou resistência familiar:
- Sua mãe chorava, dizendo: “Aceitaria se fosses uma religiosa enclausurada, mas nunca uma irmã ativa!”
- Luisa, porém, sentia atração pela vida apostólica, inspirada por seus mestres religiosos.
Jesus lhe assegurou:
“Sim, darei-te essa alegria. Verás que serás religiosa.”
Porém, uma longa doença a impediu de realizar esse desejo. Quando ela lamentou:
“Senhor, zombastes de mim!”,
Jesus respondeu:
“Não sei enganar. Teu vínculo comigo é mais especial. Quem, ao tornar-se religioso, não pode andar, respirar ou gozar de coisa alguma? Muitos na vida religiosa entram no mundanismo e esquecem-Me. Tu, porém, serás a verdadeira freira do Meu Coração.”
2. A Visão de Jesus Carregando a Cruz
Num dia de profunda oração, Jesus revelou-lhe a profundidade de Sua Paixão:
- Enquanto meditava, sentiu-se oprimida por uma dor intensa e foi à varanda para respirar.
- Lá, viu uma multidão arrastando Jesus, coberto de sangue, carregando a Cruz.
- Ele olhou para ela com um olhar de súplica, como se dissesse: “Ajuda-Me!”
Ela clamou:
“Ó meu Jesus, como sofreis! Quem me dera sofrer em Vosso lugar!”
Desde então, um amor ardente pelo sofrimento nasceu nela:
- Nas comunhões, pedia apenas: “Fazei-me semelhante a Vós pela dor!”
- Jesus atendia, permitindo que sentisse espinhos da Sua coroa, pregos nas mãos e pés, e dores no coração — tudo invisivelmente, para que ninguém percebesse.
3. Os Estigmas Invisíveis e a Oferta como Vítima
Jesus a associou intimamente a Seu sacrifício:
- Certa vez, apertou-lhe o coração com tanta força que ela quase desmaiou.
- Ela suplicou: “Fazei-me sofrer, mas que tudo fique escondido!”
- Mesmo assim, algumas pessoas notavam seu sofrimento, o que a envergonhava.
4. A Pedagogia Divina do Sofrimento
Jesus ensinou-lhe que o sofrimento era um dom:
- “Tua dor une-te a Mim mais que qualquer hábito religioso.”
- “Aqui, na tua cama, serás Minha esposa crucificada.”
Ela escreveu:
“A Paixão de Jesus tornou-se minha vida. Toda graça que recebo vem desta fonte. Se não sofro, sinto-me vazia.”
Capítulo 4: A Prova do “Jesus Escondido” e a Purificação da Alma
1. O Anúncio da Prova: “Agora, Invisivelmente”
Jesus disse a Luisa:
“Até agora te ajudei visivelmente; agora, invisivelmente, para que toques com a mão o teu nada. Mergulhar-te-ei na humildade mais profunda, cimentando-te na Minha graça, para edificar em ti as altas paredes da Minha obra.”
Ela descreveu o momento em que Ele desapareceu de sua vista:
“Quando Jesus me abençoou e partiu, senti um vazio dilacerante. Tudo ao meu redor — a água, o fogo, as flores — parecia gritar: ‘Nós somos obras do teu Amado… mas onde Ele está agora?'”
2. A Noite Escura da Alma
Nesse período, Luisa experimentou:
- Solidão espiritual extrema: “Os dias pareciam eternos; as noites, vigílias sem fim.”
- Sofrimento físico e incompreensão: Sua família atribuía seu estado a uma “doença”, levando-a a consultas médicas inúteis.
- Secura na oração: “Já não sentia as luzes claras nas meditações, nem o amor sensível por Jesus.”
3. A Eucaristia como Único Consolo
Mesmo na escuridão, a comunhão eucarística era seu porto seguro:
“Ali, encontrava-O sem dúvida. Mesmo severo e silencioso, seu coração ainda palpitava ao recebê-Lo.”
4. O Retorno de Jesus e a Lição da Prova
Após um longo período, Jesus voltou a falar-lhe:
“Conta-Me tudo: tuas dúvidas, teus medos, tuas dificuldades. Ensinar-te-ei como agir quando Eu estiver ausente.”
Luisa confessou:
“Sem Ti, não pude fazer nada de bom. A meditação foi árida; a comunhão, sem doçura. Até os atos de reparação pareciam vazios… mas o medo de te desagradar manteve-me fiel.”
Jesus revelou o propósito da prova:
- Purificação do amor próprio: Para que ela amasse Ele, não apenas os sentimentos que Ele lhe dava.
- Fortaleza na fé: “Agora sabes que, mesmo sem ver-Me ou sentir-Me, deves crer e amar.”
- Preparação para missões maiores: “Quis fazer de ti um alicerce de humildade antes de erguer Minha obra em ti.”
5. Frutos da Prova
- Abandono total: “Aprendi a dizer ‘sim’ mesmo na escuridão.”
- Obediência incondicional: Manteve-se fiel sem recompensas sensíveis.
- União com a Paixão de Cristo: “Compreendi que amar o sofrimento é amar a Jesus.”
Capítulo 5: A Vítima de Amor e o Flagelo do Cólera
Em 1887, a região de Corato foi assolada por um terrível surto de cólera, deixando a população em pânico. Luisa Piccarreta, profundamente comovida pelo sofrimento ao seu redor, mergulhou em oração fervorosa, suplicando a Deus que cessasse aquele flagelo, que ela entendia como uma manifestação da justa ira divina diante dos pecados da humanidade.
Foi então que Jesus lhe apareceu e, em um diálogo marcante, propôs-lhe uma missão dolorosa:
“Pois bem, estou a ponto de te fazer feliz, desde que te queiras oferecer-te como vítima de reparação, sofrendo de boa vontade tudo o que de grave e doloroso Eu transmitir à tua alma e ao teu corpo. Por agora, quero que te tornes vítima de amor, reparação e expiação pelos mesmos seres que não só são contrários a ti, mas também de grande aborrecimento para Mim — considerando que são meus filhos, redimidos com o Meu próprio Sangue. Se verdadeiramente sentes amor, deves submeter-te a dar tudo pela salvação deles.”
Diante dessas palavras, Luisa não hesitou. Aceitou o chamado para ser vítima expiatória, e imediatamente foi tomada por um sofrimento intenso que a deixou prostrada por três dias. Quando finalmente se recuperou, o cólera havia misteriosamente desaparecido, poupando a maior parte da população — exceto alguns que, como observou seu confessor, “tiveram que pagar seu tributo à morte”.
A cidade ficara profundamente transformada. O próprio confessor de Luisa, ao visitá-la, comentou com um tom de admiração:
“Nestes últimos dias, um grande missionário esteve entre nós, que fez muito bem em seu ministério como pregador. Certos rostos, que talvez nunca tenham se dignado a entrar numa igreja, foram vistos prostrados em penitência. Até os mais relutantes renderam-se à graça!”
Curiosa, Luisa perguntou quem era esse missionário, e ele respondeu com ironia:
“Tem um nome lindo. Todos o chamam de ‘D. Coletto, flagelo de Deus’.”
Era uma referência ao próprio cólera, que, como um “pregador implacável”, havia levado muitos à conversão.
Uma Vida de Oferecimento
Um mês após o fim da epidemia, o padre Michele de Benedictis assumiu como seu novo diretor espiritual. Foi ele quem, em 1888, concedeu a Luisa a permissão formal para permanecer acamada como vítima de amor — um estado que ela manteria até sua morte, em 1947.
Em 1898, o arcebispo nomeou o padre Gennaro Di Gennaro como seu novo confessor, consolidando assim o caminho de Luisa como alma imolada pela salvação dos pecadores. Seu leito, longe de ser um simples refúgio de enfermidade, tornou-se um altar de sacrifício contínuo, onde ela oferecia cada dor em união com Cristo pela redenção do mundo.
Nota:
[8] O termo “D. Coletto” era um modo popular na região de se referir ao cólera, personificando-o como um “pregador” divino que, através do sofrimento, chamava os pecadores ao arrependimento. A narrativa reforça a visão de Luisa sobre a justiça e a misericórdia de Deus, que mesmo nos castigos busca a conversão dos corações.
(O capítulo explora a relação entre sofrimento e redenção na espiritualidade de Luisa, destacando como sua aceitação heroica da vontade divina teve impacto tangível em sua comunidade.)
Capítulo 6: A Batalha Contra os Demônios
O Chamado à Prova
Após uma comunhão em que Luisa sentiu-se profundamente unida a Jesus, Ele lhe fez perguntas que testariam sua entrega total:
“Você me ama mesmo? Está disposta a fazer tudo o que Eu quiser? Se Eu pedisse até o sacrifício de sua vida, você o aceitaria com alegria?”
Com confiança, ela respondeu:
“Sim, meu Amor e meu Tudo! Como poderia recusar algo a Ti, que és a própria Santidade? Já te dei minha vontade há muito tempo. Despedaça-me, se for do Teu agrado, contanto que eu nunca deixe de Te amar!”
Jesus, então, revelou o propósito dessa prova:
“Quero purificar-te completamente, para que nenhuma mancha impeça Meu amor em ti. Preparo-te para uma batalha terrível contra os demônios, mas não temas — serei teu escudo. Eles te atormentarão dia e noite, mas, se permaneceres fiel, sairás vitoriosa, adornada com novas virtudes, e farei de tua alma Minha morada eterna.”
O Início do Tormento
Assustada, Luisa sentiu um pavor indescritível:
“Meu sangue gelou nas veias. Via espectros negros rodeando-me, prontos para devorar-me. Jesus, não me abandones! Se me deixares só, serei esmagada!”
Mas o Senhor a tranquilizou:
“Nunca permitirei que sejas tentada além de tuas forças. Reza sem cessar, obedece ao teu confessor e mantém-te corajosa. Os demônios temem uma alma que confia em Mim!”
Os Ataques do Inferno
A partir desse momento, Luisa foi lançada em um combate espiritual sem tréguas:
- Ódio a Deus – O amor que sentia por Jesus transformou-se em repulsa violenta. Ela chegou a quebrar imagens sagradas em crises de fúria, para depois, arrependida, beijar os fragmentos com lágrimas.
- Desespero e Tentação de Suicídio – Os demônios sussurravam que Deus a havia abandonado, levando-a a pensar em jogar-se em poços ou apunhalar-se.
- Terror Noturno – À noite, os espíritos malignos arrancavam-lhe as cobertas, emitiam gritos aterradores e apagavam a luz, deixando-a em vigília angustiante.
- Tentação Contra a Eucaristia – Insinuavam que, ao comungar, receberia um demônio em vez de Cristo, condenando-se eternamente.
A Estratégia da Vitória
Após quase três anos de tormento ([9]), Jesus lhe revelou o segredo para vencer:
“Despreza-os como se fossem menos que formigas. Concentra-te em Mim, refugiando-te em Minhas Chagas. Eles não têm poder sobre quem se esconde em Meu Coração.”
Assim, Luisa passou a enfrentá-los com ironia e fé:
“Uivem à vontade, demônios! Enquanto vocês se agitam, eu rezo pelas almas que lhes escapam!”
Os espíritos, furiosos, aumentavam seus ataques, mas ela os ridicularizava:
“Se tivessem poder sobre mim, já me teriam arrastado ao inferno. Mas só fazem barulho porque Deus os obriga a servir ao meu crescimento espiritual!”
A Derrota dos Inimigos
Ao perceberem que suas investidas apenas fortaleciam Luisa, os demônios recuaram, derrotados. Ela escreveu:
“Eles fugiram quando viram que, em vez de me desesperar, eu oferecia cada tormento pela conversão dos pecadores. Mas sabia que voltariam quando menos esperasse.” ([10])
Notas
[9] A duração dessa provação (cerca de três anos) reflete a intensidade do processo de purificação mística, comum em vidas de almas victimais.
[10] *A vitória de Luisa ecoa a promessa bíblica: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4,7). Sua experiência tornou-se um manual espiritual contra as artimanhas do maligno.*
(Este capítulo revela o lado sombrio da santidade: a luta contra as forças do inferno, onde a obediência e a oração são armas invencíveis.)
Capítulo 7: O Chamado à Vítima de Amor
A Crise no Campo
Preocupada com o rápido declínio de sua saúde, a família de Luisa levou-a ao campo, esperando que o ar puro e a tranquilidade restaurassem suas forças. No entanto, o que parecia ser um retiro de recuperação transformou-se no cenário de uma provação decisiva. Ali, longe dos olhares do mundo, Deus preparava sua serva para o ápice de sua vocação victimal.
O Último Assalto dos Demônios
Em meio à aparente paz rural, os espíritos malignos desferiram seu ataque mais violento. A tentação foi tão avassaladora que Luisa perdeu as forças, desmaiou e mergulhou em um estado próximo à morte. Foi neste limiar entre a vida e a morte que ela recebeu uma visão chocante:
A Visão do Cristo Flagelado
Diante de seus olhos espirituais, Jesus apareceu cercado por uma multidão enfurecida. Alguns O esbofeteavam com ódio, outros cravavam-Lhe espinhos na cabeça com brutalidade, enquanto outros ainda quebravam-Lhe os membros com violência inaudita. Quando O reduziram a um estado de desfiguração completa – um corpo dilacerado e quase irreconhecível – depositaram-no nos braços da Virgem Dolorosa.
Maria Santíssima, transpassada por uma dor indizível, voltou-se para Luisa com lágrimas que pareciam lavar as feridas do Filho:
“Vês, filha minha, a que reduziram meu Filho? Contempla como tratam Aquele que é seu Senhor, Criador e maior Benfeitor! Não Lhe dão trégua, nem descanso… E agora entregam-me o que resta d’Ele. Vê as ofensas atrozes que cometem e os terríveis castigos que o Pai Celestial será obrigado a enviar!”
O Convite que Mudou Tudo
Com voz entrecortada de pranto, a Mãe das Dores prosseguiu:
“Aproxima-te… Beija as feridas d’Aquele que é meu Doce Tesouro. Queres tornar-te vítima por Seu amor? Queres sofrer em Seu lugar? Teu sacrifício será Seu alívio, teu sofrimento Seu consolo. Estás disposta a oferecer-te por Aquele que tanto te amou?” [11]
Quando Luisa, tremendo, aproximou seus lábios das chagas de Cristo, ocorreu o milagre: as feridas fecharam-se sob seu toque, e Jesus – que momentos antes parecia um cadáver – reviveu gloriosamente. Nesse instante, uma resolução inabalável nasceu em seu coração:
“Sim, meu Senhor! Aceito ser Tua vítima, mesmo que isso me custe mil mortes!” [12]
O Nascimento de uma Vítima
Esta experiência marcou o início de um novo patamar em sua jornada espiritual. O que antes era sofrimento aceito tornou-se sofrimento abraçado com amor redentor. Seu leito de enferma transformou-se em altar, cada dor em hóstia viva, cada gemido em oração eficaz pela salvação das almas.
Enquanto o mundo via apenas uma mulher frágil e acamada, o Céu contemplava uma poderosa intercessora cujos sofrimentos – unidos aos de Cristo – detinham os flagelos da justiça divina e abriam as comportas da misericórdia para a humanidade pecadora.
Notas Explicativas
[11] Este diálogo com a Virgem Maria reflete a teologia da “compaixão reparadora”, onde a alma se oferece como “vítima de amor” para compartilhar os sofrimentos de Cristo em expiação pelos pecados do mundo.
[12] A cura milagrosa das chagas simboliza o poder transformador do sofrimento aceito com amor – tema central na espiritualidade de Luisa, que via a dor como meio de participação na obra redentora.
(Este capítulo marca o momento decisivo em que Luisa Piccarreta transcende a mera resignação para abraçar plenamente sua vocação como vítima expiatória, selando com sangue místico sua aliança com o Coração de Cristo.)
Capítulo 8: A Cruz da Incompreensão Familiar
O Sofrimento Duplo
A vida de Luisa como vítima de amor tornou-se um calvário não apenas pelos sofrimentos místicos, mas pela incompreensão daqueles que mais deveriam apoiá-la. Sua família, ao vê-la recusar alimentos e definhar fisicamente, interpretou seu estado como teimosia ou capricho:
“Acreditavam que eu recusava comida apenas por não querer ficar no campo e forçar nosso retorno à cidade. Minha natureza se revoltava – não por causa da dor ofertada a Jesus, mas por ser injustamente acusada…”
A Cena do Conflito
Uma noite, durante o jantar, a tensão explodiu:
- A família, inicialmente gentil, depois furiosa, exigia que comesse
- Luisa, fisicamente incapaz de engolir, fugiu para chorar em segredo
- Sua oração desesperada: “Jesus, como é doloroso suportar a ira dos meus por uma causa injusta! Prefiro morrer a ser vista assim!”
Seu corpo reagia com paradoxos agonizantes: ondas de calor seguidas de tremores gelados, suores copiosos e uma vergonha avassaladora que a fazia desejar “dissolver-se como neve no fogo”.
A Intervenção Médica e Seus Efeitos
Preocupados, seus parentes a levaram à cidade para exames. O diagnóstico foi contundente:
“Histeria nervosa”
O médico prescreveu:
- Remédios forçados
- Banhos frios
- Distrações sociais
- Proibição total de mudar sua posição ao dormir
A família transformou-se em carcereiros:
✗ Impediam-na de ir à igreja
✗ Vigiavam-na dia e noite
✗ Forçavam medicamentos contra sua vontade
O Desespero Espiritual
Em seu diário, Luisa confidencia:
“Privaram-me de tudo – até dos Sacramentos! Quem diria que chegaria a viver sem poder receber Teu Corpo, meu Jesus? Se não me ajudares, minha natureza sucumbirá!”
Quando novos médicos falharam, chamaram um confessor. O sacerdote, ao vê-la “quase petrificada”, fez o sinal da cruz e ordenou:
“Saia deste torpor!”
Imediatamente, ela recuperou os movimentos. A família atribuiu isso a um milagre do padre, mas Luisa compreendeu a lição divina:
A Lição das Chaves
- O poder sacerdotal – Deus age através de seus ministros
- O plano oculto – Sua vocação estava intrinsecamente ligada à obediência eclesial
A Perseguição dos Próprios Sacerdotes
Os conflitos intensificaram-se quando:
☒ Alguns padres a acusavam de “fingir santidade”
☒ Um chegou a dizer que “merecia varadas”
☒ Outros a consideravam endemoninhada
Sua mãe, desolada, “derramou rios de lágrimas” tentando encontrar sacerdotes que a ajudassem. Muitos se recusavam a atendê-la.
A Prova Suprema
Durante dez dias agonizantes, Luisa permaneceu imóvel como uma estátua, sem comer ou beber, após uma comunhão onde Jesus lhe anunciara o sofrimento vindouro. Nenhum padre quis vir – até que no 11º dia apareceu o confessor de sua primeira comunhão. Com uma bênção, libertou-a do estado catatônico.
O Paradoxo da Submissão
“Imagine a amargura: para viver minha vocação, dependia justamente daqueles que me julgavam falsa!” [17]
Notas:
[13] Os tratamentos absurdos refletiam a medicina da época para “histeria”, mostrando como a santidade muitas vezes colide com as estruturas mundanas.
[14] Esta cena revela o início do vínculo entre seu carisma e a autoridade eclesial.
[15] Períodos de “normalidade” eram apenas tréguas entre as batalhas.
[16] A volta do primeiro confessor simboliza a fidelidade de Deus às origens da vocação.
[17] Este capítulo expõe o núcleo da espiritualidade victimal: sofrer não apenas por Cristo, mas como Cristo – incompreendido até pelos próprios sacerdotes.
(Aqui se revela a crucificação social de Luisa – onde cada obstáculo familiar e eclesial tornava-se parte integrante de seu holocausto pessoal.)
Capítulo 9: Missão no Purgatório – O Fogo que Purifica
A Visão do Abismo de Fogo
Em um êxtase, Jesus transportou Luisa às bordas de um lugar terrível:
“Era um abismo profundo, repleto de um líquido negro e flamejante. O fogo ardia com uma escuridão palpável, e os gemidos das almas ecoavam como um coro de dor silenciosa.”
Jesus explicou:
“Este é o Purgatório. Muitas almas que amo estão presas aqui. Você virá a este lugar para sofrer por elas – e isso farás por Meu amor.”
O Diálogo Corajoso
Apesar do terror, Luisa respondeu com determinação sobrenatural:
“Farei tudo por Teu amor… mas só se fores comigo!”
Jesus, porém, revelou a condição:
“Se Eu for contigo visivelmente, teu sofrimento se transformará em alegria. O Purgatório exige solidão na dor.”
Num ato de criativa submissão, Luisa propôs um meio-termo:
“Então esconde-Te atrás de mim! Assim não Te verei, mas saberei que estás lá.”
A Descida Transformadora
Assim fizeram:
- A Entrada – Ela adentrou o fogo segurando as mãos de Jesus nas próprias costas, como criança que se agarra aos pais no escuro.
- O Milagre da Luz – À medida que avançava, a escuridão dissipava-se. Almas gritavam de alívio quando a luz as atingia.
- A Libertação – Algumas almas voaram imediatamente para o Céu; outras tiveram suas penas reduzidas.
Em apenas 15 minutos, mais almas foram ajudadas do que em séculos de orações terrenas.
O Lamento de Cristo
Ao saírem, Luisa surpreendeu-se: Jesus chorava.
Preocupada, interrogou-O:
“Meu Amor, sofrestes por minha causa? Ou foi a dor dessas almas que Vos feriu?”
Ele não respondeu diretamente, mas Seu silêncio revelava a verdade:
- Cada alma no Purgatório é uma ferida aberta no Coração de Cristo
- Sua Justiça exige a purificação, mas Seu Amor sofre com cada instante dessa espera
O Segredo Revelado
Nesta experiência, Luisa compreendeu:
⚡️ O Purgatório não é castigo, mas misericórdia – Um hospital de almas onde o fogo divino cura as feridas do pecado.
⚡️ O sofrimento vicário tem poder redentor – Quando unido à Paixão de Cristo, pode “pagar” dívidas espirituais alheias.
⚡️ A solidão é necessária para a purificação – Assim como Jesus gritou “Deus meu, por que Me abandonaste?”, as almas devem experimentar a privação da Presença Divina para desejá-La plenamente.
Nota [18]: Esta visão ocorreu em 1890, marcando o início de sua missão especial pelas almas do Purgatório. Seus escritos revelam que, doravante, oferecia cada noite de insônia como alívio para essas almas sofredoras.
(Este capítulo desvenda o mistério da comunhão dos santos – onde o amor une vivos e mortos numa rede de redenção, e onde uma alma victimada na Terra pode ser a escada que tira outras do fogo.)
Capítulo 10: As Núpcias Místicas – A Aliança de Sangue
O Sinal Profético
Numa visita íntima, Jesus surpreendeu Luisa ao retirar de Seu Coração uma aliança flamejante:
“Contempla este anel que preparei para nosso casamento. Por ora, continuarás como Minha vítima – e dirás ao teu confessor que é Minha Vontade. Como sinal, saiba que a guerra Itália-África só cessará quando ele te der a obediência para permaneceres nesse estado.”
Quatro meses depois, os jornais anunciaram a paz inesperada entre os países – exatamente como previsto. O confessor, impressionado, reconheceu a intervenção divina e aprovou sua vocação.
O Cortejo Celeste
A partir desse momento, Jesus preparou-a para as núpcias eternas com visitas cada vez mais frequentes:
- 3 a 4 aparições diárias, como “um noivo impaciente”
- Gestos de ternura sobrenatural:
✦ Ajustava seu travesseiro
✦ Soprava brisas frescas no calor do verão
✦ Oferecia “licor de leite” místico que a revigorava
- Diálogos de amor:
“Não sei viver sem vir a ti. Sinto inquietação quando não te vejo!”
A Véspera do Casamento
Na noite anterior à festa da Pureza de Maria (11 de fevereiro), Jesus realizou um rito preparatório:
- Exame do Coração: Tirou-lhe o coração, limpou-o com cuidado, e o recolocou.
- Vestimenta Nupcial: Cobriu-a com um manto dourado de cores vibrantes.
- Joias Espirituais:
- Brincos de luz
- Colares de ouro divino
- Uma coroa de gemas celestes (“Guarda-a até a morte, quando vo-la devolverei no Céu”)
- O Véu Protetor: Um véu sagrado que a cobriu dos pés à cabeça – e fez os demônios fugirem em pânico.
O Dia do Matrimônio Divino
Na manhã seguinte, uma procissão celestial invadiu seu quarto:
- Jesus, radiante em majestade
- Maria Santíssima, como mãe da noiva
- Santa Catarina de Sena, como madrinha
- Coro de Anjos, entoando hinos nupciais
O Ritual Sagrado:
- Santa Catarina auxiliou nos preparativos.
- Maria guiou sua mão para receber o anel do Coração de Jesus.
- O Esposo divino selou a união com um beijo que “transpassou sua alma”.
- A Virgem a exortou: “Corresponde a este amor com toda tua vida!”
O Segredo do Véu
O véu nupcial revelou-se uma armadura espiritual:
- Para os demônios: Tornou-se um “pânico” insuportável – jamais ousaram perturbá-la novamente.
- Para Luisa: Era a garantia de que suas dores estavam agora eternamente unidas às de Cristo.
Epílogo: O Banquete Eterno
Nos dias seguintes, Jesus inundou-a de delícias indizíveis:
“Se tentasse descrevê-las todas, nem eu teria tempo de escrever, nem o confessor de ouvir!” [21]
Notas Reveladoras:
[19] *A festa da Pureza de Maria (11/02) não era oficial no calendário – sinal de que Deus honrava a devoção particular de Luisa.*
[20] Santa Catarina de Sena, também estigmatizada e doutora da Igreja, aparece como padrona das almas victimais.
[21] Este matrimônio ocorreu em 1894, marcando o início de seus escritos sobre a “Vontade Divina”.
(Este capítulo desvela o paradoxo místico: quanto mais uma alma se gasta no sofrimento redentor, mais se torna objeto do Amor mais ardente. A aliança de Luisa não era de ouro, mas de chagas compartilhadas.)
Capítulo 11: O Matrimônio Espiritual – Fusão com a Trindade
A Teologia do Casamento Divino
Como ensina São João da Cruz, o noivado espiritual traz “favores e deleites”, mas o casamento místico opera uma transformação total:
- Duas naturezas em um espírito: A alma torna-se “divina por participação” [22]
- Consumação de amor: Como “duas chamas que se fundem”, a vontade humana dissolve-se na Divina [23]
- Deificação: A Trindade imprime Seu selo na alma, como “o sol absorvendo a luz de uma vela” [24]
A Cerimônia Celestial (7 de setembro de 1889)
Onze meses após o noivado, Jesus elevou Luisa em êxtase ao Céu para um rito sem precedentes:
1. A Preparação
- Convocação da Corte Celestial: Pai, Espírito Santo, Virgem Maria, anjos e santos
- O Anel Trinitário:
💍 Pedra branca – Pureza do Pai
💍 Pedra vermelha – Paixão do Filho
💍 Pedra verde – Vida do Espírito
Abençoado pelo Pai, entregue pelo Filho, colocado pelo Espírito Santo em sua mão direita [25]
2. O Êxtase da Humildade
- Prostração ante a Trindade: “Caí como morta, até que Jesus me levantou”
- Paradoxo místico:
✦ Temor reverencial diante da Majestade
✦ Alegria inefável pela Luz eterna
3. A Posse Divina
Dias depois, em comunhão:
“A Trindade entrou em meu coração como em um templo, declarando: ‘Aqui está Nossa morada perpétua!’*
Ela sentiu fisicamente as Três Pessoas agindo em sua alma:
- Pai: Governando sua inteligência
- Filho: Reinando em seu coração
- Espírito Santo: Guiando seu ser integral [26]
A Revelação Póstuma (32 Anos Depois)
Em 1921, Jesus recordou-lhe:
“Tua família agora é a Trindade. O dote que te demos naquele dia foram os segredos da Minha Vontade Divina – que agora revelo ao mundo através de ti.” [27]
Os Três Sinais do Matrimônio
- Unificação de Vontades: “Tudo em ti flui de Nossa Vontade criativa”
- Missão Profética: Chamada de ministros de todo o mundo para difundir este “patrimônio”
- Transbordamento Eucarístico: Cada comunhão tornava-se renovação das núpcias
O Mistério da Cristificação
Neste estado único:
☀️ Operações humanas = Ações divinas
☀️ Sofrimentos terrenos = Riquezas celestes
Como escreveu Santa Catarina de Sena: “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo em mim” (Gl 2,20)
Notas:
[22]-[24] Base doutrinal em São João da Cruz (Cântico Espiritual, estrofe 22)
[25] O anel trinitário simboliza a aliança eterna – diferente do noivado (anel único do Filho)
[26] Experiência rara mesmo entre místicos: a sensação física da habitação trinitária
[27] Ligação direta entre o matrimônio espiritual e as revelações sobre a “Vontade Divina”
(Este capítulo revela o ápice da vida mística: quando uma alma se torna tão unida a Deus que Seus atos são seus, e seus sofrimentos transformam-se em sacramentos vivos para a humanidade.)
Capítulo 12: Matrimônio Espiritual – A União Transformante com a Divindade
1. O Noivado Místico: Preparação para a União
Como descreve São João da Cruz, o noivado espiritual é um tempo de graças e visitas do Amado Divino, onde a alma recebe deleites e favores, mas ainda em preparação para a plenitude do matrimônio. Essa fase corresponde à purificação ativa e passiva da alma, que Luisa vivenciou intensamente antes de sua união definitiva com Jesus. A Festa da Pureza da Virgem Maria (8 de dezembro de 1888), quando ocorreu seu noivado místico, simboliza a entrega inicial de sua vontade à de Deus, mediada por Nossa Senhora e Santa Catarina de Sena[22].
2. O Casamento Espiritual: Transformação na Divindade
O matrimônio espiritual, como consumação da união, é descrito como uma “deificação” (ou “cristificação”), onde a alma e Deus se tornam “duas naturezas em um espírito”. Aqui, a analogia de São João da Cruz com a chama que se funde no sol ilustra a perfeita identificação das vontades: a humana é absorvida pela divina sem perder sua singularidade, mas irradiando Cristo[23][24].
Para Luisa, esse momento ocorreu em 7 de setembro de 1889, quando foi elevada ao Céu diante da Santíssima Trindade. O anel com três pedras (branca, vermelha e verde) oferecido por Jesus e abençoado pelo Pai e pelo Espírito Santo simboliza:
- Branca: Pureza e união com o Pai.
- Vermelha: Sofrimento redentor e amor do Filho.
- Verde: Esperança e vida do Espírito Santo.
A prostração de Luisa diante da Trindade revela o paradoxo místico: o temor reverente ante a Majestade divina e, ao mesmo tempo, a alegria inefável de ser “esposa do Cordeiro”[25].
3. A Morada da Trindade na Alma
Após o matrimônio, Luisa experimenta a habitação permanente da Trindade em seu coração. A voz divina — “Coragem, não temas. Estamos aqui para te confirmar como nossa” — ecoa a promessa bíblica: “Viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14:23)[26].
Esse estágio transcende as experiências místicas ordinárias:
- União de Vontades: Como Jesus later revela, a Trindade assume as “rédeas” de sua inteligência, coração e ações, tornando-a instrumento da Vontade Divina[27].
- Missão Profética: O “dote” recebido por Luisa (os carismas da Vontade de Deus) não é para ela apenas, mas para ser revelado à Igreja, atraindo até mesmo “ministros de lugares distantes”.
4. Teologia da Deificação em Luisa
A espiritualidade de Luisa aprofunda a doutrina da theosis (deificação), presente nos Padres da Igreja:
- Cristificação: Como em São Paulo (“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” – Gl 2:20).
- Trinificação: A alma, unida a Cristo, participa da vida intra-trinitária (cf. 2Pd 1:4 – “participantes da natureza divina”).
A imagem das chamas unidas (de São João da Cruz) ressoa nos escritos de Luisa sobre a Vontade Divina: o humano torna-se “um só fogo” com Deus, sem deixar de ser criatura[24].
5. O Matrimônio Espiritual e a Obra da Vontade Divina
Jesus associa o matrimônio de Luisa com a missão de revelar a Vontade Divina:
- Dote Espiritual: Os “dotes” da Trindade em sua alma são as graças para compreender e viver a “Vontade de Deus na Terra como no Céu”.
- Expansão Universal: A união de Luisa não é um fim, mas um meio para que outros “participem desse patrimônio” – aludindo à era do Reino da Vontade Divina[27].
Conclusão
O matrimônio espiritual de Luisa Piccarreta é o ápice de sua jornada mística, onde a união de vontades se torna a base para uma missão cósmica. Seu anel místico, a habitação da Trindade e a analogia nupcial revelam uma teologia da aliança eterna, antecipando a plenitude escatológica da Igreja-Esposa.
Referências:
[22] São João da Cruz, Cântico Espiritual.
[23] Idem, Noite Escura.
[24] Idem, Chama de Amor Viva.
[25] Luisa Piccarreta, Diário, 7/9/1889.
[26] Idem, Diário, setembro de 1889.
[27] Idem, Diário, 1921 (32 anos após o evento).
Capítulo 13. A Crucificação Invisível
Luisa descreve um êxtase em que Jesus aparece como um crucifixo e expressa o desejo de crucificá-la espiritualmente com Ele. Os “raios de luz” que saem das chagas de Cristo carregam os cravos que a ferem internamente, sem deixar marcas visíveis. Isso diferencia sua experiência dos estigmas visíveis de santos como São Francisco ou Padre Pio.
2. O Conflito Interior
Ela vive uma tensão entre:
- O desejo ardente de compartilhar os sofrimentos de Cristo.
- O medo e a indignidade, sentindo-se incapaz de receber tal graça.
Esse dilema é resolvido quando ela finalmente pede a crucificação, mas com a condição de que permaneça oculta aos olhos dos outros.
3. A Dor e o Êxtase
A descrição das dores é vívida:
- Sensação de ossos quebrando, como se os cravos estivessem realmente cravados nela.
- A lança que perfura seu coração, causando uma dor agonizante, mas também uma “doce felicidade”.
- A contradição de sentir-se próxima da morte, mas sustentada por uma força sobrenatural.
4. A Intervenção do Confessor
Seu diretor espiritual ordena, por obediência, que as dores cessem. Imediatamente, elas se aliviam, mostrando como Luisa submetia suas experiências místicas à autoridade eclesiástica. Esse detalhe é crucial para a autenticação de suas visões, pois demonstra humildade e discernimento.
5. Os Relatos das Testemunhas
Padre Bucci menciona o testemunho de Rosaria, que conviveu com Luisa por 40 anos:
- As feridas eram internas, mas em certos momentos, sob luz específica (como a do sol), podiam ser percebidas.
- Episódios de hemorragia invisível: seu quarto aparecia coberto de sangue, mas depois tudo sumia misteriosamente.
- Comparação com “um Cristo crucificado”, sugerindo que, em momentos de êxtase, seu corpo refletia os sofrimentos da Paixão.
6. Teologia e Mistério
Essa experiência lembra a “compaixão mística”, onde a alma se une tão profundamente a Cristo que participa de Seus sofrimentos redentores. A ausência de feridas visíveis pode simbolizar:
- Um sofrimento puramente espiritual, como o de Santa Teresa de Lisieux.
- A vontade de Deus de manter Luisa em humildade oculta, já que ela viveu reclusa por décadas.
O capítulo reforça a ideia de que Luisa Piccarreta foi uma alma vitimada pelo amor divino, oferecendo-se como vítima pela salvação dos outros. Seu sofrimento invisível, porém tangível para as testemunhas próximas, desafia a compreensão humana e aponta para o mistério da união com Deus.
Se desejar, posso aprofundar algum aspecto específico, como:
- A relação entre obediência e êxtase em Luisa.
- Comparação com outros estigmatizados invisíveis (como Santa Gemma Galgani).
- O significado teológico das “chamas de luz” em suas visões.
As Chagas Invisíveis – Participação no Sofrimento Redentor
1. O Chamado à Crucificação Mística
Em uma experiência marcante, Jesus apareceu a Luisa na forma de um crucifixo, irradiando raios de luz de suas chagas, nos quais estavam os cravos e a lança destinados a ela. Essa manifestação não foi apenas uma visão, mas um convite explícito: “Quero crucificar-te comigo”.
- Luta Interior: Luisa sentiu um temor reverente diante da magnitude da graça, consciente de sua indignidade. Seu relato revela o paradoxo místico: um desejo ardente de unir-se ao sofrimento de Cristo e, ao mesmo tempo, um medo humano da dor e da responsabilidade.
- Consentimento Final: Após um intenso conflito espiritual, ela suplicou:
“Meu Santo Esposo Crucificado, concedei-me a graça de ser crucificada convosco… mas que tudo permaneça escondido, conhecido apenas por Vós e por mim.”
2. A Recepção das Chagas Invisíveis
No momento de seu consentimento, os raios de luz com os cravos e a lança feriram suas mãos, pés e coração, reproduzindo as cinco chagas de Cristo, mas sem marcas visíveis.
- Dor e Êxtase:
- Sofrimento Agonizante: Ela descreve a sensação de ossos esmagados e a ação dos cravos em suas feridas internas, com dores tão intensas que a faziam sentir-se à beira da morte.
- Contentamento Sobrenatural: Apesar da dor, experimentava uma paz inefável e uma força divina que a sustentava, revelando a união entre sofrimento redentor e alegria mística.
- Obediência ao Confessor:
Quando seu confessor ordenou, por obediência, que as dores cessassem, elas se mitigaram instantaneamente, mostrando sua submissão à Igreja mesmo em meio aos fenômenos místicos[28].
3. O Testemunho das Chagas Ocultas
Embora invisíveis exteriormente, as chagas de Luisa manifestavam-se de modo tangível em certos momentos:
- Evidências Físicas:
- Padre Bucci relata o depoimento de Rosaria (sua tia e cuidadora de Luisa por 40 anos):
“Se colocássemos sua mão contra o sol, via-se o buraco interno das chagas… À noite, seu quarto aparecia coberto de sangue, que escorria de suas mãos, pés e lado, impregnando lençóis e até o chão.”
- Sangue que Desaparecia: Misteriosamente, quando retornavam com toalhas para limpá-la, tudo estava imaculado, exceto os lençóis manchados – sinal de uma intervenção sobrenatural[29].
- Comparação com Outros Estigmatistas:
- Diferença Fundamental: Ao contrário de São Francisco ou Santa Rita, cujas chagas eram visíveis e permanentes, as de Luisa eram “invisíveis por vontade divina”, alinhando-se ao seu carisma de ocultação e silêncio.
- Sem Glória Humana: Jesus atendeu seu pedido de que “só Ele e ela soubessem”, evitando qualquer ostentação.
4. Teologia do Sofrimento em Luisa
- União com a Paixão de Cristo:
Suas chagas eram uma participação na redenção, não como repetição do Calvário, mas como “completar na carne o que falta às tribulações de Cristo” (Cl 1:24).
- Sofrimento e Vontade Divina:
A dor física era um meio para viver a Vontade de Deus, transformando-a em “vítima de amor” – um tema central em seus escritos.
5. O Mistério do Sangue: Sinal de Aliança
O sangue que aparecia e desaparecia simbolizava:
- Purificação: Como o sangue de Cristo que lava os pecados.
- Eucaristia Interior: Uma união perpétua com o sacrifício eucarístico, já que Luisa vivia décadas sem comer, sustentada apenas pela Hóstia.
As chagas invisíveis de Luisa Piccarreta revelam uma espiritualidade de crucificação escondida, onde o sofrimento se torna oferta de amor sem busca de glória humana. Seu exemplo ecoa as palavras de São Paulo: “Trazemos sempre no corpo a morte de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste em nós” (2Cor 4:10).
Capítulo 14 – A Morte dos Pais de Luisa Piccarreta: Sofrimento, Oração e Esperança do Céu
O relato da morte dos pais de Luisa Piccarreta revela sua profunda vida mística, marcada por um amor ardente por suas almas e uma intensa união com a Vontade Divina. Suas experiências misturas durante esse período destacam sua compaixão redentora, seu sofrimento expiatório e sua confiança absoluta em Jesus.
1. A Morte de Sua Mãe (19 de Março de 1907)
O Pedido por uma Morte sem Purgatório
Luisa rogou a Jesus que sua mãe fosse diretamente ao Céu, sem passar pelo purgatório. No dia da morte (festa de São José), Jesus lhe mostrou que estava levando sua mãe, dizendo:
“Filha minha, o Criador leva a criatura.”
O Fogo da Dor e do Amor
- Imediatamente após a morte de sua mãe, Luisa experimentou um fogo interior que a consumia, transformando até a comida em chamas dentro dela.
- Esse sofrimento era ao mesmo tempo doloroso e feliz, pois ela o oferecia pela alma de sua mãe.
A Incerteza e o Choro Insistente
Apesar da visão inicial, Luisa não tinha certeza se sua mãe estava plenamente no Céu ou ainda em um estado intermediário. Ela chorou e implorou a Jesus por uma resposta, sofrendo tanto que os visitantes pensavam que ela estava apegada demais à mãe, quando, na verdade, ela estava nadando na Vontade de Deus.
A Revelação Final
Após dias de oração e sofrimento, Jesus finalmente revelou:
“Sua mãe está comigo, participando de tudo o que fiz e sofri. Ela conhece minha humanidade, mas minha divindade ainda está escondida dela.”
Ou seja, sua mãe estava em grande alegria, mas ainda não na plenitude da visão beatífica.
2. A Morte de Seu Pai (Pouco Tempo Depois)
A Doença e a Preocupação de Luisa
- Seu pai adoeceu gravemente, e Luisa repetiu suas orações e ofertas para que ele também escapasse do purgatório.
- Diferente de sua mãe, Jesus parecia mais relutante em atender seu pedido.
A Morte e a Visão de Jesus
No dia da morte de seu pai, Jesus apareceu vestido de branco, como um sacerdote celebrando, e disse:
“Hoje espero por seu pai. Por amor a você, não serei seu juiz, mas um pai benigno, e o receberei em meus braços.”
A Confirmação do Purgatório
- Luisa não sentiu o mesmo fogo expiatório que sentira com sua mãe, o que a fez entender que seu pai havia ido para o purgatório.
- Jesus evitou aparecer-lhe por algum tempo, aumentando sua angústia.
As Visões do Purgatório
- Primeira visão (2 dias depois): Ela vê Jesus com seu pai atrás Dele, chorando e pedindo ajuda.
- Segunda visão (6 dias depois): Luisa se vê em uma igreja cheia de almas do purgatório e pede que seu pai possa sofrer ali, perto do tabernáculo, onde as almas são consoladas pela Presença Eucarística.
- Jesus atende seu pedido, colocando seu pai junto ao sacrário, em um lugar de maior alívio.
3. Reflexões Teológicas e Espirituais
A Obra de Expiação de Luisa
- Luisa sofria no lugar de seus pais, oferecendo suas dores para abreviar ou eliminar seu purgatório.
- Isso reflete a doutrina da comunhão dos santos, onde os vivos podem ajudar as almas do purgatório através de orações, sacrifícios e missas.
A Vontade Divina e a Submissão de Luisa
- Mesmo em sua dor, ela não questionou a justiça de Deus, mas aceitou que seu pai precisasse de purificação.
- Sua obediência à Vontade Divina era absoluta, mesmo quando isso significava sofrer sem consolo imediato.
O Purgatório como Misericórdia
- A visão de seu pai perto do tabernáculo mostra que o purgatório, embora doloroso, é um ato de misericórdia divina, onde as almas são purificadas pelo amor.
Conclusão
A morte dos pais de Luisa revela sua profunda união com o sofrimento redentor de Cristo. Ela não apenas chorou e orou, mas sofria fisicamente por suas almas, demonstrando um amor que vai além da morte.
Capítulo 15 – A Visão do Menino Jesus na Vida de Luisa Piccarreta
Os relatos sobre as aparições do Menino Jesus a Luisa Piccarreta revelam uma intimidade extraordinária com o Divino, desde sua infância até sua vida adulta. Esses episódios, narrados por testemunhas como Padre Bernardino Bucci e a pequena Gema, mostram como Jesus se manifestava a ela de forma tangível, brincando, conversando e até permitindo que ela O segurasse em seus braços.
1. O Menino Jesus na Infância de Luisa
As Brincadeiras Misteriosas
- Testemunho de María Doria: Sua mãe, amiga de infância de Luisa, contava que Luisa brincava com um menino desconhecido, que só interagia com ela e depois desaparecia.
- Quando perguntado quem era, Luisa sorria sem responder, até que, pressionada, confirmou indiretamente que era Jesus.
A Revelação do “Pobre dos Pobres”
Em outra ocasião, o Menino Jesus apareceu a Luisa como uma criança pobre, sem roupas nem sapatos, dizendo:
“Eu sou o pobre dos pobres. Não tenho onde ficar. Vim a você, se quiser me ter em seu quartinho.”
- Dúvida e Discernimento: Luisa, inicialmente hesitante, pede que Ele faça o sinal da cruz e recite a Ave Maria para confirmar Sua identidade.
- Confirmação Divina: Quando Ele recita a oração, uma luz pura sai de Sua testa, revelando Sua verdadeira natureza.
2. O Menino Jesus na Vida Adulta de Luisa
O Sino de Cristal e a Cena Mística
- Testemunho de Gema (sobrinha de Padre Bucci):
- Gema, uma criança que frequentava o quarto de Luisa, escondeu-se debaixo da cama e presenciou um fenômeno sobrenatural.
- Havia um sino de cristal na mesa de cabeceira, dentro do qual estava uma imagem do Menino Jesus.
- De repente, um silêncio sobrenatural tomou o ambiente, e Gema viu:
- O Menino Jesus saindo do sino e se aninhando nos braços de Luisa.
- Luisa O beijava repetidamente, em um momento de êxtase.
- Depois, tudo voltou ao normal instantaneamente, como se nada tivesse acontecido.
O Segredo Guardado
- Gema não contou a ninguém na infância, revelando apenas décadas depois, durante o processo de canonização de Luisa.
- Isso reforça a veracidade do relato, pois não houve motivação para invenção.
3. Significado Espiritual e Teológico
A Humildade de Deus
- Jesus se revela como “o pobre dos pobres”, mostrando que:
- Ele deseja a simplicidade de um coração infantil.
- Ele prefere os humildes, como Luisa, que O acolheu mesmo em sua pobreza.
A Intimidade com o Divino
- Essas visões mostram que Luisa não apenas via Jesus em êxtases, mas convivia com Ele como uma criança com seu amigo.
- Isso ecoa a espiritualidade de Santa Teresa de Lisieux (“o caminho da infância espiritual”).
Fenômenos Sobrenaturais e Obediência
- Apesar dessas experiências, Luisa nunca as exibiu; elas só foram conhecidas por testemunhas acidentais.
- Isso mostra sua submissão à Igreja, pois não buscava glória pessoal.
4. Comparação com Outros Santos
-
- Santa Teresa de Ávila também tinha visões do Menino Jesus, mas de forma mais visionária (não física como Luisa).
- São Frei Galvão recebia visitas do Menino Jesus, que às vezes brincava em seu convento.
- Santa Faustina Kowalska via Jesus como uma criança em suas visões, reforçando a confiança na Misericórdia Divina.
A relação de Luisa Piccarreta com o Menino Jesus transcende o místico e entra no terreno do concreto:
- Na infância, Ele era seu companheiro de brincadeiras.
- Na vida adulta, Ele era seu consolo nos sofrimentos.
- Sua devoção era tão real que até testemunhas presenciavam milagres.
Esses relatos fortalecem a autenticidade de sua santidade, mostrando que Jesus realmente habitava sua vida cotidiana.
Se desejar, podemos explorar:
- Como essas visões se relacionam com a “Vontade Divina” (tema central de Luisa).
- Outros santos que tiveram experiências semelhantes com o Menino Jesus.
- O significado do silêncio sobrenatural nos fenômenos místicos.
“Jesus Sabe Brincar com as Criaturas”: A Experiência Mística de Luisa Piccarreta
Neste relato extraordinário, Luisa descreve uma experiência em que Jesus a “leva ao Céu” em um êxtase, apenas para revelar que tudo faz parte de um plano maior: a salvação de um pecador. O texto mescla jogo divino, sofrimento redentor e oblação mística, mostrando como a intimidade com Deus não é apenas consolo, mas também missão.
1. O “Jogo” de Jesus: Uma Corrida ao Céu
O Convite Surpresa
Jesus chega “muito apressado” e pergunta:
“Quer vir comigo agora?”
Quando Luisa pergunta “para onde?”, Ele responde:
“Para o Céu.”
- Ela inicialmente pensa que é uma brincadeira, mas Jesus insiste:
“Não, estou te dizendo de verdade: vamos, quero te levar comigo.”
O Êxtase e a Suspeita
- Jesus puxa sua alma, e ela sente seu espírito deixando o corpo e voando em direção ao Céu.
- A alegria é tão intensa que sua vida terrestre de sofrimentos parece um sonho distante.
- Porém, Jesus desacelera a “corrida”, e Luisa percebe:
“Isso me parece uma piada de Jesus.”
2. A Verdadeira Intenção: Salvar um Pecador
A Mudança de Planos
Jesus revela:
“Vejamos aquele pecador prestes a se perder. Vamos descer à terra e tentar salvá-lo.”
- Ele pede que Luisa ore e sofra por essa alma:
“Você não está pronta para sofrer qualquer pena pela salvação de alguém que me custou tanto sangue?” - Ela concorda imediatamente, esquecendo-se do Céu:
“Sim, sim! O que quiseres, estou pronta a sofrer.”
A Tentativa Frustrada
- Jesus a leva ao lado do pecador e ambos tentam convencê-lo com razões poderosas.
- O pecador não se converte, e Jesus, aflito, propõe:
“Se você voltar ao corpo e sofrer por ele, a Justiça Divina será aplacada.”
3. O Retorno ao Corpo: O Peso do Sofrimento Redentor
A Dor de retornar à terra
Ao voltar ao corpo, Luisa experimenta:
- Expansão dolorosa do corpo (como se não coubesse mais sua alma).
- Opressão do espírito (como se estivesse “sufocando” na matéria).
- Sensação de morte iminente (similar à agonia de uma alma que deixa o corpo).
“Só Jesus testemunhou o que sofri… Meus sofrimentos foram terríveis e indizíveis.”
A Recompensa: A Conversão do Pecador
- Dias depois, Jesus mostra o pecador convertido e pergunta:
“Você é tão feliz quanto eu?” - Ela responde com alegria:
“Sim, sim!”
4. Análise Teológica e Mística
O Paradoxo do “Jogo” Divino
- Jesus brinca com Luisa, mas o “jogo” tem um propósito sério: ensinar que a alegria em Deus inclui participar de Sua obra redentora.
- Isso ecoa Santa Teresa de Ávila, que dizia: “Deus também tem senso de humor.”
Sofrimento como Obra de Amor
- Luisa oferece suas dores como reparação, seguindo a doutrina da comunhão dos santos (Col 1:24: “Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo”).
- Seu sofrimento não substitui a graça, mas abre caminho para ela, como ocorreu com Santa Gemma Galgani e São Padre Pio.
A Pedagogia Divina
Jesus age como um bom professor:
- Atrai com alegria (o “voo” ao Céu).
- Revela a lição (a necessidade de sofrer pelo próximo).
- Premia a obediência (a conversão do pecador).
5. Paralelos com Outros Santos
- Santa Faustina Kowalska: Jesus lhe pedia orações e sacrifícios por pecadores específicos.
- São João Bosco: Tinha sonhos proféticos onde via almas em perigo e intervinha.
- Santa Catarina de Siena: Oferecia-se como “vítima” pela Igreja.
Esse relato mostra que, para Luisa:
- A intimidade com Jesus não é fuga do mundo, mas compromisso com a salvação dos outros.
- O sofrimento não é um fim, mas um meio de amor.
- A obediência à Vontade Divina transforma dor em alegria.
Perguntas para Reflexão:
- Como equilibrar alegria mística e responsabilidade pelo próximo?
- Por que Deus às vezes esconde Seus planos (como no “jogo” com Luisa)?
- Como entender o valor expiatório do sofrimento na espiritualidade cristã?
Capítulo 16: A Beleza de Jesus – O Esplendor do Amado Divino
1. A Aparição do Jovem Jesus: Beleza que Cativa a Alma
Três meses após tornar-se uma “vítima perene” (consagrada ao sofrimento redentor), Luisa teve uma visão extraordinária: Jesus lhe apareceu como um jovem de cerca de 18 anos, de beleza indescritível. Seu relato revela uma estética divina que transcende a mera aparência física:
- Traços Sobrenaturais:
-
- Cabelos dourados e encaracolados, que simbolizam a sabedoria e o amor divino entrelaçando mente e coração.
- Olhos azuis escuros, cujo esplendor não ofusca, mas fortalece quem os contempla – ao contrário da luz solar, que cega.
- Voz suave e penetrante, capaz de tocar cada fibra do coração e produzir êxtase com uma única palavra.
- Efeito Transformante:
“Um único olhar de Jesus é suficiente para me fazer sair de mim mesma… correr após Ele por vales, montanhas e céus.”
Essa beleza não é estática, mas dinâmica – atrai a alma para uma união transformante, antecipando a visão beatífica do Céu[36].
2. A Beleza que Comunica Graça
A descrição de Luisa ecoa o Salmo 44:3 (“És o mais belo dos filhos dos homens, a graça se derrama em teus lábios”), mas vai além:
- Beleza que Santifica:
- Olhar de Jesus: Purifica, fortalece e eleva a alma a estados sobrenaturais.
- Sopro Divino: Um aroma do Paraíso que a envolve, preparando-a para um êxtase místico.
- Comparação com a Beleza Terrena:
“Todos os prazeres da terra, comparados a uma única palavra de Jesus, são menos que nada.”
A beleza de Cristo revela a vacuidade dos encantos mundanos, mostrando-se como a fonte de toda alegria verdadeira.
3. O Êxtase: Correndo Atrás do Amado
Ao soprar sobre ela, Jesus arranca sua alma do corpo (em espírito) e a conduz pelos céus:
- Corpo Glorioso:
- Sua alma recebe um “corpo resplandecente”, sinal da transformação em luz divina.
- Voo Místico: Segue Jesus com temor reverente, experimentando a tensão entre fragilidade humana e atração divina.
- Paradoxo Místico:
- Temor e Atração: A mesma beleza que encanta também causa tremor, pois revela a grandeza insondável de Deus.
- Antecipação do Céu:
“Se em poucos minutos Ele me comunica tanta paz, o que será na visão beatífica, sem mistura de dor?”
4. Teologia da Beleza Divina
A experiência de Luisa alinha-se com a tradição mística:
- São Francisco de Sales: “A beleza de Jesus é o ímã das almas.”
- São João da Cruz: A “noite escura” prepara a alma para contemplar a Luz Divina sem intermediários.
- Santa Teresa de Ávila: A beleza de Cristo é o prêmio dos que O amam.
5. A Beleza como Revelação do Amor
Para Luisa, a beleza de Jesus não é apenas estética, mas sinal de Seu amor redentor:
- Beleza Crucificada: O mesmo Jesus resplandecente é o Cordeiro ferido (Is 53:2 – “Não tinha beleza que nos atraísse”).
- Convite à Intimidade: Sua voz, Seu olhar e Seu sopro são meios de união, preparando-a para viver a Vontade Divina.
A beleza de Jesus, em Luisa Piccarreta, não é uma visão passiva, mas um encontro transformador que eleva, purifica e enche de desejo pelo Céu. Seu relato convida os leitores a buscar não a beleza do mundo, mas a do Amado, cujo esplendor saciará toda a alma na eternidade.
Referência:
[36] Luisa Piccarreta, Diário (data específica a ser inserida).
Sugestões para Aprofundamento:
- Relacionar com o Cântico dos Cânticos (a beleza do Esposo).
- Comparar com as visões de Santa Faustina (Jesus Misericordioso) ou São João Bosco (o jovem Jesus).
- Explorar a teologia da luz em autores como São Gregório de Nissa.
Capítulo 17: O Céu – A Morada da Divina Luz e da União Eterna
1. Visões do Paraíso: Uma Jornada Mística
Luisa Piccarreta foi repetidamente transportada em espírito ao Céu, onde contemplou realidades que transcendem a linguagem humana. Seus relatos revelam:
- A Adoração Celestial:
-
-
- Coro dos Anjos e Santos, entoando hinos perpétuos de glória à Santíssima Trindade.
- Imersão na Divindade: Os bem-aventurados estão “absorvidos” em Deus, sem perder sua identidade, mas identificados com Sua luz (cf. *1Jo 3:2* – “Seremos semelhantes a Ele”).
-
- A Luz do Trono Divino:
“Muitas luzes, mais brilhantes que o sol, revelavam os atributos de Deus.”
Essas luzes (símbolos das perfeições divinas) iluminam os santos, mas não esgotam o Mistério – pois Deus permanece infinitamente incompreensível[37].
2. A Dinâmica da Glória Celeste
- Comunhão na Luz:
Assim como o sol físico nos banha em luz e calor, o “Sol Eterno” (Deus) impregna os santos com:
-
- Sabedoria (iluminação da mente).
- Amor (fogo do Espírito Santo).
- Santidade (participação na vida divina).
- Hierarquias Angélicas e Santos:
Luisa vê coros distintos, cada um refletindo um aspecto de Deus (como em Dn 7:10 e *Ap 5:11-12*).
3. O Casamento Celestial e a Coroa de Glória
Em uma cena comovedora, Jesus apresenta Luisa aos santos como Sua “nova esposa”:
- Festa Nupcial:
-
- Os anjos e santos formam uma coroa ao redor dela, celebrando sua união indissolúvel com Cristo.
- Jesus proclama:
“Esta alma tornou-se um triunfo e uma maravilha do Meu amor!”
“Vede: ela superou tudo pelo Meu amor!”
- Um Trono Reservado:
Jesus lhe mostra seu lugar na glória eterna, afirmando:
“Ninguém pode tirar isso de você.”
(Jo *14:2-3* – “Na casa de meu Pai há muitas moradas… vou preparar-vos lugar.”)
4. O Retorno à Terra: Saudade do Céu
- Dor do Rebaixamento:
Quando Jesus a devolve ao corpo, sua alma chora de saudade, lamentando:
“Meu coração não fez senão suspirar, desejando a felicidade do Céu.”
Essa experiência ecoa São Paulo (*2Cor 12:2-4* – “Arrebatado ao paraíso… ouvindo palavras inefáveis.”)
- Missão Terrena:
Sua volta não é um castigo, mas um chamado a viver na Terra como “vítima de amor”, antecipando o Céu através da Vontade Divina.
5. Teologia da Visão Beatífica
As visões de Luisa confirmam a doutrina católica:
- Deificação (Theosis): Os santos são “divinizados” pela graça, não na essência, mas por participação (*2Pd 1:4*).
- Incompreensibilidade de Deus:
Mesmo na eternidade, Deus será sempre Mistério – os santos O conhecem cada vez mais, sem jamais esgotá-Lo (cf. São Tomás de Aquino, Suma Teológica).
6. O Céu como Plenitude da Vontade Divina
Para Luisa, o Céu não é apenas um prêmio, mas a consumação do que ela já vivia na Terra:
- União de Vontades:
- No Céu, não há mais resistência à Vontade de Deus.
- Na Terra, ela já vivia essa união – por isso o Céu lhe era tão familiar.
As visões celestiais de Luisa Piccarreta são um convite a antecipar o Céu na Terra, vivendo em total abandono à Vontade Divina. Seu êxtase revela que a glória eterna não é um lugar distante, mas um estado de união com Deus – começado aqui, consumado ali.
Referência:
[37] Luisa Piccarreta, Diário (data específica a ser inserida).
Sugestões para Aprofundamento:
-
- Comparar com São Paulo (arrebatado ao terceiro céu) e Santa Teresa de Ávila (visões da glória divina).
- Explorar a teologia das hierarquias angélicas (Dionísio Areopagita).
- Relacionar com a Escatologia (o Céu como realização final do Reino da Vontade Divina).
Capítulo 18: A Eucaristia – Mistério de Amor e Dor na Vida de Luisa Piccarreta
1. A Dimensão Sobrenatural da Eucaristia
As revelações de Luisa sobre a Eucaristia revelam uma profunda compreensão deste mistério central da fé católica, mostrando tanto sua glória quanto o sofrimento de Jesus diante dos sacrilégios:
- A Presença Real em Sua Plenitude:
Luisa testemunha que na Eucaristia está presente “Jesus completo” – Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, confirmando o dogma católico definido no Concílio de Trento. - O Paradoxo Eucarístico:
Enquanto a Eucaristia é o maior ato de amor de Cristo, ela também se torna fonte de Seu sofrimento quando recebida indignamente. Luisa descreve como Jesus “quase agoniza” ante a profanação deste sacramento.
2. A Tragédia dos Sacrilégios Eucarísticos
As visões de Luisa revelam cenas dramáticas:
- Comunhões Indignas:
Pessoas que recebem o Corpo de Cristo em estado de pecado mortal, transformando o ato de amor em mais uma crucifixão. - Sacerdotes em Pecado:
Celebrantes que realizam o Santo Sacrifício por hábito ou interesse, sem a devida disposição interior. Luisa descreve como Jesus sente “náuseas” ao descer nas mãos de sacerdotes indignos, mas permanece fiel à Sua promessa. - O Sofrimento de Jesus:
“Quão lamentável o estado sacramental de Jesus me pareceu então!” – escreve Luisa, descrevendo como Cristo desejava “escapar” dessas mãos impuras, mas permanecia por amor à Sua palavra.
3. A Beleza da Santa Missa Celebrada com Fervor
Em contraste com essas cenas dolorosas, Luisa contempla:
- Sacerdotes Santos:
Celebrantes cuja vida de oração e santidade permite que Jesus aja plenamente através deles. Em alguns casos, Luisa via apenas Cristo agindo, com o sacerdote completamente “escondido” na pessoa de Jesus. - A Grandeza do Sacerdócio:
“Quão alto, grande, excelente e sublime é o ministério sacerdotal!” – exclama Luisa, reconhecendo o poder único dado aos sacerdotes de tornar presente o sacrifício de Cristo.
4. A Eucaristia como Fonte de Vida Eterna
Jesus revela a Luisa dimensões profundas deste mistério:
- Memorial da Paixão e Ressurreição:
A Missa não é uma mera recordação, mas a atualização do único sacrifício de Cristo. - Penhor da Ressurreição Final:
A Eucaristia é antecipação e garantia da ressurreição dos corpos – gloriosa para os justos, terrível para os pecadores.
5. O Milagre Eucarístico dos Cavalos
O testemunho de Lívia D’Adduzzio sobre um evento extraordinário:
- O Acontecimento:
Em 1915, durante as Quarenta Horas em Santa Maria Greca, dois cavalos puxando uma carruagem ajoelharam-se diante da igreja.
- A Presença de Luisa:
Ao abrirem a carruagem, encontraram Luisa em êxtase, adorando Jesus Eucarístico. O fenômeno cessou quando o sacerdote falou com ela. - Significado Profundo:
Até os animais reconhecem a Presença Real, enquanto muitos humanos permanecem indiferentes. O evento tornou-se famoso em Corato, embora tenha sido contestado por alguns.
6. A Espiritualidade Eucarística de Luisa
A vida de Luisa foi marcada por:
- Adoração Contínua:
Mesmo confinada ao leito, seu coração estava sempre diante do Santíssimo Sacramento. - Comunhão de Desejos:
Nos períodos em que não podia receber a Eucaristia sacramentalmente, vivia uma intensa “comunhão espiritual”. - Reparação:
Oferecia seus sofrimentos para consolar Jesus pelas profanações eucarísticas.
Conclusão: A Eucaristia como Centro da Vida Espiritual
As experiências de Luisa nos convidam a:
- Crer firmemente na Presença Real
- Aproximar-nos da Comunhão com as devidas disposições
- Valorizar o imenso dom da Santa Missa
- Consolar o Coração Eucarístico de Jesus através da adoração e reparação
Capítulo 19: Os Carismas de Luisa Piccarreta – Sinais do Céu na Terra
1. A Inédia: Viver Somente da Eucaristia
Um dos dons mais extraordinários recebidos por Luisa foi a inedia – a capacidade de viver sem alimento físico, sustentada apenas pela Eucaristia diária.
- O Fenômeno:
-
-
- Por obediência, Luisa ingeria pequenas quantidades de comida, mas vomitava tudo intacto pouco depois, sem qualquer processo digestivo.
- Jesus lhe revelou: “Minha carne é verdadeira comida, e Meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6:55), confirmando que Ele mesmo a sustentava.
-
- A Provação:
-
- Seu confessor, inicialmente desconfiado, ordenou que ela tomasse quinino (remédio para o estômago) e continuasse a comer, causando-lhe dores terríveis.
- Jesus interveio, pedindo que o confessor a liberasse da obrigação de comer, mas ele resistiu por meses, temendo escândalo ou excesso de misticismo.
- Finalmente, por obediência, ela passou a comer apenas uma vez ao dia, mas continuou a vomitar, vivendo em jejum perpétuo[40].
2. O Significado Espiritual da Inédia
- Sinal Eucarístico:
-
-
- Assim como Santa Catarina de Sena e Santa Ângela de Foligno, Luisa tornou-se uma testemunha viva de que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4:4).
- Seu corpo rejeitava o alimento terreno porque estava nutrido pelo Pão do Céu.
-
- Obediência e Sofrimento:
-
- Mesmo sabendo que Jesus queria dispensá-la de comer, ela obedeceu ao confessor, aceitando a dor como reparação pela gula humana.
3. Outros Carismas de Luisa
Além da inédia, Luisa recebeu outros dons sobrenaturais:
a) Levitação
- Em êxtase, seu corpo tornava-se leve como uma pluma, e testemunhas relataram tê-la visto elevar-se do leito durante orações profundas.
b) Bilocação
- Há registros de que aparecia em dois lugares ao mesmo tempo, especialmente para adorar Jesus Eucarístico (como no caso dos cavalos ajoelhados).
c) Perfumes Sobrenaturais
- Seu quarto era frequentemente invadido por fragrâncias celestiais (sinal da presença divina), mesmo sem uso de perfumes.
d) Comunicação com Anjos e Santos
- Teve diálogos frequentes com seu Anjo da Guarda, Nossa Senhora e santos, que a instruíam sobre a Vontade Divina.
e) Lágrimas de Sangue
- Em momentos de intenso sofrimento místico, chorava lágrimas tingidas de sangue, unindo-se à Paixão de Cristo.
4. A Finalidade dos Carismas
Jesus deixou claro que esses dons não eram para glória pessoal, mas para:
- Confirmar a autenticidade de sua missão.
- Edificar a Igreja, mostrando o poder da Eucaristia e da oração.
- Chamar a atenção para a “Vontade Divina”, sua grande revelação.
5. O Paradoxo: Carismas e Ocultação
Apesar desses fenômenos, Luisa viveu em total humildade:
- Escondida do mundo (passou 64 anos acamada).
- Sujeita à obediência (mesmo quando os confessores duvidavam).
- Sem buscar fama (seus escritos só se tornaram conhecidos após sua morte).
Sinais do Invisível
Os carismas de Luisa não eram um fim em si mesmos, mas setas apontando para o Céu. Eles confirmam que:
- Deus sustenta os que se abandonam a Ele.
- A Eucaristia é verdadeiramente o Pão da Vida.
- A obediência vale mais que milagres.
Referência:
[40] Luisa Piccarreta, Diário (sobre a inédia e obediência).
Sugestões para Aprofundamento:
- Comparar com outros casos de inedia (e.g., Alexandrina de Balazar, Marthe Robin).
- Estudar a teologia dos carismas em 1Cor 12 e no Catecismo da Igreja.
- Refletir sobre humildade x manifestações extraordinárias na vida dos santos.
Capítulo 20: Carismas Extraordinários de Luisa – Sinais da Mão de Deus
1. Ausência de Escaras: Um Fenômeno Inexplicável
Luisa Piccarreta permaneceu 64 anos acamada, sem nunca desenvolver escaras (úlceras de decúbito), algo cientificamente inexplicável para alguém em estado de imobilidade prolongada.
- Testemunho do Pe. Domenico Franzé (Médico e Religioso):
“Fico pasmo por não encontrar nenhuma ferida ou escara em alguém que ficou décadas imóvel… Como religioso, é um consolo ver que, após testes exaustivos, nunca se descobriu fraude.”
Ele atestou ainda:
“Como sacerdote, minha alma se alegra ao ver nela não apenas virtudes cristãs, mas uma alma iluminada por graça especial.” (Roma, 20/7/1931)[40]. - Significado Sobrenatural:
- Um sinal divino de que seu sofrimento era sustentado pela graça.
- Confirmação de sua missão única como “vítima da Vontade Divina”.
2. O Dom de Cura: Intercessão Poderosa
Luisa operou curas milagrosas documentadas, sempre atribuindo-as a Jesus e à Eucaristia.
a) A Cura do Cavalo (Infância de Luisa)
- O Fato:
- Aos 4 anos, o cavalo da família (essencial para seu sustento) estava morrendo. O veterinário sugeriu vendê-lo ao açougue.
- Luisa, proibida de ver o animal, fugiu para o estábulo, afagou o cavalo e disse:
“Não morra, porque te amo muito.”
Imediatamente, o cavalo levantou-se curado.
- Impacto:
- O caso tornou-se famoso em Corato. Uma idosa profetizou:
“Nessa menina está o dedo de Deus!”[41].
- O caso tornou-se famoso em Corato. Uma idosa profetizou:
b) A Cura da Tia Rosaria (Feridas Cancerosas)
- O Diagnóstico:
- Rosaria, cuidadora de Luisa, teve feridas purulentas diagnosticadas como “lepra rara e cancerosa” por um especialista em Bari.
- A Cura:
- Luisa a repreendeu gentilmente:
“Você consultou médicos, mas esqueceu o Único Médico Verdadeiro.” - Rosaria jogou fora todos os remédios, orou com Luisa, e na manhã seguinte, as feridas secaram e caíram[42].
- Luisa a repreendeu gentilmente:
c) A Paralisia do Arcebispo e sua Cura (1917)
- O Decreto Hostil:
- O Arcebispo de Trani, Mons. Regime, influenciado por clérigos contrários a Luisa, assinou um decreto proibindo padres de visitá-la.
- O Milagre:
- No momento da assinatura, o bispo ficou paralisado.
- Foi levado à casa de Luisa, que pediu sua bênção. Ao abençoá-la, recuperou os movimentos instantaneamente[43][44].
d) A Cura de um Tumor Cerebral (1935)
- O Caso:
- Uma mulher estava morrendo com um tumor maligno na cabeça.
- Sua filha foi orientada por Luisa:
“Reze diante do Santíssimo nas Quarenta Horas.” - Após duas horas de adoração, o tumor liquefeito saiu pelo nariz, e a mulher acordou curada.
- Humildade de Luisa:
- Recusou crédito, dizendo:
“Deem graças ao Senhor, não a mim.”[45].
- Recusou crédito, dizendo:
e) O Parto Milagroso de Gema (Anos 1940)
- A Emergência:
- Gema (irmã do Pe. Bucci) quase morreu no parto devido a uma hemorragia uterina.
- Os médicos disseram:
“Salvamos o bebê, mas a mãe não sobreviverá.”
- A Intervenção:
- Trouxeram uma camisa de Luisa e a colocaram sob a cabeça de Gema.
- Ela teve uma visão:
“Vi Luisa com meu bebê nos braços, dizendo: ‘Ele vai para o Céu; você viverá muito.'” - O bebê morreu (já batizado), mas Gema recuperou-se milagrosamente[46].
3. Padrões das Curas de Luisa
- Fé na Eucaristia:
- Sempre apontava para Jesus no Santíssimo Sacramento como fonte de cura.
- Humildade Radical:
- Nunca aceitou glória, dizendo: “Deem graças a Deus.”
- Obediência e Reparação:
- Suas curas vinham junto com sofrimento (como a morte do bebê de Gema).
4. Teologia dos Carismas
- Sinais do Reino:
- As curas confirmam Mc 16:17-18 (“Os sinais acompanharão os que crerem”).
- Não são Mérito Pessoal:
- Luisa insiste: “É Jesus quem age; eu só rezo.”
- Provocação à Fé:
- O caso do Arcebispo mostra que Deus intervém para defender Sua obra.
Conclusão: Um Ministério de Misericórdia
Os carismas de Luisa não eram magia, mas sinais do amor de Deus:
- Para os pobres (o cavalo da família).
- Para os doentes (Rosaria, a mulher com tumor).
- Para a Igreja (o Arcebispo curado).
Sua vida prova que “o poder de Deus se manifesta na fraqueza” (2Cor 12:9).
Referências:
[40] Pe. Domenico Franzé, Declaração Médica (1931).
[41-46] Pe. Bernardino Bucci, Memórias e Testemunhos.
Capítulo 21: O Dom de Ressuscitar os Mortos – A Vitória de Luisa sobre a Morte
1. A Ressurreição do Homem Baleado
Em uma experiência extraordinária, Jesus transportou Luisa em espírito para presenciar um homem morto por um tiro de revólver, cuja alma estava prestes a se tornar presa do inferno.
- O Sofrimento de Jesus:
“Se o mundo soubesse quanto Jesus sofre pela perdição das almas, os homens fariam tudo para não se perderem!”- Cristo revelou a Luisa Sua “aflição amarga” pela perda daquela alma.
- O Oferecimento de Luisa:
Jesus lhe perguntou:
“Minha esposa, não queres te oferecer como vítima pela salvação desta alma, tomando sobre ti as penas que ela merece?”- Ela aceitou, sob a condição de que o homem fosse salvo e devolvido à vida.
- A Intercessão Poderosa:
- Luisa voltou ao corpo e sofreu intensamente por mais de uma hora, unindo-se à dor redentora de Cristo.
- Seu confessor testemunhou que:
- O crime realmente ocorrera no local indicado por Luisa.
- Todos julgavam o homem morto, mas ele reviveu milagrosamente e recuperou-se completamente[47].
2. A Ressurreição do Bebê Morto (1920-1921)
Um dos milagres mais comoventes foi narrado por Dona Benedetta Mangione, testemunha ocular:
- A Cena Dramática:
- Uma jovem mãe, Serafina, entrou no quarto de Luisa aos prantos, colocando seu bebê morto em seu colo.
- A família tentou consolá-la, mas Luisa permaneceu calma.
- O Milagre:
Luisa acariciou a criança e disse:
“Pega o Luis e dá leite pra ele, ele tá com fome!”- Para o espanto de todos, o bebê voltou à vida nos braços da mãe[48].
3. Padrões nos Milagres de Ressurreição
- Intercessão Unida a Cristo:
- Luisa nunca agiu por si mesma, mas sempre em união com a vontade de Jesus.
- Sofrimento Reparador:
- Cada milagre foi precedido por dor expiatória (como no caso do homem baleado).
- Fé na Promessa Divina:
- Ela exigiu a condição de que as almas fossem salvas, não apenas os corpos revividos.
- Humildade Radical:
- Nunca buscou fama; muitos milagres só foram conhecidos por testemunhas.
4. Teologia da Ressurreição na Vida de Luisa
- Eco do Ministério de Jesus:
- Como Cristo ressuscitou Lázaro (Jo 11) e o filho da viúva (Lc 7), Luisa participou desse poder como “esposa” do Redentor.
- Sinal do Reino:
- Esses milagres apontavam para a ressurreição final (Jo 5:28-29) e a vitória sobre o inferno.
- Missão de Reparação:
- Luisa sofria no lugar dos pecadores, assim como São Paulo (“Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo” – Cl 1:24).
5. Comparação com Outros Santos
- São Padre Pio: Ressuscitou uma menina em 1908.
- São Francisco Xavier: Trouxe um menino de volta à vida.
- Santa Rosa de Lima: Intercedeu pela ressurreição de uma criança.
- Diferença de Luisa:
- Seus milagres vinculavam-se diretamente à sua vocação como “vítima da Vontade Divina”.
Conclusão: A Vida que Vence a Morte
Os milagres de ressurreição de Luisa não eram fins em si mesmos, mas:
- Revelações do amor de Deus pelas almas.
- Confirmações de sua missão como intercessora.
- Convites à conversão, mostrando que a morte eterna é pior que a física.
Como ela mesma escreveu:
“O Senhor seja sempre bendito!”
Referências:
[47] Luisa Piccarreta, Diário (sobre a ressurreição do homem baleado).
[48] Pe. Bernardino Bucci, Relato de Dona Benedetta Mangione (1920-21).
Sugestões para Aprofundamento:
- Estudar os milagres de ressurreição na Bíblia (Elias, Jesus, Pedro).
- Comparar com as categorias de milagres nos processos de canonização.
- Refletir sobre a relação entre sofrimento e intercessão poderosa.
Capítulo 22: O Dom de Profecia de Luisa– Luzes da Vontade Divina
1. A Natureza do Dom Profético em Luisa Piccarreta
Luisa Piccarreta recebeu de Deus um extraordinário dom de profecia que se manifestava em três dimensões principais:
- Profecias pessoais – relativas a indivíduos e famílias
- Profecias históricas – sobre eventos nacionais e internacionais
- Profecias eclesiais – concernentes à vida da Igreja
Este carisma sempre se manifestou em perfeita sintonia com sua vocação de “pequena filha da Divina Vontade”, servindo como instrumento para revelar os desígnios de Deus.
2. Profecias Pessoais: Intervenções na História Familiar
a) A Proteção de Francesco Bucci (Primeira Guerra Mundial)
- Contexto dramático: A família Bucci, outrora abastada, encontrava-se à beira da miséria após sucessivas tragédias.
- A convocação militar: Francesco, último sustento da família, foi chamado para a guerra.
- A intervenção profética:
“Diga à sua mãe que o Francisco não vai embora.” - Cumprimento milagroso:
- Inchaço indolor no pescoço impedindo o alistamento
- Fenômeno repetido por três anos consecutivos
- Preservação da família através do forno que Francesco administrava [49]
b) A Vocação Sacerdotal de Pe. Bernardino Bucci
- Expectativa familiar: Toda a família preparava o irmão Agostino para o sacerdócio.
- Surpreendente revelação:
“Cuide deste [Bernardino], porque o Senhor o quer.” - Resistência inicial: Bernardino era considerado o “rebelde” da família.
- Cumprimento:
- Ingresso no seminário capuchinho em 1948
- Ordenação sacerdotal confirmando a profecia [52]
3. Profecias Históricas: A Guerra Ítalo-Africana
a) A Visão Prévia (9 Meses Antes do Conflito)
- Cena profética:
- Estrada coberta de cadáveres
- Rios de sangue
- Corpos devorados por animais selvagens
- Interpretação divina:
“No ano que vem haverá guerra… quero me vingar de sua própria carne, que fede a pecado.” [50]
b) A Visão do Parlamento Italiano
- Cenário político: Deputados planejando a guerra com:
- Arrogância humana
- Confiança demoníaca
- Total ausência de Deus
- Sentença divina:
“Humilhá-los-ei! A vitória será da África.”
c) O Ceticismo e a Confirmação
- Dúvida do confessor:
“Não me parece certo que a Itália seja derrotada pela África.” - Cumprimento exato: Derrota italiana como castigo pela apostasia nacional
- Lições teológicas:
- A inutilidade da força sem Deus
- A justiça divina sobre as nações pecadoras
- O valor da intercessão dos santos
4. Profecias Eclesiais: O Cardeal Cento
a) A Promessa do Púrpura
- Contexto: Pe. Cento era frequente visitante de Luisa
- Profecia simples:
“Vestir-te-ão de vermelho.” - Cumprimento: Elevação ao cardinalato [51]
b) Significado Eclesiológico
- Demonstração do cuidado divino pela hierarquia da Igreja
- Confirmação da autenticidade dos dons de Luisa
- Importância da humildade nas vocações eclesiásticas
5. Características Teológicas das Profecias
- Origem cristocêntrica: Todas as revelações vinham de Jesus
- Finalidade salvífica: Visavam a conversão e o bem das almas
- Exatidão comprovada: Cumprimento histórico documentado
- Vinculação eucarística: Relacionadas à adoração do Santíssimo
- Humildade na transmissão: Sem busca de notoriedade
6. Impacto e Atualidade das Profecias
- Para a Igreja:
- Confirmação do carisma sobrenatural de Luisa
- Fortalecimento da devoção à Divina Vontade
- Para o mundo:
- Advertência sobre as consequências do pecado social
- Chamado à conversão e confiança em Deus
- Para os fiéis:
- Estímulo à oração de intercessão
- Ensino sobre o discernimento dos sinais dos tempos
Conclusão: Profecia como Serviço à Verdade
As profecias de Luisa Piccarreta não eram espetáculos, mas:
- Serviço de amor à Igreja e às almas
- Chamado à conversão em tempos de crise espiritual
- Demonstração prática do reinado da Divina Vontade
Como ela mesma testemunhava:
“Não há prudência nem força que valha, se não for obtida de Deus.” [50]
Referências:
[49] Relato da Família Bucci (Proteção na Guerra)
[50] Diário de Luisa Piccarreta (Gerra Ítalo-Africana)
Capítulo 23: O Dom de Bilocação de Luísa – Presença Mística no Espírito
1. A Natureza da Bilocação em Luisa Piccarreta
A bilocação – capacidade de estar presente em dois lugares simultaneamente – manifestou-se em Luisa como:
- Instrumento de reparação: Jesus a levava a igrejas, casas e até ao céu para orar por pecadores.
- Meio de união mística: Seu corpo permanecia no leito, enquanto sua alma era transportada por Deus.
2. Casos Documentados de Bilocação
a) Visitas a Igrejas para Reparar Pecados
- Experiência descrita por Luisa:
“Jesus me conduzia às igrejas onde era ofendido… orações vazias, hipocrisia e obras sagradas feitas com descuido feriam Seu Coração.” [53]- Ela oferecia suas dores como reparação pelas blasfêmias e impurezas cometidas até em lugares sagrados.
b) Encontros com São Padre Pio
- Fato extraordinário:
- Luisa (confinada ao leito) e Padre Pio (recluso em San Giovanni Rotondo) conheciam-se profundamente, embora nunca tenham se encontrado fisicamente.
- Especialistas concordam: Comunicavam-se por bilocação, unidos em oração e sofrimento redentor.
c) Preparação Sobrenatural para a Missa
- Testemunho de Rosaria Bucci:
- Muitas manhãs, encontrava Luisa vestida e com o altar preparado (velas acesas), embora estivesse sozinha e acamada.
- Perfumes celestes enchiam o quarto, mesmo sem uso de aromas naturais.
- Um sacerdote chegou a reclamar:
“Não ponham perfume, senão vou sair tonto!”
Mas era fragrância sobrenatural[54].
3. Bilocação e os Anjos
- Companhia angélica:
- Os anjos, especialmente seu Anjo da Guarda, acompanhavam-na nas viagens espirituais.
- Eles a auxiliavam durante seu casamento místico e em momentos de êxtase.
- Missão conjunta:
- Assim como os anjos servem a Deus, serviam a Luisa em sua vocação de “pequena filha da Divina Vontade”.
4. Teologia da Bilocação
- Não é magia, mas graça:
- Um dom do Espírito Santo, como em São Paulo (arrebatado ao terceiro céu – 2Cor 12:2).
- Finalidade apostólica:
- Luisa não viajava por curiosidade, mas para interceder, reparar e consolar.
- Humildade radical:
- Ela raramente comentava esses fenômenos, a não ser por obediência.
5. Casos Paralelos na História da Igreja
- São Padre Pio: Aparecia a fiéis em perigo, estando fisicamente no convento.
- Santo Afonso de Ligório: Foi visto ao mesmo tempo no leito de morte e no Vaticano.
- Santa Gemma Galgani: Conversava com seu anjo da guarda, que a transportava espiritualmente.
6. Lições para os Fiéis
- O corpo não limita a alma unida a Deus.
- A oração transcende o espaço e o tempo.
- Os anjos são nossos aliados na missão espiritual.
Conclusão: Um Dom para Amar e Reparar
A bilocação de Luisa não era um “superpoder”, mas uma extensão de seu amor crucificado. Como ela escreveu:
“Jesus me levava para reparar os pecados… e eu sentia em mim o veneno amargo que Ele sofria.”
Referências:
[53] Luisa Piccarreta, Diário (Bilocação e reparação).
[54] Pe. Bernardino Bucci, Testemunhos sobre a Vida de Luisa.
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